FIM DE SEMANA EM PINDORAMA (A Dialética do Óbvio ou O Dia Em Que Ninguém Saiu de Casa)

Por J. M. Monteirás | 21/07/2020 | Direito

J. M. Monteirás

 

FIM DE SEMANA EM

PINDORAMA

 

A Dialética do Óbvio

 ou

O Dia Em Que Ninguém Saiu de Casa.

 

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J. M. Monteirás

 

FIM DE SEMANA EM

PINDORAMA

 

A Dialética do Óbvio

ou

O Dia Em Que Ninguém Saiu de Casa.

 

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Copyright © 2019  by J. M. Monteirás

A fotocópia ou qualquer outra forma de uso de parte ou total desta obra, sem expressa autorização, é ilegal e configura apropriação indevida dos direitos intelectuais e patrimoniais do autor.

Todos os direitos reservados ao autor.

Edição de acordo com a nova ortografia da língua portuguesa - 2009.

Capa e composição: J. M. Monteirás

                                             ***      

Alusão à obra  A DIALÉTICA, Paulo Veronese (1528-1588) Teto, Sala do Colégio, Palácio Ducal, Veneza, Itália.

Copyright mundial, 1967, Fratelli Fabri Editori, Milão, Itália.

Copyright para a língua portuguesa, 1967, Abril Cultural S. A.   Fascículo 21, Gênios da Pintura.

 

Monteirás, J. M. Monteirás

Literatura - Ficção - ensaio jurídico-filosófico.

Título: Fim de Semana em Pindorama

(A dialética do Óbvio ou O Dia Em Que Ninguém Saiu De Casa).

São Paulo, 2004 - 1ª edição – 205 páginas 14 x 21cm        

ISBN 85-905108-2-4

00-0000                                                                    CDD – 000-0

Índice para catálogo sistemático.

1– Fim de Semana em Pindorama     

2– Literatura: social - política - jurídico-filosófica  - sátira.

Edição 2019 revisada

 

Para os virtuosos, minha inspiração na vida. Sempre.

 

Em memória de Paulo Veronese (1528-1588), artista do Renascentismo*, um dos meus ídolos em cuja vida e obra me inspirei e sobre cuja integridade segundo Pietro Maria Bardi ( in Gênios da Pintura. Fascículo 21. Ed. Abril Cultural S.A - 1967. ) faria o historiador Ridolfi, do  século XVIII, escrever assim: “Teve pensamentos generosos, jamais usou de recursos ilícitos para obter algum trabalho, observou sempre suas promessas. Parcimonioso nas despesas, viveu longe do luxo e dirigiu suas ações com muita prudência.”

 

Aos acadêmicos de Direito, que com a sua dedicação ao estudo, para a futura atividade prática, sempre avanço do aprendizado e desenvolvimento do pensamento — a concatenação — de  Ciência tão relevante, honram e honrarão Seus pertinentes princípios, assim como os antropólogos, sociólogos, filósofos, pedagogos, engenheiros, médicos, economistas e tantos outros, no educar da nossa sociedade, honram a profissão que escolheram.

Dado algum comportamento que remeta o homem a ilicitudes, é imperativo aos operadores do Direito tal observação na justa medida, para o lídimo praticar desta nobre tarefa, nesta obra, sobremaneira, o denodo ao direito positivado e de que Processo Penal não é teatro.

 

Em nome de todos os animais, que de há algum tempo necessitam de personalidade jurídica para não mais serem considerados coisas, TEMPprincipalmente os domésticos, que sofrem maus tratos e são mortos no silêncio da vizinhança, e os  antropoides que com sua peculiaridade de grau de inteligência, adquirem status igualmente de relevância, ganham o auxílio literário no combate ao respeito de seus direitos e que tanto me ajudaram a concluir esta obra.

 

                                                    Advertência

 

        Esta obra foi escrita e devidamente registrada na Biblioteca Nacional no ano de 2004 e continha temas ainda muito mais pesados do que se lerá mais à frente, de modo que entendi por bem suprimi-los.

          Ademais, sofreu algumas adaptações a satisfazer os fatos sociais da atualidade e desde já deixo claro não tem o condão de exaltar ilícitos.

          Trata-se de ficção, apartidária, com cenas fortíssimas, sim, mas nas quais cabe invocar, sobremaneira, respeito, bem como a aplicabilidade dos direitos de primeira geração, os individuais, além de todos os outros.

          Evidente, o texto não reflete o meu pensamento de cidadão, que tenho formação jurídica e o dever de eivar-me dos princípios éticos e morais, da primazia pela observância do bom ordenamento, logo, repudio toda a forma de preconceito ou discriminação: racismo (orientação sexual, religião, raça ou cor etc.), tortura e os hediondos assemelhados, anúncio de qualquer substância,  apologia a crime, calúnia, injúria, difamação... tampouco de desrespeitar Estados, quaisquer ilícitos, porque ferem o bem jurídico tutelado: a sociedade.

            A criação do personagem homoide vem a somar com o desejo de mais respeito ao jus naturalismo, intrínseco no direito positivo; ademais, reforçar a minha luta pela sobrevivência de todos os espécimes.

            O homem sempre adquire mais inteligência: isolou o átomo, chegou à mutação das células, trabalha no LHC - Large Hadron Collider, logo, não há de se falar em ambivalência, quanto a progresso da inteligência de seu ancestral, tampouco,       praticar-lhe a posse prisioneira ou escravagista, pelo contrário, orientação e parceria parece ser o caminho a trilhar. Assim, o homem mostrará ao Deus que aprendeu da Sua grandeza.

            Sempre me imaginei a empregar o meu humilde conhecimento em algo proveitoso, por algum tempo relutei quanto à publicação desta obra, por temer interpretações disformes, a ponto de quase ter aceito convites de outros Estados, por outras publicações, mas não poderia trair a minha Pátria com algo que tenho no âmago, um legado literário.

            Esta obra é atemporal e o cenário pressupõe território em alto mar, onde não se obsta que cada qual escolha a sua forma de liberdade.

            Portanto, eis uma criação livre, externada na liberdade de expressão, que sempre contribui com a sociedade, um como ensaio jurídico-filosófico para uma leitura apurada e crítica, repudiando-se ilações tortas, tisnaduras à imagem de quem quer que seja, primando-se pelos preceitos da boa conduta, da cidadania, em que deve amparar-se o homem de bem, pois.

Alguém já disse que livro fino é um perigo. Confesso, em algum momento ter entrado em depressão e não me sinto confortável em tê-la escrito.

            Por fim, porque ficção não mira diatribe ou libelo, o que não há, mesmo, aqui, bem como não se prende a didascalismos, mas dada a complexidade do texto, digo ser esta uma obra exclusivamente para adultos, ainda assim efetiva ou completamente sanos.

                                                                                                                                                                             O autor

                                                             Prefácio

 

           Ter ídolos, todos nós tivéssemos algum que nos tratasse por amigo; todos nós tivéssemos amigos, ou pelo menos um. O amigo.

            Alguns ídolos nem sabem que existimos, no entanto, aquele amigo do peito, por que não ver, também, como ídolo e agradecê-lo?

            A Divindade, sabedora que é de minha conduta, do   gênio que mora em mim e de minha dificuldade de publicar este  ensaio;  ajudou-me à Sua maneira, para que eu não  ofendesse a ninguém com insensatezes e não esbatesse em esfuminhos desenhos de um quadro de uma só cor.  Eu pensei mesmo em grandes artistas, no humor dos brasileiros, nas peraltices dos macacos.  

