FICHAMENTO - História da Arte: Do Renascimento ao Realismo

Por Rodrigo Silveira | 30/05/2019 | História

HISTÓRIA DA ARTE: DO RENASCIMENTO AO REALISMO

MIELZYNSKA, Maria Gabriela; AIELLO, Luiz Venâncio.

História da Arte. Un 1 (pp. 37-108). Batatais: Claretiano, 2014.

"...Renascimento Cultural e artístico ...ligado ..."outro Renascimento", o Comercial e Urbano."(p.40)

"...Feudalismo ...modelo de organização social e política... Europa ...Idade Média." (p.41)

"... o senhor feudal, nobre e dono de terras, cedia parte delas para o trabalho dos servos, que eram os trabalhadores rurais que destinavam grande parte de sua produção para o senhor feudal e ficavam com o restante. Em troca, o senhor feudal oferecia-lhes     proteção militar, algo necessário em virtude das guerras e invasões bárbaras, que geravam o esvaziamento das cidades." (p.41)

"O aumento do comércio levou ao crescimento de feiras, que eram realizadas periodicamente para venda e troca de produtos. Esse crescimento levou à urbanização das localidades (muitas vezes, cidades que enchiam e esvaziavam de gente de acordo com as feiras), em que as feiras eram localizadas, passando essas localidades a serem chamadas de burgos. Daí surge o termo “burguês”, tão importante historicamente e que originalmente designa a classe dos comerciantes das cidades." (p.42)

"...Os artistas Pré-renascentistas... Esses artistas apareceram principalmente na Itália, um dos locais onde primeiro ocorreu o Renascimento Comercial e Urbano, e, juntamente com a nova realidade histórica que ia tomando forma, também desenvolveram o embrião da nova arte – o que demonstra que, quando muda a História, muda a arte..." (p.43)

"... Quando a Idade Média começou a ser superada, a arte passou, então, a caminhar cada vez mais para uma representação naturalista da realidade.  ..." (p.44)

"... surgimento e o crescimento da burguesia entravam em conflito, em vários aspectos, com os interesses dos senhores feudais. Isso porque o sistema feudal – com sua tendência à vida rural, às relações de servidão, à economia baseada na troca e não no dinheiro – representava um empecilho ao crescimento do comércio e das cidades..." (p.47)

"...fortalecimento da burguesia, os reis tiveram, então, a oportunidade de financiamento para obter os recursos necessários para estruturar seu poder, arregimentar exércitos e formar os chamados Estados Nacionais europeus (França, Inglaterra, Portugal e Espanha, entre outros)..." (p.47)

"...Renascimento (ou “Renascença") foi um movimento cultural e artístico que teve origem nas cidades-estados italianas do século 15, que, como já vimos, estiveram entre as primeiras localidades a se desenvolver na Europa no final da Idade Média. O movimento foi a explosão de uma tendência ao Naturalismo e a uma aproximação da arte com a realidade que vinham a reboque do Renascimento Comercial e Urbano e do crescimento da nova classe social: a burguesia..." (p.48)

"...do “homem renascentista”, podemos citar Leonardo da Vinci (1452-1519). Transitando por diversos campos do saber humano, Da Vinci imortalizou-se não apenas por sua arte (na qual desenvolveu soluções pictóricas e efeitos – como, por exemplo, o “sfumato” – que contribuíam para a ilusão de volume e de atmosfera na pintura), mas também pela sua engenhosidade (foi um grande inventor) e pela sua curiosidade científica (que o levou a realizar importantes estudos científicos em campos como o da anatomia..." (p.50)

"...No entanto, não foi só na Itália que o Renascimento vingou. Ele também teve grande força, desde o século 15, mais ao norte, em lugares como, por exemplo, os territórios hoje correspondentes à Holanda e à Bélgica... desenvolveu-se muito cedo uma pintura que abandonava os cânones artísticos medievais e caminhava para o Naturalismo, com conquistas em alguns pontos até mais surpreendentes do que as da arte italiana..." (p.55)

"...artesãos e passando cada vez mais à condição de "gênios"..." (p.56)

"...com seus métodos de trabalho que contrariaram os métodos coletivos desenvolvidos nos séculos anteriores pelas guildas, transformando-o numa espécie de artista solitário, responsável não apenas pela idealização, mas também por toda a execução de sua obra, representou, por isso mesmo, um embrião do papel que seria comum aos artistas modernos..." (p.56)

