FAMÍLIA GOMES

Por Djalmira Sá Almeida | 22/05/2010 | História

FAMÍLIA GOMES

Essa família Gomes, entre as 50 famílias que entrarram no sertão chega a ser uma das mais numerosas, considerando que em todas as viagens tinha sempre um Gomes saindo de Portugal para as colonias. Foi também uma família muito perseguida desde Portugal devido sua origem anterior de cristãos novos oriundos de uma parte da Peninsula Itálica e da Península Ibérica, quando a Galícia foi invadida por diferentes povos, árabes, judeus e visigodos. Gomes é um sobrenome de origem portuguesa, conforme registros do século IX em que aparece como Gomizi e Gomiz. Em espanhol utiliza-se Gomez e Güemes, sua origem provável vem de uma abreviação do visigodo "Gomoarius" que significaria "Homem de guerra", o qual por vezes foi utilizado como nome próprio. Sendo assim classificado como um patronímico, ou seja baseado no nome do fundador deste tronco familiar. A Família Gomes, de Portugal, segundo alguns, procede da Itália, da qual houve Patrícios em Roma. Esse sobrenome também foi adotado por famílias de origem indígena e bandeirantes que desbravaram o interior de São Paulo, por famílias de origem Africana em Minas, no Rio de Janeiro, em São Paulo e Pará e por judeus, os quais desde o batismo foram forçados à conversão religião Cristã, a partir de 1497 em toda a Europa Medieval, os Cristãos novos.
Gomes quer dizer ?filho de Goma?, do gótico guma, inglês antigo guma, antigo francônio goma, feito de goma ou filho da goima, como no dizer carioca "filho da gema" para indicar ser nativo ou natural do lugar. A forma primitiva seria Gomici, que nas fontes aparece como Gomece, Gomice, Gumice, Gomize, Gumize, Gomeze, Gomez. Segundo alguns, em Portugal, procedem da família Gomes, da Itália, onde era nobre, e da qual houve alguns «Patrícios» em Roma (Anuário Genealógico Latino, I, 50). Assim como os demais patronímicos antigos esse sobrenome espalhou-se desde os primeiros anos de povoamento do Brasil por todo o seu vasto território.Entre as famílias que emigraram, os Gomes é a família mais numerosa. Há diversas famílias com esse sobrenome, em diversas partes do Brasil, de origem portuguesa, colombiana, espanhola. paraguaia, argentina, uruguaia, etc. as quais vieram em épocas diferentes.
No Rio de Janeiro, entre as quase 150 famílias com este sobrenome, dos séculos XVI e XVII, a de Amador Gomes, de 1598 a 1654, o qual deixou larga descendência, a partir de 1624, com Isabel Teixeira. Em São Paulo, entre as mais antigas, encontra-se a de Pedro Gomes casado com Isabel Afonso, filha de gentio da terra, com a qual deixou geração. Além deste, registram-se seus descendentes Luís Gomes, Matias Gomes, Gaspar Gomes e Lourenço Gomes. Do Rio de Janeiro Pedro Gomes passou à Bahia e ocupou todos os postos nas milícias e deixou geração por lá. Também a família de Manuel Gomes da Silva que deixou geração, em 1712, com Josefa do Vale, ?parda?, pela qual corre o sobrenome (Rheingantz, II, 527, 267). No Rio de Janeiro, também a família de Gregório Mendes, de 1569 a1617, deixou numerosa descendência de 1594, com Isabel Gomes «da Costa» a 1572 , pela qual correm os sobrenomes Gomes da Costa e Mendes da Costa, quase todos denunciados em autos-de-fé, entre 1634 e 1735, acusados de serem cristãos-novos (Rheingantz, II, 586). Ainda no Rio de Janeiro, a família Gomes Mourão, cujos sobrenomes de origem judaica estabelecida no Brasil, durante o período holandês, à qual pertence Simon Gomes de Lisboa, documentado nos anos de 1644 (Wolff, Brasil Holandês, 45). Em Minas Gerais, por exemplo, registra-se a de Antônio Gomes Braga, que reconheceu dois filhos, com Antônia da Silva de Andrade ?crioula forra?, e mais dois, com Felícia Isabel Cardoso, ?parda?. Na Bahia,entre as mais antigas, cabe registrar a de Pedro Gomes, figura central de seu tempo. Passou para a Bahia e aí ocupou todos os postos nas milícias, sempre se distinguindo, até o de mestre de Campo, foi Governador do Rio de Janeiro, Fidalgo da Ordem de Cristo, que deixou geração com a viúva, Isabel da Costa Madeira, filha de Domingos Lopes Falcato e de Águeda da Costa. Foram pais, entre outros, de Antônio Gomes, que tornou-se o patriarca da importante família Gomes Ferrão Castelo Branco da Bahia. Ainda, na Bahia, registra-se a família de Agostinho Gomes, cavaleiro na ordem de Cristo, Cavaleiro Familiar do Santo Ofício. Negociante na cidade de Salvador, Bahia. Descendente das famílias Fontoura e Carneiro. Deixou geração com Isabel Maria Maciel Teixeira, filha de Bento Maciel Teixeira e de Maria da Silva. Foram pais do Padre Francisco Agostinho Gomes, negociante na cidade de Salvador, Bahia, com legítima dispensa e Carta de Brasão de Armas.
