Fêmea Fatal
Por Tomaz Almeida | 26/07/2007 | ContosMinhas lágrimas caiam como a chuva em dias de tempestades, a solidão era uma companheira que não me deixava só; que ironia. Depois que passei por uma situação decadente não tinha outra saída, a não ser a vida de crimes, era uma matadora de aluguel; Femme Fatale. Nunca fui sentimental, meu desespero se baseia na frustração do trabalho; depressivamente vivente. Era uma noite em que o céu estava vermelho como a escarlate, peguei meu instrumento de trabalho, minha arma é meu ganha-pão, me vesti com meu sobretudo negro como a escuridão, fazendo parte do cenário da morte anunciada. O dinheiro chegava à boa hora, depois que saí do exército não tive oportunidades na vida, afinal não nasci com o traseiro virado para a lua, entrei nessa por causa da minha facilidade de atirar em longa distância sem ser percebida, um amigo do quartel me avisou sobre uma determinada pessoa que pagaria bem se eu fizesse o trabalho sujo, era a minha saída, não tinha pai nem mãe para me exortar, foi uma oportunidade única, eu a agarrei. Tinha que matar um jornalista que estava investigando a vida de meu cliente, ele que se sentira incomodado me pagou pra fazer o serviço, não tinha contato direto com meu cliente, ele ou ela mandava uma terceira pessoa me avisar sobre o pacote. Investiguei minha vítima, até mesmo nas suas peculiares ações. Nessa noite ele vai a um jantar, a oportunidade é chegada; Cheque mate. Posiciono-me com meu rifle no terraço de um prédio que fica logo a frente do restaurante, a escuridão da noite era o que fazia parte do cenário da morte sentenciada por mim, a chuva começa a cair e minha ansiedade tirava minha concentração. O carro do meu alvo estava chegando ao estabelecimento, porém o que eu não esperava, ele pegou um guarda-chuva que o cobriu tirando minha visão, espero pacientemente a hora dele sair, meu celular toca, é meu cliente e perguntou-me se já tinha mandado a encomenda para o inferno, expliquei a situação e mandou-me agir rápido; trabalho sob pressão. Desci do terraço e peguei meu carro, pensei, fui sem medo de represálias; ao longe se escutava um carro vindo cantando pneu, numa velocidade de 250 km/h em direção a porta do Restaurante, o mesmo invadiu, levando tudo a sua frente, sai do carro com ele ainda em movimento, no meio da gritaria e do corre-corre andei em direção ao jornalista, com a pistola na mão, quando dei o primeiro tiro, o disparo pegou de raspão porque fui vista por um segurança do local, o mesmo abriu fogo contra mim, atingiu-me no ombro, o jornalista se atirou para tomar a arma, atirei por acidente dessa vez; morte instantânea. Os seguranças vieram com violência, fui obrigada a defender-me, dei uma seqüência de tiros e derrubei três, meu rosto estava exposto, tive que fugir do local, no meio da algazarra, escapei com vida, porém ferida, cheguei em casa extasiada pelo feito, mas nesta noite auspiciosa permita que em lugar de uma alcunha corriqueira eu sugira o caráter dessa persona dramática que jaz em glória por um feito inesquecível.
continua