EXPANSÃO ÁRABE NA PENÍNSULA IBÉRICA
Por ANDERSON BRUNO DA SILVA OLIVEIRA | 18/06/2009 | HistóriaMais uma vez a península fora vitima de irrupções, desta vez o invasor não é mais romano nem tão pouco bárbaro, era a vez dos árabes. Após as reformas político-religiosas de Maomé, os árabes sentem-se responsabilizado a propagar os ensinamentos de Maomé, mas na verdade esta asserção é apenas escusa para invadir e impor-se economicamente sobre o povo dominado, neste caso os peninsulares não sentiram grandes abalos, pois desde Cartago até os reinos visigodos a península foi de forma indireta rapinada pelos invasores, mas desta vez os peninsulares olharam os invasores mais como libertadores que opressores, assunto que historiaremos mais adiante.
A ocupação versus islamismo
"É hoje, porém reconhecidamente provado que nem no pensamento do Profeta, nem no sistema da sua nova religião, nem na política dos califas, houve a idéia ou propósito de guerrear para converter o mundo." (Oliveira Martins)
É nesta asseveração de Oliveira Martins, asseveração que descerra-se novo horizontes históricos sobre os árabes, a invasão deste povo oriental na península tinha pouco de religião, os árabes na verdade cobiçava na terra, o comercio, o tributo, é uma miragem histórica pensarmos que os árabes foram para a península pregar o islã, o que eles cobiçavam era o mesmo que os romanos, cartagineses e visigodos, porém vale salientar que o caráter exploratório árabe não é semelhante aos outros invasores, eles não transportava as riquezas peninsulares para fora, sim eles exploravam, mas em caráter de povoamento, ou seja, eles continuavam na península, eles criaram diminutos reinos nesta região.
Tolerância religiosa na península
O que realmente seria a tolerância religiosa árabe na península? Será realmente que os árabes eram tolerantes em caráter religioso? Estamos acostumados com árabes portando bombas no corpo e se auto explodindo, jogando aviões em prédios, ou seja, conhecemos os árabes intolerantes, radicais, xiitas; mas os invasores da península não eram detentores destes predicados. Observemos o que Oliveira Martins afirma sobre isto:
"Dispusera este que todos os sectários do livro sagrado – judeus e cristãos – tivessem liberdade de culto, mediante pagamento de um imposto." (Oliveira Martins)
Neste fragmento fica óbvio sentido da invasão, o caráter da ocupação árabe na península ibérica é amplamente econômico, a religião ficou sempre em segundo plano, seria um entrave ao desenvolvimento peninsular impor suas crenças e valores, foi bem mais benéfico tolerar a cultura, ou seja, a crença católica dos peninsulares, apesar de que uma maioria após rever a opressão que o catolicismo representava para ele passou a tornar-se prosélitos do islamismo. Sito fica notório em outro fragmento de Oliveira Martins, quando este diz:
"Mais ou menos ortodoxos, os cristão da áfrica sentiam o jugo intolerante do papado de Constantinopla; e a dominação dos mulçumanos importava para eles a liberdade religiosa. Depois, já também livre dos pesados impostos bizantinos, substituídos pala capitação árabe mais modesta, veio o desejo de se isentarem desse encargo, ganhando uma igualdade só possível no seio da religião dominante." (Oliveira Martins)
Temos que deixar claro que a tolerância religiosa dos árabes não era oferecida tão generosa existia um preço a ser pago para a permanência da tolerância, o que vamos denominarmos neste artigo de imposto da tolerância, mais cabe também a nós sabermos que de forma legal, esta tolerância não era totalmente licita, havia algumas exigências para com as outras crenças, por exemplo não podia reforma os templo e se este ruísse não poderia reconstruir.
Ao mesmo tempo em que os árabes eram tolerantes, eles demonstrava que queria ser merecedor de um relativo "respeito", eles com esta tolerância não queria banalizar o islamismo, como não queria causar conflitos religiosos na península.
Vitiza e Juliano
Dando continuidade ao comentário da ocupação árabes na península ibérica, vale salientar duas histórias, a de Vitiza que era um rei bárbaro que foi destronado por um usurpador chamado Roderico, só que Vitiza tinha deixado dois herdeiro, estes buscaram o auxilio árabe, criam eles que os árabes iriam após a conquista facilitar suas retomadas ao trono, os filhos de Vitiza formam de grande valia para a ocupação árabe na península.
Outro fato que também historia a entrada ou ocupação árabe na península é a história do Conde Juliano, Juliano era governador de Ceuta, este tinha uma filha donzela, em Ceuta era quase impossível instruir ao modo grego, por isso o Conde envia a sua filha para ser educado na corte do rei Rodrigo, Rodrigo acaba se enamorando pela beleza da filha de Juliano e a viola, causando assim, uma grande revolta no Conde, aproveitando desta premissa e conhecendo a importância estratégica de Ceuta para com a península, Juliano abre as divisas territoriais para o grande exercito expansionista árabe.
