FAIXA ETÁRIA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Por Andressa S. Silva | 16/11/2010 | Saúde

"É uma infâmia nascer para morrer não se sabe quando nem onde."
(Clarice Lispector)

Desenvolvimento é o aumento das capacidades da criança para a realização de funções cada vez mais complexas. Ocorre segundo padrões definidos, a saber; céfalo-caudal; próximo-distal e simples-complexo (Collet e Oliveira, 2002).
Para Lima et al (2006), o padrão de desenvolvimento céfalo-caudal nos mostra que a progressão se dá da cabeça aos artelhos, o que significa dizer que o controle da cabeça se dá antes de desenvolver a capacidade de andar. No padrão próximo-distal temos como característica o desenvolvimento do tronco até as extremidades, o que nos remete ao fato de, nos primeiros meses de vida, o lactente move os braços e as pernas, mas não pinça objetos com os dedos. Já no padrão simples-complexo (também conhecido como geral-específico), a criança passa das tarefas simples às mais complexas, por exemplo, primeiro ela engatinha, depois anda e depois aprende a saltar.
Vários autores elaboraram teorias de desenvolvimento, como a teoria psicossexual de Freud, a teoria psicossocial de Erik Erikson e a teoria cognitiva de Piaget (Lima et al, 2007). Dentre estas e outras, optou-se pela teoria de Jean Piaget, por ser considerada a mais próxima da enfermagem, e a de maior facilidade de apreensão.
A obra de Piaget torna-se importante para o desenvolvimento deste trabalho, pois com ela foi possível conhecer as faixas etárias e suas possíveis relações com o desenvolvimento infantil.
Dentre as fases do desenvolvimento humano elaboradas por Piaget, médico suíço que estudou o desenvolvimento humano, a que mais mereceria atenção para trabalhar com o tema da morte seria a pré-operacional, que perdura por cerca dos 3 aos 6 anos de idade, pois traz características próprias que apontam para a maior dificuldade na compreensão da morte como processo, os motivos de sua ocorrência e suas consequências, de acordo com Papalia e Olds (2000).
Para Collet e Oliveira (2002), na enfermagem essa fase pode ser definida como pré-escolar, e compreende dos 2 aos 6 anos, aproximadamente.
Considerando a afinidade pelos estudos de enfermagem, podem ser apontadas então as características do desenvolvimento cognitivo e social nessa fase relacionados por estas autoras, enfermeiras de formação.
Existe a tendência à tentativa de domínio sobre a própria criança e sobre objetos conhecidos. A experiência de morte e da possível perca da capacidade de dominar os cuidados a ela prestados pode gerar então frustração e raiva, dificultando a atuação da enfermagem.
Os resultados positivos que as crianças obtém nessa fase trazem a possibilidade de auto-conhecimento. Este auto-conhecimento dá à criança segurança. No ambiente hospitalar não é possível viabilizar tantas experiências positivas para a criança. Na verdade, o ambiente em si já é uma experiência negativa, o que dificulta a possibilidade da enfermagem auxiliar a criança nessa situação.
O primeiro ato de socialização aparente nessa fase é chamar alguém que possa satisfazer uma necessidade ou desejo. No hospital não estarão presentes todas as pessoas importantes para a criança ao mesmo tempo, por questões de infecção, controle de entrada e saída, tumulto para o desenvolvimento das atividades de enfermagem. Isso, associada à insegurança e à raiva, acaba por frustrar mais ainda a criança e potencializar essas experiências negativas, sem que ela se sinta à vontade para expor seus sentimentos e trabalhá-los (Collet e Oliveira, 2002).
Por curiosidade, utiliza objetos em conjunto com outras crianças, não pela intenção de partilhar, mas pela tolerância e curiosidade. É sobre essa curiosidade que a enfermagem pode intervir com o brinquedo terapêutico e as orientações.

Referências:
COLLET, N e OLIVEIRA, BRG. Manual de Enfermagem em Pediatria. Goiânia: AB editora, 2002.
LIMA, JS. A importância do brincar e do brinquedo para as crianças de três a quatro anos na Educação Infantil. Monografia para conclusão de curso. Universidade Veiga de Almeida. Rio de Janeiro, 2006.
PAPALIA, DE e OLDS, SW. Desenvolvimento humano. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
PIAGET, J, 1973 apud PAPAGLIA, DE e OLDS, SW. Desenvolvimento humano. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SILVA, AS. A enfermagem frente à morte de crianças institucionalizadas de 3 a 6 anos de idade: uma análise dos artigos 15 a 17 do estatuto da criança e do Adolescente. Monografia. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2008.
SILVA, AS. A importância do uso do brinquedo terapêutico por enfermeiros para crianças em tratamento quimioterápico. Disponível em: <http:www.portaleducacao.com.br/enfermagem/artigos/5758/a-importancia-do-uso-do-brinquedo-terapeutico-por-enfermeiros-para-criancas-em>. Publicado em 11/11/2010.