EU NUNCA VOU MORRER

Por JOSE ALDYR GONCALVES | 02/11/2009 | Poesias

EU NUNCA VOU MORRER...

 

- José Aldyr Gonçalves

 

Porque sou filho do Fogo

Que tanto pode estar estampado nas manchetes do mundo,

Esconder-se na pólvora, na expectativa de um atrito,

Riscar os céus nas mensagens do relâmpago;

Ou pura e simplesmente aquecer e iluminar

As enormes esperanças de vidas aparentemente pequenas.

 

Eu nunca vou morrer...

Porque fiz amizade com a Água.

E apesar de não lhe ter sido mais íntimo,

Pela minha frágil incapacidade de flutuar,

Caminhei à beira-rio e à beira-mar;

Confessei-lhe segredos e tive momentos orgásticos.

 

Eu nunca vou morrer...

Porque, quando criança, aprendi a brincar com o Ar,

Dando-lhe o prazer de voar com a minha fértil imaginação,

Em busca de um mundo sem estragos.

E quando adulto, reencontrei os tapetes e castelos antes construídos;

Retomando as viagens, pelos símbolos da Magia do Espírito...

Da Verdade Universal  que brota em quem procura.

 

Eu nunca vou morrer...

Porque nasci da Terra e não simplesmente na Terra.

Pois dela sendo, guardo lembranças de contatos dos mais inimagináveis:

Beijos, carícias, confidências, rituais e caminhadas.

Nunca me permiti corromper com a pressa da atualidade

E não perdi o êxtase diante do germinar de uma semente, dos mistérios das florestas,

E dos incontáveis crepúsculos que admirei,

Fotografando-os e guardando-os em minha coleção contemplativa

 

Eu nunca vou morrer...

Vou apenas cruzar uma ponte meramente frágil,

Construída entre o que parece ser a minha essência

E um outro lado semidesconhecido.

Vou apenas seguir adiante, de alguma forma, em minha busca,

Eternizado nas lembranças dos que aqui ainda ficam,

Nos sorrisos que nunca poderão ser desfeitos

E nos meus poemas que só aos amigos eu mostrei.

 

josealdyr@rn.gov.br