EXPERIÊNCIA VIVIDA NA IMPLANTAÇÃO DO TRABALHO COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO...

Por ALEISSA MONALIZA VEIGA DA SILVA | 11/10/2012 | Educação

EXPERIÊNCIA VIVIDA NA IMPLANTAÇÃO DO TRABALHO COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO ATRAVÉS DO PRIMEIRO CURSO MINISTRADO NO MUNICÍPIO DE CRUZEIRO DO SUL-ACRE 2011.

Aleissa Monaliza Veiga da Silva: Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão NAPI – Pedagogia Especialista em Educação Especial Inclusiva1

Meyrecler Aglair de Oliveira Padilha: Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão NAPI - História, graduanda em Licenciatura plena em Ciências Biológicas e Especializanda em Educação Especial Inclusiva1

Maria Lazinete Soares Saraiva: Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão NAPI - História e Especializanda  em Educação Especial Inclusiva1

Jonas Lima Nicácio: Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão NAPI - Pedagogia e Especialista em Gestão escolar1

Maria Aldenora dos Santo Lima – Professora da Universidade Federal do Acre do Federal do Acre - UFAC2

 

RESUMO

O processo de inclusão é algo que vem sendo discutido pela sociedade, pois seu caráter obrigatório causa insatisfação em alguns profissionais que não buscam se desenvolver de acordo com as mudanças no âmbito educacional. Altas habilidades/Superdotação é um tema novo que gera polêmica, visto que está arraigado de mitos. Grande parte da sociedade acredita que ter Altas Habilidades/Superdotação é ser dotada de habilidades que envolvam todas as áreas do conhecimento, esta falta de intimidade com o tema, leva muitos a crer que ter superdotação significa ser gênio. Ressaltando que este assunto é a outra face da inclusão, que não lida com deficiência, mas com a eficiência. Em 2006 o Ministério da Educação e Cultura (MEC), implantou em cada estado do Brasil os Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAHS). Após 04 anos desse trabalho na capital do estado do Acre, no início de 2011, a Secretaria de Educação Estadual (SEE), através da Coordenação de Educação Especial, juntamente com o NAPI (Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão) implantou as Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) no município de Cruzeiro do Sul-Acre, lançando mão da formação de uma equipe para trabalhar este tema, visto que até então profissionais em educação, pais e comunidade eram leigos nessa área. Portanto, o objetivo dessa pesquisa é o de expor o início do trabalho da equipe de AH/SD de Cruzeiro do Sul, através da experiência vivenciada no primeiro curso oferecido aos professores e comunidade em geral. Atentamos também para as expectativas geradas pelos professores e demais cursistas a fim de conhecer realmente quem é o aluno com altas habilidades, dando início assim as indicações para um minucioso e prolongado processo de identificação com possíveis alunos superdotados. Trabalhamos no decorrer do curso conteúdos delineados que desmistificam e mostram quem são esses alunos, suas características e necessidades, como e para que precisam ser trabalhados. Para a concretização dessa pesquisa utilizamos de fontes bibliográficas que nos proporcionaram embasamento teórico e aprofundamento nesse assunto, como também entrevistas e relatos dos cursistas. Os resultados proporcionaram um olhar diferenciado para AH/SD, refletindo sobre os mitos, conceitos e preconceitos através de conhecimentos até então desconhecidos, iniciando o processo de inclusão e identificação dos mesmos no município de Cruzeiro do Sul. Deste modo, os alunos com Altas Habilidades/Superdotação não podem ser deixados ao acaso, muito pelo contrário, é necessário encontrar e identificar esses talentos, proporcionando-lhes um atendimento educacional especializado para trabalhar suas necessidades, e parcerias que auxiliem no desenvolvimento de seus potenciais.

Palavras chave: Inclusão; Talento; Mitos; Características.

LIVED EXPERIENCE IN THE IMPLEMENTATION OF WORKING WITH HIGH Abilities / Giftedness COURSE PROVIDED THROUGH THE FIRST CRUISE IN THE CITY OF SOUTH-ACRE 2011.