            Dentre outras obras minhas, TEMPprincipalmente em  DELLARQUIM, ISBN nº 85.905105.1.5, muito imperam o lirismo e a força do personagem  homônimo; já nesta, FIM DE SEMANA EM PINDORAMA  (A Dialética do Óbvio ou O Dia em Que Ninguém Saiu de Casa) que, de teatro transformei em literatura para ser lida num domingo de chuva, pintei as palavras com as cores que temos — e tal como Volpi o fazia com o pincel para com seus quadros de bandeirinhas no varal, ou como a maioria das donas de casa ainda fazem ao secarem suas roupas  coloridas —,  bailei com a inspiração, sorrindo com o  instante de lavar a minha alma e a de quem viajar comigo, nesta chuva de entretenimento, e de jogar mais piche em outras, já tão encardidas, as de quem se também viajar comigo ache-se ofendido por exercer eu o meu direito constitucional de liberdade de  criação.

            Em certos momentos quando da criação desta obra, envergonhei-me, mas a literatura é um dos pilares da construção de uma   sociedade, por isso, sine qua non, e quando o livro reve se faz também imperioso rever o pensamento do Estado.

            Oportunamente, cabe separar aqui País, Estado, Pátria: país é uma extensão de terra, somente. Estado é eivado de  fronteiras, normas jurídicas, povo. País nem chega a ser     Estado, se não se dá ao respeito, tratando suas pessoas com civilismo, instituindo-lhes o dever-ser de cidadãs, através do suprir suas necessidades básicas, garantias para chegarem a povo. Pátria é a simbolização axiológica, o intrínseco no ser que valoriza as coisas notórias da alma, é o oriundo de um sentimento maior, simbolizado pela vontade de nunca perdê-la. Definitivamente, o amor indescritível pelo território que lhe serviu de leito de nascimento. Quando o povo se levanta, apoia-se no território, o País, e põe a Pátria no colo, a Mãe, fazendo valer  o respeito que lhe é inerente, a soberania que faz um Estado.

            Embora não tenho somente este tipo de literatura para oferecer ao caríssimo leitor, mesmo assim o faço, por ora, e porque não nos bastará pensar inertes a educação, a sociedade e seus atos políticos, o direito difuso, mas também reagir a sistemas tortos, permeio pela Pedagogia, sem ser pedagogo; pela  Sociologia, sem ser sociólogo; pelas Ciências Políticas, sem ser cientista político; pela Filosofia, sem ser filósofo; pelo Direito, que é da minha formação; pelo exercício da cidadania, que  não exige bacharelado; com a reiterada observação de que esta é uma obra de entretenimento e ficção, mas séria, muito séria, com o alerta ao leitor do dever de separar ficção da observância do ordenamento jurídico, porquanto, sê-la somente para  adultos extremamente sanos, reitero.

            Sou brasileiro, e volta e meia o Brasil perde um filho pelo mundo. Não me esqueço que em julho de 2005, mais um, na Inglaterra: Jean. Pessoa comum, carente da atenção do Estado, cidadão típico de nossa gente como nos é típico deixarmos o país por buscar melhores condições de vida. 

O ser que deixa seu país, mas leva consigo a pátria é digno de ser chamado de filho. O paradoxo é que ainda por conta daquela herança colonialista, vê-se o brasileiro em sua acomodação de cidadão incompleto obrigado de ter do Estado colo e mesada graduais; e o Brasil, enquanto Pátria, mãe, parece não perdera nada significante, já que lhe negara segurança ao virar as costas, ao subtrair-lhe condições de ascensão social, deixando-o emigrar coincidentemente para a terra de Oliver Cromwell, da história do Parlamento, do exemplo do bom propósito de Estado, para morrer como um porco kafkiano, antes, a fugir pelas ruas de Londres, longe da família, velado somente pela presença da pátria circulante  no sangue que lhe jorrou pelos furos causados pela política da época, universalmente reconhecida como controversa. Também o reflexo do frágil estado político-social e da criança diplomática de um Estado ainda tupiniquim.

          Quando Oliver Cromwell, de dedo em riste à face do Rei Stuart, exclamou: seu ladrão! Você será executado! abriu-se a jurisprudência para as gerações futuras usar o direito de não mais serem vítimas de larápios intrometidos nas esferas do poder.

           Essas conturbações políticas por que de vez em quando o Brasil passa são reflexo da herança escravagista, coronelista, medalhista, da colonização, retratada na literatura machadiana, reitero.

           Não se nega a dependência, a submissão, a forma ignominiosa para com uma cultura, como a que os descobridores ou invasores ou exploradores se valeram para, assim, instituírem sua distorcida ideologia.

           Herança maldita a de ser servo: de ver roubado o solo, o país, a pátria, portanto, e ainda assim se portar passivamente, ora sob chacotas, ora com total ignorância dos fatos, como é o caso da camada mais rústica do Brasil. É por isso que não se instituiu aqui até os dias de hoje uma elite oriunda das camadas mais baixas: negra, mulata, indígena...

           Mas a ascensão digna da sociedade brasileira, a partir de fatos iminentes nesse instante, não pode deixar de ser verdadeira, não é mais engodo. Se ainda não aconteceu no campo das finanças, em breve acontecerá; porque já o acontecera no campo da moral. Os novos emergentes não se igualarão ao propósito dos antigos opositores.

            Por conta disso, cabe reiterar que se há de separar aqui país de pátria: país é material, substantivo, uma extensão de terra com fronteiras, normas jurídicas, povo, soberania. Estado. E que tem como fundamento básico zelar e proteger seu povo, cabendo ao povo zelar e proteger o país.

            Se o povo que compõe um país for digno dele, lutará pela observância da boa conduta, de sua defesa, de seus valores; Pátria é a simbolização axiológica, o intrínseco no ser que valoriza as coisas notórias da alma, é o que provém de um sentimento  não-político, simbolizado pela vontade de nunca perdê-la; mas, definitivamente, dotado de um amor indescritível pari passu com o conceitual ótico-político.

            Há quem chame a democracia brasileira de absoluta. Não o é, não! Não existe democracia absoluta, visto que há ordenamento. Embora ainda não se tenha criado algo mais justo para o mundo hodierno, a democracia finge ser absoluta — não somente no Brasil, parece haver imprensa livre e isenta, parece.

           Mesmo dado a concessão de alguns veículos, televisivos e radiofônicos, por exemplo, e até mesmo a imprensa escrita, que obstem a divulgação de certos fatos políticos, ou os criem.

            A consequência dessa falta de isenção em prejuízo do bem querer maior e coletivo é a ameaça da retirada de veiculação de anúncios publicitários, oriundos de verbas estatais. Mas isso só ocorreria se houvesse a persistência de uns e outros da imprensa que achem que são tão livres que possam afrontar o positivismo.

             Ainda bem que a globalização vasa fronteiras e a imprensa internacional sempre corrobora com a irmã mais frágil e repudia a rebelde  — : na maioria dos países há eleições livres, o pensamento intelectual é livre, o exercício da cidadania é livre.... isso é democracia. Ainda que relativa. Por isso o pensamento é livre, a escolha é livre, a liberdade de expressão é livre, desde que dentro do ordenamento, e a imprensa é eivada de suma importância para a divulgação de fatos bons ou desastrosos.

            Fatos desastrosos sempre nos acontecem, o que não podemos é deixá-los tornar-se atos jurídicos de avulsão, heterônomos, eficazes. Todo desastre estatal é desprovido de equidade. Já se tentou amordaçar a imprensa, o que não é um exemplo axiológico. Sempre se desconfiará da intenção de esconder mutretas. Ademais, não é o primeiro princípio da democracia, por conta disso, não posso dizer que não temos imprensa livre, mesmo que se coloque em posição de medo, é relativa e absoluta, ao mesmo tempo, a depender do jornalista e do noticiado. Não há democracia sem imprensa livre, mas não há impunidade para quem distorce a informação: o jornalista responde subjetiva e a empresa, objetivamente.

