Filosofia?
Por Bruno Marinelli | 28/07/2012 | FilosofiaPara início de conversa convém ressaltar que a filosofia é de longe uma ciência; apresenta-se ela como uma própria dimensão humana, algo inerente e necessário; da condição que nos faz humanos.
A filosofia nos ensina a experiência da existência, a sua forma mais absoluta e plena. Trata-se de um eterno devir de perguntas e respostas que inflige não só a apropriação do conhecimento teórico, mas a própria práxis experimental dos fenômenos em si.
Ao longo da sistematização filosófica compreendemos e passamos pela biografia de inúmeros pensadores, ressaltando suas pesquisas e pensamentos, sejam no campo da metafísica, da epistemologia ou até mesmo da lógica. No entanto, o que tais pensadores querem ampliar/apresentar com seus raciocínios é: uma compreensão sistemática e simétrica que têm em mérito próprio, a realidade do qual estão presenciando. Por este motivo, o refletir filosófico inautêntico se caracteriza por uma abordagem teórica isenta da realidade prática, em outras palavras, a filosofia perderia a sua função crítica para se tornar em uma ideologia (se esta estiver estéril do pensar prático e experimental do filósofo a que se estuda). Mas, esmera-se ela justamente pelo contrário, é ela, a conjunção, o casamento, dentre realidade prática e realidade teórica.
A filosofia nos ensina a muitas coisas e dentre elas o eterno questionar do mundo e de si. Produz assim indivíduos contínuos, que se jogam nesse eterno devir do conhecimento itinerante, ou seja, nunca completo e esgotado, mas sempre dinâmico e integral.
A filosofia assim participa da própria dimensão humana, a curiosidade. E nesse inatismo é ela participe necessária a plena realização humana. Daí a sua necessidade e sua funcionalidade aos dias atuais. O homem é um ser de curiosidade, busca se realizar pela procura de respostas, mas, sem a apropriação devida aos seus verdadeiros anseios, passa a fazer perguntas erradas e assim perde a verdadeira essência de sua conjunção humana, ficando esta incompleta. A partir do despertar da atitude filosófica, o indivíduo passa a não mais aceitar aquilo que vem de fora, como algo pronto e acabado. Renasce assim um ser crítico, pronto para questionar as verdadeiras perguntas, aquelas que mais intrigam a humanidade. Nessa abrangência a filosofia quer ao mesmo tempo colocar o homem em uma eterna angústia, mas uma angústia produtora/produtiva, e, acima de tudo nunca dantes navegada, pois, a cada qual ela toca de uma forma única.
Em tese, existem inúmeras formas de querer sistematizar a funcionalidade ou a aplicabilidade da filosofia, de longe quaisquer tentativas de sintetizá-la, será em parte uma divida para com a sua total abrangência. Não que a filosofia seja uma realidade relativa, mas do contrário é ela acrescentada pela experiência e pela racionalidade de cada indivíduo que a toma para si como condição essencial para a sua humanização. Aqui se responde a pergunta, filosofia a que serve? A filosofia é a própria realidade do humano, que é muitas vezes desconfigurada pela ideologia do mercado, gerando seres coisificados, e, não humanizados. Por esta razão a filosofia nos torna mais humanos, porém, seres menos sociáveis, isso se levar em conta que uma grande parte da sociedade não se cansa de existir apenas em um mundo projetado, pronto e acabado em suas estruturas e apropriações. Nisto se fundamenta outra grande realidade do filósofo, o diálogo. O filósofo apropriando-se de uma realidade autêntica passa comunicar o legítimo vislumbre da existência, por este motivo se torna muitas vezes alguém inapropriado ao mundo já estruturado, fechado, e previamente determinado.
Nesta adequação a filosofia é ao mesmo tempo aquilo que nos liberta e o que nos garante a plena realização do homem em si e por si mesmo.