Existe Inferno?
Por Víctor Lückemeyer Machado Carrion | 29/12/2008 | ReligiãoO seu inferno é você quem faz!
Recentemente foi divulgada uma estatística que afirmou que apenas 30 % da população mundial é Cristã.
Algo difícil de entender se levarmos em conta a Santa condição do nosso Amado Mestre Jesus Cristo, como enviado direto do Pai, Filho sublime de Deus, e homem que deu a sua Santa Vida em perdão dos nossos pecados, ou das nossas faltas.
Certamente uma das causas que mais afeiçoam o homem moderno ao materialismo e a indiferença com o próximo, é a sua dificuldade em entender a questão do inferno, ou seja, da eternidade das penas. Esse pensamento, amplamente defendido pelas religiões, é muito questionado pela nossa já desenvolvida inteligência, onde sabemos que uma falta não deve e não pode ser punida eternamente. Onde até mesmo a nossa falha e imperfeita justiça humana, não admite tal conceito para a sociedade moderna. Apoiar religiões nesses valores, acarreta uma incredulidade de muitos em relação à vida após a morte, e em relação a justiça e a bondade de Deus.
Na antiguidade é aceitável que tal pensamento fosse defendido, pois os antigos associavam todo o mal ao fogo. Na Idade Média, condenavam as pessoas “hereges” à fogueira. Enfim, um lugar quente e ardente seria o pior castigo para um homem mau. Inferno, quente, fogo, fornalhas...
Numa comunicação espiritual, o Apóstolo Paulo fez a seguinte afirmação: “A idéia do inferno com as suas fornalhas ardentes, com suas caldeiras ferventes, pôde ser tolerada, que dizer, perdoável, em um século de ferro: mas no décimo nono, isto não é mais que um vão fantasma próprio, quando muito para assustar criancinhas e no qual as criancinhas não crêem mais quando são grandes. Persistindo nessa mitologia assustadora, engedrais a incredulidade, mãe de toda a desorganização social; eis porque tremo vendo toda uma ordem social abalar e desabar sobre sua base falsa de sanção penal.”
Condenar um homem, ou sua alma, a uma pena eterna a ser cumprida no inferno, seria negar a bondade de Deus. Amado Mestre Jesus nos ensinou que todas as bases das Leis de Deus devem ser apoiadas no amor, na caridade, na humildade, e também no perdão e na misericórdia. Como Ele poderia ignorar a verdade que cobra dos Seus Filhos? Como um homem teria de usar tais preceitos nas suas relações sociais, e Deus não os usaria na hora do “julgamento”?
Os homens acreditam num Deus bondoso, misericordioso, que realmente O é, haja vista que nos deu a vida, nos mostrou os Santos Caminhos, e nos forneceu um Planeta capaz de nos abrigar sem haver falta de coisa alguma. Porém, alguns de Seus filhos insistem em defender a idéia de um Deus impiedoso, ciumento e vingativo que pune eternamente mais de dos terços dos homens, por uma única má existência em comparação com a eternidade. Como se o homem, ou um espírito, estivesse impedido de se arrepender e reparar o falta. Seria o mesmo que um pai condenar um filho durante toda uma vida, por um mau comportamento na infância, onde ainda não tivesse discernimento entre o bem e o mal. Os homens estão em constante evolução, tal qual uma criancinha...
Em outra comunicação espiritual, Santo Agostinho fez a seguinte consideração: “Que é, com efeito, a duração da vida, fosse ela de cem anos, em relação à eternidade? Eternidade! Compreendeis bem essa palavra? Sofrimentos, torturas sem fim, sem esperança, por algumas faltas! Vosso julgamento não rejeita semelhante pensamento? Que os antigos tenham visto no Senhor do Universo um Deus terrível, ciumento e vingativo, isso se concebe; na sua ignorância emprestaram à divindade as paixões dos homens. Mas não está aí o Deus dos Cristãos que coloca o amor, a caridade, a misericórdia, o esquecimento das ofensas no lugar das primeiras virtudes: poderia Ele próprio faltar às qualidades das quais faz um dever?”