            O que falta ainda a uma boa parte de nós  é o tirocínio, o concatenamento para um exercício condigno, isso por conta da ainda imaturidade, quer pela falta de escolas, e somos milhões de analfabetos, quer pela falta de humildade dos mais sortudos, visto que os que se prontificam a ensinar, a exemplo de alguns professores de matemática, perdem a paciência diante de um ou outro aluno de menor cognição; jovens que saem do ensino médio despreparados para elaborar uma boa redação, que dirá interpretar o pensamento de Osório Duque Estrada; até mesmo por conta da ausência de um programa escolar mais abrangente, como o referido ensino médio de quatro anos, sendo este último exclusivo para matérias propedêuticas, cujo objeto a iniciação da segunda parte da formação do homem, o estudo acadêmico não revisional, o evitar a perda de um ou mais semestres, mas, sim, de avanço e ascensão e equiparação aos seus escravizadores, sem deixar de considerar que alguns são brutos culturalmente, mas ainda assim escravizam,  porque aprendem facilmente com os primeiros — aqui, eis um paradigma da nossa herança e personalidade: quem está por baixo quer subir, mas muitas vezes se espelha no bandido.

            O filósofo italiano Antonio Gramsci diz que o poder tem de estar nas mãos daqueles que sabem, que o povo não sabe governar nada e sempre lhe bastou pão e circo.

            Permito-me discordar em parte, mas complemento com que o senso comum só aceita pão e circo por estar sob o jugo da elite, ou seja, como sempre, foi a elite que dirigiu o mundo, impondo ao senso comum o que deveria fazer e comer. A constatação disso é que essa gente somente se comporta como um vírus que se corrói ante o medicamento que o salvará, e não ascende a povo, porque quando muito só lhe resta a periferia do poder, mas somente até descobrir que se tomar como exemplo a lógica da elite, poderá e saberá governar, não somente dos mais ascendidos saem grandes ideias, as piores, também. E quando os inferiores chegarem ao poder, somente se sustentarão nele se não agirem como a egoísta elite que até hoje usufrui das benesses desse status sem dividi-la socialmente.

            Como governar é ter poder, elite nenhuma quer ser contrariada, ela governa quer seja pela assunção de cargos eletivos, quer seja pela nomeação dos tidos parceiros pelos eleitos, quer seja pelo capital que elege os que lhe interessam. Então, governa-se pelo capital. O que o povo tem de fazer é  buscar o status dela, sem ser-lha igual em certos atos.

            Deixar de ser pobre não é tão difícil, pois a pobreza não é financeira, pelo contrário, o conhecimento afasta a ignorância que é pobreza e atrai o sucesso que é riqueza moral que, por sua vez, só se consegue com luta e dedicação, não com ilicitudes. Para tanto, bastará a massa não impessoalizar-se como fosse adesão a silogismos ad rem, e buscar o topoi com o questionar as falas ambíguas que ouve, haja vista que promessas políticas residem na mídia, a buscar eficácia ad hominem; ademais, não somente abarrotar mesas com dezenas de garrafas de bebida e requebrar-se seminu, como não existisse outro tempo,  como o para dedicar-se a mais conhecimento, a exemplo do que reivindico e aqui reitero, o quarto ano no ensino médio; posto que todo ato é social e muitos também políticos; de modo que nem se precisará  incorporar John Lo>Arte é a expressividade bem expressada, em que no fazer haja poética. longe de quaisquer didascalismos esteja e alcance o resultado é arte pura.

            Mas é da ordem não confundir o autor liberdade de expressão  — que é constitucional — com ofensa a princípios, sobremaneira o da respeitabilidade: a depender do contexto do pensamento, melhor não expressá-lo.

Autocensura se faz necessário, e não ‘menoriza’ a obra. Lembra-se de que o bom autor prima pela grandeza literária. Por conta disso, os editores devem abraçar os bons autores e os leitores contemplar-se com as coisas produzidas. Assim também se faz um país.

            Não me aceitaria negar à arte a política, submeter-me ao não da querência de quem não produz arte, porque não posso me omitir de exercer a política, vez que sou humano e ser político, mesmo quando produzo arte.

            Não tenho pudor de dizer o que se lerá a seguir é filosofia, quem não entender aceite como a minha filosofia: “a filosofia do comportamento desestruturado da nova filosofia da moralidade servil.

             Viajar na leitura de uma boa obra é apreciar o dom do autor, é fazê-lo ver que o seu esforço por agradar o leitor valeu à pena.

            Pela minha fé nas artes em geral e na intelectualidade do meu país, rogo mudança na ‘sistemática que subsidia o quase nada e obsta a evolução cultural’ (mesmice), vez que há novas cabeças pensantes. o que lhes falta é segurança.

           Na música, passamos do samba à bossa nova e dessa chegamos ao funk.

           Afirmo não existe arte pequena, existe aquela que alguém não goste. a considerar que expressão é a manifestação do pensamento, nenhuma expressividade artística poderá ser desconsiderada, porque de umas e outras extrair-se-á alguma qualidade.

            Desse gênero musical muitas vezes renegado, reitere-se, viu-se MC Cidinho & MC Doca produzirem esta pérola social:

           Eu só quero é ser feliz,

           andar tranquilamente na favela onde nasci.

         Perto de concluir, reafirmo eis aqui um autor feliz e agradecido e que ainda lembro e cito parte do poema do colega francês Arthur Rimbaud (1854-1891), in ‘o barco bêbedo’:

Mais doce que as maçãs parecem aos pequenos,

A água verde infiltrou-se no meu casco ao léu

E das manchas azulejantes dos venenos

E vinhos me lavou, livre de leme e arpéu.

Então eu mergulhei nas águas do poema

Do mar, sarcófago de estrelas, latescente, 

Devorando os azuis, onde às vezes – dilema

Lívido – um afogado afunda lentamente.

            Gosto de viajar, mas ainda só imagino como seja Estocolmo: andar eu de mãos dadas por suas ruas e palácios com o genio que mora em mim, usufruindo da liberdade que sempre deve emergir de dentro para fora do homem, porque participar de festa em lugar distante também é realização. Eis porque parafraseio Castro Alves.

            E como sou mesmo inquieto, já quis ter nascido em Pindorama, uma ilha-Estado, ora emergida, ora suspensa no meio do nada. Dizem que é o lugar mais engraçado do mundo e satisfaz o ego dos genios. Mas só fui lá uma vez e a trabalho. Por fim, aos que queiram, bebam da minha filosofia.                          

                                                                                                                                                                               O autor.

                                                          Capítulo I

        Não se obtém resposta exata por que as terras pindoramaenses* causam tanto encanto, nem por que  sua gente ri tanto de seus ignominiosos, ou por que,  ecléticos, salvam  jubartes, outros já mataram tubarão a pauladas e outros até mobilizaram a  Segurança do  Estado,  em   plena tarde  de  domingo, porque quisessem fumar charutos  em  restaurante .  