"...termos estéticos, Michelangelo também foi revolucionário. Com ele, teve início o movimento que ficou conhecido como Maneirismo..." (p.57)

"...como Absolutismo monárquico, processo que atingiria seu ápice no século 17 e que teria como principal exemplo o reinado de Luís XIV (1638- 1715) na França..." (p.58)

"...Absolutismo consistia em uma total concentração de poder nas mãos do rei. Foi, de certa forma, uma consequência do processo que, como já vimos, se iniciara com a aliança dos reis e da burguesia, bem como com a formação dos estados nacionais. No Absolutismo, porém, a nobreza, que perdera poderes com o fim do Feudalismo, foi, de certa forma, "recompensada", ganhando enormes privilégios..." (p.58)

"...Michelangelo pode ser considerado como uma espécie de "primeiro artista moderno", podemos perceber, dentro da sua própria obra, a mudança que o transformou de um artista renascentista em um maneirista: do equilíbrio e harmonia de Davi, de 1504, seu estilo foi-se transformando até chegar ao Juízo final (1534-41)..." (p.59)

"...início do século 16, a Igreja Católica vivia em grande crise interna. Os interesses políticos haviam-se tornado muito mais importantes do que os interesses religiosos, e mesmo à religião era dado, muitas vezes, um caráter de comércio que desagradava profundamente vários setores da Igreja..." (p.62)

"...os pontos defendidos por Lutero, estava uma certa "simplificação" do culto religioso: a importância dada à leitura e à interpretação dos textos sagrados feitas por todos os fiéis e em suas línguas correntes..." (p.62)

"...Lutero foi declarado um herege por Roma, mas recebeu a proteção de príncipes alemães que viam na adoção das novas doutrinas a oportunidade de se livrarem da enorme influência política do papado..." (p.62)

"... para os protestantes, a acumulação de riqueza material pessoal era vista com melhores olhos do que ocorria no Catolicismo. Historiadores e sociólogos relacionam muito do "talento capitalista" de países como a Holanda, a Inglaterra ..." (p.63)

"... Igreja de Roma reagiu promovendo o que se convencionou chamar de "Contrarreforma", uma reformulação interna que buscava corrigir alguns erros apontados pelos protestantes, combater o Protestantismo e devolver ao Papado o comando de toda a Cristandade ocidental ..." (p.63)

"... sobretudo, foram tomadas novas diretrizes políticas e práticas para a manutenção do poderio do Papado: a reorganização da Inquisição (que "combatia os hereges") ..." (p.64)

"... Outro aspecto ao qual foi dada imensa importância foi a arte. Esta, mais do que nunca, passaria doravante a funcionar como "propaganda" e chamariz do Catolicismo, ganhando, também, muito da função didática (de transmissão dos conteúdos religiosos) que vinha perdendo desde o final da Idade Média ..." (p.64)

"... aquela que seria por excelência a tendência artística das décadas seguintes: o Barroco ..." (p.64)

"... Barroco foi um movimento repleto de ambiguidades. Assim, seus artistas eram profundamente influenciados pelo Renascimento e por suas regras ..." (p.64)

"... muitas das regras do Renascimento foram quebradas no Barroco em prol de uma arte mais dramática, teatral e exuberante, que apontasse para o infinito e buscasse, sobretudo, fascinar ..." (p.65)

"... cercear as "licenças poéticas" dos artistas, em muitos casos controlando a arte "teologicamente" (com consultores teológicos indicando que tipo de composição e quais cores deveriam ser usadas, por exemplo ..." (p.66)

"... na França, porém, o Absolutismo governamental intervinha em todos os setores da sociedade, inclusive na arte, ditando regras como se fossem um verdadeiro "código penal" ..." (p.68)

"... O Protestantismo coibia as imagens de cunho religioso, o que, por si só, já teve grande influência na arte das regiões que o adotaram. Além disso, em muitos dos países protestantes e, especialmente, na Holanda, a burguesia ganhou enorme força, a qual chegava a sobrepujar a da nobreza ..." (p.69)

"... conjunção desses fatores promoveu, então, uma arte que representava não apenas os valores, mas também o cotidiano e, muitas vezes – em contraste com a riqueza ostentatória do Barroco dos países católicos –, a simplicidade e a sobriedade da burguesia protestante, principal compradora da arte de lá ..." (p.69)

"... como "marco" da queda do Antigo Regime (ou seja, do processo de decadência das monarquias absolutistas europeias) a Revolução Francesa, que eclodiu em 1789 ..." (p.71)