Em Minas Gerais, estabelecida na Zona do Carmo, encontra-se, entre as mais antigas, a de Francisco Gomes Pinheiro, que mudou para Minas na era do seu povoamento e foi um dos desbravadores da zona do Carmo, do rio Doce e do Casca. Sesmeiro, de 1736, em Barra Longa ,casou-se com Antônia Pereira de Araújo. Ainda em Minas Gerais, registra-se a de João Gomes Martins Barcelos, que veio para o Brasil, estabelecendo-se em Sumidouro, Minas Gerais, o fundador de Palmira, hoje Santos Dumont. Deixou geração, em 1725, no Rio de Janeiro, com Clara Maria de Melo, pais do inconfidente José Ayres Gomes.
No Acre, cabe registrar o português José Gomes dos Santos, que descerrou o seringal Independência, por volta de 1878, situado no rio Purus, oitenta milhas acima da foz do rio Acre. Em Pernambuco, entre outras, registra-se a família do Coronel João Antônio Gomes,de 1749, vindo de Portugal para Recife, Senhor dos Engenhos Mercês e Penderama, este na Vila do Cabo em Pernambuco. Comerciante e proprietário no Recife, deixou numerosa descendência do seu casamento no Recife, com Caetana Maria de Deus Pires Ferreira, em 1752, no Recife, filha de Domingos Pires Ferreira, patriarca desta família Pires Ferreira, de Pernambuco.
No Rio Grande do Sul, registra-se a de Inácio Gomes, casado em 1780, em Estreito, RS, com a índia Florencia (L.º 2.º, fl.10v). Para São Paulo, registra-se uma ilustre família de músicos, originária da Espanha, procedente de Don Antônio Gomez, de casa nobre de Pamplona, e que, fazendo-se bandeirante, desbravava o interior de São Paulo, encontrando, não ouro, mas outra coisa que, para ele, foi mais preciosa: uma belíssima índia, filha de um cacique guarani, que lhe deu muitos filhos (Vasconcelos. Raízes da Música, 196).
Entre os descendentes do casal, registram-se: Manuel José Gomes, 1868, mais conhecido por Maneco Músico, professor, compositor e mestre da Banda de Campinas. Deixou importante descendência, estabelecida em Campinas, SP, do seu terceiro casamento com Fabiana Maria Jaguari Cardoso, que morreu tragicamente, muito moça ainda. Deixou o bisneto, José Pedro de Sant?Ana Gomes, filho do anterior, o mano Juca, violinista, regente e também compositor, o maior amigo de seu famoso irmão, o maestro Carlos Gomes; outro bisneto, Antônio Carlos Gomes (1896, Belém do Pará), irmão do anterior e filho do terceiro casamento, um dos maiores nomes da música brasileira, autor de belas operas e modinhas. Seu tataraneto, Íbero Gomes Grosso, de, 1905, de São Paulo, sobrinho-neto do maestro Carlos Gomes. Também no Rio Grande do Sul, entre outras, encontra-se a família de João Gomes, preto forro, casado em 1779, em Estreito, RS, com Maria da Conceição, também preta forra. Havia entre os emigrados, os de Linha de Batina (os religiosos), os da Linha de Degredados , os que tinham culpa em cartório em Portugal que vinham parar pena na coloniae os da heraldica , militares e nobreza.
