Eu não tomo Coca Cola.

Por ivan Ferreira Sampaio | 26/09/2014 | Crônicas

Eu não tomo Coca-Cola!

 

Dizem que a causa da preguiça é orgânica ou psíquica. Discordo. Uma amiga, outro dia me confessou que possui uma sobrinha formada em engenharia mas não consegue emprego. Lembro que conheço muitos que como ela, estão ai, na sombra amiga e conciliadora de seus pais camaradas que os admite assim e perdem os horizontes do tempo para coloca-los fora do ninho. Existem razões diversas para esse fenômeno, a começar pela estranhezas do mercado que não os acomoda conforme seus interesses e também, pelo o amplo comodismo impulsionado pelos hábitos e costumes centenários, herança genética da coroa portuguesa que deixou por aqui , não aversão ao trabalho, mas morosidade, negligencia e horror a grandes esforços físicos ou mentais.

Sempre reféns da manipulação política, a queda dos índices de desemprego divulgado pelo governo merecem toda nossa desconfiança, basta entrar em uma dessas periferias de nossas cidades para observarmos o imenso número de desocupados, em rodas de bate-papo, batendo a bolinha da tarde ou tomando o tacacá das 5, mas mesmo na pobreza e ainda assim, o povo continua feliz por razões já conhecidas. As vitórias e a supéração não são para todos. Daí a triste realidade que transforma projetos profissionais em infrutíferos investimentos em educação para não levar a nada ou quase isso, mesmo para aqueles que ainda sonham vencer nos concursos públicos que nada mais querem além da garantia de algum ganho e estabilidade, servindo até mesmo, diante dessa impossibilidade, o “encosto” na empresa de um parente ou ente amigo. Também, no entanto, é de duvidar se tal maquiagem exponha a frustração de expectativas não realizadas. Afinal somos filhos de Cabral...

Com políticas públicas incapazes de atrair investimentos, industrias e promover a geração de emprego, os estados do norte que tanto decanta pelos políticos locais seu desenvolvimento econômico, mas que na realidade, pela ausência de bancadas com força política em Brasília é incapaz de reter riquezas ou mesmo projetar compensações econômicas que tragam bem estar a sociedade. Os empregos criados nas regiões do sul e oeste do estado são ignorados pelos nossos jovens da área metropolitana de Belém. Os ambientes desafiador criado nessas regiões atraem pessoas vindas de outros estados, que, como franco atiradores ocupam as vagas que poderiam ser de nossos jovens metropolitanos. 

O padrão carioca de viver seria o ideal para nossa gente, desde que tivéssemos praias como as capitais nordestinas, clima mais confortável, esgoto, limpeza publica com poucos vira-latas a cruzar caminhos e mais organização no transito. Teríamos todo o direito de viver como eles, que alias só arredam o pé do Rio com justa razão. Não é nosso caso. Mais cultural do que racional e impulsionado pelo excessivo bairrismo que leva o povo a acreditar mais em sandices que apostar em mudanças, a paixão pelo Status Quo nutre a permanência de nossa organização social e impõe ao nosso modo de vida desafios que vão pouco além das empunhadas corajosas em dia de clássico. Nossas tradições sociais são remotas e a ausência de espelhos de pessoas bem sucedidas dentro das famílias agasalham, sem remorsos, insucessos de nossos jovens em boas desculpas. Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos, dizia Pitágoras.