"... Inglaterra... desde o final do século 16, entrara em um ciclo de enorme enriquecimento. Isso deveu-se, sobretudo, ao comércio internacional, às manufaturas inglesas (principalmente de lã) e ao predomínio marítimo mundial do país, que sobrepujara a Espanha militar e economicamente ..." (p.71)

"... com o Absolutismo, ainda mais aliado às disputas religiosas entre católicos e protestantes ..." (p.72)

"... se enfraquecia a monarquia absolutista, surgia o movimento que ficou conhecido como Iluminismo ..." (p.73)

"... o Iluminismo defendia o cerceamento da influência da Igreja Católica, o fim do Absolutismo, o fim da servidão e dos resquícios do Feudalismo (que, em vários lugares da Europa, perduravam até então) e, principalmente, a igualdade de direitos e deveres entre os indivíduos ..." (p.73)

"... Voltaire (1694-1778), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Montesquieu (1689-1755) e Denis Diderot (1713-1784) ..." (p.73)

"... O fim do reinado de Luís XIV representou um certo afrouxamento na rigidez política do estado absolutista francês, ao mesmo tempo em que tirou da corte um pouco da sua importância como centro cultural e artístico do país, passando a nobreza, ainda então grande promotora da arte na França, a se dispersar um pouco mais em suas propriedades e interesses artísticos. Isso gerou uma tendência à decadência da arte palaciana, algo que ocorreu de “braços dados” com a decadência do Barroco..." (p.74)

"... O Rococó atingiu vários países da Europa, mas teve maior força na França e na Alemanha, então altamente influenciada pelo gosto francês ..." (p.77)

"... Na segunda metade do século 18, as condições da França apontavam não apenas para um estado economicamente crítico, mas também, devido às desigualdades econômicas e de direitos e deveres entre as classes ..." (p.79)

"... Na década de 1780, o país entrou em bancarrota. Os gigantescos gastos estatais, uma enorme dívida externa e uma crescente agitação política ..." (p.79)

"... meados do século 18, começara a crescer na Europa uma tendência estética de recuperação dos ideais e modelos da antiguidade clássica (greco-romana). Tal tendência misturara-se e convivera por algum tempo com o próprio Rococó, representante, por sua vez, da decadência da nobreza  ..." (p.83)

"... Esses ideais de recuperação dos valores da arte greco-romana, que já haviam permeado o Renascimento, apareceram com força redobrada no Neoclassicismo também por representar o movimento uma virulenta reação aos floreios, à sensualidade delicada e ao espírito docemente decadentista e aristocrático do Rococó ..." (p.84)

"... o Neoclassicismo como tradução estética do espírito burguês e liberal da nova nação, e tal espírito pode até hoje ser visto nos monumentos e edifícios, como, por exemplo, o Capitólio ou o Congresso ..." (p.84)

"... Jacques-Louis David (1748-1825), que fora eleito no período pré-revolucionário como o arauto do neoclassicismo, tornou-se, durante os períodos revolucionário e napoleônico ..." (p.86)

"... Neoclassicismo seria superado já nas primeiras décadas do século 19, dando lugar, como veremos mais adiante, ao Romantismo ..." (p.86)

"... A produção passou, então, a girar em torno de dois polos apenas: os grandes capitalistas, donos dos meios de produção (fábricas e máquinas), e os assalariados, que vendem aos capitalistas sua força de trabalho ..." (p.87)

"... mecanização da agricultura e o crescimento do latifúndio para produção de matéria-prima industrial levou, também, ao declínio das pequenas propriedades rurais e ao esvaziamento do campo ..." (p.87)

"... cidades incharam-se e tornaram-se inaptas a receber, de forma tão rápida, um número tão grande de pessoas; além disso, tornaram-se insalubres devido ao aumento da população pobre e às indústrias ..." (p.88)

"... racionalismo burguês passou a ser aplicado à nova realidade industrial: isso, paradoxalmente, desumanizou o trabalho e transformou a classe operária em uma imensa massa de explorados sob condições terríveis para o acúmulo do capital industrial ..." (p.88)

"... produção industrial verdadeiramente mudou a face do mundo também devido ao comércio: doravante haveria um excedente tão grande de bens de consumo que passava a haver, também, a necessidade de vendê-los ..." (p.88)

