Existe a melhor forma de estimular a reflexão ética?

Por Anilma Rosa | 23/10/2009 | Direito

O questionamento, sucinta dois pontos de bastante relevância no mundo acadêmico e nas relações do cotidiano. Por um lado se indaga como estimular a reflexão, por outro, essa reflexão não é voltada para qualquer assunto, tema disponível, e sim para uma reflexão ética. Por conseguinte temos: “refletir” / “refletir eticamente”. Com isso é possível verificar a amplitude e complexidade para se chegar a uma resposta mais acertada.

 

A reflexão é inerente a todos os seres humanos, a capacidade de maior ou menor grau reflexivo vai variar de pessoa para pessoa com exceção daquelas que nascem com alguma disfunção cognitiva para esta realização.

 

O certo é que todos refletem sobre variados temas no curso de sua vida, seja por motivo acadêmico, profissional, amoroso ou outros. Com o tempo essa capacidade reflexiva pode ser trabalhada de forma a imbuir às normas, limites e princípios, quer sejam eles universais ou não.

 

Se por um lado todo ser humano nasce capaz de refletir, não ocorre o mesmo com a ética, pois não se nasce ético. Até porque o próprio conceito de ética vai ser distinto de uma cultura para outra. Assim como foi muito trabalhada na literatura pelos filósofos é também tema do cotidiano e está presente no vocabulário, entre outras denominações, como liberdade de escolha. Neste sentido, a ênfase dada à terminologia ética é de ação humana e seu juízo de valor pautado na conduta com seus objetivos a alcançar.   

 

Num primeiro momento é inegável a ligação da reflexão ética com questões como certo e errado, bem e mal nos mais variados conteúdos da vida social como: religião, cultura, saúde, meio ambiente, sexualidade entre outros. Refletir eticamente sobre esses temas é muito relativo e perigoso, haja vista o grupo cultural observado, pois em algumas situações, diferente ponto de vista pode ser totalmente aceito e difundido por uma determinada sociedade, mas às vezes não.

 

Estimular a reflexão ética exige de um lado percepção, ou seja, análise do todo com o que pode gerar e julgamento, este último muitas vezes pautado nos princípios que se adquire desde criança no âmbito familiar com todas as tradições que a mesma já carrega, conserva e passa adiante. Todos esses conceitos acabam se prolongando na vida e nas relações que vão sendo estabelecidas.

 

O julgar para decidir se aproxima da célebre frase ouvida trivialmente “não faças com o outro aquilo que não querias que tivessem feito a ti”. Essa frase, na verdade, pode estimular o outro a refletir eticamente, mas pode cair numa forma individualizada e autônoma da realidade. Se em uma comunidade for costume sacrificar quem nasce com alguma deficiência e o sujeito não estiver preparado para pensar de forma imaginativa, crítica da sua condição naquele ambiente, ele será levado a pensar de forma instintiva.

 

Contudo, não há pretensão de mudar as convicções que cada um carrega consigo, mas priorizar de forma reflexiva o sentido de cada valor ético. A melhor maneira estaria no entender até que ponto e de que maneira determinado discurso, costumes, crenças, idéias e sentimentos devem ser levados adiante despertando no outro um estímulo à reflexão.

 

Assim cabe a sociedade de uma forma geral promover a reflexão crítica e estimular o debate sobre o pensar ético. Como não existe o lugar ideal, as unidades de ensino ainda são consideradas um dos espaços onde é possível essa discussão, por isso que a ética, na atualidade, está inserido na maioria dos currículos como tema transversal ou disciplina obrigatória.