No Rio de Janeiro, registra-se também a família de Sebastião Alves Gomes, ?pardo forro?, casado em 1770. Da Linha de Batina em São Paulo, registra-se José Gomes de Almeida, filho do coronel Jerônimo Martins Fernandes, cavaleiro na ordem de Cristo e de Josefa Caetana Leonor Mendes de Almeida. Neto paterno de João Gomes e de sua mulher Maria Fernandes, e bisneto de Francisco Gomes, casado com Maria Martins de Macedo. Gomes de Almeida, teve um filho, que legitimou, chamado Francisco Martins de Almeida, sargento-mor de guardas nacionais, na província de São Paulo, com Carta de Brasão de Armas.
Gomes sob Degredo registra-se, no Auto-de-fé celebrado no Terreiro do Paço de Lisboa, em 1671, a condenação de três anos de degredo para o Brasil, de Francisca Gomes, ?cristã-nova?, natural de Lisboa, onde morava. Filha de Simão Henriques. Também no Terreiro do Paço de Lisboa, em 1671, a condenação de sete anos de degredo para o Brasil, de Ana Gomes, natural da Veiga de Lisa, termo da vila de Chaves, moradora em Lisboa, condenada ?por casar segunda vez sendo vivo o seu primeiro marido? (bigamia). Esposa de Amaro Gonçalves, trabalhador. Na Praça Grande de Évora, a 1683, houve a condenação de dois anos de degredo para o Brasil, de Maria Gomes Cavala, ?parte cristã nova?,?reconciliada por culpas de judaismo no auto-de-fé que na mesma cidade se celebrara a1629, fora novamente presa por culpas de relaxação. Era viúva de Antônio Gonçalves, sapateiro em Montemor-o-Novo, Cristão Novo. Esse sobrenome também foi adotado por judeus, desde o batismo forçado à religião Cristã, a partir de 1497.
Na Bahia, registram-se Antônio Gomes, judaizante em 1646 e Fernão Gomes, cristão novo, alfaiate, denunciado em 1591 (Wolff). Registra-se, no Auto-de-fé celebrado em Portugal na Sala geral dos Estaus da cidade de Lisboa em 1599, a condenação por judaísmo de Rui Gomes, cristão novo, natural de Lisboa e morador em Pernambuco. De Nobreza Titular, família de abastados proprietários de terras, membros da aristocracia cafeeira, estabelecida no Estado do Rio de Janeiro, à qual pertence José Luiz Gomes, filho de Francisco Luiz Gomes irmão do Padre Dr. Alexandre Caetano Gomes, escritor, e de Ana Margarida de Jesus Breves, integrante da poderosa família Breves, do Vale do Paraíba Fluminense. Sargento-Mor de milícias, alferes do 2.º Batalhão de Angra dos Reis. Um dos maiores benfeitores da Cidade de Piraí, proprietário das fazendas de Santa Maria e Ponte Alta. Vereador e presidente da Câmara Municipal de Piraí. Delegado de polícia da mesma cidade, barão e Juiz de Paz de Mambucaba, em 1854. Deixou geração dos seus dois casamentos, sendo o segundo, com Maria Rosa da Conceição, filha do Capitão José Tomás da Silva e de Rosa Maria da Conceição; Jacinto José Gomes, agraciado, em1873, com o título de barão de Monção.
No Brasil Heráldico, o padre Francisco Agostinho Gomes; o Sargento-mor Francisco Martins de Almeida, citado acima, na linha de batina com Brasão de Armas, de 1855. Registrado no Cartório da Nobreza, Livro VI, fl. 25 juntamente com as armas da família Martins, da família Macedo e as armas da família Fernandes. Embora os Gomes, no início estivessem mais no Rio de Janeiro e na Bahia, migraram para Pernambuco e Ceará e hoje estejam em toda parte do Brasil, o maior número se concentra ainda em Pernambuco, Maranhão e no Pará, regiões de maior grau de recepção de emigrants, procedentes da mesma região de Portugal.