Abstract

The inclusion process is something that has been discussed by society because of its mandatory nature causes dissatisfaction in some professionals who do not seek to develop in line with changes in the educational field. High Abilities / Giftedness is a new issue that generates controversy, since it is rooted in myths. Much of society believes that having High Abilities / Giftedness is to be equipped with skills that involve all areas of knowledge, this lack of intimacy with the subject, leads many to believe that having it means to be gifted genius. Noting that this matter is the other side of inclusion, which deals with disability, but with efficiency. In 2006 the Ministry of Education and Culture (MEC), implemented in each state of Brazil Nuclei Activity High Abilities / Giftedness (NAAHS). After 04 years working in the capital of Acre state in early 2011, the State Department of Education (SEE), through the Coordination of Special Education, along with the NAPI (Center for Educational Support for Inclusion) implemented the High Skills / Giftedness (AH / SD) in Cruzeiro do Sul, Acre, making use of forming a team to work this issue, since until then education professionals, parents and community were laymen in this area. Therefore, the objective of this research is to expose the top of the team work of HA / SD of the Southern Cross, through the lived experience in the first course offered to teachers and the general community. We look also to the expectations generated by teachers and teacher students to know who exactly is the student with high ability, thus beginning the signs for a thorough and lengthy process of identifying gifted students with potential. We work throughout the course content designed to demystify and show who these students, their characteristics and needs, how and for what needs work. To achieve this research used literature sources who have provided theoretical and deepening this subject, as well as interviews and reports of course participants. The results provide a different look for HA / SD, reflecting on the myths, prejudices and concepts through knowledge hitherto unknown, initiating the process of inclusion and their identification in Cruzeiro do Sul. Thus, students with High Abilities / Giftedness can not be left to chance, quite the contrary, it is necessary to find and identify these talents, providing them with specialized educational services to work needs, and partnerships that assist in developing their potential.

Keywords: Inclusion, Talent, Myths, Features.

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

Para entender os termos da superdotação, é necessário um aprofundamento no tema a fim de analisar o real significado do conceito em que esta temática está inserida. Para tanto, é importante compreender a inteligência, bem como seus traços, isto é, os arranjos dos neurônios, as conexões entre os mesmos e a anatomia do cérebro.

“O processo que leva à evolução de um estágio de desenvolvimento para o seguinte é o mesmo para todos os indivíduos. O que vai produzir diferenças entre um dito "normal" e outro considerado "superdotado" e até entre "superdotados" é a maneira como as estruturas cognitivas se organizam na constante busca pelo entendimento do mundo e a adaptação ao meio social”. Piaget ( 2010, apud fascículo Mec).

Com base no fascículo do MEC sobre Altas Habilidades/Superdotação (2010), existem dois fatores que influenciam para o desenvolvimento da inteligência: a herança genética e a estimulação ambiental. Nesse sentido Jean Piaget, contribui com suas teorias para o conhecimento do processo da inteligência humana, nos permitindo compreender os aspectos de cada ser humano como um indivíduo diferenciado e único.

Na cartilha “um olhar para Altas habilidades/Superdotação: construindo cominhos”, em sua definição para a inteligência, diz que “a Inteligência é uma capacidade mental de raciocinar, de usar a razão, fatores estes que diferencia dos demais entes do mundo”(MEC, 2008a). Através da inteligência, o pensamento é acionado, e em consequência desta ação, as observações são feitas, favorecendo as relações lógicas, os acontecimentos possíveis. Contudo, ocorre a abstração e assimilação dos conceitos, organizando-os e sistematizando-os de forma clara e unívoca.

Existem diversas definições que tentam explicar de maneira geral todas as áreas da superdotação. Dessa maneira, podemos acompanhar como vem mudando a nomenclatura com relação a essa população, destacando as alterações sobre este tema.

Definindo as palavras, o “Superdotado é o indivíduo que demonstra desempenho superior ao de seus pares em uma ou mais das seguintes áreas: habilidade acadêmica, motora ou artística, criatividade, liderança”.  MEC (2008b). 

“Altas habilidades: Habilidades acima da média em um ou mais domínios: intelectual, das relações afetivas e sociais, das produções criativas, esportivas e psicomotoras.” (Ourofino & Guimarães, 2007).

“Talentoso: é aquele indivíduo que, quando comparado à população geral, apresenta uma habilidade significativamente superior em alguma área do conhecimento, podendo se destacar em uma ou várias áreas.” (ConBraSD)

Através desses conceitos citados acima, baseado em pensamento de estudiosos, pesquisadores e instituições, podemos concluir que, não existem muitas diferenças entre os termos que usamos para caracterizar essa população. Todas as definições que envolvem o tema encaminham para características que se configura em habilidades acima da média, quando comparado a seus demais pares, destacando-se pelo pensamento divergente, criativo e inovador na sua área de interesse. É importante considerar, que existe um fenômeno multidimensional em torno dessas definições, que envolve o desenvolvimento cognitivo, afetivo, neuropsicomotor e a personalidade.