         Paradoxalmente, o que se diz por aí é que predecessora dos povos quíchuas e já há muitos milhões de anos, essa gente supercivilizada teria construído uma superaeronave com nife levezado (eu que defendo a natureza, já fui chamado de macaco por verme, de certo porque ser homoide é elogio, confesso  que não  encontrei na  literatura algo que comprovasse o fato;  entanto, esse ‘verbo levezar’, que é tecnicamente bom, e traduzo-o no real sentido de tornar algo leve, está criado, pois),  revestido de incerto magma-plástico-vegetal carbonado — como fosse carioteca agora sob outras  películas, nanotecnológicas, de  silicato de cálcio, fibra de carbono, magnésio e baba de quiabo, na qual foram enviados ao espaço tecidos extra-inteligentes, cuja mutação levá-los-ia a si próprios, à tal forma pré-estabelecida.

           Acha-se, ainda, lá, que Charles Darwin esteve muito próximo, mesmo, de descobrir o tal ponto de fusão daquelas matérias, quando pisou em Galápagos e tão maravilhado  conviveu com tantos espécimes  degradados, se a  questão lhe tivesse vindo à mente. O pesquisador apreciou o voo dos pássaros, o soprar do vento, o nadar dos peixes, raízes de plantas, o limo das pedras..., mas só não deu a devida atenção aos lagartos contadores de histórias. Foi pena! Conquanto inferiores, não houvesse, mesmo,  ali, um somente que não soubesse inteirinha  a  história  dos espanhois, em relação  aos seus, os incaicos;  e,  polêmica  pra lá, polêmica pra cá, deixou-se  essa hipótese a  bel  prazer;  mas,  tempo vai,   tempo  vem,  muitos céticos sempre questionavam essa inverossimilhança, claro, até  o belíssimo dia em que um legítimo sucessor, cidadão pindoramaense, em que cuja  habilidade genética despertou e o levara ao deciframento  de multicódigos que, por sua vez, de pronto, o fizeram entrar  em contato com  seus ancestrais.

 

       
 

* Para que não se confunda, quem nasce em Pindorama, Estado de São Paulo, Brasil, é dignamente cidadão pindoramense; já quem nasce no Estado fictício de Pindorama é pindoramaense (N. do A.) 

 
   

     01

 

 

 

           No dia em que aqueles receberam o inesperado convite para passarem um fim de  semana diferente, também logo o aceitaram, atraídos pela  livre  expressão das atividades intelectual, artística, científica  e  de  comunicação que  seus entes queridos firmaram no ano de 1988 e porque acreditaram, de verdade, nas boas intenções dos anfitriões.

          Trajaram-se janota e peculiarmente e felizes da vida deram as seguintes coordenadas: Planeta Terra. Hemisfério Sul Ocidental. Latitude 15°45’. Longitude 48°15’. Curso: via Alfa Centauro. Velocidade média: 20 anos-luz/dia. Pindor. Pindorama.  Onde assim que se percebeu que alguns homens são mesmo idênticos aos chimpanzés, e não ao contrário, tratou-se de  dispor-lhes registro civil, escola, carteira de identidade, título de eleitor, trabalho em abundância, conta bancária, distribuição de renda igualitária... todos os direitos de igualdade e cidadania. Quanto à absoluta e justa liberdade de imprensa, assim entendida pela própria classe, para que escreva o que bem quiser, ainda estavam a discutir até, digamos, o fechamento desta edição.

       Como já sou idoso, à luz da lei, senil à de alguns amigos e passo necessidade até mesmo pela falta de dinheiro suficiente para a provisão dos meus medicamentos: tenho ácido úrico, colesterol e triglicerídeos elevados; tireoide e coração descompassados; reumatismo, artrose, artrite, que sempre me  dizem ser tudo  a mesma coisa; esporão de calcâneo, obesidade e pedras nos rins; e não quero me curar, para não competir em nada com o leite das criancinhas geração índigo; literatura clássica já não se vende e até já tive vontade de atravessar o Atlântico abraçado a uma turbina de avião...

        Como, por fim, não tenho mais pressa de nada, porque o vazio vem acalmando a impaciência do gênio que há em mim, e até a mulher que amo se mandou para um tour, com as amigas, por uns dias, fiquei carente e resolvi fazer uma pesquisa em Pindorama.

       Após o desembarque e ainda no aeroporto, sentei-me em uma das suas maravilhosas poltronas-massageadoras, hum!, enquanto aguardava o próximo trem-teleportante que deixa cada passageiro dentro do quarto do  hotel desejado, e  pus-me a ler e reler em um outdoor uns versos que como diria alguém que  conheço, “isso é muito  doido!”

       Sim, o trem-teleportante é fruto de muito investimento,  tecnologia resolutiva para combater o congestionamento dos grandes centros urbanos, encontrado pelos engenheiros de Pindorama.

       Então, eu brado: muito lindo! Tudo é muito lindo em Pindorama!

 

  02

Vejamos os versos:

 

Assim que o dia amanhece, 

os pássaros se alegram e

batem asas.

 

E ao chegar a noite, 

ainda mais, no voltar 

às suas casas...          

 

Oh, Pindorama, como é bom contemplar-te quando se voa!

Ser teu filho é ser pássaro e saber, ó ninho, que não nos deixas à toa.

 

   Q   

                Logo abaixo, o jabaculê: Voe PindorAir

                                

            Feliz da vida, caminhei alguns passos e cheguei a uma livraria. Aleatoriamente, peguei um livro na estante, paguei e voltei à fila do tal trem-teleportante. Meu fim de semana seria por lê-lo. Começava assim:

 

Quinta-feira, l5:00 horas.

 

          A cidade estava em uma das suas maiores festas: o aeroporto, os heliportos, os ‘naveportos’, todos os portos  estavam congestionados, só restou à nave  estelar, ano 1559, pousar em um bananal.

         Já fazia cinco minutos que  os homenzinhos pousaram, e estupefatos olhavam fixos para aqueles dois, que na indiferença total argumentavam:

         — Macaco, imediatamente, sobe lá e pega um coco bem verdinho pra mim.

         — Já disse que só se você me der umas dessas bananas.

         — Banana custa caro, macaco — mas “talvez  eu até  lhe vendesse uma”.

         E puxou para mais perto de si o cacho de bananas.

.

 

    03

            O bicho olhou em volta, coçou a cabeça, o glúteo, sentiu a saliva ressumar e gosto de banana... melhor: daquelas bananas madurinhas... mais ainda: de todas as bananas daquele cacho. No entanto:

            — Hoje é dia oito, ainda nem recebi meu pagamento, não como há três dias e não sou de furtar, senhor.

            O homem, ainda na mesma posição, em sua rede estampada e armada em dois coqueiros  repletos de frutos, com  a  mão esquerda atrás da cabeça, o chapéu panamá nos olhos, o braço direito estendido e o copo de uísque na mão, voltou a repetir:     

            — Sobe lá, agora!

            — Título II, capítulo I artigo 5°, parágrafo II daquele Livro o qual o senhor sempre cita quando quer fugir da Justiça.

            — Fora das minhas terras! Fora! Não, espere: eu cito a Constituição de lá do Brasil porque é a Carta de um estado democrático de direito.

            O macaco só mostrou os dentes. Então, o homem:

            — Até os argentinos se  basearam no Código Civil  deles.                                 

            — Somente por terem um dia um artilheiro no Corinthians, seu mané — respondeu o macaco.

            — Fora das minha terras!

            — São latifúndio.

            — Fora, seu transmissor do HIV!

            — Prove, agente vetor da corrupção.

            — Negro safado! Não já lhe pago bem!?

            — Senhor, estou exatamente reivindicando o pagamento     do meu mísero salário. Tenho a cor original dos chimpanzés e penso agora se o denuncio no parágrafo terceiro ou aproveito o benefício da lei e lhe aplico um cento e vinte e um, impelido por relevante valor moral, já que estou sob forte emoção. Ah, e safada é a sua mãe que pariu um corno!

