Fake History: "O Brasil é um país bicolor e a pobreza tem cor negra"
Por Félix Maier | 30/11/2020 | HistóriaFake History: "O Brasil é um país bicolor e a pobreza tem cor negra"
"Raça é um conceito social, não um conceito científico" (Craig Venter, geneticista, o primeiro a descrever o genoma humano).
Por Félix Maier
"Racismo"
A "Teoria popular das raças" foi desenvolvida pelo filósofo Johann Gottfried Herder (1744-1803), que mais tarde foi transformada em várias teorias raciais e no conceito ariano de superioridade racial alemã de Hitler. O diplomata francês Joseph-Arthur, Conde de Gobineau, escreveu o "Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas" (1853-1855). Suas teorias sobre o ariano como raça pura levou ao antissemitismo nazista. Para Gobineau, a raça humana branca é superior à negra e à amarela, e na raça branca haveria ainda seres superiores, como os de sangue ariano, "raça pura descendente dos deuses", entre os quais não houve jamais mestiçagem. Gobineau “via a degeneração ocorrendo quando as pessoas se cansam e as sociedades não mais sustentam os valores outrora sustentados. Misturar sangue é uma fonte de degeneração, muito embora, paradoxalmente, Gobineau admitisse que isso também pode ser uma fonte de vigor” (BODANSKY, 2002: 134).
Alfred Rosenberg foi o “filósofo” racial do movimento nazista. O sequenciamento do genoma humano prova que essa "ciência" da raça superior não tem fundamento genético, pois a análise do DNA mostra que negros, brancos, índios e asiáticos partilham 99,99% dos menos de 40.000 genes humanos (antes dos estudos do projeto genoma humano, o número de genes do homem era estimado entre 60 mil e 100 mil). Ou seja, não há raças humanas, pois não somos cães.
Assim, o próprio “racismo” já não faz mais sentido – cfr. textos no link http://felixmaier1950.blogspot.com/.../biologos-alemaes....
“O dia em que pararmos de nos preocupar com a consciência negra, amarela ou branca, e nos preocuparmos com a consciência humana, o racismo desaparecerá” (Morgan Freeman, ator negro norte-americano).
A Constituição brasileira preceitua que constitui objetivo fundamental “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (Art. 3º, IV). O Brasil faz parte da Convenção Internacional para Eliminação de Toda Forma de Discriminação Racial, de 07/03/1966, pelo qual se compromete a tomar “medidas diretas e positivas para eliminar todo estímulo à discriminação racial e eliminar toda ação racialmente discriminador” (Art. 4º da Convenção). Além disso, lei brasileira de 1989 estabelece de um a três anos de prisão e multa nos casos de “preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Atualmente, há muitos grupos “racistas”:
- Igreja Mundial do Criador: igreja dos racistas da raça ariana, lutam contra judeus, negros e homossexuais; o símbolo é um “W” com uma coroa e uma auréola acima da letra;
- Heil Hitler: na saudação nazista, significa “Salve Hitler”; o “H” é a oitava letra do alfabeto (por isso o símbolo do movimento é “88”) e lembra o maior líder antijudaico da história;
- White Power: a mão em forma de “A”, na linguagem do surdo-mudo, significa “ariano”; é usado como cumprimento pelos racistas;
- Hammerskin: o símbolo, dois martelos cruzados sobre uma engrenagem, representa os skinheads (cabeças raspadas) mais temidos do mundo;
- Supremacia Branca: o símbolo é o nº “14”, devido às 14 palavras da frase: “Devemos garantir a existência de nosso povo e o futuro das nossas crianças brancas”;
- Cruz Celta: o símbolo tem a cruz celta com as palavras WHITE PRIDE WORLD WIDE (Poder Branco no Mundo Inteiro); símbolo internacional utilizado por discriminadores de negros.
No Brasil, existem os grupos racistas “Carecas do ABC” (São Paulo) e “Carecas do Brasil” (Bangu, Rio), que perseguem judeus, homossexuais e nordestinos.
"Racismo negro"
O “racismo negro” - se racismo houvesse, pois não há raças humanas, não somos cães - teve grande impulso com FHC, que na deliberação do Programa Nacional dos Direitos Humanos, criado em 1996, deu início à divisão do Brasil em um país bicolor:
"Determinar ao IBGE a adoção do critério de se considerar os mulatos, os pardos e os pretos como integrantes do contingente de população negra".
“O que a sociologia que dividiu o Brasil entre negros e brancos não percebe é que, ao fazer isso, chancelou a construção racista americana segundo a qual todo mundo que não é branco é negro. É usar de uma metodologia racista para analisar o racismo” (KAMEL, 2009: 23-24).
Assim, os negros mestiços, ainda que tenham 50% de sangue europeu, passam a ser tratados como africanos puros, "zulus arianos". Com uma penada, FHC pretendeu acabar com uma instituição nacional, a “mulata”.
“Com este jogo de conceitos, o censo, que apresentava 51,4% da população brasileira como sendo branca, 5,9% como negra e 42% como parda, com o advento da nova expressão fez com que a população negra passasse a constituir 47,9% dos brasileiros. Diante dos números acima, foi criado o slogan: ‘No Brasil a pobreza tem cor, e ela é negra’. A causa da pobreza dos negros seria um ‘racismo escondido’. O governo, em vez de combater a pobreza com os instrumentos clássicos de educação de qualidade, geração de emprego, fortalecimento da família e de valores morais, com amor ao trabalho e à poupança, vem criando uma série de programas de incitamento à revolta, resultando em invasões de propriedades e desrespeito às decisões judiciais” (BARRETTO, 2007: 11-12).
O baiano Francisco Félix de Souza nasceu em 1771, filho de um português com uma escrava. Alforriado aos 17 anos, mudou-se para a terra dos seus ancestrais, na África. “Assim, em 1788, Francisco Félix de Souza desembarcou em Benin e, por ironia do destino, tornou-se um próspero traficante de escravos. Morreu aos 94 anos, teve 53 mulheres, oitenta filhos e 12.000 escravos, deixando aos herdeiros um fabuloso império de 120 milhões de dólares, em dinheiro de hoje” (Alexandre Oltramari, in “Pelas lentes da história”, revista Veja, 10/12/2003, pg. 115).
"Segundo o IBGE, os negros são 5,9% e não 48%. Os brancos são, de fato, 51,4% da população. A grande omissão diz respeito aos pardos: eles são 42% dos brasileiros. Entre os 56,8 milhões de pobres, os negros são 7,1%, e não 65,8%. Os brancos, 34,2%, e os pardos, 58,7%, Portanto, se a pobreza tem uma cor no Brasil, essa cor é parda (KAMEL, 2009: 49).
Notas:
BARRETTO, Nelson Ramos. A Revolução Quilombola - Guerra racial, confisco agrário e urbano, coletivismo. Editora Artpress, São Paulo, 2007.
BODANSKY, Yossef. Bin Laden - O Homem que Declarou Guerra à América. Ediouro, São Paulo, 2002.
KAMEL, Ali. Não somos racistas – Uma reação aos que querem nos transformar numa nação bicolor. Bibliex, Rio de Janeiro, 2009.