 Unificando as palavras, Altas Habilidades, Superdotação e Talentoso, surge um conceito complexo sobre a temática em questão, que tenta explicar de maneira geral, e sucinta todas as áreas da superdotação. De acordo com o MEC, “Pessoas com altas habilidades/superdotação são aquelas que demonstram um potencial elevado, acima da média, em quaisquer das seguintes áreas isoladas ou combinadas: Intelectual, Acadêmica, Liderança, Psicomotricidade, e Artes. Também apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefa em áreas de seu interesse.” (MEC, 2008c).

De acordo com Renzulli (1998), para que um indivíduo, seja identificado após um processo de estudo, como tendo Altas habilidades/Superdotação é necessário que possua como características principais de personalidade um conjunto de três Anéis a saber: Habilidade acima da média, Envolvimento com a tarefa e Criatividade. Esses três anéis é o que determinam a Superdotação, ou seja, a falta de um desses anéis não corresponde a superdotação. Para um melhor entendimento, a seguir serão descritos cada um dos anéis.

A Habilidade Acima da média diz respeito à capacidade de resolver problemas ou situações que estão acima da média da sua idade. Esta habilidade divide-se em duas dimensões: As Habilidades gerais, que contemplam a capacidade de processar as informações com facilidades, na busca de novas experiências e engajando situações divergentes e inovadoras. E as habilidades específicas, adquirindo conhecimentos, práticas e habilidades para atuar em uma ou mais atividades de uma área específica. Outro Anel que define a Superdotação é a Criatividade, que se destaca pela fluência, flexibilidade e originalidade de pensamento, abertura a novas experiências, curiosidade, sensibilidade e coragem para correr risco.

Para fechar o conjunto de fatores da superdotação proposto por Rezulli, o aluno para ter superdotação precisa possuir um terceiro anel que é o Envolvimento com a tarefa. Este por sua vez é sinônimo de concentração, energia e foco para realizar determinada atividade na área de interesse, demonstrando uma forma refinada e direcionada de motivação própria.

A definição brasileira considera os educandos com altas habilidades/superdotação aqueles que apresentam grande facilidade de aprendizagem e que dominam rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes (Brasil, 2001, Art. 5º, III).

Entretanto, as pessoas com Altas Habilidades/Superdotação apresentam características que são lhes são peculiares.

•Capacidade Intelectual Geral – Rapidez de pensamento, compreensão e memória elevada, pensamento abstrato, curiosidade intelectual, poder extraordinário de observação;

• Aptidão Acadêmica Específica – Envolve atenção, concentração, motivação de interesse, capacidade de produção acadêmica, destaque em testes acadêmicos e desempenho excepcional na vida acadêmica;

• Pensamento Criativo ou Produtivo – Refere-se à originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas, ideias inovadoras e diferentes;

• Capacidade de Liderança – Refere-se à atitude cooperativa, capacidade de resolver situações sociais complexas, poder de persuasão e de influência no grupo;

•Talento Especial para Artes – elevado desempenho em artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas;

•Capacidade Psicomotora – Desempenho superior em esportes e atividades físicas, velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora fina e grossa.

 

MATERIAL E MÉTODOS

 Para a concretização deste estudo, utilizamos como base a pesquisa descritiva, com análise qualitativa. De acordo com Minayo (2000), "[...] a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas". Desta forma, este objeto de estudo vai de encontro ao conceito enfatizado, pois pretende- se coletar informações e dados a respeito das maneiras e pensamentos dos cursistas em relação ao tema proposto.

A pesquisa foi realizada na cidade de Cruzeiro do Sul- Acre, zona urbana, dentro de um curso oferecido pela Secretaria de Educação Estadual - SEE em parceria com o Núcleo de Apoio Pedagógico à Inclusão – NAPI e ministrado pela equipe de AH/SD, no mês de setembro no ano de 2011. Participaram 30 cursistas sendo professores da rede estadual, municipal, acadêmicos, e comunitários que juntos formaram a primeira turma e concluíram o curso de Altas Habilidades/Superdotação: “As faces do Talento”.

