FALAR BEM EM PÚBLICO - COMO TRANSFORMAR ESTE ENTRAVE EM UM MAXIMIZADOR DE OPORTUNIDADES
Por Augusto Souza | 18/01/2013 | Crescimento* Augusto Borges de Souza Júnior
INTRODUÇÃO
Atualmente, existem inúmeras alternativas para tornar-se ainda mais competitivo no mercado do trabalho. Cursos profissionalizantes, cursos técnicos, cursos de graduação à distância, graduações tecnológicas, especializações diversas e dentre outras são algumas das alternativas disponíveis para capacitar-se e ampliar as chances de ingressar no mercado de trabalho. Com a competitividade acirrada, a qualificação profissional torna-se um diferencial competitivo indispensável.
Segundo dados do Grupo Catho (2012), apesar das pessoas estarem preocupadas em adquirir uma formação profissional, poucas são as que se preocupam em desenvolver algum diferencial competitivo, que representam por sua vez, a principal característica procurada pelos empresários e profissionais responsáveis por processos seletivos. Capacidade de trabalhar em equipe, bom poder persuasão, facilidade de comunicação representam sem dúvidas os principais diferenciais competitivos procurados pelos empresário.
Em junho de 1998, foi publicado um artigo na revista “Exame”, onde a professora Sarah McGinty, doutora em educação e supervisora do curso de mestrado de educação da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, escreveu um artigo com o título “Meça as suas Palavras”. Um fragmento chamou bastante a atenção: “O modo como você fala pode estar atravancando a sua carreira; por outro lado, ele pode ajudá-lo a galgar posições(..).”. Em concordância com a autora, Arthur Schopenhauer (1830) afirmava que “mais importante do que ser competente é aparentar competência”.
Assim, é pertinente fazermos o seguinte questionamento: será que, quem domina habilidade de falar e expressar-se bem em público consegue ter mais chances de atingir níveis mais altos na hierarquia e salário melhores do que as pessoas mais introvertidas?
Palavras chave: competitividade, capacitação, oratória e falar em público.
ABSTRATC
Currently, there are numerous alternatives become even more competitive in the labor market. Vocational courses, technical courses, undergraduate courses at a distance, graduations technology, and various specializations among others are some of the alternatives available to empower themselves and increase the chances of entering the labor market. With the fierce competition, it is increasingly clear the importance of professional qualifications, and more than that, the importance of competitive advantages.
According to the Catho Group (2012), in spite of what people are concerned about acquiring a professional education, there are few who bother to develop a competitive advantage, which in turn represent the main characteristic sought by entrepreneurs and professionals responsible for selecting jobs . Ability to work in a team, good persuasion power, ease of communication undoubtedly represent the main competitive advantages sought by the entrepreneur.
In June 1998, an article was published in the journal "Review", where Professor Sarah McGinty, PhD in education and supervisor of the master program of education at Harvard University, USA, wrote an article whose title was "Measure their words, "and get the fragment:" the way you speak may be cluttering your career, on the other hand, it can help you climb positions (..). ". Accordingly author Arthur Schopenhauer (1830) stated that "more important than being competent jurisdiction is pretend."
Thus arises the question: who does have the ability to speak and express themselves well in public is more likely to reach higher levels in the hierarchy and pay better than most introverted people?
Keywords: competitiveness, training, public speaking and public speaking.
1- O QUE LEVA AS PESSOAS À SENTIREM MEDO
Apresentar um trabalho à frente da sala de aula para colegas e professores, exposição de um produto ou serviço para clientes ou uma entrevista coletiva onde os participantes também devem se dirigir à frente da sala para falar, são algumas das situações onde o medo associado ao nervosismo leva as pessoas à terem os famosos “travamentos” ou “brancos”. O curioso é que essa mesma pessoa havia se preparado bem anteriormente de forma que a situação parecia estar com “tudo sobre controle” mas, na hora “H”, não conseguiu desenvolver bem a sua apresentação.
Mas, se havia tudo bem planejado, por que justamente na hora da exposição a pessoa não conseguiu desenvolver-se bem? Quais são os principais motivos que levam as pessoas à perderem oportunidades por conta desses atravancamentos de falar em público? O que de fato leva as pessoas à terem esses “apagões” seguido de nervosismo, suor frio e medo?
