FILOSOFIA E MITO
Por IVONE CORTINA | 31/07/2018 | FilosofiaFILOSOFIA E MITO
Ivone Cortina
Licenciatura em Filosofia
Faculdade de Ciências Humanas – FACH
e-mail: ivone-cortina@bol.com.br
Resumo
A filosofia nasce com a morte da mitologia. Segundo John Burnet (1874-1943), a filosofia nasceu quando as velhas explicações míticas da realidade já não podiam elucidar mais nada e dessa forma, o pensamento filosófico aparece. O mito se fundamenta com o irracional. O pensamento mítico não é lógico. A filosofia tem seu pensamento pautado no logos, na verdade, na razão. Busca-se o entendimento através de coisas exemplificáveis no coletivo.
A evidência dos mitos está em sua origem, não está na ordem verificável, mas sim em ordem mítica. A filosofia se origina na ruptura do pensamento mítico do logos. O mito é visto atualmente como processo de estudo pela função não somente intelectual mais também pela função sócio política.
Quando se refere aos discursos, têm que os discursos eruditos são hermenêuticos, os quais fazem a recondução do sensível, ideia abstrata e levam para um sentido figurado maior. Quanto ao mito, esses são “verdades” narradas pelos deuses que falam através da boca do profeta, do xavan , do poeta. O homem procurava cantar por meio da poesia o declínio das antigas formas de viver e pensar e o surgimento de uma nova situação. As epopéias são o resultado da mistura de lendas jônicas e eólias, incorporando relatos do mundo grego com a cultura de outros povos.
O mito quanto às suas contemplações é visto como irracional produto de formação cultural, tanto da arte como da ciência ele se faz o produto. O mito compreende os etiológicos (presente nos indígenas), os sociológicos que buscam a raiz do mundo. Quanto ao ser, o que realmente é importante é a sua própria natureza, pois o ser faz parte da premissa, que a realidade não pode ser vista pautada unicamente vista de único objeto. O individuo é uma prescrição moderna, nascendo com a revolução industrial. Antes disso, o homem era anulado, fora de sua clã. A modernidade é a “fábrica” do individualismo, pois o homem assume sua própria identidade.
Para Ernst Cassirer, o mundo vê-se sob a forma mítica, A percepção mítica do mundo não quer dizer o que o homem veja uma divinização das coisas. A filosofia é a busca do conhecimento, pensamento sobre o pensamento. Quanto ao pensamento mítico esse busca seu pensar baseado nos objetos.
Para Cassirer o mito torna-se um problema da filosofia, pois a razão mítica se estabelece na consciência. Não pode ser considerado pensamento, pois não atinge o muno sensível. O mito é uma forma de poesia de caráter puramente estético e cita que o homem verdadeiramente sábio é aquele que põe a razão individual sob a razão universal.
Segundo Georges Gusdorf, o homem na atualidade tem buscado uma ordem no universo, um significado, diferentemente da era dos mitos, onde a mitologia era um repertório da qual se faziam se constituir em um conceito. Para Gusdorf, mesmo o pensamento mais racional, mais lógico não se afasta de um pensamento mítico, pois o pensamento mítico aceita o sentimento. Assim toda a tentativa da razão vai além da verdade absoluta. O mito remete a experiência primeira, e faz a proximidade do divino com que o homem tenha a sua linguagem de expressão sem qualquer distinção e oposição entre espírito e corpo, sensível e intelegível.
Para Gusdorf (1979, p. 150) poetas e escritores empregam o mito para exprimir uma dialética além da existência humana: “Ao dar interpretações cada vez mais livres ao mitos fornecidos pela tradição, o literato descobre em si mesmo um poder de Demiurgo”. O mito entrega-se a reflexão e o homem adquire consciência de si mesmo.
Desse modo, tem-se que a compreensão filosófica do mito que este é uma das formas do discurso humano e além do mais que o estereótipo oposição irreconciliável entre mythos e lógos é sem fundamento para uma genuína compreensão filosófica do fenômeno, pois o mito, no sentido de “narrativa sagrada”, é praticamente equivalente a um lógos qualificado de hieros. É fato que o logos, assume de forma progressiva o sentido de discurso regrado que remete ao raciocínio e consecutivamente a razão. Dessa forma a metafísica filosófica traz o objeto a ideia, quanto ao mito esse traz a ideia do objeto e o meio preciso para chegar ao mundo metafísico é a razão. A metafísica filosófica reinaugurou que se existe uma coisa é porque existe uma cópia dela mesma e um ponto fundamental para compreensão metafórico de interpretação do mito é a constatação de que o sentido é um procedimento da linguagem.
Conclusão
Ao se analisar a estrutura do mito e a estrutura do discurso filosófico percebem-se uma diferença entre eles, pois são dois modos distintos de entender e explicar o mundo. Para a filosofia a razão com suas regras são fundamentais, pois o pensamento contraditório afasta-se do real. Quanto ao mito, o fabuloso, o fantástico é algo normal.
Para Aristóteles “também aquele que ama o mito é, de certo modo, filósofo” (Metafísica A 2, 982 b 18), faz menção que desde sua origem o pensamento filosófico aprendeu a manter uma relação amistosa ente o mito e a filosofia.
A razão, portanto para a filosofia é a faculdade de conhecimento intelectual do ser humano, a capacidade do pensamento dedutível, fundamentada em argumentos e de abstrações em oposição à emoção.
Referências
ARISTOTELES. Metafísica. São Paulo. Editora Loyola. 2001
BURNET.J. O despertar da filosofia grega. São Paulo: Siciliano, 1994.
CASSIER, E. Linguagem e Mito. São Paulo.Editora Perspectiva. 1925
GUSDORF, G. Mito e Metafísica. Rio de Janeiro. Editora Nova. 1960