Os critérios estabelecidos para esta análise realizada com os cursistas tiveram por base a falta de cursos específicos sobre o tema aqui no município. Assim é que os participantes responderam a questionários fechados e abertos no início do curso antes de abordarmos os conteúdos e no decorrer das exposições as dúvidas que iam aparecendo eram sanadas pelos debates, e, por fim, questionários também abertos e fechados foram propostos ao término do curso ficando a critério dos participantes responderem ou não.

Os questionários utilizados nesta pesquisa continham ao todo quinze perguntas, sendo nove objetivas e seis subjetivas, os 30 cursitas responderam os questionários. Os relatos dos questionários abertos serão transcritos no resultado e discussão. Para manter a preservação da identidade dos sujeitos participantes da pesquisa, seus nomes foram substituídos por letras. Vale ressaltar que por motivo de estarmos relacionando as respostas dos questionários aos temas trabalhados nem todos os questionários abertos serão relatados nesta pesquisa.

 

 

 

 RESULTADO E DISCUSSÃO

Incluir significa abranger, compreender, envolver, implicar, acrescentar e estimular. Dessa forma, requer que respeitemos os indivíduos em seus mais distintos graus de aprendizagem, seja ela em menor ou maior intensidade.  O indivíduo superdotado é a “outra face da inclusão” que não lida com a deficiência, mas com a eficiência.

O superdotado é uma criança como qualquer outra, mas há algo que o distingue: o talento. Todo talento deve ser estimulado, regado como se fosse uma planta. Entretanto, existe uma teoria antiquada, segundo a qual a criança superdotada encontra um caminho para desenvolver seus potenciais sob quaisquer circunstâncias. (Landau, 2002).

Para ressaltarmos a diversidade em que o tema Altas habilidades/Superdotação está inserido, é necessário compreendermos as verdades e as mentiras que foram inseridas, acarretando mais problemas para esta população, uma vez que sua necessidade educacional especial não é nada visível quando comparado com as demais áreas da inclusão.

Um dos principais mitos que se encontra arraigado nessa temática é o fato de que muitas pessoas que não são leigos no assunto acreditam que Altas Habilidades/Superdotação é sinônimo de genialidade, quando na verdade esse fato é um grande erro, que dificulta ainda mais a compreensão dos termos da superdotação. O termo “super” nos leva a posicionar a superdotação como capacidades além do apresentado por um ser humano comum, o que exalta com bastante intensidade pessoas superdotada.

Não muito distante, está o município de Cruzeiro do Sul, onde a grande parte da população não ouvira falar de AH/SD, pois somente em 2011 é que foi implantada a equipe responsável por trabalhar este tema. Doravante, serão apresentados os resultados da experiência vivida na implantação do trabalho com altas habilidades/superdotação através do primeiro curso ministrado neste município.

O indivíduo que tem altas habilidades é que, quando comparado à população geral, apresenta uma habilidade significativamente superior em áreas do conhecimento, sejam elas combinadas ou isoladas. Contudo, muitas pessoas ainda rotulam, estereotipam os superdotados como gênios e que não precisam de auxilio para desenvolverem seus potencias, muitas vezes estes conceitos errôneos, persistem na falta de não se conhecer o que é a Altas Habilidades/Superdotação e quem são estes indivíduos e as características dos mesmos.

Podemos constatar está afirmação quando questionamos alguns cursitas antes do inicio do curso, como eles imaginavam uma pessoa com AH/SD?

Cursista A: “Imaginava que o aluno superdotado, era aquele aluno que estava sempre muito “atento” a tudo, que tira boas notas em “todas” as disciplinas, um verdadeiro gênio”.

Cursita B: “[...] ele era capaz de realizar qualquer atividade em qualquer disciplina, um verdadeiro gênio”.

Cursista C: “Eu pensava que era um aluno gênio, que sabia de tudo e que não precisava do professor para auxiliá-lo”.

Cursista D: “[...] cabelos arrumadinhos, óculos, com lentes grosseiras, garoto nata 10, quietinho”. 

Cursista E: “um NERD, sabe tudo, insuportável”.

Cursita F: “sabia de tudo em todas as áreas acadêmicas/curriculares/escolares”.

Todo conhecimento adquirido é sinônimo de paradigmas quebrados, uma nova concepção doravante aceitável e constituída de conceitos que cercam corretamente essa clientela dos Superdotados. Desta forma percebe-se que à medida que os conteúdos ministrados tais como: ‘’ Características dos Superdotados’’, foram sendo trabalhados, os ouvintes do curso foram adquirindo novos conhecimentos e reformulando conceitos antes pré-estabelecidos de forma equivocada.