Para ZALKOWITSCH (2007), existem alguns fatores que contribuem negativamente para levar as pessoas a não conseguirem se expressar como deveriam e ou gostariam. Para o autor, muitos desses fatores são embasados em mitos ou medos irreais. Assim, faz-se necessário que se conheça bem esses motivos, para que seja possível superá-los posteriormente, sendo esses:
1. 1 - COMPARAR-SE COM OUTROS BONS ORADORES
Não é por um acaso que o eterno William Shakespeare na sua obra O Menestral já afirmava: “não se deve comparar com os outros mas com o melhor que podemos ser(...)”. Assim, não poderia esperar que fosse diferente com a situação de falar em público. É claro que, utilizar uma pessoa como um modelo para nortear a sua forma de apresentar, vendo-a como inspiração pode contribuir positivamente na formação da sua própria metodologia, e esse modelo torna-se um ponto de partida.
Porém, quando essa comparação é usada como uma espécie de “nivelamento”, essa torna-se por sua vez “perigosa”. isso por que, o orador experiente já sabe como contornar as situações de um modo em geral, sobretudo o nervosismo, daí a imaginar que, “é difícil ou impossível chegar a tal nível de controle”.
Outro ponto importante à ser mencionado é: quem disse que os oradores experientes não erram? Ou não sentem nervosismo? Não dá branco? Sim eles têm tudo isso. A grande diferença é a forma como eles contornam tais situações, pois já sabem que isso é extremamente normal. Alias quando não se tem esse nervosismo momentâneo chega à ser meio arriscado, pois é esse nervosismo que assegura a excelência pois o orador, estará mais atento as fragilidades da apresentação, da platéia e irá procurar desenvolver meios de superar as mesmas.
1. 2 - FALTA DE CONHECIMENTO
È praticamente impossível (salvo na situação de falar de improviso) conseguir expor um tema seja ele qual for, quando não se tem conhecimento.
A razão é muito simples: na platéia, poderão haver pessoas que conhecem muito bem o tema e possivelmente essas irão perceber a imperícia do orador. Segundo ZALKOWITSCH (2007), é muito mais indicado em uma situação de questionamento, dizer que irá pesquisar um pouco mais sobre o assunto, ao invés de “embromar” a situação. Ambas as situações não são muito favoráveis, mas a primeira, é a mais indicada nessas situações, pois assim as pessoas não se sentem “enganadas”. Mas é evidente que o objetivo é sempre fazer uma excelente apresentação. Para isso, deve deve-se:
- Em um trabalho acadêmico: ao dissertar um trabalho acadêmico, isso é, proveniente de cursos livres, técnicos e graduações, é importante lembrar que na internet apesar de haver excelentes informações, deve-se aprofundar as buscas e não contentar-se com apenas uma fonte de pesquisa.
A principal característica do trabalho acadêmico é sem dúvidas o aprofundamento, a investigação, o brilhantismo, as diferentes formas de conceituação sobre o tema a luz de vários autores, sem esquecer é claro de referenciar corretamente conforme as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Uma produção acadêmica deve não somente expor uma tema, mas servir como base de fundamentação de posteriores pesquisas. (notas de campo)
- Apresentando um produto ou serviço: além de conhecer bem o produto ou serviço que pretende-se vender, é fundamental que se conheça também o seu mercado de atuação isso é : outras empresas (concorrentes), produtos que possam substituir um pelo outro, tipos de clientes e fornecedores. Essas informações ajudam bastante quando alguma exposição é refutada pelo possível cliente.
1. 3 – TIMIDEZ / NERVOSISMO E FALTA DE COSTUME
Essa é a reação mais comum de quem não tem costume: a timidez e nervosismo. Isso por que a pessoa teme fazer o papel de “ridículo”, ou dá um branco e não conseguir desenvolver ou lembrar-se do assunto. Além disso, algumas chegam à associar à alguma experiência frustrante que teve no passado, quando tentou se expressar publicamente.
Com isso, associado com algum outro problema, a pessoa tende a cometer alguns erros que irão descaracterizar a apresentação, como:
- Não olhar para as pessoas enquanto fala;
- Gaguejar;
- Voz fraca; (falar do tipo “quase parando”)
- Voz monótona e linear (sem variar a intensidade da voz);
- Antes de falar, pedir as pessoas desculpas por não ter preparado nada melhor para apresentar;
- Falar que está com problemas de saúde;
- Ler papeis (durante todo o tempo); e
- Ausência ou deficiência na gesticulação.
