Fabulas Modernas
Por Julinho de Adelaide Santos Ferreira | 21/08/2009 | ContosTuvalu é um pequeno país localizado no continente asiático. Não tem muitas riquezas. É uma ilha. O seu grande trunfo comercial ocorreu com o advento da Internet e trata-se da venda de domínios de sites da Internet com a terminação tv.
Como muitas pessoas físicas e jurídicas, inclusive famosos, acordaram muito tarde para a Internet, quando resolveram entrar, outros já tinham registrado seu domínio, e a solução para esses casos foi registrar um novo domínio em Tuvalu (Por exemplo, a Xuxa quando quis entrar na Internet, alguém já tinha registrado o domínio xuxa.com, e até sasha.com, e muitos outros casos).
Para administrar a situação, o Govêrno de Tuvalu, por meio (nunca através) do Ministério da Indústria e Comércio de Tuvalu, resolveu, em 1998, criar um corpo de funcionários categorizados, muito importantes, classificados como função típica de Estado para organizar a concessão dos endereços de Internet. Eram os ACEs, os Analistas de Criação de Endereços.
Em 1998 mesmo foi organizado um concurso público e formada a 1ª Turma de ACEs. Tudo ia bem, os negócios iam melhorando e foi necessário a contratação de mais funcionários, o que ocorreu em 2001, por meio (nunca através) de um novo concurso público realizado sob a coordenação da Pesque/UnT – Centro de Pesque e Pague da Universidade de Tuvalu.
E assim, em 2001, uma nova turma de ACEs – Analistas de Criação de Endereços, os ACEs 2001, passou a fazer parte do corpo de funcionários públicos de Tuvalu. A turma era muito boa, querida pelos ACEs de 1998, pois representavam a continuidade da carreira, e era composta em sua maioria por excelentes profissionais, como todo grupo social. Porém, fatos estranhos começaram a acontecer envolvendo alguns integrantes da Turma de ACEs 2001, senão vejamos:
1) Estourou um escândalo de vendas de vagas em concursos públicos organizados pela Pesque/UnT e existem suspeitas de que 2 ACEs 2001 participaram do esquema e entraram no Governo de Tuvalu por meio (naquele Ministério não se usa através) da compra de vagas.
2) Um ACE 2001, que trabalhava no mesmo andar do Gabinete do Ministro, 6º andar do prédio, em virtude de uma promoção de Operadora de Celular de Tuvalu, a Uai Sô, resolveu carregar o seu telefone celular usando o seu telefone de trabalho no Ministério. Ele ligava do seu telefone do Ministério para o seu próprio telefone celular, e deixava o telefone do Ministério pendurado o dia todo. Assim, o telefone celular do ACE 2001 era carregado de créditos no mesmo montante de minutos em que ficou atendendo a ligação do telefone do Ministério. Depois que descobriram, todos os funcionários do Ministério tiveram que pagar celular, até para ligações locais.
3) Um ACE 2001 tentou extorquir outro ACE 2001, de origem nipônica, por meio do golpe “Boa Noite Cinderela”.
4) Um ACE 2001, que trabalhava num dos últimos andares do prédio do Ministério, andava armado, e chegava todo dia ao serviço falando de suas conquistas sexuais, vangloriando-se de atos sexuais cometidos, inclusive estrupos, e desrespeitando seus colegas de trabalho, principalmente, as mulheres.
Porém, o mais incrível foram as 2 tentativas de tomar o poder no Ministério, em 2 tramas urdidas por uma trinca de ACEs 2001 conhecida por como Zé Dirceu, Marcos Valério e Gushiken. Zé Dirceu é um ACE 2001 gordo, de cabelos brancos, já de certa idade, com quase 60 anos de idade. Marcos Valério é mais novo, na casa dos 30 anos de idade, também gordo, e conhecido por festejar seu aniversário várias vezes. Já o Gushiken é o ACE 2001 de origem japonesa que anda sempre junto com o Zé Dirceu e Marcos Valério. Andam sempre juntos.
A primeira tentativa ocorreu em 2002 quando houve eleição para o cargo de Presidente da AACE – Associação dos Analistas de Criação de Endereços, que na época era ocupado pelo Gamaliel, o filho do Gargamel. O Filho do Gargamel, que nunca esteve envolvido com nenhum projeto importante no Ministério, queria se vingar de alguns superiores hierárquicos e aí o Zé Dirceu, sabedor da história, o iludiu dizendo que ele deveria apoiar um determinado ACE 2001, que etc. e tal, e coisa e lousa e maripousa, que esse ACE 2001 iria vingá-lo. O Filho do Gargamel que se achava muito esperto aceitou a proposta do Zé Dirceu, mas o Zé Dirceu também tinha negociado com alguns integrantes da antiga burocracia estabelecida e os objetivos do Zé Dirceu eram outros bem diferentes. O Zé Dirceu queria poder.
E assim, o determinado ACE 2001 foi eleito e assumiu a presidência da AACE – Associação dos Analistas de Criação de Endereços, porém, poucos meses depois renunciou, num dia em que houve uma Assembléia da AACE, aonde ele não conseguiu aprovar as loucuras que queria. E o Zé Dirceu e o Gushiken, como estavam comprometidos com outras coisas e com outras pessoas que não os ACEs, no meio da maior crise, pediram desligamento da AACE, e não deram explicações nem para o Filho do Gargamel.
Porém, a ação mais ousada para assumir o poder, aconteceu alguns anos depois quando Zé Dirceu e Marcos Valério fizeram uma denúncia em vários órgãos de controle do Governo de Tuvalu, como Tribunal de Contas e Corregedoria Geral, além do próprio gabinete do Ministro, alegando que os procedimentos no Ministério estavam errados.
O curioso nessa história é o Zé Dirceu querendo se passar por pessoa honesta e proba quando ele, contrariando a legislação de Tuvalu, assumiu o cargo de ACE mesmo sendo sócio-gerente de 2 empresas que não estavam com suas operações encerradas na Receita Federal de Tuvalu. 2 empresas. Pensava-se que era apenas uma, mas eram, mas são 2 empresas. E como se não bastasse, a companheira do Zé Dirceu, uma mulher de estatura física baixa, que gosta de usar óculos escuros, também tem empresa e é funcionária de outro órgão de outro Poder de Tuvalu. Enfim, um casalzinho sui generis, para não dizer picareta, ou outra coisa.
Mas loucura é loucura, e como Zé Dirceu e Marcos Valério perderam em todas as instâncias e todos os órgãos em que fizeram denúncias, resolveram então processar o próprio Tribunal de Contas de Tuvalu, pedindo cada um, a importância de cem mil moedas tuvalunesas de indenização por terem sido descobertos. Uns goiabas os pobres coitados.
E o mais impressionante nisso tudo é o atual Presidente da AACE, o irmão do Gamaliel, falando em defesa da transparência do governo, em moralidade na administração pública de Tuvalu, etc. e tal, e vive pra cima e pra baixo com o Zé Dirceu. Uma piada.
Pois é Zé Dirceu, a hora da revanche está chegando.
Julinho de Adelaide Santos Ferreira