Fichamento da obra “Discurso e Leitura”, de Eni P. Orlandi.

Por Vânia R. Pascoal Maia | 25/02/2013 | Educação

Apresentação

- A polissemia da noção de leitura.

Ao iniciar a apresentação do livro, Eni Orlandi traz a “polissemia da noção de leitura”, ou seja, os vários sentidos que a palavra pode representar. Em seguida, esclarece que trabalhará nos artigos apresentados “com a ideia de interpretação e compreensão”.

A autora traz alguns pontos de reflexão que mantém no percurso do estudo da leitura (leitura trabalhada- e não ensinada; Sujeito-leitor tem suas especificidades e história; Há múltiplos e variados modos de leitura e por fim, a noção de que a nossa vida intelectual está relacionada com os modos e efeitos de leitura de cada época, cada tempo social.)

Ela questiona também o sentido de “legibilidade” de um texto, já explicitando que o ponto de partida para sua reflexão é o fato de que a leitura é produzida. Assim sendo, argumenta que “... não é uma questão de tudo ou nada, é uma questão de natureza, de condições, de modo de relação, de trabalho, de produção de sentidos, em uma palavra: de historicidade.” (p.9)

Haverá então, modos diferentes de leitura de acordo com o contexto. Como também, pode-se dizer que, os sentidos que fazem parte do texto, passam pelo que contém ali nele, mas também, passam pela relação com outros textos anteriormente vistos. Dessa forma, Orlandi alerta que “... a leitura pode ser um processo bastante complexo e que envolve muito mais do que habilidades que se resolvem no imediatismo da ação de ler. Saber ler é saber o que o texto diz e o que ele não diz, mas o constitui significativamente.” (p. 11)

Quanto ao processo de significação do texto, Eni traz o conceito de “relações de força”, que é explicado pelo lugar social dos interlocutores (os que falam e Lêem o texto), deixando claro que os sentidos deste, estarão determinados pela posição que os sujeitos envolvidos ocupam (os que emitem o texto, os que o lêem).

I - Método/História

- Linguagem e método: Uma questão da análise do discurso.

Orlandi traz a afirmação de que “A questão do método nos estudos da linguagem é questão fundamental”. (p. 15), e aponta para a afirmação de que, “as diferentes perspectivas pelas quais se observa um fato, ou acontecimento, dão origem a uma multidão de objetos de conhecimento, cada qual com suas características e propriedades.” (idem)

Diferente da lingüística tradicional, a análise do discurso fala de um objeto-discurso que se preocupa com os processos e não tão somente com os produtos. Nessa segunda opção, o ser humano é visto como sujeito de interação, imerso em uma realidade social e a linguagem é transformadora, concebida como trabalho, “produção social geral”.

Visto dessa forma, a linguagem passa a ter outra função referencial, diferente da lingüística clássica, cujo enfoque é a informação. “Na perspectiva da análise do discurso... tomar a palavra é um ato social...” (p. 17). É a partir daí, então, que podemos pensar sobre a questão da ideologia na análise.

De acordo, portanto, com o lugar ocupado na sociedade pelos sujeitos (ouvintes e falantes), se constituirão as significações do discurso. Lembrando, ainda que, “todo discurso nasce em outro e aponta para outro”, havendo, dessa forma, uma continuidade do que se diz, e não exatamente, algo novo, isolado.

As palavras também mudam de acordo com a formação discursiva que se apresenta, podendo, portanto a mesma palavra, representar sentidos diferentes a partir do “lugar” falado. Assim, a autora afirma que as palavras são “formações ideológicas e determinam o que pode e deve ser dito a partir de uma posição...” dada. Ressalta-se ainda, nesse sentido, que a apropriação da linguagem pelo sujeito se dá socialmente e não de forma individual.