             — Mas do que você está falando, macaco?

            — Pergunte para os universitários da tevê, senhor.

            Eu vou mandar matar você, agora!!!

            — Não precisa, já lhe peguei gelo, pego também coco, coronel.  Co-ro-nel. Hum!

 

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            O macaco caminhou algum tempo em volta do homem, a jogar os quadris para um lado e para o outro. Parou, de repente, colocou a mão direita no queixo, como estivesse pensando: um coco é-lhe mais importante que uns cornos. Educadamente  e  a sorrir pegou o copo de uísque e colocou-o no chão, protegido.  Arrancou o chapéu da testa do sovina, atirou-o longe e, mal dera tempo de este abrir os olhos, de uns dois ou três pulos já se encontrou no alto do coqueiro mais carregado e o mais alto do lugar, sorrindo, cinicamente. Prendeu-se no coqueiro, apenas com as patas traseiras, e com fúria e força descomunais passou a arrancar aos pares os maiores cocos e a atirá-los no “coroné de herança”:  nas pernas, nos   joelhos, no abdômen, no peito  e  na  cabeça que, mesmo depois de totalmente esmagada, ainda   ganhou o choque de mais meia dúzia. Depois, desceu lentamente do coqueiro, buscou lá o chapéu e recolocou-o onde existira   cabeça, bebeu o resto do uísque, pegou o cacho de bananas e jogou-o nas costas, sorriu ao passar pelos extraterrestres e sumiu mato a dentro, a procura de uma moita onde pudesse fazer sua refeição. Realmente, estava famélico. Desmaiou antes mesmo de comer a primeira fruta, e assim seria preso em flagrante.

       Os homenzinhos, demasiadamente assustados, já haviam de entrar na nave e rumarem de volta para casa. Mas, antes, um deles emparelhou-se com o macaco e cochichara algo.

      .

                                                                   * * *

                                     

       Se já não foi dito, as festas em Pindorama ocorriam a cada duas horas. Carnaval Oficial ainda longe, também resolveu-se antecipá-lo com o fazer um por semana.

        Entanto a nave seguia, no botão automático, por algum ponto por nós desconhecido, o comandante Zraa via sentado em sua poltrona  seu primo Zé, curioso e traquina, que:

          — Daqui de cima, ainda dá para mirar e acertar bem na mosca da minúscula casinha branca dos norte-americanos. Será que eles dão mesmo pitacos na soberania alheia, espionam amigos e até tentam incluir a Amazônia... Mas negam tudo. Também comenta-se até há pouco perfuravam a cartela de votação com palito de dente. Lá em Pindorama, país amigo deles, é que impera a maior modernidade, porque tudo é explícito, fode-se até na tevê, e não se faz sacanagem com amigo.

          — É mesmo, seu comunista?!... —  Falou Aszra. E concluiu: Respeite a maior democracia do Mundo!

 

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            — Vamos parar já com essa idiotice.  Esse tipo de piadinha não cola, Zé. Nós, extraterrestres, trabalhamos pela integração universal, por isso enviamos à Terra o E.T, o do filme, lembra? Agora, carga máxima para o Centrípeto de Centauro  —  ordenou o comandante Zraa.  

            Zé, que se dizia pindoramaense legítimo, retado de patriótico, defensor das coisas autênticas da sua terra, prosélito de certa corrente ideológica vencida, passou a mão na cabeleira avermelhada enquanto Zraa sorria com sua cara de cobra, esticava e passava a língua em forma de “y” ao redor da boca, para depois dizer:

            — Tava doidinho pra se suicidar, não é cabra da peste?!  O comunismo já morreu. Engole o choro.

 
   

 

                Capítulo III

 

Sexta-feira, 10:00 horas.

           Outro Zé, Dr. José J. J. Januário da Silva Bananal,  quarenta e cinco anos de idade, mulato, três  filhos, profissional experimentado: fluente em cinco línguas, administrador de empresas, com mestrado em gestão empresarial, também doutor em economia por uma universidade mundialmente renomada, conseguira, após alguns meses desempregado, a primeira  entrevista promissora, em uma sociedade empresária multinacional: um sociedade anônima.

            De lá pra cá, outras se sucederam, na mesma sociedade empresária, à qual já se sentia incorporado, e, segundo o diretor de recursos humanos, com quem almoçava pela segunda vez na mesma semana:

            — Pois é, José, dizem que a coisa tá feia aí fora.

Embora  tenho  muitos  candidatos também excelentes...  loiros, atléticos, jovens... fiz o possível para o emprego ser seu.

            — Obrigado. Agradeço muito.

            — Você pode começar amanhã.

            — Estarei aqui, amanhã.

            — Ah! Uma coisa  que  me  faltou lhe dizer: é de  praxe os  dois primeiros  salários serem desse departamento. Necessito que você assine aqui, também.

            — Mas já me comprometi de pagar o equivalente a dois salários brutos, quando assinei com a consultoria.      

            — Não, José; o de lá é de lá; o daqui é outra coisa.  

            — Então, tenho de comprometer o equivalente a quatro salários para conseguir um emprego?         

            — São muitos candidatos e... e... e... ora! logo você  os recuperará; será o novo gestor de finanças  e...   

            — Sei. Mas como me acharam?

 

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            — Nós temos um banco de dados com nomes de quem sabe trabalhar com dinheiro, muitas empresas patrocinam as eleições das mais altas esferas, você conhece sobre licitações... e foi indicado por... Bem, ainda tem os trinta por cento mensais, que coletamos pro caixa do nosso partido. É isso.

            José levantou-se e  despediu-se  do  tal diretor  de recursos humanos  da  tal  multinacional, que:

            — Então, até amanhã, José. E sorriu  com  os seus botões.

 

           O pindoramaense caminhou pela  rua, até o fim do dia, atormentado, aflito, desentendido. Todos  os  seus  cartões de crédito  foram cancelados;  dos  quatro  automóveis  da  família,  já  vendera  três;  as  mensalidades das faculdades dos dois filhos, atrasadas, já  passavam  de dez;  o  condomínio,  igualmente; a casa de praia  e o barco  o  banco tomara;  o apetite sexual estava escasso... seu moral estava, mesmo, baixo.  Tomou o metrô  e já em casa, leu e releu o que acabara de escrever:  uma carta triste. Rasgou o  título de eleitor; tomou  banho  demorado; jantou com a  família com a qual depois assistiu tevê, enquanto também fazia as contas da empregada, por pagar-lhe com a última folha do talão de cheques e com o último saldo. Namorou a esposa no sofá, como nunca, e só foram dormir muito tarde.

             Longe dali,outro José, analfabeto, não politizado, cheio de filhos, abaixo da linha de pobreza, sem nunca ter tido carteira de trabalho assinada, chegava à casa, com um saco nas costas, cheio de bananas amassadas e outras coisas catadas no lixo do entreposto hortifrutigranjeiro. Também, próximo de mim, um professor amigo meu, com mais de vinte anos de magistério, contava moedas em um cofrezinho de plástico, que bastassem para a compra dos primeiros potezinhos de alimento para seu lactente, enquanto  na ‘corte’, uma nova elite, ascendida às custas do senso comum, bajulava a realeza, no discutirem a próxima maracutaia.

 

            No dia seguinte, lia-se  nos  jornais:

            EXECUTIVO MATA A FAMÍLIA E DEPOIS SE SUICIDA   

                            COM TIRO NA CABEÇA.

