EUA: Reservas dos países geraram liquidez excessiva
Por Agência Goodae | 11/11/2009 | EconomiaSÃO PAULO, 28 de junho de 2005
Para o sócio-diretor da consultoria Global Financial Advisor, Miguel Daoud, há atualmente um excesso de liquidez na economia mundial decorrente da mudança do perfil das poupanças internacionais, que depois da sucessão de crises entre 1997 e 2002, realizaram ajustes no sentido de formar reservas.
"Os países que sofreram com essas crises tiveram um ajuste muito forte no sentido de ter poupança, ter reservas. Só que essas reservas são em dólar e acabam financiando a economia norte-americana, razão pela qual os EUA podem ter um déficit gêmeo de mais US$ 1 trilhão. Há disponibilidade de recursos", explica.
O sócio-diretor da Risk Office Consultoria*, Carlos Antônio Rocca, também vê um excesso de poupança em termos mundiais. "E como os EUA continuam sendo uma economia dinâmica e têm todo um quadro confiável, de baixíssimo risco de crédito, haveria então uma tendência de excesso de crédito a se dirigir ao mercado", diz.
Para Daoud, se não houvesse um retrocesso na consolidação da União Européia, com a rejeição da Constituição e os problemas com o acerto do Orçamento, talvez fosse possível ver o início de um ajuste nesse desequilíbrio, já que o euro também surgiria como opção para a formação de reservas.
"O euro, que se configura como uma segunda opção, ainda está muito instável. Até que se estabilize, os EUA continuam com uma oferta monstruosa de recurso porque não há opção". Ainda de acordo com o Daoud, a economia norte-americana consome hoje 85% da poupança financeira disponível no mundo. E é essa dinâmica que favorece a formação de bolhas na economia mundial.
*Marcelo Rabbat é consultor em risco de crédito e risco de mercado. Um dos sócios da RiskOffice, o Rabbat é também diretor da PR&A Consultoria de Investimentos, juntamente com Sérgio Malacrida, especializado em modelagem de sistemas de risco de mercado e de crédito.