Eni Orlandi nos diz que a produção do discurso se faz na articulação de dois grandes processos, fundamentos da linguagem: O processo parafrástico e o polissêmico (parafrástico: mesmo sentido, polissêmico: múltiplos sentidos possíveis). Há, portanto, nesse processo, uma tensão entre o “mesmo e o diferente”, porém tanto a paráfrase quanto a polissemia devem ser objetos de reflexão sobre a linguagem.

Ainda sobre a Metodologia, na análise do discurso a sua unidade é o texto. Isso quer dizer que é preciso ir além da noção de informação, no nível segmental, pois o texto, afirma a autora, não é fechado em si mesmo, ele é, portanto, polissêmico, e poderá ser interpretado de várias formas, de acordo com os sujeitos, suas experiências.

- A função mais própria da Universidade e sua configuração Histórica.

Orlandi fala da questão imediatista de como se é tratada a leitura na Universidade. Em uma visão que ela chama de “pedagogista”, preocupam-se com técnicas para a leitura, diagnósticos...

Para a autora, ler é a condição de base do trabalho intelectual. Trabalho este, que deve ser refletido no conceito de Universidade, pois como ela citou, em sua relação com a comunidade, tem havido algumas práticas errôneas, traduzidas em “prestação de serviços”, “filantropia”, uma relação de dependência e não de forma clara, articulada. Alertando ainda para o fato de que, enquanto a Universidade se preocupa em questionar o espaço da comunidade, apontando a situação dos sujeitos, das “carências” encontradas nesse outro lugar, esquece de refletir sobre o seu próprio trabalho intelectual, sua realidade histórico-social, seu contexto.

- Leitura: Questão lingüística, pedagógica ou social?

De imediato  a autora ressalta que as três estão integradas, colocando o fato de que a divisão das disciplinas já é resultado da fragmentação que há no discurso científico: “Essa é a armadilha: separar, para conhecer” (p.35)

Eni Orlandi traz para a discussão a opinião de que a leitura deve ter na escola a função de trabalho intelectual, porém o que se verifica freqüentemente é uma visão que ela chama de “pedagogismo”, já citada anteriormente. Assim, desvincula-se o caráter histórico-social da leitura para preocupar-se com técnicas, com o imediato, o que teria um fim em si mesmo.

Ao falar sobre a distinção de classes sociais em sua relação com a escola e a leitura, a autora traz Pêcheux & Gadet (1983), pondo em prova o discurso da burguesia e apontando sua latente contradição: “O discurso da burguesia se caracteriza pela proclamação do ideal da igualdade, ao mesmo tempo em que organiza uma desigualdade real”. (p.36).

Ainda se é discutido um “segundo tipo de reducionismo”, que é, segundo a autora, o da classe média. Reducionismo esse que legitima apenas o conhecimento dominante, ficando os outros tipos vistos como um conhecimento menor, rebaixado. Isso implica em um não reconhecimento da luta de classes:

“Quando se adere ao conhecimento legítimo, através do discurso que propõe o acesso necessário a ele, se desconhece a luta de classes, a luta pela validade das diferentes formas de saber e a questão da resistência cultural.” (p.37)

Faz-se necessário assim, de acordo com Orlandi, não se submeter a esse reducionismo, trabalhando com o aluno a sua própria história de leitura, negando, portanto, a noção que a escola tenta passar de uma leitura homogênea, ou seja, tendo a classe média como seu único espelho.

Sobre “o que é leitura”, é exposto que para a análise do discurso, a definição para tal, vai além dos reducionismos impostos, ou seja, a questão da decodificação. Assim, é levado em consideração o processo de sua produção, sua significação.

Pode-se dizer então que a leitura é a compreensão, não a mera decodificação.

Deve-se levar em conta, então, todas as formas de linguagem, fato que a escola teima em ignorar, privilegiando a verbal, em detrimento das outras e ignorando as aprendizagens e práticas não-escolares.