Ou outras manchetes como esta:

MULTINACIONAL FECHARÁ FÁBRICA EM PINDORAMA,

COM A  ALEGAÇÃO DE QUE  A MESMA NÃO  DÁ LUCRO.

 

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           Na noite desse mesmo dia, José, o sobrevivente, o catador de coisas, que não furtava, nem roubava, nem participava de  corrupção, a exemplo de José J. J. Bananal, mesmo porque não tinha cognição para tal e não sabia medir perdas, vez que a vida só lhe dera a coitada da mulher, encomendara mais um filho, usara como paradigma a  responsabilidade social, o aprendido com o Estado que o ensina que família é a base da sociedade, sim, mas não para os que xingam pobres e os acham parecidos com macacos.

            De todo o modo, ratificara seu grande amor por ela. Mas nem ele mesmo sabia definir Amor.

            A verdade, fatos enojantes assim sempre são exceções.

 

                                                Capítulo  IV

Sábado, 10:00 horas.

            Um dos candidatos a deputado terminava o seu discurso para os seus correligionários deveras ignaros:

            E como já lhes disse, caríssimos amigos, não me será um pleito fácil, considerando que enquanto uns bebem uísque com água de coco e escravizam macacos, eu cá estou a dirigir-lhes os meus mais sinceros intentos. Não medirei esforços para lhes  provar a minha capacidade de legislar e quem sabe, se vocês entenderem de administrar a coisa  pública... é que tenho interesse em laranjas e vou fazer nova plantação, logo,  necessito de bons assessores.

            Descobertas recentes apontam que vocês aí de baixo têm  o  mesmo ácido desoxirribonucleico dos chimpanzés. E agora macacos que são, não permitam mais ser escravizados. Como sabem, e como prova do meu bom relacionamento, eu que sou anjo e venho da mais alta relevância celestial, deveria receber hoje, aqui, prazerosamente e para lhes apresentar, os meus mais recentes amigos extraterrestres. Acontece, que até eles, que são superiores, ‘thus like me’, temem sua estadia em Pindorama: o cidadão está desprotegido, não há segurança pública, não há boas estradas para ‘imported top cars’, os aeroportos estão abarrotados de produtos made in China... 

 

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            Mas eu lhes prometo que depois de eleito, não os decepcionarei. É agora ou nuca! É sabido que tenho na minha humilde fazenda uma vasta área plana, a qual cederei a vocês para que, gratuitamente, destarte ‘teh second and ninth articles of teh Ci El Ti no entail’, com seus braços fortes como os meus e com a minha cândida orientação, construam aí um magnânimo ‘naveporto’.

           Saibam, meus caros  ignaros, que os extraterrestres têm  o poder de transformar seus sonhos em garbosas naves. Se vocês me prestarem sua bondade, meus caríssimos ignaros — repetiu —,   seremos todos contemplados, um dia, não somente com a magia da visita de belos lagartos espaciais, como, também, de Hominadae-rodentias, e de Homo sapiens-Mus musculus — e bateu no peito —, em seus luxuosos jatinhos.

             Há ratos que só gostam de queijo, mas nóis também gosta de perfume, gosta de farinha: nóis cheira, nóis come... Acreditem, vou dar comida em abundância para todo o mundo. Muito obrigado!

            As palmas ecoaram, como ondas chocando-se em  montanhas. Noutros lugares de Pindorama, mais candidatos a  deputados, a  senadores, a governadores, a presidente... a donos de Pindorama, muito igual, ludibriavam o senso comum.     

                                            

           Capítulo XII

 

Domingo, 8:00 horas. Dia das eleições.

 

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          Era o primeiro domingo de outubro daquele ano, o deputado escolheu no guarda-roupa o jeans mais antigo e a camiseta polo de gola estrategicamente remendada, calçou os tênis surrados do filho e sentou-se à mesa para o café da manhã. Serviu-se de queijo branco, leite e café da sua fazenda e de champanhe e salmão semanalmente importados  das  melhores fontes; desprezou o nacional e no telefone ratificou a alguém a encomenda de um daqueles aviãozinhos da Bombardier, sentou-se no banco da frente do carro, por percorrer pastos e contar seu gado eleitoral.

 

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            José, um cidadão comum, caminhava lentamente de volta da padaria: levava para o desjejum da família um litro de leite C  e um saco de pão numa mão, na outra seu costumeiro jornal de esportes, comprado por cinquenta centavos. Programara de véspera, com muito esforço financeiro, participar do tão sonhado churrasco com os amigos da rua. Longe dali, Sebastião, lustrava, sem igual, seu provedor carrinho de  cachorro quente; Américo, um metalúrgico do Sul, limpava as velas de sua brasília1981; no Norte, Maria Sebastiana, em dias de  ganhar nenê, já com outras peças no tanque, puxava de sob o  marido toda a roupa de cama; em casa, eu pegava por reler, sem pressa, o livro mais grosso da estante; doutor João Paulo, um biólogo e pesquisador meu amigo, dava férias a cérebros de ratos e dormiria até o dia seguinte; no bairro próximo oposto ao meu, jogavam bola; no terminal de trens, os próprios se desmontavam; nos parques, nas matas, nas árvores das ruas, às margens das represas os  pássaros e as aves esqueciam seus cantos e gorjeios; os leões só acordaram para ordenar paz aos demais bichos; os rios foram a dormir com os mares e os peixes com os pescadores; o Sol não abriu e as nuvens das serras não se dissiparam, a velha portuguesa ficou a procurar em suas coisas a receita rara de um bolo de nozes; nas aldeias, os índios não saíram para caçar; até mesmo os que sofrem no sol não bateram em nenhuma porta, por entregarem, explicarem ou convencerem do conteúdo dos folhetos de sua religião; não aconteceu movimento, ninguém ou nada saiu de casa. Pindorama não existiu nesse domingo, até que entendesse o Tempo quebrar o silêncio e dizer que acabara de passar um minuto das dezessete horas.

           A piada ficou marcada porque por rádio, de dentro dos seus carros importados, blindados e de vidros escuros, por todo o dia os candidatos não pararam de fazer tentativas em vão de falar com Deus.

           E quando o Senhor Tempo voltou a correr na sua velocidade normal, noutro carro, os seguranças, o que dirigia e mais  três  se esbaldaram em chistes, a imaginar Ongarato a dirigir, mas a fingir não perceber a mão masculina do patrão a  acariciá-lo na perna, enquanto este  continuava a fazer  novas e execráveis tentativas: desta vez, a exigir do demônio uma explicação da também sua ausência às urnas.

            No entanto, o mais significante, mesmo, foi o exercício inverso também de cidadania de um povo insatisfeito.

 

                                                                         * * *

 
 

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          Capítulo  XVI

 

Domingo,17h01min. Ainda no dia das eleições.

 

            É-se de lembrar que todos os candidatos já haviam percorrido todas as  seções eleitorais. E em todas elas foram muito bem recebidos pelos cabos eleitorais e  pelos mesários; mas, a nenhuma urna de Pindorama, nem os mesários, nem   os  cabos  eleitorais, nem mesmo um que fosse dos correligionários se compareceram, não votaram.  Intrinsecamente, somaram-se aos demais do povo que, como já dito, não saíram das suas casas, ‘por terem preferido ocupar-se de outras coisas, a exemplo de estarem a fuder até o fim do dia a não serem fudidos por mais quatro anos’. Assim mesmo, com cinco verbos e a letra “u”, pra ficar bem enfatizado. Exerceram todos a maneira cabível naquele dia: a cidadania (?).

            — Vixe, Maria! E agora? Perguntavam-se as autoridades.

