Família, nosso maior patrimônio
Por FRANCISCO SILVA JÚNIOR | 18/06/2020 | LiteraturaFAMÍLIA, NOSSO MAIOR PATRIMÔNIO
Autor: Júnior do Cordel
(Baseado no documentário, Heranças Preciosas, veiculado pela TV Assembleia Ceará)
Dos inúmeros documentários
Que estão nas redes sociais
Dizemos que alguns estão
Dentro dos padrões normais.
Mas tem aqueles que marcam
Nesse universo se destacam
São os ditos, especiais.
Foi o que tive o prazer
De no YouTube encontrar
Pela TV Assembleia
Do Estado do Ceará:
De uma família, a História
Que de forma satisfatória
Tenho orgulho em contar.
É no sertão de Canindé
Onde a história inicia.
Com os filhos, Sr. Evaldo
Sereno e com maestria
Descreve o que viveu
E apesar do que sofreu
Diz: - Era feliz e num sabia.
Morando num lugar seco
Onde aprendeu a superar
Com garra e sabedoria
As agruras do lugar.
Buscar água pra beber
Ele tinha que percorrer
De meia légua pra lá.
Casado com Dona Hatiane
E seis filhos para criar.
Apesar das dificuldades
O que tiveram de passar
Trouxe do pai a herança
Os versos desde criança
Que o escutava declamar
Relata um arrependimento
Dum causo que lhe ocorreu
Jogou fora uns rabiscos
Que o avô Fitico lhe deu.
Se lembra? Foi questionado
Sem se sentir acuado
Rapidinho os descreveu:
“Hoje eu tô com 90 anos
Que cheguei neste mundo
Me criei nesse lugar
Não sai pra canto algum
Nunca vi uma cheia
Como a de sessenta e um.
Essa cheia foi tão grande
Que me fez admirar
Chovia a noite inteira
E os rios a transbordar
E os nossos pés de legume
Sem poder se levantar.
Era uma cheia tão grande
Que causou admiração
O rio transbordando
Lamaceiro pelo chão
E a floração da madeira
Jogando galho no chão”
(Versos do Sr. Fitico, declamado pelo Sr. Evaldo Lima no documentário)
Com essa herança poética
Que no seu sangue encrustou.
Na educação dos filhos
O seu legado continuou.
Após sua lida campeira
Na sua espreguiçadeira
Era um exímio leitor.
Com os filhos ao redor
Levava-os a viajar
Nos contos e nas histórias
Em voz alta a declamar
Até a boca da noite
O vento dando açoite
No aconchego do lar.
Assim relatam os filhos
Com orgulho ao falar
Klévisson Viana ao lado
Sr. Evaldo a escutar
O depoimento do poeta
Que com firmeza atesta
Como aos livros veio amar.
Segue o relato dos filhos
Pra eternidade gravado.
Marcos Viana relembra
Os banhos frio, gelado!
Pela mãe carinhosamente
À tardinha, no sol poente
Um a um era banhado.
Até trocados do Avô
Recebiam pra declamar.
Era a maior correria
Pra umas moedas ganhar.
Autemar só observando
E pouco participando
Falando mais com o olhar.
O Rádio Semp, no aparador
Relatado por Arievaldo.
As músicas no despertar
Por um artista afamado:
Nosso Jackson do pandeiro
Nordestino, o Trio forrozeiro
Pelo sertanejo aclamado.
Aos domingos o Programa:
Do Guajará no Varandão
Onde Klévisson relembra
Com carinho e emoção.
Os momentos de escuta
Da declamação matuta
Nas entranhas do sertão
Toda essa imersão
Nos meandros da cultura
Despertou nos seis irmãos
O gosto pela literatura
Desde as mais populares
A dos altos patamares
Ganharam desenvoltura
Grandes nomes são latentes
E são citados sem temor:
O Mestre Alberto Porfírio
Patativa o grande doutor.
Nomes de grande importância
Cuja significância
É reforçada com fervor.
Pois todos contribuíram
Para a cultura popular
Despertando o interesse
Levando-os a se interessar.
Pelos Clássicos nacionais,
Olavo, entre outros mais,
Vieram para ressignificar.
A interação dos irmãos
É mostrada ao declamar
Onde Arievaldo Viana
Juntamente com Autemar
Fazem uma interação
Numa bela declamação
Que vale a pena citar:
“No sertão atualmente
Ninguém se diverte mais
Porque o Tenente Paz
Acaba com a paz da gente
Aterroriza o ambiente
Onde há divertimento
Até briga de jumento
Se tiver alguém pagando
O Tenente Paz chegando
Vai cobrar vinte por cento”
(Declamado por Arievaldo Viana (in memória) e Autemar Viana)
Esse mundo literário
De geração em geração
Perpetua-se na família
Está semeada no coração.
Não dá tempo de pensar
Já vem nos presentear
Com mais uma declamação:
“Eu fui arrancar um Peba
Lá no Alto da Chibanca
Peguei no cedem do Peba
Meti por baixo alavanca
O Peba deu um gemido
Ai Deus! Hoje meu rabo se arranca”
(Baião da Gemedeira, declamado por Sr. Evaldo Viana)
Mesmo o que admite
“Eu não nasci pra cordel”
Assim falou Itamar
Revelando o seu papel
De competente vendedor
Pois faz isso com amor
Das vendas é o menestrel.
Herança que recebeu
Da mãe que é criativa.
Além de dona de casa
Tem grande iniciativa
Costura, serviços gerais
Bordados e muito mais
Determinada e altiva.
Apesar das dificuldades
Dos filhos para criar
Cinco homens, uma mulher
Enfrentaram sem reclamar.
Um exemplo de criação
Que prevalece a união
E a harmonia do lar.
“O melhor pai do mundo”
É a frase mais marcante.
Duro, firme com os filhos
Presente, sempre atuante.
Exercendo a liderança
Marcando a sua presença
Um verdadeiro gigante.
Educação pelo exemplo
Com atitude e ação.
Demonstrando a importância
Da presença na criação.
Uma família tradicional?
Ou uma família normal?
É ampla a definição.
Pois mesmo ante ao modismo
Que o Klévisson revelou
A família tradicional
Ainda não se acabou
Resistindo bravamente
Isso nos deixa contente
Pelo que ela nos deixou.
Um legado importante
Que perpassa gerações
Exemplos que são seguidos
Nos mais distantes rincões.
Parabéns Sr. Evaldo
Me sinto vangloriado
Por todas suas lições.
Concluo aqui os meus versos
Baseado em fatos reais.
São Heranças Preciosas
Deixadas por nossos pais.
Família é a base de tudo
Sejam modernas ou tradicionais.