Esses problemas, com o passar do tempo, vão se intensificando ainda mais, até que a pessoa finalmente perca por completo o estímulo de se expressar publicamente. Mas falar bem não é um dom, é um conjunto de técnicas simples, que combinada à alguns estímulos, levam a pessoa à se tornar um bom orador. A repetição Mas a pergunta chave é: como uma pessoa que seja tímida e que nunca tenha falado em publico antes, pode superar o medo? Como fazer “bonito” na próxima apresentação?
2- NÍVEIS DA COMUNICAÇÃO
Conforme já foi mencionado anteriormente, falar bem não é um dom, mas sim uma habilidade à ser desenvolvida através da prática, exercícios e aplicação de técnicas corretas. O mais interessante é que, a dificuldade não está na falta de conhecimento, mas no pouco domínio das técnicas para transmiti-lo. Um grande intelectual baiano Cezar Zama[1] afirmou no início do século passado:
Falar não é apenas uma natural função do espírito mas sim uma arte, um tecnicismo, um ofício intelectual que se pode aprender através de um método.
Para falar bem com desenvoltura e segurança, é necessário construir um modelo personalizado de falar. Isso por que cada pessoa tem a sua singularidade em todos os aspectos. Por mais que de inicio uma pessoa seja usada como inspiração, a pessoa tende à desenvolver as suas próprias habilidades. Assim, ela deve ter em mente que existe o tripé básico da comunicação que é constituído pelos três níveis da comunicação sendo eles: O que falar; Como falar e Comunicação Visual. Após sincronizar os três níveis, já será possível ter um estilo de comunicação.
- 1° NÍVEL – O QUE FALAR: Refere-se ao conteúdo do que será falado, a mensagem;
- 2° NÍVEL – COMO FALAR: Refere-se à utilização da ritmia da voz, o brilho, seu timbre e altura. Se no primeiro nível transmite-se uma mensagem, por meio do segundo, é possível transmitir um sentimento; e
- 3° NÍVEL – COMUNICAÇÃO VISUAL OU CINESTÉSICA: Trata-se da comunicação corporal sendo caracterizada pela postura, gestos, a descontração, movimentação e expressão facial.
3- DESENVOLVENDO UM ESQUEMA PARA FALAR BEM
Zalkowitsch, em sua obra Comunicação de Impacto, descreve um “esquema” com algumas etapas baseado na sua teoria AIDA (ATENÇÃO, INTERESSE, DESEJO E AÇÃO). Para o autor essas etapas compõe a estrutura necessária para tornar mais interessante o conteúdo à ser falado.
3.1 – ESQUEMA AIDA
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Sobre o Orador |
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1 - SAUDAÇÃO / VOCATIVOS |
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2 - INTRODUÇÃO |
Direta ou indireta |
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Sobre o Tema |
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INTERESSE |
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Sobre o assunto |
3.1 - Exposição ou Narração |
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* Preparar a disposição dos ouvintes |
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* Abordagem do Genérico |
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3 – DISCUSSÃO |
* Exposição do Problema (ilustrações) |
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DESEJO |
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Com relação às Afirmativas Chaves |
3. 2 - Argumentação ou meta |
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* Apresentação das afirmativas chave |
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* Abordagem do Específico; |
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* Apresentação das Soluções. |
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AÇÃO |
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4 – CONCLUSÃO |
* Recapitulação |
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Objetivo Proposto |
* Epílogo |
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3.2 – CUIDADOS ESSENCIAIS
O método “AIDA” proposto por Zalkowitsch mostra que, é exatamente na saudação que a pessoa consegue despertar o interesse tanto pelo tema, quanto para o próprio orador. Assim, desde a apresentação é importante evitar gafes tais como:
- Fazer falsos elogios: é a situação mais comum a pessoa iniciar as apresentações com aquelas frases demasiadas de elogios do tipo: “senhores, me sinto muito orgulhoso, essa sem dúvidas é a melhor platéia que já falei(...)”. A pessoa tenderá em platéias diferentes repetir os mesmos vocativos.
