FILOSOFIA: O DIREITO DE PENSAR
Por Cleber Pagliochi | 22/05/2009 | FilosofiaHá muito tempo a filosofia vem sendo discriminada pelo seu pensar. Sua história foi levada ao descrédito, e as ditaduras que ocorreram em massa e até mesmo o sistema capitalista, contribuíram para que ela fosse afastada da sociedade por vários séculos. Mas também hoje, ela vem contribuir para uma sociedade crítica, visando uma melhor experiência de vida e uma forma de repensar o como e o porquê acreditamos no pensar social.
Nosso problema está em como levá-la às salas de aula, de que maneira convencer ou trabalhá-la para que o indivíduo possa aprender e ao mesmo tempo crescer no seu pensar? O que ela representa para nós? Visando isso também nos questionamos frente à mídia, estaria ela sendo a "fábrica" dos mitos modernos? E como estaria transmitindo esses mitos? Para que finalidade?
Partindo disso creio que é muito importante dizer que a principal função da filosofia é pensar, sua base está em uma forma crítica de viver, poderíamos então chamá-la de uma segunda olhada sobre o problema, um rever a situação, analisar. Ela representa o reviver do homem, fazendo dele um ser que pensa sua vida, que é protagonista de seus atos.
Diante da sociedade que valoriza o que lhe parece ser útil, ou seja, que lhe traga a resposta imediata, a filosofia foi perdendo espaço ou aparentemente sendo inutilizada por muitos.
No mundo em que vivemos em que o sistema capitalista impera, não se exige que pensem, basta-nos caminhar junto com o seu pensar, ele já traz consigo o pensar materialista, onde não necessitamos procurar uma verdade, ela já é imposta, sendo então mais rápido e assim mais "atrativo".
Quem hoje é filosofo é considerado "um louco que procura respostas para aquilo que não tem resposta", e ai está a função do filósofo, descobrir a verdade para "ambos", não apenas onde um possa conter a verdade absoluta, mas onde o conjunto dos pensares traduza-se em um terceiro elemento: a verdade pura. Esta que seria uma verdade onde os dois ou mais envolvidos pudessem chegar a mesma conclusão.
Também em relação a filosofia podemos ligá-la as ciências, ou mais precisamente poderíamos dizer que ela seria a "mãe das ciências", pois todas partem do principio da pesquisa filosófica, onde o principio é o pensar. Não apenas as ciências humanas, mas até mesmo as exatas. É impossível pensá-las separadas. Podemos tomar como exemplo a estrutura dos átomos.
"A procura da substância primordial, do elemento comum, da matéria prima que compõe o Universo, começou há mais de 25 séculos com os gregos. O filósofo Tales de Mileto (624-546 a.C.) afirmava que o elemento primordial do Universo era a água, "sobre a qual a Terra flutua e é o começo de todas as coisas". Já para o filósofo Anaxímenes de Mileto (570-500 a.C.) seria o ar o tal elemento primordial de vez que o mesmo se reduziria à água por simples compressão. No entanto para Xenófones da Jônia (570-460 a.C.) era a terra a matéria prima do Universo. Por sua vez, o também filósofo Heráclito de Éfeso (540-480 a.C.) propôs ser o fogo essa matéria.
Após 546 a.C., surge um novo movimento filosófico que tenta explicar a matéria não só constituída como um elemento único num sentido "macroscópico", mas como uma porção também única, subdividida "microscopicamente". Foi assim que Leucipo de Mileto (460-380 a.C.) apresentou uma visão segundo a qual todas as coisas no Universo são formadas por um único tipo de partícula - o átomo (indivisível, em grego) -, eterno e imperecível que se movimentava no vazio. Entretanto, para explicar as diversas propriedades das substâncias, admitiam que os átomos diferiam geometricamente por sua forma e posição, e que, por serem infinitamente pequenos, só poderiam ser percebidos pela razão"[3].
Mas atualmente as ciências não aceitam a "maternidade filosófica" de sua origem, se situam como libertas dessa "relação". Ignorando sua origem. Nãonecessariamente dizer que não acreditam que seu inicio foi na filosofia, mas daria pra se dizer que "o filho cresceu e não precisa mais dos pais".
Fazendo-se então uma relação entre os mitos e a mídia de hoje podemos dizer que a base central dos dois é a mesma, fazer acreditar sem questionamento. Assim como os mitos não eram comprovados partindo de que havia deuses cumprindo diversas ações, e que tudo o que ocorria eram obras suas, hoje a mídia faz acreditar no que ela transmite como verdade, mesmo não a sendo verdadeira.
Poderíamos neste momento fazer uma comparação com a lenda da caverna[4] onde alguns seres humanos são forçados desde crianças a apenas olhar para frente acostumando-se a isso, eles começam a acreditar nas sombras, enfim alguém liberta um desse aprisionados, ele olha tudo ao redor e fica maravilhado, resolve contar aos outros que não conseguiam ver isso, eles poderiam caçoar dele dizendo que aquilo que ele contava é mentira e acabar por não acreditar, ou poderiam acreditar, ai vale de quem o interpreta, mas não é isso que analisaremos agora.
Considerando isso, podemos então neste momento fazer uma comparação com a mídia de hoje, ela aprisiona a ela muitas pessoas, os faz por longo tempo crer em suas verdades. E por final se conseguirem ser libertos, o que é quase impossível, são considerados anti-sociais, ou fora do mundo porque tudo o que move o mundo do pensamento é a informação[5], esta mesma informação que é repassada pelos meios de comunicação. Sendo então considerados "loucos", como os filósofos, essa é uma contrariedade democrática, se cada um pode seguir seu pensar, não obrigatoriamente seriamos obrigados a pensar igual, o que na prática é o contrario do que acontece na nossa realidade.
Os "prisioneiros" de hoje não mais estão algemados em cavernas eles estão "livres", comprando produtos em supermercados, shopings, transformando-se em mercadorias, ou simples objetos que compram produtos e que dão um retorno financeiro ao capitalismo. Não precisam mais pensar, comprar é o importante.
O excesso de informações e a carência, cada vez mais conduzem o homem a não pensar, ele não da conta de tudo e por fim acaba cada vez mais aceitando sem "digerir" as informações repassadas, perdendo assim sua autonomia de pensar.
A filosofia vem ao encontro, procura ajudar. Nas escolas, dizendo que ela não conduz a nada, é retirada do currículo. Cada vez mais ela está sendo tachada como inútil, e consequentemente o aumento do consumo ocorre, empresas crescem, pessoas vivem para consumir, ao invés de consumirem pra viver. E com tamanha informação girando pelos "ares" o que mais importa ninguém sabe.
Mas acredito que a filosofia como essência vem a contribuir com a sociedade atual basta dar a ela o devido espaço ou deixa-la ocupar o espaço que a ela pertence.
Enfim filosofar é amar a vida, é sonhar com um futuro melhor, é acreditar em si próprio e viver segundo o que você pensa, sendo livre para viver e feliz na escolha que fez.
[1] Síntese produzida apartir do conteúdo estudado na aula de introdução a Filosofia do dia 25/03/2009 com o professor Altair Fávero.
[2] Aluno do curso de Filosofia (LP) 2009/1 da Universidade de Passo Fundo (UPF)
E-mail: 106255@upf.br
[3] Trecho do artigo A busca do princípio: o Átomo. Fonte: http://mesonpi.cat.cbpf.br/verao98/marisa/atomo.html
[4] O Mito da Caverna,Extraído de "A República" de Platão fonte http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=796
[5]Guareschi, Pedrinho e Biz, Osval. Mídia & democracia, 4ª edição Evangraf, 1997