Fanatismo e Extremismo

Por José Evangelista dos Santos Soares | 13/10/2012 | Religião

Existe uma preocupação em meu âmago que pretendo, nesta oportunidade, discuti-la.

Tenho notado que por parte de alguns crentes um temor tem os feito sofrer. Esse temor consiste pelo mesmo motivo que existem implicações errôneas: a falta de conhecimento.

Há indivíduos que diante da ordem de buscarem a Deus com uma dedicação mais ávida e acentuada, hesitam. O recuo é devido ao medo que já mencionei. Ora, esse medo existe por que? A sua causa é em virtude de uma falsa ideia que foi introduzida, enxertada na mente de crentes desprovidos do sacro conteúdo das Escrituras. Em seus tacanhos pensamentos, conjeturam que, se buscarem a Deus em um nível mais profundo, serão acarretados por um efeito (suspeitam eles) inevitável: o fanatismo ou o extremismo.

Obviamente que Deus deseja que o Seu povo seja equilibrado em tudo. Quando o apóstolo dos gentios instruiaTimóteo, ele disse: "Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mais de poder, de amor e de equilíbrio" (2Tm 1.7; grifo do autor).

Agora definirei os termos fanatismo e extremismo.

Fanatismo, o que é?

O termo provém do latim "fanaticus", que vem de "fanum", e que por sua vez, é: templo, lugar consagrado. A ação do fanático é a de aderir de forma passional um indivíduo ou um pensamento; todavia, o digo no sentido mais amplo, como uma ideologia, seita ou dogma, ou até, sobre uma instituição, um partido político, um sistema ou até mesmo o coletivismo.

Como reconhecer um fanático?

Se revela amiúde com duas características principais: a) relativa- mente ao seu objeto, proibe no fanático a ação de suas capacidades críticas, ou seja, quem é fanático por alguma coisa, ou pessoa, só vê nelas qualidades e as exalta com um entusiasmo elevado; mas quem é fanaticamente contra, só vê defeitos, combatendo-os implacavelmente; o fanático é assim, ora fabrica deuses, ora cria vitimas. b) O fanatismo estimula no fanático uma disposição à auto imolação, que o nortea ao objeto do seu fanatismo, até à sua própria ruína e destruição. Enquanto o herói é capaz da mesma façanha com sabedoria e lucidez, tendo em mente que sacrifícios inúteis e teatrais não têm valor algum, o fanático se rebela até contra a própria evidência, pela causa em que está empenhado e aceita, com paixão, ainda mesmo quando a causa é perdida.

A histeria, que na verdade é uma neurose (neurose, do grego "neuron", nervo + "osis", doença), e o mazoquismo permeiam estreitamente o fanatismo. Quando o fanatismo é no âmbito social, isto é, quando se torna um fenômeno coletivo, é possível enveredar um grupo e um povo inteiro às mais horrendas loucuras. Como não se lembrar o que o nazismo (do alemão "National" + "sozialismus") foi capaz de proporcionar na história. Tudo por causa de um dogma. "Dogmatikós" em grego quer dizer "que se firma em princípios" ou "é concernente a uma doutrina". Sabemos que o dogma é alvo fundamental de uma doutrina religiosa. Na religião cristã, há o dogma da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), a qual não deve ser confundida com a existência de três Deuses, pois se trata de apenas um. Porém, quando a ideia de dogma é transposto para áreas opostas e estranhas à religião, ela passa a ser prejudicial ao homem, que, uma vez de posse de um princípio ou verdade, fixa-se e deixa de continuar a busca. Tudo passa, o mundo muda e o dogmático permanesse estático nas visões. Rebelde, refratário e incapaz ao diálogo alheio, possui medo do novo e é inclinado a se tornar intransigente e soberbo. O filósofo alemão Nietzche, disse certa ocasião: "as convicções são grilhões". Aí, quando o homem dogmático resolve agir, o fanatismo é certo. Pelo dogma da raça ariana, Hitler cometeu o genocídio dos judeus nos campos de concentração.

Entrementes, devemos estar cientes de que o fanatismo encontra um campo fértil nos níveis baixos de desenvolvimento, onde é mais frequente a irrisória evolução das capacidades críticas. O fanatismo representa uma ameaça grave contra a democracia.

Ninguém é fanático por crer e servir a Deus.

Extremismo, o que é?

Do latim "extremus", sugere as ideias de excessivo. É a tendência a assumir, diante de todos os problemas, posições radicais. Conota ainda uma inclinação à violência para adquirir a vitória.

Como reconhecer um extremista?

O extremista é incapaz de um prisma de conjunto de uma realidade e está desprovido de sensibilidade para os efeitos laterais de linha de solução que defende. Enxerga com grande lucidez um aspecto, do qual sabe deduzir linearmente uma soluçaõ que o induz, com lógica implacável, até as derradeiras consequências. Por esse motivo é difícil o diálogo com ele. Interessante, que o extremismo se assemelha muito com o fanatismo, e ambos emergem preferencialmente, das camadas e situações de subdesenvolvimento.