- Falsa Modéstia: “senhores, não me julgo à altura para falar a uma platéia tão seleta como essa, mas tentarei apresentar algumas coisas que julgo importante”. Isso daria lugar à qualquer questionar: se não está à altura, por que então resolveu apresentar?
- Desculpas: “bem gente, hoje estou meio roço(...) ontem a noite faltou luz e não tive como apresentar (...), vim saber de ultima hora(...)”. Cabe perguntar mais uma vez, se não está preparado por que não ficou em casa?
- Falar muito: na apresentação é importante ser breve, direto e espontâneo. Evitando falar de forma alongada, principalmente assuntos que não fazem parte do contexto, por exemplo, quem o convidou, por que ele acha que o tema é importante.
- Iniciar criticando alguém ou algo: essa é uma forma interessante de conquistar a antipatia das pessoas, e criar a impressão de “despeito” e inferioridade.
- Iniciar contanto piadas: além de não ser aquequado para algumas situações específicas, tem o fator da habilidade de quem fala. Popularmente afirma-se que, o que torna a piada engraçada não é o conteúdo, mas quem está contando. É diferente da situação de humorizar uma situação, por exemplo contando algo ruim como se fosse engraçado. Já a piada, é mais recomendável deixar para quem realmente sabe.
4- COMO FALAR BEM DE FORMA CLARA, CORRETA E CONCISA
4-1 – TOME A INICIATIVA
Pitágoras, um filósofo grego afirmava que: o começo é o meio o todo. É impossível falar bem sem tomar a iniciativa de falar. É natural que nas primeiras vezes não consiga assimilar tão bem as orientações técnicas para fazer uma boa apresentação. E é extremamente natural e aceitável que isso aconteça, afinal, é a junção das lições de tais experiências que se desenvolve um bom método de falar.
4.2 – PRESERVE E FORTALEÇA A SUA AUTO-ESTIMA
De nada adianta ler inúmeros artigos sobre o assunto, fazer cursos e etc. se não existe auto-confiança. Todos, de modo geral, em um determinado assunto, são verdadeiras “autoridades”. Ex: em um bate papo durante o cafezinho alguém narra uma atitude que tomou no passado que julga ser certa. Certamente a pessoa quando narrou tal atitude, conseguiu “roubar” a atenção de todos devido a autoridade impostada para narrar tal fato.
Além disso, é importante que a pessoa tenha consciência do seu “auto-valor”. Na visão Luix Pallwels[2], em seu livro O Despertar dos Mágicos, o drama de nossas vidas são reflexos das visões mais íntimas que temos de nós mesmos. Assim, se julgamos sermos capazes, nos tornamos capazes, por outro lado, se nos julgar-mos incapazes, nos tornaremos também. Para ele é importante acreditar em nossa capacidade para superar desafios.
Og Mandino[3] afirma que o fracasso não nos surpreenderá, se a decisão de vencer for suficientemente forte. Para o psicólogo Willian James, dizia que em relação ao que poderíamos ser, estamos meio despertos, utilizando apenas uma pequena parte dos nossos recursos físicos e mentais.
4.3 - PREPARE-SE FAZENDO A “SUA LIÇÃO DE CASA”
Uma pessoa que não conhece nada sobre um tema, seja ele qual for, ou sequer tenha lido alguma coisa a respeito, dificilmente irá conseguir uma eloqüência durante a exposição de um assunto, e será bastante “infeliz” em suas colocações, pois na hora que alguém fizer alguma pergunta sobre assunto, certamente, essa não saberá responder corretamente, nem “embromando”.
É realmente impossível conseguir decorar uma obra literária seja ela qual for, por menor que seja, pois as pessoas não conseguem lembrar palavra – por – palavra, é praticamente impossível. Mas é possível sim transmitir as idéias principais de uma determinada obra sem precisar mencionar as palavras do livro. Para isso deve-se:
- Ler o máximo que puder sobre o assunto que será apresentado;
- Liste alguns tópicos que a faça lembrar dos assuntos;
- Criar algumas associações com que a pessoa sabe;
- No final, a pessoa pega apenas os tópicos e faz de conta que está explicando para alguém, como se estivesse dando uma aula (olhando apenas os tópicos); e
- Na hora de se apresentar, basta construir um “esquema” com esses tópicos estudados.