É defendido então, que não deveriam ser ignorados os conhecimentos e saberes trazidos pelos alunos, onde a autora defende que não há um “grau zero” e nem muito menos um “grau dez”, pois não podemos medir o início do aprendizado dos alunos e nem determinar o ponto máximo dessa aprendizagem.

- As histórias das leituras.

“Toda leitura tem sua história”, assim afirma Orlandi. Como argumento ela traz o fato de que leituras possíveis em algumas épocas são vistas de outras formas em distintos momentos e ainda passam por um processo de significação conforme a época observada.

Há também, segundo a autora, leituras possíveis para um texto. Estas são determinadas pela sedimentação dos sentidos, segundo as produções da linguagem e também através da intertextualidade, ou seja, um texto sempre tem relação com outro. Porém deve-se levar em conta também que todo leitor tem sua história de leitura, assim, pode-se produzir a “imprevisibilidade”.

Assim, é proposto que se leve em consideração este aspecto, a interação que o leitor faz com a leitura, a partir da sua história, do seu processo.

- A história do sujeito-leitor: Uma questão para leitura.

Aqui se é discutido a formação do sujeito-leitor, apontando para as mudanças através do tempo e da história.

A autora também sintetiza algumas colocações trazidas nos outros anteriores, reafirmando a sua posição de que a “a leitura é produzida”. Assim sendo, parte de algum lugar, de um tempo, a partir de uma posição social.

Aparece também nesse texto a transição observada, ao longo dos tempos, do “... sujeito religioso (medieval) para o jurídico (do capitalismo)...” (p. 49), mudando assim também a sua subordinação, onde podemos observar uma falsa ilusão agora de “liberdade”, típica do estado neoliberal. Dentro dessa contradição, vemos que o sujeito-leitor, tido como “livre”, é também coagido e submetido á regras e imposições das instituições do sistema, nos levando a refletir sobre como, dentro dessa sociedade, se é possível trabalhar a relação entre a leitura parafrástica e a polissêmica (indagação da autora).

 

 

 

 

 2ª Parte (Sujeito/Sentido):

- Unidade e dispersão: Uma questão do texto e do sujeito.

“A constituição do texto, do ponto de vista da ideologia, não é homogênea.” (p.54). Ou seja, as ideias presentes em um texto fazem parte das posições do sujeito, bem como também de outras dimensões, derivadas de várias formações discursivas.

“São as formas de assujeitamentos ideológicos que governam os mecanismos enunciativos”. (p.54)

“O discurso não é um conjunto de textos, é uma prática. Para se encontrar sua regularidade não se analisam seus produtos, mas os processos de sua produção.” (p.55)

“De acordo com a análise do discurso, o sentido não existe em si mas é determinado pelas posições ideológicas colocadas em jogo no processo sócio-histórico em que as palavras são produzidas.” (p. 58).

Dessa forma, para analisar um texto, é preciso identificar a posição daquele que o escreve, o contexto e sua possível intenção nesse enunciado. Assim podemos perceber o que ele disse; o que ao dizer, negou; sua posição ideológica e sua intenção argumentativa.

- Nem escritor, nem sujeito: apenas autor.

Nessa parte do livro,a autora busca refletir sobre a atividade discursiva e a vida escolar, reafirmando ainda que  o texto “é uma dispersão do sujeito”.(p. 75).

“Diríamos que o autor é a função que o eu assume enquanto produtor de linguagem. Sendo a dimensão discursiva do sujeito que está mais determinada pela relação com a exterioridade (contexto sócio-histórico), ela está mais submetida às regras das instituições. Nela são mais visíveis os processos disciplinares.” (p.77).

Pêcheux (1975), fala em “forma-sujeito” como sendo no discueso, o que historicamente determinado, fruto das formações sociais, que nos aponta a “... ilusão (ideológica) de que o sujeito é a fonte do que diz quando, na verdade, ele retoma sentidos preexistentes e inscritos em formações discursivas determinadas.” (p.77).