"... O surgimento das potências industriais e suas brigas pelos mercados passariam a ser, então, não apenas o responsável pelo chamado Neocolonialismo, como também o grande motivo de todas as guerras a partir dali, até a Primeira Guerra Mundial ..." (p.88)

"... Neocolonialismo foi o processo de tomada do continente africano pelos europeus no século 19, motivado pela busca de mercados consumidores para produtos industriais e fornecedores de matérias-primas baratas ..." (p.89)

"... século 19 foi, das suas primeiras décadas até a década de 1870, marcado por revoluções e movimentações político-militares na Europa ..." (p.89)

"... Nos anos seguintes, entretanto, foram crescendo os conflitos entre as classes sociais e, especialmente, entre a monarquia, de um lado, e a burguesia e o povo, de outro ..." (p.90)

"... Nos outros países da Europa, explodia como nunca o sentimento nacionalista. Isso fez o final da década de 1840 ficar conhecido como "Primavera dos Povos", ou seja, o momento em que diversas regiões europeias, imbuídas de laços culturais, linguísticos ou econômicos comuns, buscavam tornar-se nações independentes ..." (p.90)

"... Na Alemanha, a unificação foi comandada pelo estado mais forte e industrializado entre os vários estados germânicos: a Prússia ..." (p.91)

"... por influência direta da Alemanha, que teve fim o Império Francês, na Guerra Franco-prussiana. Esta, vencida pelos alemães, impôs à França não apenas a queda do Império e o início da chamada "Terceira República" ..." (p.91)

"... O Romantismo foi a tradução artística do período paradoxal, intenso e repleto de contradições fortíssimas vividas pela Europa na primeira metade do século 19 ..." (p.91)

"... Romantismo foi responsável pelo surgimento de grande parte das atribuições, inquietações, dificuldades e mesmo clichês ligados aos artistas até os dias de hoje ..." (p.92)

"... a instauração definitiva da burguesia no topo da escala social: antes da Revolução de 1830 na França e após o declínio do Neoclassicismo, esta utilizara-se do Romantismo como poderosa arma de luta e contestação do status quo ..." (p.93)

"... intimidade, a espiritualidade e a sensibilidade passaram a dominar o cenário artístico. Isso não deixou de ser, como já dissemos, reflexo da nova realidade do artista; visto até então como arauto de um novo tempo, detentor das utopias e grande contestador, ele não deixou de sê-lo ..." (p.94)

"... Beethoven e Chopin entre os românticos mais célebres; na literatura, Musset, Byron, Walter Scott, Balzac e Stendhal, entre tantos outros; e na pintura, nomes como Delacroix na França e, na Inglaterra, Constable e Turner ..." (p.94)

"... Delacroix utilizou como temas, em sua arte, a literatura ou eventos históricos ..." (p.95)

"... podem também ser considerados precursores do impressionismo: Constable no gosto pela apreensão da fugacidade de uma paisagem e de uma atmosfera; Turner também, com ainda mais ênfase no elemento cromático ..." (p.97)

"... Em meados do século 19, o Romantismo já não representava mais o principal vetor da arte europeia. Nas artes em geral, mas especialmente nas artes plásticas e na literatura, o Realismo passou a figurar como a tendência de maior força ..." (p.98)

"... Muitos historiadores, inclusive, colocam tanto a ciência do período quanto a arte como as manifestações de uma classe dominante – a burguesia – conservadora (por já ter atingido seu ápice) que, exatamente por seu conservadorismo, passava a procurar "controlar" a realidade; inicialmente, por meio da ciência e da evolução técnica, afastando toda ideia sobrenatural e subjetividade (por exemplo, pelas teorias evolucionistas) – algo que dizimava o Romantismo; em segundo lugar, por meio da própria Filosofia, na qual o pensamento positivista se atrelava a um cientificismo exacerbado que imaginava possível "explicar tudo" ..." (p.98)

"... Os artistas continuaram, em sua maioria, oriundos da burguesia, porém cada vez mais amigos das causas operárias; no Realismo pictórico, isso ocorreu com enorme força. Esse é o motivo pelo qual o homem comum, especialmente o trabalhador braçal (rural e urbano) ou o operário, torna-se o tema central da arte de Courbet, Daumier e Millet ..." (p.99)

"... Esteticamente, porém, o Realismo pictórico é ainda um movimento relativamente conservador, utilizando-se de formas ainda atreladas ao academicismo e fazendo uma separação entre forma e conteúdo tipicamente acadêmica ..." (p.100)