EXPECTATIVAS PIB BRASILEIRO
Por Fábio Fernandes Pereira | 30/10/2019 | EconomiaPontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais – ICEG
Graduação em Ciências Econômicas
Fábio Fernandes Pereira
COMENTÁRIO PIB 2015
Belo Horizonte
2016
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - ICEG
Fábio Fernandes Pereira
Comentários Sobre o PIB 2015
Trabalho apresentado à disciplina de Contabilidade Social do 3º Período da Graduação em Ciências Econômicas.
Prof. Daniel Furletti
Belo Horizonte
2016
CONCEITO DE PIB
A sigla PIB significa produto interno bruto e consiste no valor expresso em moeda do total de bens e serviços produzidos em um país num determinado período de tempo. O valor agrega os resultados de todos os setores, classificados em: Agricultura, Indústria e Serviços. Esse valor possibilita aos agentes econômicos terem uma visão sobre a situação do país e assim tomarem as suas decisões. O PIB também é definido como o valor adicionado à economia durante um processo de produção, por exemplo, para se produzir um bem o produtor move toda uma linha de produção, a extração da matéria prima necessária, a transformação dessa matéria prima em um insumo básico para aquele bem e por fim, a transformação em bem final. Observa-se que desde a extração foram incorporados novos elementos a esse bem que surgiu e desta forma, demonstra que houve produção no período e no PIB é contabilizado apenas o valor que foi incorporado ao produto e não os bens intermediários para a sua criação.
O PIB mostra não só a produção de um país, mas também a situação da renda e do dispêndio, isso porque existem duas outras óticas de mensuração da atividade econômica de um país. Pela ótica da renda observa-se se houve um aumento ou diminuição na renda constituída dos salários, aluguéis, lucros e os juros recebidos pelos fatores de produção (Empresas, famílias, etc.) em função de sua utilização no processo produtivo. Portanto, se houve um aumento na renda demonstra que os fatores de produção foram necessários para se produzir e estes foram remunerados e se ocorre um decréscimo na renda conclui-se que não foram necessários os fatores de produção e consequentemente não serão remunerados. A ótica da despesa ou do dispêndio significa que uma alteração na demanda de um país. No caso de um aumento significa que os agentes econômicos estão ampliando seus gastos, porém, estes gastos são positivos para o país, pois significam que os agentes estão consumindo mais e também estão investindo e, portanto, a produção também aumentou. Por outro lado, se o valor cai, denota que os agentes estão gastando menos, consumindo menos e investindo menos.
O valor encontrado nas três óticas é o mesmo, apenas a forma de análise é diferente. O IBGE é a instituição que mede oficialmente o PIB do Brasil e no mês de março de 2016 publicou os resultados das contas do último trimestre de 2015 confirmando uma queda de 3,8% na produção, em valores correntes R$5,904 trilhões.
CENÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL 2015
O Brasil, no ano de 2015, passou por uma séria diminuição do ritmo econômica devido à falta de confiança do setor privado frente ao governo atual. Essa falta de confiança do setor privado acarretou em menos investimento na produção, diminuindo os empregos e consequentemente a renda e a demanda familiar.
Além da desconfiança no governo atual e a diminuição do consumo das famílias, outro problema que o setor privado enfrentou no ano de 2015 foi a taxa de juros elevadas, inviabilizando empréstimos para manter a produção, fazendo assim, com que as empresas produzam menos.
Com a baixa lucratividade das empresas, a arrecadação governamental ficou ameaçada, uma vez que, grande parte dos tributos cobrados pelo governo é calculada através da produção. Segundo José Francisco de Lima (2015), “as despesas são incomprimíveis e porque, se o setor privado não dá resultado, não arrecada impostos”. Essa ameaça na arrecadação tributária do governo trouxe a tona a necessidade de um ajuste fiscal.
Entretanto, os fatores externos também foram prejudiciais à economia brasileira, com destaque para a elevação da taxa de juro básico dos Estados Unidos da América, elevando assim as taxas de financiamentos ao redor do mundo. O desaquecimento da China em relação a importação de commodities também foi prejudicial para os países exportadores de commodities, pois esse desaquecimento na economia chinesa enfraqueceu fortemente as moedas desses países, com destaque para o Brasil.
COMPARAÇÕES E ANÁLISES
O resultado trimestral divulgado pelo IBGE no mês de março de 2016 confirmou uma queda no PIB de 3,8% no ano de 2015 em relação ao ano de 2014 que já havia obtido um resultado muito baixo embora positivo de 0,1% caracterizando uma estagnação econômica neste ano e um quadro de recessão atualmente. Esse desfecho confirma que desde o inicio da década de 2010 o país vem sofrendo sucessivos recuos e a maior queda registrada desde a série histórica iniciada pelo IBGE em 1996 e a maior na série ampliada desde 1990, ano em que a economia retraiu 4,6%.
