FILHOS ADOTIVOS

Por Alexandre Schorn | 23/01/2010 | Família

                                   

                      FILHOS ADOTIVOS 

 

                O PROPÓSITO DO AMOR      


Nosso País é sinônimo de muita beleza, alegria e bondade. Mas como em todo o mundo, a falta de planejamento familiar e a ânsia da vida por si só, deixa sempre um grande número de desafortunados e abandonados. Posso falar sobre isso, porque Deus me permitiu não sentir e não fazer parte desta estatística.
No dia 09/01/1968, dia do Fico, tive oportunidade de nascer para esta existência. O Criador de infinita bondade, que acreditem os leigos ou não, traçou um destino de aprendizado e muita felicidade para mim, pois por desencontros e até certa irresponsabilidade os meus pais biológicos me deixaram no hospital para ser doado. Mas esta não é uma história triste. Esta é uma história de amor, felicidade e destino. Afinal, tive a felicidade de ser legitimado como filho de uma família maravilhosa. Tive um pai da mais alta postura e dignidade. Um homem trabalhador, de conduta inquestionável e de um coração grandioso.
Não tenho palavras para descrever o anjo de amor que foi a minha mãe adotiva. Uma mulher que já tinha sete filhos, mas em seu coração ainda havia espaço para amar muito mais. Esta senhora, em toda a sua existência, amou, orientou e zelou por todos nós, seus filhos. Era uma pessoa de extrema caridade. Nunca deixou as Marias e os Joãos desafortunados sem um pedaço de pão, uma palavra de carinho e, ainda sobrava espaço para ser benemérita do Asilo, Lar das Meninas e onde mais se fizesse necessário. Minha mãe guerreira cuidou de mim com zelo inexplicável, pois eu tinha alergia a tudo. Tive mais internações hospitalares que toda a descendência da minha família. Certa vez, ela me contou que eu me encontrava muito doente e ela fez uma oração em frente ao quadro de Nosso Senhor Jesus Cristo e pediu que se fosse para mim ser alguém na vida, que a bondade divina me curasse logo, pois no caminho da enfermidade em que me encontrava, não estava nada bom. Que surpresa! Comecei a melhorar bastante, até me curar. Descobri que ser alguém na vida é servir a todos: nossa família, nossos amigos e principalmente as pessoas sem oportunidade e abandonadas pela falta de compaixão, muitas vezes de todos nós.
Porque coloco a todos este conhecimento? É para vocês saberem que não viemos a este mundo sem um propósito. Agradeço e sinto muita falta do exemplo de amor e caridade que foram meus pais. Todo o dia rezo por eles e tento melhorar cada vez mais para honrar a descendência que me acolheu. Assim é a vida, como o poeta Kalil Gibran disse: “Vossos filhos não são vossos filhos. São filhos da ânsia da vida por si mesma. Vem atrás de vós, mas não vos pertencem. Vós sois o arco e eles são as flechas e o destino é o lavo. A vós cabe amá-los, orientá-los, mas jamais dirigir vossas vidas. Pois, vossos filhos não são vossos filhos, vossos filhos são filhos da ânsia da vida, por si mesma”. Mas quando os pais dirigem vossos filhos, com amor bondade e sabedoria, o resultado é a paz, harmonia e a felicidade nas famílias bem criadas. A vocês pais biológicos - Otávio e Hilda -, agradeço pela oportunidade da vida, pois não devemos esquecer nunca como é maravilhoso estar vivo.
A vocês, meus pais de amor, de coração, que fizeram da minha vida um misto de luz e felicidade, agradeço porque tudo o que sou e tudo o que serei. Devo a vocês! Não há felicidade maior no mundo do que a alegria de ter sido e ser sempre o seu filho. Em sua existência terrena vocês, Irena Therezinha da Silva Schorn e Pedro Quaresma Schorn, só deixaram luzes e bondade por todos os lugares, que passaram e conviveram. Que Deus torne cada vez mais forte e próspero a vossa descendência e o exemplo de vida, que vocês nos deixaram. Muito obrigado pela vida!

         

                                                                            (IN MEMORIAM A PEDRO E IRENA)