Falsidades da Vida

Por Emanuel Areias | 11/08/2013 | Crônicas

Aquilo que eu vou tratar é algo muito subjetivo e abstrato. Nós não conseguimos lutar contra isso e muitas vezes acabamos condenados pela sociedade devido a essa atrocidade monumental. Quando afirmamos categoricamente algo isso pode ser visto e considerado como uma verdade absoluta, sem possibilidades de contestação. Surge uma dificuldade, o ser humano não consegue proceder a um juízo correto e acaba por aceitar as mentiras em detrimento das verdades. Não existe margem para dúvidas, estou-me a referir à mentira. É verdade, existem muitos mentirosos e arrogantes entre nós, que se julgam donos da razão e capazes de derrotar psicologicamente outros de forma a vencerem e terem sucesso na vida. A mentira é desastrosa, é um ato cobarde e absurdo. Existem dimensões e níveis que são atribuídos às intrigas pois no dia-a-dia todos nós cometemos atos irresponsáveis e para nos defendermos ou evitar as consequências, dizemos falsidades. Não são as “pequenas aldrabices” que afetam o funcionamento da sociedade, mas sim as mentiras de grandes dimensões que podem destruir vidas. Uma pessoa que sofra com perfídias ou traições pode cometer atos impensáveis como o suicido. O mal que uns fazem pode desenvolver danos irreparáveis nas vítimas das mentiras.

São muitos os casos de falsidade existentes no mundo atual porque a inveja e a dor-de-cotovelo podem levar ao surgimento de boatos e rumores danosos. Como é óbvio esta ação incompreensiva acaba por levar as pessoas a ficarem do lado do mentiroso porque se a patranha é bem idealizada e feita com emoção e sentimento, é capaz de persuadir e manipular tudo à sua volta. Também existem as pessoas que gostam de ser enganadas, roubadas e destruídas mentalmente, sem fazerem nada. Simplesmente afirmam, que o aldrabão tem toda a razão e não merece ser contrariado ou criticado pois é um “coitadinho” que sofre com os obstáculos da vida. Existem famílias que entram em conflitos por causa de heranças, outras devido ao dinheiro, ao ciúme ou a insolência de certos familiares. Agora fazendo uma breve exemplificação, vou demonstrar a passividade total dos Homens de hoje perante esta objeção moral. Portanto, se existir uma pessoa que procurou trabalhar para um determinado fim, que deveria ser acompanhada de perto por outra, a relação entre ambas, na teoria, deveria ser forte. Mas se essa pessoa que se esforçou ao longo de toda a sua vida, criou dificuldades psicológicas a si e à sua família, viveu uma depressão, combateu contra os obstáculos para atingir o sucesso, enfrentou a solidão, não foi apoiada, deveria ser no mínimo elogiada e nunca contestada. Por outro lado a outra pessoa que deveria ter possuído as mesmas virtudes, não conhece o mundo, tem um espírito arrogante, passivo e inerte, pensa que todas as pessoas estão disponíveis para ele, não é capaz de agradecer e aceitar que errou, não trabalhou para o mesmo fim, ainda acaba por criar calúnias e mentiras a respeito do primeiro sujeito. Este segundo indivíduo ao tentar caluniar, atacar e descredibilizar a primeira pessoa é considerado um mentiroso, desrespeitador, injurioso e um ultrajante cidadão do mundo.

O problema é que situações semelhantes a esta ocorrem diariamente e afetam famílias inteiras. Nós não devemos criticar e invejar os outros, devemos sim lutar para o nosso próprio bem, e se necessitarmos, em alguma circunstância da vida, de ajuda e apoio devemos ter a frontalidade e a capacidade de dialogar com as pessoas capazes de prestar o auxílio. Não é a menir e a criar determinados boatos que vamos conseguir atingir a estabilidade.

Finalmente, o problema moral que temos entre mãos é a mentira, ou seja, a “arte de mentir” é vista como um boia de salvação quando estamos prestes a morrer interiormente. É a solução mais utilizada e procurada porque a verdade pode ser mais dura, mas estaríamos de certeza mais orgulhosos dos nossos valores e virtudes, se disséssemos aquilo que é verdadeiro e real.