Fé! o que é?
Por Silvio Dutra | 05/09/2012 | BíbliaA fé à qual a Bíblia se refere, especialmente o uso que é feito de tal palavra no Novo Testamento, consiste não propriamente na capacidade de se crer em algo, mas na certeza da nossa união ao único Deus verdadeiro.
Assim, podemos afirmar que quanto maior for tal certeza, maior será a fé.
Vemos isto no caso específico de Abraão, porque lhe foi dada por Deus a honra de ser chamado por Ele e separado para não somente lhe fazer a promessa mais significativa de todas as promessas, que é a referente à da salvação dos pecadores por nosso Senhor Jesus Cristo na dispensação da graça, pois lhe foi prometido que somente no Seu descendente, que é Cristo, pessoas de todas as nações da terra poderiam ser abençoadas por Deus com a bênção da justificação.
Somente a grandiosidade de uma tal promessa seria suficiente para firmar e fundamentar a Abraão na fé verdadeira.
Todavia, o Senhor não parou por aí e fez muitas outras promessas ao patriarca. Promessas estas que estariam vinculadas à promessa da Nova Aliança com Cristo que acabamos de citar.
Por exemplo, a promessa de lhe dar um filho em idade avançada para que se fixasse através dele a descendência de um povo, de uma nação separada das demais nações da terra, por meio da qual Deus se revelaria ao mundo como o único Deus verdadeiro, porque Israel não teria muitos deuses para servir, senão somente o Senhor, conforme este havia se revelado a Abraão.
Abraão sabia então que não havia muitos deuses, senão somente o Deus que lhe aparecera e que lhe enviara a peregrinar em Canaã, para que aquela terra fosse dada como herança à sua descendência.
Quando alguém acha graça diante de Deus, tal como Noé, Abraão, Moisés e muitos outros, para que Ele lhe apareça muitas vezes fazendo-lhe promessas e dando-lhe livramentos e bênçãos, não é de se admirar que tal pessoa venha a possuir uma grande fé no Senhor, tal como se deu no caso deles.
Então, o grande e firme fundamento da fé é a própria revelação que Deus faz de si mesmo a nós.
Se Deus não falou comigo, como poderei ter a verdadeira fé?
Se Deus não me fez promessas e não tem intervindo no curso da minha existência com livramentos e bênçãos, especialmente a bênção da conversão, como poderei ter fé?
A fé não é portanto a minha própria capacidade de crer em algo, mas este dom divino que nos é dado para que Ele possa se comunicar conosco, especialmente, no que se refere à comunicação da Sua própria vida, pelo Espírito.
Por isso é dito que a verdadeira fé é indestrutível ou inabalável, porque não está firmada em coisas destrutíveis ou abaláveis, senão na Rocha firme que é o próprio Deus.
Assim, destruir a fé, equivaleria à possibilidade de se destruir o próprio Deus, o que sabemos ser impossível.
Foi particularmente a isto que o autor de Hebreus quis se referir no décimo primeiro capitulo da sua epístola quando desfilou os grandes feitos desta fé indestrutível e inabalável nas vidas de pessoas às quais Deus havia se revelado e manifestado o Seu poder de modo especial.
O modo como o Senhor havia operado na vida de cada um deles dando-lhes visão, força, coragem e entendimento da pessoa e vontade divinas, só poderia dar como resultado o que efetivamente ocorreu, a saber, que eles se tornassem pessoas modelares em relação à fé.
Abraão teve o privilégio de conhecer no meio de um povo idólatra, em Ur dos caldeus, que não havia muitos deuses como eles criam, mas somente um único e verdadeiro Deus, que lhe comprovaria esta verdade formando e revelando-se apenas a um só povo, a saber, ao qual formaria a partir do próprio Abraão.
Daí Jesus ter dito à mulher de Samaria, que os samaritanos não conheciam o verdadeiro Deus e o verdadeiro culto que lhe é devido, senão somente os judeus, porque foram eles que Deus havia chamado e separado para servi-lO desde os dias de Abraão, quando começaria a formar tal nação a partir dele.
O Senhor apareceu a Abraão e foi nesta revelação que a sua fé foi fundamentada e firmada.
Necessitamos então, se desejarmos ter uma grande fé, tal como a de Abraão, que o Senhor também apareça a nós.
Abraão é chamado de pai de nações e de pai na fé, porque os fundamentos da fé que temos no evangelho foram revelados em primeira mão a ele por Deus, de modo que não fôssemos mais gentios, ou seja, estranhos, desconhecidos de Deus, porque Ele se revelaria a nós por meio de Jesus Cristo, tal como havia feito com Abraão no passado.
A Abraão foi revelado também o modo como deveria ordenar a sua vida e de todos os que com ele estavam, e particularmente a de seus descendentes, em todas as coisas que lhe foram ordenadas por Deus para serem obedecidas e guardadas.
Por isso nós o vemos edificando altares ao Senhor para lhe prestar culto juntamente com os seus, porque Deus lhe havia ensinado a obrigatoriedade que têm todos aqueles que Lhe conhecem, de darem um testemunho público da sua fé, especialmente nas coisas que se referem à forma de culto de adoração que Lhe é devido.
Por isso nosso Senhor nos ordena que preguemos o evangelho a todos e que confessemos o Seu santo nome diante dos homens, para que Ele também confesse o nosso nome diante de Deus como sendo de fato pertencentes a Ele.
Não basta portanto ser transformado pela fé em nosso interior, porque a fé também demandará de nós que demos tal testemunho externo da nossa devoção ao Senhor, como uma luz que foi acesa numa casa para iluminar a todos os que se encontrarem nela.
À luz desta reflexão podemos entender melhor a pertinência do uso das seguintes expressões dentre outras: pessoas de fé ou da fé; que o objeto da fé é a certeza do que é invisível e daquilo que se espera; que a fé remove montanhas; que é a fé que nos faz ficar firmes, porque como temos visto, é no conhecimento e na revelação verdadeiros de Deus que a fé se fundamenta.
Então não há qualquer mérito da nossa parte na fé que possuímos, porque ela não procede de nós, mas de Deus. É um dom que nos é dado pelo Senhor por meio da revelação que faz de Si mesmo a nós, para sermos salvos e para tudo o mais que decorre da nossa salvação segundo a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.
Pr Silvio Dutra