Festa Popular
Por Wanderson Boareto | 13/02/2013 | SociedadeFesta Popular
Wanderson Vitor Boareto Graduado em História e Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social do Brasil, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora.
Resumo
As festas populares são fenômenos de manifestações fundamentais para se identificar o modo de vida de um povo. O carnaval no Brasil é uma das festas mais esperadas em todos os níveis sociais dos brasileiros. Entender este fenômeno é conhecer melhor o comportamento de nosso povo.
Palavras chaves
Carnaval, Festa, Povo, Liberdade.
As festas populares são manifestações culturais da humanidade. Estas manifestações expressam a maneira de pensar e viver de um povo, e durante os tempos está sofrendo transformações e mudanças. Entre estas festas o carnaval é uma das mais esperadas no Brasil, que já ganhou o título de “País do Carnaval e do Futebol”. Milhares de brasileiros vivem o limite durante os quatros dias de carnaval.
Os grandes centros recebem milhares de turistas durante as festa de carnaval. Estados como a Bahia e o Rio de Janeiro, iniciam as comemorações semanas antes; e perdura após a quarta-feira de cinzas. Isso se dá devido à demanda dos foliões, que como os antigos romanos querem comemorar ao extremo. Esta cultura de se divertir está entranhada em grande parte do povo brasileiro, a busca do ócio é para muitos sinônimos de felicidade, e a busca desta felicidade ultrapassa todos os limites, e quando isso acontece traz consigo muita infelicidade e arrependimento.
No entanto, o abuso do álcool, e a libertinagem durante as festas aumentam os graus de acidentes nas estradas e da violência urbana devido à desvalorização da vida humana. Podemos pensar que uma festa tão esperada por muitos brasileiros pode ser gerador de tanta dor nas famílias de nosso país. É incutido no pensamento de grande parte dos brasileiros que só se diverte bebendo até seu limite. Esta maneira de pensar não respeita idade, o nível de adolescentes aderirem ao uso do álcool nas festas populares aumenta a cada ano.
Em 2013, a Lei Seca ficou mais rigorosa, ou seja, o governo brasileiro através de uma lei mais enérgica tenta diminuir o índice de violência nas estradas e nas festas de carnaval. Esta medida é um avanço dentro de nosso país, porém só quando homens e mulheres entenderem que estrada e bebida são incompatíveis, o transito será mais seguro. A lei é o primeiro passo, mas o entendimento é o principal caminho para uma sabedoria de vida, e assim uma vida mais digna voltada aos valores do ser humano como ser real e fundamental para o bem de todos.
“Quando as leis forem fixas e literais, quando apenas confiarem ao magistrado à missão de examinar os atos dos cidadãos, para indicar se esses atos são conformes a lei escrita, ou se a contrariam; quando, finalmente, a regra do justo e do injusto, que deve orientar em todos os seus atos o homem sem instrução e o instruído, não constituir motivo de controvérsia, porém simples questão de fato, então não se verão mais cidadãos submetidos ao poder de uma multidão de ínfimos tiranos, tanto mais intoleráveis quanto menos é a distancia entre o opressor e o oprimido.”(BECCARIA, Pg. 23)
As manifestações populares são fundamentais para se identificar um povo, porém o que se percebe é muita gente que não gosta das festas e participa para não ficar de fora, como se não participar fosse um crime contra a sociedade a que se pertence. Por que esta necessidade de participar? O próprio sistema tem sua ideologia no consumo, e participar é estar diretamente consumindo, e estar consumindo é poder de compra, ou seja, estou participando por que tenho dinheiro e poder.
Isso é tão comum, que várias pessoas viajam grandes distâncias para o litoral ou cidades de tradições de carnaval para participar, e participar até o limite. Cidade histórica como Ouro Preto que tem tradição de carnaval de rua, recebe milhares de pessoas nas repúblicas para passarem as festas, chegando a dormir dez pessoas em cada quarto, nos casarões centenários. Para a economia dos lugares o carnaval é sinônimo de riqueza e movimenta muito dinheiro. Sendo assim, as autoridades estimulam cada vez mais a divulgação de suas festas.
“Este projeto quer prolongar o ensaio de criação de uma economia nacional, mas agora de forma muito mais organizada técnica e politicamente. Postula um capitalismo nacional forte, base para uma industrialização moderna que utiliza tecnologia avançadas de produção e administração.” (BOFF, Pg. 63)
A questão é o lado perverso do carnaval que muitas vezes endivida famílias inteiras, comprometendo o orçamento doméstico por todo o ano, devido o gasto exacerbado para estar inserido ao meio. Além do gasto financeiro tem o desgaste físico e mental, além da propagação de várias doenças devido a prática abusiva do sexo.
Na verdade, tudo na vida tem que ter limite, e o discernimento para encontrar o equilíbrio, como Diz Aristóteles: “a virtude está no meio termo” aproveitar coerentemente a vida é uma prova de sabedoria, e só consegue se chegar a este entendimento através do autoconhecimento.
“Os preconceitos os dogmas e a ignorância – sobretudo a ignorância do povo que não sabe ler, nem escrever, nem tem consciência social, além de ter fanatismo religioso – tudo isso não é visto como culpa dos indivíduos, dos camponeses, dos pobres. É visto como resultado das circunstâncias materiais.” (LOWY, Pg. 19)
Bibliografia
BECCARIA, Cesare, Dos Delitos e Das Penas, Ed Martin Claret, 2000, São Paulo, SP;
BOFF, Leonardo, Depois de 500 Anos Que Brasil Queremos? Ed Vozes, 2000, Petrópolis, RJ;
LOWY, Michael, Ideologia e Ciência Social, Ed Cortez, 1995, São Paulo, SP;