Eu, negativo?

Por Eduardo Polarco | 14/04/2012 | Crescimento

Cerca vez, durante uma reunião, fui taxado pelos colegas de trabalho como um profissional negativo. Alegavam que para mim, toda tarefa parecia complicada, demorada, e fadada ao fracasso. E que isso causava um certo "mal estar" naqueles que eram responsáveis pela concepção das tarefas, sejam elas análises de projetos, alteração de funcionalidades, solicitações de prazo de entrega e etc.

Realmente não havia pensado nisso. Meu comportamento negativo talvez estivesse definitivamente atrapalhando a equipe. A era dos "nãos" então deveria ser deixada para trás, dando início a era da positividade, onde toda tarefa seria fácil, rápida e eficiente. E evidentemente isso seria um grande erro.

Cheguei a essa conclusão depois de repensar friamente algumas das minhas últimas posições negativas. E pasme! Não é que eu estava certo?

O que isso quer dizer?

Que eu sou o melhor profissional do universo?

Definitivamente não!

A resposta está na própria definição da minha profissão: Desenvolvedor.

O trabalho do desenvolvedor é avaliar se uma determinada tarefa será eficiente para resolver um dado problema. Se a tarefa estiver condizente com a proposta, é posta em prática. Se não, cabe ao profissional indicar um caminho. É como um bom sujeito que avisa sobre uma rua sem saída: Não vá por ai. Retorne e pegue a primeira a direita.

Acontece que alguns "motoristas" preferem ignorar e continuar seguindo, porque "o cliente falou que tem que ser por aqui", até que se deparam com um muro no fim da rua. E sem poder voltar atrás, decidem "transpassar o muro", tarefa a qual, certamente, acabará sendo delegada ao pobre sujeito, em um diálogo bem parecido com o abaixo:

- Preciso desse muro abaixo ainda hoje!

- Não é possível colocar o muro abaixo hoje. Além disso, existem casas obstruindo a passagem. Vamos precisar negociar o prazo com o cliente.

- Negociar com o cliente? Está louco? Andamos toda essa rua sem saída e agora estamos atrasados! Dê um jeito! Alugue um gindaste para passar o carro por cima! Chame a Dr. Brown para colocar esse carro para voar! Se vira, é o seu trabalho!

- Meu eu avisei que …

- Faça o seu trabalho! Você anda muito negativo!

Algum tempo depois..

- Pronto, derrubei o muro e as casas que impediam a passagem.

- Viu como era fácil ? Dá próxima vez vê se me escuta.

Parece engraçado e até banal o diálogo acima, mas acontece diariamente dentro das empresas. Além disso, fica claro o despreparo de quem delega a tarefa.

No final das contas, o profissional acaba sendo obrigado a encontrar as soluções mais absurdas para cumprir uma tarefa sem sentido, que poderia ser evitada desde o início.

E se, por acaso, expõem isso, é taxado de prepotente e negativo.