4.4 - VERIFICAR QUEM É O PÚBLICO ANTES DE FALAR
Para cada público, aquilo que falamos causa uma reação diferente, sobretudo quando usamos ilustrações (exemplos). Conhecer bem a platéia antes de falar, permite que a pessoa evite cometer alguns erros e gafes. Por exemplo, numa turma de pessoas de baixa instrução, usar jargões de profissão faria o público sentir-se deslocado, ou ainda numa turma de estudantes de administração, usar termos técnicos de informática.
4.5 - USE A SUA SÍMPATIA , SORRIA E CUMPRIMENTE AS PESSOAS COM OS OLHOS
É praticamente impossível encontrar alguém que se agrade com uma apresentação arrogante e com fisionomia sisuda. Esse tipo de exposição transmite a impressão de alguém arrogante e prepotente. Ao estabelecer o contato visual com a platéia, é importante que a pessoa procure olhar com simpatia para a mesma, cumprimentando panoramicamente as pessoas com os olhos, certificando-se que todas tenham sido vistas (pelo menos a maioria). Isso deixa as pessoas mais “leves” e recíprocas para ouvirem o conteúdo do que será dito, e cria um clima de empatia mútua.
4.6 - AO FALAR, FALE SEMPRE NA DIREÇÃO DE ALGUÉM
É extremamente desagradável assisti à uma apresentação seja ela qual for, onde a pessoa que está falando, permanece olhando para um ponto fixo, seja no fundo da sala, embaixo ou em cima. Transmite-se tanto uma imagem de insegurança quanto a desatenção. Assim, ao iniciar a apresentação deve-se começar olhando para alguém. Discretamente, olha-se para outra em outro ângulo da sala, até que tenha conseguido olhar para todas.
4.7 – ATENTAR-SE PARA A POSTURA CORRETA E NÃO FICAR “CHUMBADO” NO CHÃO
Freqüentemente vemos diversos autores que apresentam algumas alternativas de postura para iniciar a apresentação. Geralmente a postura sugerida é a clássica, isso é, com ambos os pés juntos, e os braços abaixados. De fato é uma postura elegante e aceitável em qualquer situação de apresentação oral. Porém, a grande questão é que essa forma é indicada para aquelas pessoas que já tem o costume de falar, pois para quem ainda não tem a prática, ficar com o peso do corpo dividido em 50% + 50%, além de deixar a pessoas ainda mais tensas, ela poderá possivelmente ficar:
- Apoiando-se nas pontas dos pés;
- “Dançando valsa”;
- “Quebrando” para os lados; e
- Perdendo o equilíbrio.
Para uma apresentação mais descontraída e menos propensa à esses tipos de situações, deve-se usar a técnica do “70 / 30”, ou seja desloca-se uma das pernas para trás, e lança a maior parte do peso do corpo sobre essa perna. Formando um “V” lateral.
4.8 – GESTOS DEVEM SER SUAVES E SEM EXAGEROS
Ainda na mesma “linha” de pensamento do tópico acima, quanto a postura inicial, no que se refere às mãos, cuja orientação é para que elas permaneçam baixas à altura da cintura. A impressão que dá, é que elas estão amarradas e com isso termina acontecendo aqueles problemas que são “clássicos” como:
- Ficar com as mãos no bolso;
- Pegando no cabelo;
- Pegando na caneta;
- Pegando na cintura;
- Cruza os braços;
- Consertando a roupa;
- Pegando no celular e etc.;
Assim, uma forma simples de solucionar esse problema é mudar também totalmente essa postura. Ao iniciar a apresentação, com o corpo no “70 / 30”, as mãos devem estar à altura do umbigo, semi-fechadas (de modo que a ponta dos dedos fique à alguns milímetros da palma da mão, e na “fenda” formada pela mão, seja possível ainda passar um cabo de vassoura.
A essa altura, é muito mais fácil a gesticulação prover de forma natural e espontânea. Os gestos deverão ser sempre feitos abaixo dos ombros, e acima da cintura.
4.9 - TEATRALIZAÇÃO E FISIONOMIA
Uma pesquisa realizada pela UCLA – Universidade da Califórnia em Los Angeles, fez uma pesquisa sobre os três níveis da comunicação objetivando “mapear” qual é o real impacto de cada uma delas. Surpreendentemente obteve as seguintes informações:
O conteúdo daquilo que é falado causa um impacto de apenas 7%, a forma como o assunto é falado corresponde à 38%, e a nossa postura, gestos, movimentação e teatralização corresponde à 55% do impacto da comunicação.
