Ferramenta PERT / CPM para otimizar o planejamento de uma fábrica de móveis
Por Marco Antônio Monteiro | 24/11/2016 | EngenhariaEm 1958 foi desenvolvido o método PERT – Program Evaluation and Review Technique pela empresa Booz, Allen & Hamilton. Este método permitiu criar uma linguagem de planejamento e controle, que facilita o entendimento dos envolvidos, contribuindo imensamente para o projeto. Paralelamente, a empresa Lockheed Aircraft Corporation envolvida em projetos de aviões bombardeiros, em parceria com a americana NASA, desenvolveu o método CPM – Critical Path Method.
O PERT/CPM é uma metodologia aplicada no processo de gestão de projetos, e possui uma facilidade em integrar as atividades de planejamento, coordenação e controle. O método ainda permite definir a utilização dos recursos financeiros, humanos e equipamentos.
O método PERT/CPM foi desenvolvido com os seguintes objetivos:
- Minimizar atrasos, gargalos na produção e interrupções de serviços;
- Conhecer antecipadamente as atividades críticas que possam influenciar o todo;
- Reportar a gerência cada etapa do projeto, permitindo antecipar situações críticas que possam comprometer o desempenho e possibilitar uma ação corretiva;
- Estabelecer o tempo certo que cada recurso deverá desempenhar suas atribuições.
- Ser um instrumento de planejamento, coordenação e controle.
A metodologia proposta para o planejamento utilizando redes PERT/CPM segue os seguintes procedimentos:
1º. Definir a natureza do projeto e seus objetivos;
2º. Propor possíveis alternativas para a execução do projeto;
3º. Estabelecer a tecnologia a ser utilizada;
4º. Montar a Estrutura Analítica do Projeto - EAP;
5º. Estabelecer as relações de dependência entre as atividades;
6º. Definir o nível de controle;
7º. Definir e quantificar os atributos das atividades: tempo e custo;
8º. Montar a rede PERT/CPM;
9º. Calcular os tempos mais cedo e mais tarde de cada evento e a duração total;
10º. Calcular as folgas de evento;
11º. Calcular as folgas de atividade;
12º. Estabelecer o caminho crítico.
13º. Alocar recursos para cada atividade;
14º. Ajustar a rede segundo as restrições de tempo e recursos;
15º. Efetuar a programação definitiva da melhor alternativa estudada.
A metodologia utilizada para a construção do artigo foi dividida em cinco etapas, listadas abaixo:
- Coleta de Dados: foram utilizados relatórios de fabricação fornecidos pela empresa.
- Montagem da Árvore do Produto: com base nos dados fornecidos pela empresa será estrutura a árvore do produto aparador.
- Construção da Rede PERT/CPM: a fabricação do aparador será separada por atividades observando a ordem de fabricação. Será montada a tabela descrevendo as atividades, seus precedentes e antecedentes e o tempo de realização de cada uma.
- Desenho do Diagrama de Rede: a rede será representada graficamente através do diagrama de rede.
- Determinação do Caminho Crítico: com os tempos de todos os processos calculados, será possível o cálculo do caminho crítico do processo.
O produto escolhido para o estudo foi o aparador de alto padrão. O aparador é composto de seis componentes básicos: o conjunto frontal e o traseiro, o conjunto lateral direito e o esquerdo, o conjunto envernizador e o conjunto de montagem.
Os conjuntos frontal, traseiro e laterais são compostos de quatro componentes: moldura frontal, traseira e as molduras laterais. Os conjuntos citados são produzidos com MDF laminado. O conjunto envernizador não é produzido pela empresa, visto que é composto de materiais químicos comprados de empresas terceirizadas. O mesmo acontece com o conjunto de montagem, composto por rebites, arruelas, parafusos e material de embalagem para o produto.
O processo de fabricação do aparador é composto de 11 etapas: seccionar chapas, prensar lâminas, esquadrejar, usinar, chanfrar cantos, montagem em osso, revisão, aplicação primer/verniz, montagem final, inspeção e embalagem.
O processo de construção da rede PERT/CPM ocorreu da seguinte forma: de acordo com a árvore do produto e com a ordem das atividades de cada componente, foi possível estabelecer a sequência de rede do processo considerando a hierarquia dos componentes, por exemplo, a montagem em osso depende da finalização da usinagem do conjunto frontal, traseiro e laterais.
A linha de produção adotada pela empresa é a sequencial, ou seja, os componentes do aparador não são produzidos de forma paralela e, como cada componente tem um tempo diferente para a mesma atividade, os tempos das atividades precisam ser somados para resultar no tempo total de uma atividade.
Para determinar o caminho crítico do produto no processo, foi necessário mensurar as atividades que possuem folga zero. Os processos encontrados com folga zero e que, consequentemente são o caminho críticos estão citadas a seguir: usinar, chanfrar cantos, montagem em osso, revisão e montagem final.
Após o desenvolvimento dos trabalhos, os objetivos traçados inicialmente foram atingidos. A rede de fabricação do aparador foi traçada, o caminho crítico explorado, o tempo de fabricação do produto agora é conhecido e as técnicas PERT/CPM devidamente aplicadas no planejamento da produção fabril.
Através da montagem e dos cálculos da rede PERT/CPM do aparador, foi possível a identificação das atividades críticas do processo. Dentro de um processo que possui 11 atividades, 5 delas são consideradas críticas, representando 45% do processo como crítico. As técnicas de PERT/CPM mostraram-se como a alternativa mais viável para que a empresa obtivesse um maior controle acerca do processo produtivo em questão.
Pelo fato de a empresa não produzir somente aparadores, é importante que ela tenha profundo conhecimento das atividades e tempos de fabricação dos seus diferentes produtos. Com base nesse estudo, é possível realizar o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, proporcionando a diminuição de atrasos, diminuição de custos e aumento da satisfação do cliente.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Eduardo L. de. Introdução à Pesquisa Operacional. 4 ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2009.
MOREIRA, Daniel A. Pesquisa Operacional: Curso Introdutório. Thomson, 2006.
PROJECT MANAGEMENT INTITUTE. Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 3. ed. Pennsylvania: PMI, 2004.
AVILA, Antonio V. Planejamento (Notas de aula). UFSC, 2008.