“Essa forma-sujeito é um sujeito ao qual se imputam, ao mesmo tempo, autonomia e responsabilidade. O que é característico dele é que se define como sujeito-jurídico (Haroche, 1984): tem direitos e deveres.” (idem).

Orlandi discorre ainda dos modos de “apagamento” do sujeito, onde se é tentado, através de algumas cobranças (clareza, conhecimentos de regras textuais e etc.), o controle sobre o sujeito que escreve, demonstrando ainda o fato de que há diferenças entre ser autor e apenas falante ou locutor.

Ela então tece algumas críticas sobre a forma como vem sendo concebida a produção da escrita na escola. Para escrever, deveria, segundo ela, levar em conta o sujeito na cultura e sua posição no contexto histórico-social.

Assim, a autora defende que a tarefa da ação pedagógica, na perspectiva defendida, é atuar para que haja a passagem do “sujeito-enunciador para a de sujeito-autor”.

Com relação à formação de escritores, Orlandi coloca que a escola não tem essa tarefa específica, porém para formação de autores, ela é necessária embora não suficiente (visto as experiências que também acontecem fora do contexto escolar). Porém a escola é o lugar da reflexão, assim sendo, deve mediar essa passagem, estimulando o processo citado.

- Significação, leitura e redação.

Sobre a teoria do discurso, temos: “A característica fundamental dessa teoria está em trabalhar com os processos de constituição do fenômeno lingüístico e não meramente produto desta constituição...

Pensar, portanto nas condições que eles são produzidos: “...Essas condições abrangem o contexto histórico-social, ideológico, a situação, os interlocutores e o objeto do discurso, de tal forma que aquilo que se diz significa em relação ao que não se diz, ao lugar social do qual se diz, para quem se diz, em relação aos outros discursos e etc.” (p.85)

Sobre leitura e redação, a autora aponta para algumas diferenças, argumentando que, por exemplo, lemos o que foi escrito em diversas épocas, porém escrevemos na nossa. É preciso, portanto, percebemos que convivemos com alguns modelos reproduzidos: “A reprodução de modelos é previsível e até desejável em certas situações de linguagem que definem tipos como: cartas, ofícios, discurso jurídico, etc. mas quando se trata de literatura já entram outros fatores importantes, como o estética e invenção. Não se deve, pois, perder de vista que temos diferentes relações com as diferentes formas de linguagem em termos de modelo. A escola tem igualado tudo.” (p. 91).

“Cabe, então, observar que a função da escrita na escola, tem sido basicamente a de formar literatos. Tentativa esta frustrada através dos anos e dos alunos (“ samba não se aprende no colégio”).

Paralelamente, a leitura também tem sido tratada de forma homogeneizada (e homogeneizante): visam-se só os modelos clássicos escolares: pode-se perguntar qual é a validade desses modelos e para quem são válidos.” (p.92).

“Em resumo, quer nos parecer que não sucumbir aos apelos generosos das propostas bem-intencionadas da classe média pode significar, por parte das classes populares, menos uma forma de ignorância irremediável do que sua expressão de resistência cultural.” (p.93)

-Mosaico de falas: Muitos pontos de vista e de fuga.

Sobre as palavras e seus sentidos:

“Na minha convivência com o estudo da linguagem- e essa é minha especificidade- eu aprendi que as palavras não significam por si, mas pelas pessoas que as falam, ou pela posição que ocupam os que falam. Sendo assim, os sentidos são aqueles que a gente consegue produzir no confronto do poder das diferentes falas.” (p.95)

- O inteligível, o interpretável e o compreensível.

Eni Orlandi defende aqui a questão dos sentidos na leitura, explicitando que não apenas quem escreve significa, mas quem lê também atribui sentidos e o faz a partir de um lugar social, sendo, portanto, também, um determinado “público-leitor”.