            Como se sabe, em Pindorama tudo era decidido  na  mesma hora. Após tentarem buscar na Filosofia de Sartre e Heidegger, sem nada encontrar às claras que justificasse a faticidade ocorrida em Pindorama, óbvio, alguém sugeriu uma solução surpreendente: longe da pretensão de ofender os mesopotâmios, e ainda Gregório, suprimir dez meses do calendário e estender aquele mesmo dia para quarenta e oito horas, de modo que, assim, aproveitando-se da ainda presença dos mesários nos locais de votação, houvesse novas e instantâneas eleições, desta vez não somente  para  presidente, senadores,  deputados, governadores, mas também para prefeitos e vereadores, ao que apareceram duzentos milhões de candidatos.  

           Então, outro alguém bradou: Quanto à informática se resolve, mas que é dos eleitores?!...

           Bem, marcaram as eleições para dentro de uma semana. Conforme a alteração do calendário, cairia, portanto, no primeiro domingo de outubro de um ano ímpar. Beleza! Mas como assim? Indagou um candidato. Os números ímpares facilitam a apuração dos votos, respondeu outro dos candidatos.  Não haverá empate. Como ninguém entendeu, deixou-se isso passar no tipo se colar, colou.  

 

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           Então, foi aí que começou o bruá: teriam de reduzir o     mandato dos coitados dos prefeitos e vereadores, mas esses, em aliança com os senadores em metade de  mandato, logo reagiram.

         Mas não é que se sugeriu outra solução caseira! Estender por decreto o mandato de quem já o exercia, só por um ano, apenas, só por um ano, motivo suficiente para a grita levantar o céu da gente, e tudo voltar aos moldes da Constituição, que reza as eleições no Brasil realizar-se-ão, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato vigente. Sempre em ano par, por mandato de quatro anos.

         A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República, assim como dos governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais são simultâneas, sendo que para esses três últimos não há segundo turno. Somente senadores têm mandato de oito anos, o que alternadamente leva a renovação do Senado em um e dois terços a cada quatro anos, coincidindo com a eleição para prefeitos e vereadores. 

         Como se vê, não caberia mesmo a baboseira que se pretendera em Pindorama. Não ter o povo ido votar, nem mesários, nem mesmo os candidatos foi demonstração de falta de civilidade. É desserviço à Nação.

          Sorte que exceção de uma única urna da ilhazinha não se depositou um único voto, e na urna de exceção apurou-se um único voto dado às 23h30min, àquele candidato a deputado.

         De modo que não restou outra coisa a Pindorama a não ser marcar novas eleições, a ocorrerem em um prazo razoável.

          O fato gerou tema de estudo eleitoral dos universitários.

          Via reflexo, quanto a muitos candidatos, com a vida devastada e cheia de nódoas inextinguíveis e para o bem da nação, parecera renunciarem à vida pública.

          Na Pindorama endividada e de cofres vazios, voltou-se a plantar mais bananas, a toque de caixa, uma nova  espécie, que frutificava em menos de uma semana. Eram as news bananas super-mega-hiper-advanced-plus geneticamente modificadas de Pindorama. Foram comparadas ao ouro, ao petróleo... e até hoje reinam no rol das commodities. Por isso, extinguiram as vendas por dúzia, em favor de fazê-lo por peso, o que redobrariam as encomendas de aviõezinhos. As bananas de Pindorama passariam a financiar mais jatinhos, sim.

 

* * *

 

 
 

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                   Capítulo XVII

 

    A campanha eleitoral ficou acirrada, mais ainda depois que macacos confirmaram as suas candidaturas, oxalá dados o simbolismo, a simpatia e a conotação à espécie e a considerar a ausência de verba, o que leva a crer o esforço para se manterem na disputa e a entender porque logo e unidamente adotaram o seguinte slogan:

 

                            PAN TROGLODYTES   X   HOMO  SAPIENS.

                               VOTE COM FIDELIDADE A ORIGEM

 

          Único Estado sui generis em sua democracia, versátil, onde não somente o homem e mulher são cidadãos, já se sabe   ......................................................................................

   ..........................................................................................................................................

....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................  

 

                                                   Posfácio

 

         Reservada uma revisão em 2012, esta obra foi concebida antes do trágico Tsunami  acontecido em dezembro de 2004, que viria a destruir tantos paraísos terrestres; infelizmente, esses fatos da natureza não escolhem suas vítimas. Por outro lado, acontecesse na pequena Pindorama, transformá-la-ia em uma nova Atlântida.

 

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            Robert Flores, que vendera esses escritos por fazer sua cirurgia transexual, mas que antes estava de passagem por lá, não foi o único a escapar; já na Holanda, recuperando-se e já a viver o fruto do seu  maior desejo, passara a assinar com seu novo nome: Roberta Flowers. Mas, infelizmente, não escaparia,  tempos depois, de um acidente de avião, nas águas profundas da sua um dia Pindorama, onde se vive mais de trezentos anos e os adultos evoluem das crianças. Quanto aos macacos, foi a Liberdade que venceu!

 

            A falar ainda mais sério, dada a excelência do autor que se segue e  posto que é mesmo bonito ler o bonito, não plagio, pelo contrário, reproduzo e cito a fonte do texto do meu querido amigo e ilustrre Adriano Parreira, antropólogo, professor universitário em vários países, escritor e presidente do Partido Angolano Independente, em um dos seus artigos para o jornal  AGORA, de lá, edição de 29/05/2004, para encerrar esta minha humilde obra:

 

         SEMÂNTICA DE TRÊS NOTÍCIAS CHOCANTES

           “Há notícias que pelo seu caráter devastador podemos denominar de chocantes. Elas vêm de todos os quadrantes, sendo divulgadas sobretudo através dos meios de comunicação social, e são adjetivadas de chocantes por interceptarem de forma especialmente violenta os nossos sentimentos, esperanças e ilusões.     

           Porém, entre as notícias cinzentas e nubladas que invadem o nosso já tão perturbado quotidiano, há variantes que lhes são comuns e cuja identificação nos permite avançar para a elaboração de uma classificação que, mesmo que problemática e necessariamente efêmera, nos ajudará a entender quais os significantes que definem uma notícia que dilacera os nossos sentimentos de revolta.

           Entre esses elementos de definição, o principal é a  própria temática da notícia: terrorismo internacional, violência doméstica, delinquência juvenil, o narcotráfico, o roubo do erário público, as guerras fraticidas e injustas,  a destruição sistemática do ecossistema, a exploração dos    recursos naturais, a  destruição  do patrimônio cultural,               o etnocídio, a globalização assimétrica, a corrupção  desenfreada, a impunidade, a meretrização do sistema judicial, o   hiato cada vez mais  entre ricos e pobres, a arrogância da cleptocracia oligárquica da família reinante, a exclusão da maioria, o atropelo à ordem e à Lei, a intolerância perante a alteridade são temas recorrentes na produção das notícias que chegam diariamente aos nossos rádios, televisores e    computadores, via satélite ou pela ‘internet’.      

 

 

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            Um outro elemento de classificação das notícias  é o grau de repulsa, consternação e revolta que as mesmas nos sugerem. Independentemente da subjetividade implícita na classificação, há notícias que são francamente mais     chocantes do que outras, que acionam em nós maior ou   menor indignação, pelo grau de emotividade que provocam é um elemento de diferenciação a levar em conta.

         Devemos também considerar como elemento de classificação de uma notícia, o seu protagonista, quer seja individual ou coletivo, e assim sendo os dados concernentes à sua idade, posição social, estatuto e nível escolar contribuem para o tipo de recepção que a notícia terá.