 Desta maneira podemos analisar esta afirmação através das respostas obtidas ao decorrer dos questionários respondidos ao término do curso quando lhe fizemos a mesma pergunta do inicio: E depois do curso qual seu conceito para as pessoas com AH/SD? Vale ressaltar que as respostas foram obtidas das mesmas pessoas que já tinham expressado sua opinião.

Cursista A: “Após participar deste curso conclui que alunos com AH/SD não precisam ser bom em tudo, mas sim em qualquer uma das áreas”.

Cursista B: “Aprendi que a criança que tem AH/SD, nem sempre é aquele aluno que tira ótimas notas, às vezes ele tem habilidades apenas em uma disciplina, nem sempre é aquele aluno comportado”.

Cursista C: “Pessoas com AH/SD é uma pessoa que entende mais em uma ou mais áreas e que de certa forma precisa do professor para auxiliá-lo”.

Cursista D: “Após participar deste curso conclui que alunos com AH/SD não precisa ser bom em tudo, mas sim em qualquer uma das áreas”.

Cursista E: “A pessoa que tem AH/SD não necessariamente é bom tudo, ele pode ser bom em uma determinada área e outra não”.

Cursista F: “Após o Curso AH/SD, tenho uma visão, outra visão, outro conceito. Hoje, sei que o aluno com AH/SD, pode ter domínio de uma ou mais habilidades/disciplina. E que nem sempre irá ter ou ser o aluno nota dez”.

A pessoa com Altas Habilidades não é um gênio, isto por que o gênio foi aquele que deixou um legado para a humanidade com sua contribuição histórica e que revolucionou o contexto histórico ao qual estava inserido. Estima-se que para um século, nasça um gênio. Portanto, o gênio é um fenômeno raro, incomum, fora do percurso normal da natureza, diferente da superdotação, em que existem muitos dentro das escolas, da sociedade e nas famílias, mas que infelizmente a maioria encontra-se oculta, e por não possuírem um acompanhamento necessário, sua (s) habilidade (s) estão inertes, cristalizadas.

Entretanto, ao término do curso levantamos este questionamento para os cursistas; De acordo com seus conhecimentos ao decorrer do curso, o que você sabia sobre AH/SD era mito ou verdade?

Cursista: A “Tudo o que eu tinha de conhecimento sobre Altas Habilidades/superdotação era mito, imaginava ser superior a qualquer dificuldade e na verdade ele tem”. 

Cursista B: “super gênios, boas notas, bom em tudo, o “cara” .Tudo mito”

Cursista C: “[...] era mito, outras eram verdade”.

Cursista D: “era mito. [...] hoje sei que quem tem superdotação, tem habilidade superior em uma ou mais área, mas não em tudo”.

Outro assunto que assola o tema em questão é o fato de que todo aluno nota dez é indicador de Altas Habilidades/Superdotação. Ser um aluno "nota dez" nem sempre é indicador de superdotação, pois existe, em alguns casos, um meio favorável ao desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos. Nessa mesma perspectiva, tem alunos que são rigorosos com seu rendimento acadêmico, independente da cobrança dos pais. Por outro lado, pode ser que o aluno nota dez tenha Altas Habilidades/Superdotação, pois como já foi citado acima, aos leitores, existe a área acadêmica, em que o aluno possui habilidades superiores nas disciplinas do currículo. Mas, mesmo assim, se essas habilidades não estiverem sendo trabalhadas corretamente, com apoio, recursos e estratégias que auxiliem no desenvolvimento pessoal e emocional dessa pessoa, nem assim seu rendimento acadêmico será o melhor.

Quando abordamos a temática Educação Especial Inclusiva, temos logo em nosso pensamento um montante de perguntas, em si tratando da receptividade do professor parte integrante e fundamental desse processo inclusivo. Desta forma observamos a necessidade visível com relação à qualificação adequada destes educadores para que assim possa-se verdadeiramente acontecer à inclusão escolar de todos aqueles amparados pela lei inclusive os Superdotados.