Numa análise desses dados, Zalkowitsh (2010)[4] faz a seguinte consideração:
“No primeiro momento esses números podem parecer discrepantes. Em verdade, a palavra deve ser vista como uma salada de verduras, que por mais ingredientes que tenha, sem um tempero, torna-se insossa e sem graça. A expressividade da voz e a sua expressão facial, gesticulação e postura chamados de metacomunicação, é o tempero da palavra, que irá dar vida e sabor ao que você fala.
Imaginemos um repórter que, numa exibição em horário nobre relata sobre a queda de uma avião onde várias pessoas morrem. É possível observar que, a forma como ele irá comunicar o fato é com um certo “sentimento” de modo à transmitir para as pessoas a sua desaprovação quando ao ocorrido. Senão, certamente a emissora e programa que exibissem o repórter dando a noticia com uma certa indiferença, como se não fizesse diferença o fato das pessoas terem morrido, seriam ambos censurados pelos telespectadores.
Da mesma forma um executivo quando vai parabenizar a sua equipe pelo cumprimento da meta. O objetivo, é envolver as pessoas para que essas fiquem felizes, estimuladas e queiram realizar o feito outras vezes, por isso a comuniação nessa situação deve ser com entusiasmo e enérgica. Caso seja transmitida de forma “fria”, certamente não irá causar o impacto desejado, e a equipe certamente irá se sentir constrangida.
5- COMO SUPERAR O MEDO DE FALAR
Numa analogia mais aplicada, falar é como tomar um banho de água fria numa manhã. De inicio, causa um certo “choque”, mas depois de algum tempo, aquela sensação vai sendo substituída pela sensação de bem estar, as vezes é necessário até um estimulo para que a pessoa saia debaixo do chuveiro. Assim também é a arte de falar em público, no inicio, devido a imperícia da pessoa, é natural que essa não se sinta tão à vontade, mas certamente, depois de experimentar mais vezes, ela certamente irá sentir-se melhor.
Conforme fora mencionado anteriormente, aquele “friozinho” que dá na barriga quando a pessoa está exposta à uma situação de ter que falar é natural e extremamente aceitável. Não é esse nervosismo inicial que atrapalha, mas sim as sucessivas ações que a pessoa mesmo comete que posteriormente vão atrapalhando. Assim, é importante atentar para alguns detalhes que ajudam à superar esse medo.
5.1 - OLHAR PARA UM PONTO NEUTRO DOS OLHOS
Não que essa orientação deva ser usada como regra, mas ela ajuda a pessoa relaxar mais na hora em que está falando. Esse ponto, no rosto entre os dois olhos quando o orador direciona-se para essa região, o ouvinte tem a sensação que está sendo olhado nos olhos. Assim quando o orador perceber que já tem a atenção das pessoas, poderá então olhar normalmente para os olhos.
5.2 – O OBJETIVO DEVE SER TRANSMITIR A MENSAGEM DE FORMA CLARA
Eis um outro problema da comunicação. A pessoa se preocupa mais com a reação, isso é, em agradar as outras pessoas do que realmente transmitir a mensagem que se propôs à comunicar. É importante se preocupar em desenvolver a mensagem com argumentos que permita as pessoas entenderem o que está sendo falado, pois quando esse é o foco, o resultado positivo torna-se uma conseqüência normal.
5.3 – SER PERSISTENTE
Falar bem é como conduzir um veiculo. No inicio, parece que a pessoa nunca conseguirá dominar as técnicas de direção, como passar macha, olhar no retrovisor, pisar na embreagem e etc. Mas a medida em que o esforço é repetido várias e várias vezes, a pessoa consegue internalizar os procedimentos de modo que, posteriormente ela conseguirá de forma natural e rotineira.