        Finalmente, o fato de a notícia dizer respeito ou não à nossa realidade ou ao nosso país constitui por sua vez um elemento muito significativo para a percepção cognitiva da mesma e a sua apreensão dentro dos padrões e valores    morais, culturais e estéticos, que nos associam  a  uma  consciência coletiva comum  —  no nosso caso à identidade idiossincrásica angolana.   

         Podemos assim inferir o teorema, mesmo que insipiente, que uma notícia:

        1 - será tanto mais chocante quanto a sua temática for mais abrangente e significativa.       

        2 - é tanto mais chocante quanto mais  intensos  forem os sentimentos de revolta e repulsa que suscita em nós.

        3 -  é tanto mais brutal quanto  a  idade do protagonista for avançada, e o seu estatuto, nível escolar e a  função que desempenha forem elevados.

        4 - terá um impacto ampliado ao infinito se disser respeito à nossa realidade social e ofenda os nossos valores culturais.

            Uma vez considerados os aspectos temáticos e emotivos da notícia, assim como o estatuto do protagonista, e os fatores aleatório e cultural em que se insere, concluiremos que uma notícia chocante é aquela que diz respeito ao nosso país, cuja abrangência é significativa e é protagonizada por alguém  de elevado estatuto cujo comportamento é contraditório, não só com esse mesmo estatuto mas também com a posição social que lhe é inerente, fato que, inevitável e frontalmente colide com os nossos valores culturais, sendo  os efeitos nefastos da   notícia amplamente dilatados quando o protagonista é adulto mas se comporta de forma totalmente irresponsável.

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           Imaginem os efeitos devastadores e os sentimentos de revolta causados por uma notícia abrangente, que distorce os nossos princípios éticos e culturais ... “ 

 

            Voltando cá à nossa realidade:

            Bem, como não somos irmãos, não falamos a mesma língua, não temos histórias parecidas, nunca enviamos nossos índios Tapuias para matar da sua gente, não temos nada em  comum com Angola, mesmo, e as tais três notícias são de fórum íntimo daquele autor, solto-me das suas mãos por um instante e me volto para o Haiti (sofrimento, dor, lástima), embora, cá e particularmente, sugiro a PIA, nada que ver com onde se administra o sacramento do batismo, ou com onde se lava louças, ou mesmo com o que pia, ou cacareja, principalmente os galináceos, isso seria coisa lá para Roberta Flores, que pusera esta semente.

            PIA-Pindoramaensis Institute Association, seria uma ONG não somente defensora dos bichos da terrinha, mas que militasse junto aos céus por iluminar o ovalado globo, sobremaneira os passos do homem  mau e decerto mais ainda o concatenar do homem bom, este que não vê isto como logorreia.

            Invoco que somente no dia que em que  o dispositivo Constitucional 225 for respeitado, o homem tomar consciência da importância do meio ambiente, de quão lhe é dever não mais enxergar a fauna, a flora, tudo de sua casa como instrumentos de sua ganância, ceder à vaidade de que só ele pode adquirir e  expandir inteligência, ceder que os animais  não mais devem ser vistos somente como coisa fungível e que não sentem dor e lhes sejam criado instrumento efetivo de defesa legal (efetiva aplicabilidade da sanção), contra essa crueldade gratuita e contumaz, reconhecê-los como sujeitos de direito, embora não tenham a capacidade de agir (Jurisprudência), poder-se-á afirmar que todos os homens são mais éticos que os ratos, ou que  não se assemelham aos macacos, e sim, o inverso, e que estou errado e acabo de concluir um pensamento díspare de Deus.

           Viajei em homenagem a grandes homens, busquei mais e encontrei alguns, sim; também, macacos e homens do seu ideal*.

            É de se perguntar se esses últimos ainda poderão evoluir e tornarem-se mesmo virtuosos ou se a virtude os rejeita por saber do seu caráter aético que denega todo o imperativo categórico, por exemplo.

 

 

 

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*Alusão a NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. (1844-1900) in Crepúsculo dos Ídolos ou Como Filosofar com o Martelo, Turim, 1888: Fala o desiludido  – Procurei grandes homens e sempre encontrei apenas o macacos do seu ideal.

 

 

Esta obra não me orgulho de tê-la escrito, pelo contrário, entristece-me ter-me inspirado em fatos tão nefastos, mas fí-lo por meu Felis catus Patrick* confessadamente morto a pauladas por um vizinho; por Jimmy, o chimpanzé do Rio; por todos os animais; pela humanidade e suas crenças, raças, orientação sexual... pela moral.

 

 Humor e liberdade de criação com a observância legal, sim; por outro lado, trabalho escravo, abuso de autoridade, maus tratos, preconceito, homofobia e tantos. Desrespeito... não! Não os cabem na sociedade moderna.

 

                                         * * *

 

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* Em referência ao já manifestado no artigo de nome PIF - Peritonite Infecciosa Felina, extraído de outra obra minha, MENINOS DE RUA (,jmmonteiras@blogspot.com) em que narro a dor da perda por tal doença e a comparo aos que praticam maus tratos contra os animais.

Sobre o autor:

J. M. Monteirás é formado em Direito pela Universidade Nove de Julho - UNINOVE,  pós-graduado em Direito Penal pelo INEP, pós-graduado em Direito Processual Penal também pelo INEP, pós-graduado em Direito Material e Direito Processual pela Faculdade Legale; pós-graduado em Direito Previdenciário também pela faculdade Legale,  professor de Direito material e Processual Penal para segunda fase do Exame Ordem, compositor, poeta, escritor, autor  do romance DELLARQUIM - ISBN  85-90518-1-6, além de vários artigos na web e no seu blog jmmonteiraso.blogspot.com, bem como palestrante e vive na  cidade de  São Paulo, SP.

 

E-mail: jmmonteiras@gmail.com    Instagram: @jmmonteirás       Twitter: @dellarquim      jmmonteiraso@blogspot.com.br

 

 

 

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                                                                       LEMBRETE

ISTO É FICÇÃO, POR ISSO NEM SEMPRE O TEXTO REMETE À LETRA DO ORDENAMENTO;

O TEXTO NÃO REFLETE, TAMBÉM, O MEU PENSAMNTO DE AUTOR;

LEMBRA-SE QUE SE TRATA DE MATERIAL SEM FIM LUCRATIVO PARA ACADÊMICOS DE DIREITO PODEREM AFERIR O CERTO DO ERRADO;

ADEMAIS, POR TRATAR-SE DE FGRAGMENTOS DE UMA OBRA, OS CAPÍTULOS E A NUMERAÇÃO DAS PÁGINAS ESTÃO ALEATÓRIOS, BEM COMO POSSA PARECER O POSFÁCIO AMBÍGUO AO LEITOR QUE NÃO VENHA A LER A OBRA INTEIRA, QUE CONTAM 204 PÁGINAS E PODERÁ SER ADQUIRIDA VIA E-MAIL;

RESPEITE AS INSTITUIÇÕES: LIBERDADE DE EXPRESSÃO TEM AMPARO CONSTITUCIONAL, MAS EXARCEBAMENTO, NÃO;

ESTA OBRA FOI ORIGINALMENTE ESCRITA E REGISTRADA NA BIBLIOTEFCA NACIONAL SOB  Nº ISBN 85-905108-2-4 NO ANO DE 2004;

AUTORIZADO A REPRODUÇÃO DESTES FRAGMENTOS.

AOBRA COMPLETA PODE SER ADQUIRIDA ATRAVÉS DO e-mail. jmmonteirás@gmail.com

                                                                                                            

 


 

 

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