Logo, remetem-se à seguinte reflexão, os docentes estão ou não preparados para trabalhar com a educação inclusiva dos Superdotados? Apesar de que desde alguns anos tenha-se notado um crescimento solido no processo de inclusão, ainda se tem muito a evoluir e entre tantos fatores, concorda-se com Sant’Ana (2005) que defende um reajuste na formação docente e Silva (2009) que afirma que o desenvolvimento da inclusão educacional “só pode ter bons resultados se forem feitos por meio da qualificação profissional”.

Partindo deste ponto de vista, podemos concluir através da questão proposta aos cursistas que ao serem indagados se os professores estão ou não preparados para trabalhar com os alunos com AH/SD, 70% responderam que não e como justificativa enfatizaram muitas falhas no próprio sistema educacional, que infelizmente ainda não atende de maneira eficaz a realidade dessa população. Logo observamos a importância dos cursos de capacitação que obtém um papel imprescindível para a preparação dos docentes, agentes que atuam diretamente no processo de inclusão social.

No curso era perceptível ouvirmos relatos em nossos debates durante a exposição dos conteúdos do tipo “Até então eu achava que todo aluno nota dez era superdotado”, mas ouvimos também, “O aluno nota dez pode ser influenciado pelo meio e não ser superdotado”.

As perguntas dos questionários fechados serão representadas no gráfico 1 pelo número que a corresponde cada uma, com respostas de SIM OU NÃO.

  1. Você sabe o que é Altas Habilidade/Superdotação?
  2. Você sabe por que o (MEC) Ministério da Educação implantou as Equipes de Altas Habilidades?
  3.   Você acha que ser superdotado é ser gênio?
  4.  Ter Altas Habilidades/ Superdotação é sinônimo de ser bom em tudo?
  5. Você acha interessante que os alunos Superdotados tenham direitos a serem atendidos dentro da Educação Especial?
    1. O aluno que tem Altas Habilidades/Superdotação deve ter sempre notas boas?
    2. Você acha que em Cruzeiro do Sul temos crianças Superdotadas?
    3. Você sabe como trabalhar estas pessoas com Altas Habilidade/Superdotação em sala de aula?                                                                                                      
    4.  Todo Superdotado é igual?

 

Gráfico 1. Mostra dados obtidos através de questionários fechados antes do inicio do curso a respeito do tema abordado nesta pesquisa.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Após finalizar esta pesquisa, podermos perceber o quanto esta formação continuada contribuiu significativamente para a compreensão do tema abordado, desmistificando paradigmas até então assimilados pelos cursitas de forma equivocada. No entanto, ao decorrer do curso observamos que à medida que trabalhávamos os conteúdos esclarecíamos o tema abordado e tirávamos as duvidas dos participantes.  Dessa forma, ficou esclarecido que os superdotados não são iguais, visto que nem uma pessoa é igual à outra.

As características dessa população são diferentes, bem como as áreas da superdotação também são diferentes, com problemas e características que não podem ser comparadas com os demais devido à singularidade que cada um apresenta.

Portanto, rótulos comumente atribuídos aos superdotados como “nerd, cabeção, quatro-olho, sabichão, e outros...”, não são características e devem ser extintos das escolas e do meio em que essas pessoas estão inseridas, pois rotular já é uma outra história, que configura-se na temática de “BULLING”.  Doravante é necessário que os superdotados sejam estimulados e que o meio constituído por família, escola e sociedade favoreçam um ambiente propício ao desenvolvimento de seus potenciais.

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

Brasil. (2008). Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto n° 6.571, de 17 de setembro de 2008.

Cupertino C. M. B. (2008). Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos. São Paulo: FDE.

Landau, E. (2002). A coragem de ser superdotado. São Paulo: Arte e Ciência.

Sant’ana, I.M. (2005). Educação inclusiva: concepções de professores e diretores. Psicologia em Estudo. 10(2): 227-234.

Silva L.M.D.A(2009). Educação inclusiva e a formação de professores. Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do Curso de Especialização Latu Sensu à distância em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva, Estado do Mato Grosso – Campus Cuiabá – Octayde Jorge da Silva. Cuiabá, 2009.

Minayo, M. C. de S. (2000). (org). Pesquisa social: teoria método e criatividade. 17. Petrópolis: Vozes.

Ourufino, V. T. A. T. & Guimarães, T. G. (2007). Características intelectuais, emocionais

e sociais do aluno com altas habilidades/superdotação. In FLEITH, D.(org.). A Construção de Práticas Educacionais para Alunos com Altas Habilidades/Superdotação. Brasília: MEC.

 

Piaget, J. (1982). Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária Ltda.