Estas duas narrativas nos levar-nos a compreender quais os motivos que levaram os povos peninsulares a aceitarem de forma pacífica a ocupação árabe, não podemos também pensar que toda a ocupação foi pacífica a este modo, teve casos que os árabes foram obrigados a impor a força, a região onde os árabes tiveram que se comportar assim foi na região central da península.
Berberes e Árabes
Quem eram os berberes? Não podemos versar sobre este povo sem antes o definirmos; os berberes eram povoadores da região setentrional do continente africano que tinham se convertido ao islamismo, este povo se julgava os primeiros islâmicos a chegarem à península, ou seja, se consideravam os verdadeiros conquistadores islâmicos. Os berberes granjearam alguns antagonismos com os árabes, sobre estas asserções Oliveira Martins diz:
"eram grandes as rivalidades e os ódios entre berberes e árabes. Os primeiros consideravam-se com razão os verdadeiros conquistadores da Espanha. Musa e os árabes tinham vindo quando tudo estava feito, e apesar disso tinha tomado a melhor parte do despojo, o governo e as terras mais férteis." (Oliveira Martins)
Tal afirmação de Oliveira Martins deixa-nos claro as perturbações internas dos conquistadores, poderia ser natural o convívio entre povos islâmicos, povos que professavam a mesma fé, mas foi o contrário, os árabes conseguiam ter uma melhor relação com os católicos, isto ressalta a minhas tese principal sobre a ocupação árabe na península, ela foi plenamente econômica, a religião, a cultural e costumes, foram de menos valor, sim tiveram valor não podemos negar isto, negando a influencia cultural árabe estaria criando uma verdadeira sujidade histórica, mas torno a dizer, o principal objetivo árabe na península é de caráter econômico, e isto é justificado por essa rivalidade.
Uma verdade sobre as rivalidades internas, que Oliveira Martins as denominas de desordens intestinas, só é interrompida com o surgimento ou fundação da dinastia Omíadas, pois antes deste acontecimento, a península assemelhava a Grécia antiga, ou seja, um povo de cultura em comum, mas que não se entendia em plenitude. O que vai existir na península antes da dinastia Omíada é uma anarquia política islâmica, algo que esta dinastia não caba por completo.
Outro fato também relevante na península é a reviravolta que El-Mansur trouxe no âmbito cultural, sabemos que na península já estabilizada, ou seja, muito após a ocupação, tornou-se um grande centro intelectual, isso fica notório nesta Afirmação de Oliveira Martins:
"Dizem os eruditos que nessa grande biblioteca onde achavam as obras de Platão e de Euclides, de Apolônio, de Ptolomeu, de Hipócrates, de Galeno, sobretudo de Aristóteles, o mais lido e gabado entre todos, ainda a literatura, a retórica e os comentários do Corão ocupavam a máxima parte das estantes" (Oliveira Martins)
A existência desta grande biblioteca afirma o historiador que continha aproximadamente meio milhão de exemplares, os exemplares em sua maioria eram gregos. Mas El-Mansur, que também era conhecido pelo titulo de O Fiel, com sua ótica bem ortodoxa toma uma atitude inesperada manda queimar todos os livros, que não contribuíssem para a religião islâmica na península, esta visão quebrava o paradigma da tolerância religiosa na península, fazendo assim uma reforma religiosa, ao expurgar as influencias gregas do islamismo peninsular.
Os Moçárabes
Moçárabes segundo Oliveira Martins quer dizer como árabe ou ao modo de árabe. O efeito da arabização foi tão imenso sobre o povo conquistado que na religião, na língua e costumes foi assimilado de forma pacífica, este processo não se deu pela força, e sim pelo convívio, o convívio foi tão harmonioso entre o povo conquistado e o conquistador, que ambos chegavam a congregarem na mesma igreja, sendo de um lado o culto islâmico e do outro o católico.
O fato é que na verdade os árabes conquistaramos peninsulares pelo sua tolerância, algo não visto no catolicismo, criando assim uma massa de prosélitos que se arabizavam para fugirem da opressão católica. A fuga não correspondia apenas ao âmbito religioso ao econômico também, os impostos que os árabes aplicavam eram muitos mais amenos que os de Constantinopla (usando o exemplo da região setentrional africana). Outro exemplo que proporcionou o aparecimento dos Moçárabes foi o tratamento com os escravos, os escravos no outro regime estavam sujeito a varias penas e sua liberdade era quase que impossível, na administração árabes mudança social ficava mais fácil, por isso a maior atração dos escravos pelos árabes.
A arabização da península foi tão real quanto a sua romanização, mas vale salientar que não foi toda a península arabizada, existia dentro deste contesto uma massa remanescente que guardava os valores católicos, remanescentes este que serão os verdadeiros responsáveis pela a futura expulsão dos árabes da península, mas mesmo com a expulsão alguns valores islâmicos ficaram fruto da arabização.
CONCLUSÃO
Nesta pesquisa versamos sobre a ocupação, administração e arabização da península ibérica pelos povos árabes, e por que não chamarmos de povo islâmico, este povo deixou um grande legado cultural e administrativo para os peninsulares, prova disto é se fizermos uma viagem a Portugal ou Espanha notaremos estas verdades em suas ruas, na arquitetura, no português (língua) e outros.