A queda de 2015 demonstra que na época atual o ciclo de crescimento brasileiro é muito diferente do da década passada na qual o país viveu mais anos de crescimento e numa trajetória mais estável e ascendente até a crise de 2008/2009 e, mesmo após a crise, no ano de 2010 o país obteve um resultado de 7,5% de crescimento. Estes sucessivos anos de expansão econômica foram devidos à politicas de crédito, renda e desonerações fiscais dentre outras políticas que estimularam o investimento e a ampliação da capacidade produtiva. A taxa de média de investimento no período de 2003 a 2010 foi de 7,1%. Além de um cenário internacional que possibilitou o crescimento de áreas como a agropecuária e indústrias inseridas no mercado de commodities que levaram o país a alcançar médias altas de crescimento na década de 2000.
Entretanto, esse crescimento não se sustentou na década seguinte, pois, observou-se novamente um estímulo a políticas de crédito sem formação maciça de capital fixo e no ano de 2015 a taxa de investimento retraiu 14,1%. Nessa época foram feitas políticas para tentar reaquecer a economia, contudo, essas politicas foram fundamentadas na desoneração de impostos e novamente ao estímulo de crédito, as quais foram determinantes para aumentar o déficit fiscal do governo e pressionar a inflação, e com os juros altos a dívida pública aumenta.
O consumo das famílias do último trimestre de 2015 comparado com o último de 2014 caiu 18,5%, já demonstrando as incertezas sobre a economia e dificuldade de se tomar crédito uma vez que a Taxa SELIC saiu de 11,15% no final de 2014 para 14,15% em 2015.
A inflação se manteve controlada no ano de 2014, o seu valor se manteve abaixo do teto da meta, mas, muito próximo do valor estipulado pelo Banco Central. Já no ano de 2015 observou-se um aumento expressivo da taxa alcançando um valor de 10,67%, e apesar dos sucessivos aumentos da taxa básica de juros pelo Banco Central, a inflação não cedeu num primeiro momento, o que leva a alguns analistas a afirmar que a inflação não se restringe a questão de demanda ou custos, mas, a outro tipo denominado inflação inercial. Este tipo de inflação é extremamente nocivo a uma economia, pois, é entendido como um aumento que ocorre em função da indexação de preços que é o reajuste de preços em relação à inflação passada.
O resultado do PIB reflete também a questão do desemprego no país que terminou o ano de 2015 com uma taxa de 8,5% de desocupação e que reflete as consequências da morosidade de projetos para reverter o quadro de desemprego, que espera por reformas como a da previdência que pretende diminuir os custos de contratação e proporcionar uma vida economicamente ativa mais longeva e uma aposentadoria mais segura e benéfica ao empregado.
É possível comparar os resultados das Importações, que sofreram forte queda de 24% em 2015 e as exportações que também recuaram com diminuição de 14% na média diária de 2015, com a retração da economia pois, a desvalorização da moeda nacional, ameaçada ainda pelo possível aumento da taxa de juros norte-americana demonstra um panorama de menos entrada de recursos estrangeiros que viabilizariam o aumento da produção com a entrada de bens de capital e o aumento da competitividade entre as empresas. A saída de capital estrangeiro do Brasil é mais certa agora uma vez que, as três agências de rating rebaixaram a nota do país para grau de especulativo.
PROJEÇÕES PARA 2016 E 2017
Com os resultados apresentados na divulgação do quarto trimestre do PIB de 2015, as previsões do mercado para o ano de 2016 se mantém pessimistas.
Após uma inflação de 10,67% ao ano em 2015, especialistas tem como previsão uma inflação de 6,61% para o ano de 2016, taxa ainda acima do teto inflacionário que é de 6,5% ao ano. Entretanto, para o ano de 2017, as previsões se tornam mais estáveis, a uma taxa de 5,2%.
Para o PIB, as previsões para 2016 são de que o Brasil irá sofrer outra contração, dessa vez de 2,99%, 14ª queda consecutiva na previsão do mercado. Para o ano de 2017, por outro lado, as previsões são de crescimento de 0,86%.
Com a taxa de juros mantida em 14,25%, o mercado continuou com a previsão de estabilidade para o ano de 2016 em 14,25%.
A projeção do mercado para a taxa de câmbio passou para R$3,99 frente ao dólar. A projeção para os resultados da balança comercial subiu para US$41,20 bilhões, e a projeção de entrada de investimento se manteve em US$55 bilhões.
Como foi apresentado anteriormente, pode-se observar que as previsões para 2016 se mantém de certa forma pessimista após a divulgação do quarto trimestre do PIB de 2015. Porém, pode-se observar que há uma previsão de retomada do crescimento, mesmo que mínima para o ano de 2017.
REFERÊNCIAS
LIMA, José Francisco de. Atual cenário econômico e previsões para 2016. Disponível em: < https://www.bloomberg.com.br/blog/atual-cenario-economico-e-previsoes-para-2016/ > Acesso em 23 out. 2019.