Dessa forma, temos as chamadas “formações discursivas”, que na ordem do discurso representam as formações ideológicas, assim podemos dizer que: “... as palavras, expressões, preposições, mudam de sentido segundo as posições mantidas pelos que a empregam, o que significa que elas tomam seu sentido em referência a essas posições, isto é, em referência às formações ideológicas nas quais essas posições se inscrevem (Pêcheux, 1975).” (p.108).

Então, temos a partir daí, a importância demonstrada pela autora de diferenciarmos “compreensão” de “interpretação”.

“Compreender, eu diria, é saber que o sentido poderia ser outro.” (p.116)

“O intérprete formula apenas o (s) sentido(s) constituído (o repetível)...” (idem)

“Ter acesso à compreensão é atingir (desconstruir) a relação enunciação/ enunciado, formulação/constituição do sentido. É chegar no domínio em que se elaboram as consequências da ilusão do sujeito às quais nos referimos anteriormente: o assujeitamento e a estabilidade referencial. E isto sós e dá, segundo nossa perspectiva, através da teoria.” (idem)

“Tendo enfim em conta o fato de que compreender é desconstruir teoricamente, chegamos à formulação de mais um aspecto da historicidade que caracteriza o discursivo: o conceito histórico (político) de compreensão. O que nos leva a outra afirmação igualmente relevante: não há compreensão sem historicidade. E isto está de acordo com a afirmação da análise de discurso de que a textualidade é histórica.” (p.117)

“... Compreender, na perspectiva discursiva, não é, pois, atribuir um sentido, mas conhecer os mecanismos pelos quais se põe em jogo um determinado processo de significação.” (idem)

“Desse modo, podemos dizer que a análise do discurso vida a compreensão na mesma medida em que visa explicitar a história dos processos de significação, para atingir os mecanismos de sua produção.” (idem)

 

A partir da leitura do livro e seu fichamento, temos:

O discurso, na perspectiva de Eni Orlandi, é mais profundo do que aquilo que “se ouve”, do que se lê. O discurso implica o lugar de onde se fala, a pessoa que fala, o que “esse lugar”, esse sujeito, representa na sociedade. De porte de tudo isso, podemos começar a compreender o significado do dito, pois tentaremos compreender também o “não-dito”, o que precisou ser omitido, mas que revela muito do discurso. É a partir daí que poderemos compreender as contradições da fala. A essência por trás da aparência percebida.

Assim, na análise do discurso, partimos do sujeito que fala. Sujeito este que não está deslocado do mundo, pertence assim a um tempo,  um lugar, um espaço determinado e representa, portanto, uma determinada classe. Ele, dessa forma, não está “sozinho” em sua fala. No seu discurso estão implicados interesses, ideologia de um determinado grupo social.

O discurso, dessa forma, pode servir de tática para o controle social. Configuram-se assim estratégias para que os sujeitos se acomodem, legitimem como verdadeiro aquilo que o discurso dominante repete, e então assim, cria-se uma massa de manobra, que tende a servir ao sistema sem questionar, agir ou problematizar as questões. E o faz, na maioria das vezes, de forma inconsciente, como seria de se esperar dentro desse contexto.

Podemos, assim, utilizar a análise do discurso para estudar/pensar/problematizar a cidade, as políticas, as leis, a educação e etc., pois sabemos que todas essas áreas estão permeadas de discurso e ideologia dominante. Esses buscam a coesão entre os sujeitos, mascarando a realidade e agindo constantemente para a permanência do status quo . Buscando assim evitar conflitos e intervenções contrárias por parte da classe popular.

Se temos consciência destas questões, podemos intervir para desmascarar o processo, agindo de forma com que as contradições venham à tona para que então, elas possam ser discutidas, problematizadas e vistas em sua essência.

Referência:

ORLANDI. Eni Pulcinelli. Discurso e Leitura. 4ª ed. São Paulo, Cortez; Campinas, SP: Editora da Univversidade Estadual de Campinas, 1999. (coleção passando a limpo).