Ex-pikachu assalta no busão

Por Edson Terto da Silva | 03/02/2012 | Crônicas

Lembram da falecida tia, que foi vítima de armação das sobrinhas “maquiadoras” e desfilou pela cidade com as maçãs do rosto embotadas de rouge, parecendo uma calopsita ou o Pikachu do Pokemon? Bom! Quem não lembra ou não leu, pode conferir aqui no site: www.webartigosos.com.  A história de hoje envolve a mesma tia, mas quem diria? Desta vez, ela não foi vítima, mas literalmente fez uma vítima de “roubo” no “busão” que a conduzia de uma bairro distante e, na época, “barra pesada”, para o centro da cidade.

 Meio atrasada para ir até a distribuidora de jornais e revistas e em seguida abrir sua banca, situada numa importante praça do centro, a tia pega o ônibus correndo e dando os últimos retoques nos cabelos, roupas e acessórios. Ela procura lugar para sentar-se e a única vaga é na poltrona dupla, na janelinha, mas que na margem do corredor está sentado um rapaz que, digamos, tinha aparência, no mínimo, suspeita, tipo daquelas que ninguém, em sã consciência, confiaria cheque assinado, mas com o valor em branco.

 Espremendo-se para chegar ao local e sentar-se, a tia toma o cuidado de manter sua bolsa bem apertada ao colo. Meio sonolenta e conferindo se não tinha esquecido nada por causa da pressa, ela faz uma espécie de “check list” e assim, o ônibus vai seguindo o longo itinerário, com ela aos cochilos. Numa acordada subida, ela leva a mão direita ao braço esquerdo e fica branca: “Cadê meu relógio”, pensa. Ela não tem dúvida, se arma com um pente que está na bolsa e com disposição de “Rambo” quer recuperar a jóia de estimação.

 O rapaz ao lado está quase que dormindo, quando sente a pontada na barriga, olha espantado para o lado e ouve aquela senhora, no caso a tia, falando de canto de boca: “O relógio... eu quero o relógio”.  A tia fica satisfeita ao perceber um movimento de braço do “suspeito” e em seguida barulho de um objeto caindo dentro de sua bolsa. A cena não é notada pelos demais passageiros do “busão”.

 O ônibus segue mais alguns metros e o rapaz desce. A tia até pensa que o “suspeito” ficou  envergonhado por furtar o relógio de uma senhora. A viagem segue sem novidades, a tia faz suas tarefas e uma surpresa acontece quando ela chega na sua banca de revistas e jornais e verifica que o relógio em sua bolsa é masculino e ela jamais tinha visto aquele objeto em toda a vida. Após ligar para sua casa e ser informada que esquecera o relógio de estimação sobre a cômoda, ela se desespera. “Meu Deus! Roubei o rapaz no ônibus”, pensa a tia, que em seguida vai procurar a empresa de transporte para devolver o relógio e tentar explicar o que tinha acontecido...