As dificuldades conseguem serem vencidas com determinação, dedicação, coragem e perseverança. Aqueles que confiam na sua capacidade de aperfeiçoamento, através do estudo, prática e esforço próprio alcançarão resultados surpreendentes para si. Og Mandino[5] cita no seu livro “O Maior Vendedor do Mundo”:
De hoje em diante considerarei o esforço de cada dia como um golpe de machado no poderoso carvalho. O primeiro golpe pode não causar tremor na madeira, nem o segundo, nem o terceiro. Cada golpe pode parecer insignificante e sem nenhuma conseqüência. Contudo a custo de repetidos golpes, o carvalho finalmente tombará. Assim também será com os esforços de hoje
A cada passo, a pessoa consegue evoluir, melhorar, aprimorar e sem dúvidas se aproximar ainda mais da excelência e perfeição do que aqueles que simplesmente desistem contentando-se com as dificuldades.
5.4 – TREINAR DIANTE DE UM ESPELHO OU CAMÊRA
Pode até parecer algo sem sentido, mas é a mais pura realidade. Quando a pessoa fala diante de um espelho, ou melhor, filma-se através de um celular ou uma câmera digital e assiste posteriormente, ela tem mais chances de se auto-observar e com isso realizar uma auto-avaliação sobre a assimilação das técnicas. Assim, a cada vez que uma falha for detectada, ela mesma poderá corrigir e refazer o exercício até que esteja fazendo com perfeição todo o processo.
5.5 – USAR UMA LINGUAGEM SIMPLES
É um mito pensar que o ato de falar bem, consiste na utilização de uma linguagem formal, cheia de artificialismos e jargões que poucos entendam. É simples, basta imaginar um programador de sistema, conversando sobre o assunto com alguém que é completamente leigo em informática. É natural que o leigo, sinta-se inferior por não conseguir compreender (ainda que finja está entendendo).
Muitos políticos não conseguem alcançar êxito nas eleições por que a maioria apresenta um discurso repleto de artificialismos e fora da média de compreensão da maioria dos eleitores. Da mesma forma ficar o tempo todo citando bibliografias e obras literárias que não é da realidade dos ouvintes.
Outro fator importante é são as ilustrações, isso é, exemplos daquilo que estamos falando. Um vendedor de tintas, que apresenta o seu produto para alguém, afirma que, a pigmentação da tinta é tão branca quanto a neve do Canadá. Essa analogia especifica certamente não será compreendida por todos, por que poucos já viram neve no Brasil. Mas certamente se ele disser que a pigmentação é tão alva quanto a polpa do coco, a ilustração ficará mais clara.
O poeta francês Paul Valery[6] faz uma recomendação importante:
Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais curta. Entre duas curtas, escolha a mais conhecida.
CONCLUSÃO
Falar bem não deve ser visto como algo impossível ou de privilégio de poucos. Qualquer pessoa que assimilar as técnicas da comunicação e exercitarem-na certamente serão grandes oradores. Aquelas pessoas que não conseguem desenvolver a sua capacidade de comunicação, manifestam excessiva timidez achando que o ilusório anonimato é mais seguro do a exposição.
É necessário haver audácia, persistência, fé em si mesmo e principalmente, auto-disciplina para conter as emoções erradas nesse sentido. Somente assim, é possível quebrar os entraves das oportunidades e tornar-se um bom profissional.
REFERÊNCIAS
- ARISTÓTELES, Arte Retórica. Ediouro. RJ.
- ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Forense Universitária. RJ.
- BERLO, David K. O Processo da Comunicação. Fundo de Cultura RJ
- ZALKOWITSCH, Piotr. Comunicação de Impacto. Ed. ISCEP. SSA/BA.
- ZALKOWITSCH, Piotr. Comunicação e Liderança. Nova - Econômica. SSA/BA.
- ZALKOWITSCH, Piotr. Comunicação Motivacional. Ed. ISCEP. SSA/BA
- ZALKOWITSCH, Piotr. Fale em Público com Sucesso. Master Leader. SSA/BA
* Especialista em e Marketing com Gestão Estratégica, Especialista em Docência do Ensino Superior Administrador de Empresas, Empresário, Consultor Empresarial, Diretor e professor da CI – Soluções Empresariais e Treinamentos.
[1] ZAMA, Cezar. Os Três Grandes Oradores da Antiguidade. Salvador. Editora Progresso.
[2] São Paulo: Editora Difel.
[3] O Maior Vendedor do Mundo, Rio de Janeiro: Editora Record. 1968.
[4] Comunicação de Impacto, 9° edição – ISCEP, Salvador. P 38
[5] Cf. nota 24.
[6] Poeta, ensaísta francês. (1871 – 1945)