Experiência Com Análise De Textos Com Alunos Do 1o Ano De Ciências Da Computação (UEL ? 1998)
Por Djalmira Sá Almeida | 03/07/2008 | EducaçãoCom essa turma foi de Computação da UEL desenvolvido um projeto coletivo constituído de vários sub–projetos de pesquisa sobre a aplicação da Informática em pequenas empresas de Londrina, em 1997. Dos 20 alunos foram formados 5 grupos de quatro alunos que, munidos de instrumentos de pesquisas, questionários e entrevistas, montaram um só relatório no qual descrevem o que funciona nessas empresas com apoio da informática e em que condições.
Pela pesquisa constataram que o maior número de empresas de menor porte que utilizam a informática está concentrado nas áreas de comércio, saúde e ensino, sendo sua presença registrada em todas as áreas, mesmo que seja para cadastramento de clientes ou para relacionar preços e cobranças.
Como o objetivo do trabalho era cumprir um programa de ensino voltado para a elaboração de textos científicos, esse Projeto de Pesquisa não tinha um orçamento previsto nem visava apresentar um retorno para as empresas estudadas. Os alunos aprenderam a elaborar um projeto, confeccionaram um trabalho coletivo com os dados que coletaram em campo e fizeram a representação gráfica desses dados, descrevendo, comparando e analisando convergências e divergências acerca dos usos em cada empresa.
Inicialmente os alunos revelaram-se incapazes de elaborar esse tipo de trabalho e, a cada empecilho sugeriam-me abandonar o projeto e cobrar os temas estudados em provas de interpretação e gramática. Resisti a essa tentação e continuei exigindo debates, discussões, apresentação de seminários e leituras, muitas leituras relacionadas à área de Informática.
O estudo de textos com o 1o ano de Ciências da Computação teve como base a discussão em torno da filosofia da linguagem e a transformação do pensamento imaterial em material, ou seja, partimos da lógica formal até aos estudos recentes da inteligência artificial.Temas acerca de Cibernética, Informática, Teoria da Informação e Semiótica foram tratados em seminários e em trabalhos de equipes, apresentados pelos alunos ao final de cada unidade. Para isso exigi leitura e fichamento do livro Redação de Textos Científicos de Vera Cristina Feitosa, além de debates em torno da obra de Negroponte, Vida Digital.
A avaliação ocorreu desde o acompanhamento da montagem dos ensaios monográficos até a sua apresentação. Os temas foram escolhidos pelos alunos que em equipe pesquisaram a teoria, selecionaram os instrumentos de pesquisa, coletaram dados e, com minha ajuda fizeram descrições desses dados e os analisaram. E como há um pólo computacional para os alunos dessa área, aproveitaram a montagem dos textos para exercitarem as escolhas de linguagens que estavam aprendendo em outras disciplinas e aprenderam a formatar os textos de acordo com as normas da ABNT.
Os temas dos trabalhos trataram de: Educação à Distância na Era da Informática; Realidade Virtual e aplicação; Robótica e Medicina; Internet e Globalização; Uso de Multimeios nas empresas e discussões acerca de programas de ensino/estudo de línguas através de softwares, aplicativos e hipertextos em L.P.
Como já havia atuado durante sete anos com turmas de tecnólogos em Processamento de Dados, não foi difícil para mim a adaptação à linguagem nem conciliar os eixos básicos do ensino da Língua Portuguesa (leitura, análise lingüística e produção de textos) com o conteúdo específico das leituras determinadas para essa turma de bacharelado. O difícil foi assimilar o conhecimento teórico exigido para poder acompanhar os trabalhos dos alunos, os conceitos e as aplicações. Também a exigência de uma orientação de ensaio monográfico na UEL, com uma turma que pouco lê, pouco escreve e não aprecia discutir teorias, no início me assustou. Usei como alternativa técnicas de leitura, de fichamento e resumos para persuadi-los a buscar fontes bibliográficas; depois acompanhei a coleta de dados de cada equipe, sugerindo método de análise que mais se adequasse ao tipo de pesquisa que cada grupo escolheu. Foi gratificante saber que sou capaz de enfrentar o medo, atrever-me a executar meus projetos e de ousar ajudar meus alunos a aprender.