Ou ainda a verdade de Lammenais: “Interessai-vos, por todos os meios que estão em vosso poder, em combater, em destruir a idéia da eternidade das penas, pensamento blasfematório, contrário à justiça e à bondade de Deus, a mais fecunda fonte da incredulidade, do materialismo e da indiferença que invadiu as massas depois que sua inteligência começou a se desenvolver...Pobres ovelhas desgarradas, sabei pressentir, junto a vós, o bom Pastor que, longe de vos querer banir para sempre da Sua presença, vem Ele mesmo ao vosso reencontro para vos conduzir ao aprisco. Filhos pródigos, abandonai vosso exílio voluntário; voltai vossos passos para a morada paterna: o Pai vos estende os braços e mantém-se sempre pronto para festejar o vosso retorno à família.”
Ou então a afirmação de Platão: “Eternidade dos castigos corresponde a eternidade do mal. Sim, tanto que o mal exista entre os homens, os castigos subsistirão; é no sentido relativo que importa interpretar os textos Sagrados.”
Queridos irmãos, não viemos destruir a Lei, conforme alguns homens temerosos afirmam. Viemos simplesmente confirmar as Palavras de Cristo, tentando elucidar algumas dúvidas que os homens jamais conseguiram responder ou dar respostas satisfatórias, que não gerassem conflitos. As religiões não se unem em função das diferentes interpretações humanas da Palavra de Deus, ou pela satisfação dos seus próprios interesses. Nossa verdadeira missão é lutar pela unificação do verdadeiro Cristão, que pautará os seus pensamentos e as suas atitudes em preceitos de amor, caridade, justiça, união, igualdade, humildade, piedade e fraternidade. Lutando sempre pela formação de um mundo melhor, moralmente, espiritualmente e ambientalmente desenvolvido e sustentável. Essa é a tarefa do verdadeiro seguidor de Cristo, não apenas louvar; mas aplicar e vivenciar os Seus Divinos Ensinamentos.
Portanto se faz necessário elucidar que esta vida é uma benção de Deus para que lutemos pela nossa evolução moral e espiritual. Cada gesto bom e cada gesto mau, será considerado pelo Pai.
Se a balança das nossas atitudes for positiva, estaremos preparados para subir um degrau ao encontro do Pai. Se ela for negativa, nossa vida de nada terá valido, e teremos de reparar o nosso erro e adquirir a sabedoria em uma nova etapa carnal, que para nós trata-se de expiações e provas. Expiar as nossas faltas e provar o nosso mérito. Quer seja na Terra, quer seja em outra morada do Pai, pois como Amado Mestre Jesus afirmou: “Existem muitas moradas na casa de meu Pai!”
Da mesma maneira que é inaceitável a condição das penas eternas, também seria negar a bondade de Deus, se o Pai igualasse um homem levemente bom, com um homem que trabalhou no amor e na caridade uma existência inteira. Faltaria o princípio basilar da Justiça. Por isso a sublime afirmação: “a cada um será dado de acordo com as suas obras.”
Então queridos irmãos, deveremos lutar incessantemente para trazer, para dentro de cada um de nós, os sublimes preceitos do Mestre. Trabalhemos no amor, na caridade, na humildade, sempre almejando reduzir as desigualdades entre os filhos de Deus. Ame seu próximo como a si mesmo, e aja de acordo com a maior Lei de Deus. Façamos o possível para erradicar o egoísmo, a vaidade e a ganância, chagas sociais que separam os homens.
Dessa maneira estaremos colaborando para a verdadeira evolução moral e espiritual que trará a felicidade definitivamente para este Reino.
Abençoados sejam todos os que trabalham na Palavra do Senhor.