Eu e mim

Por JOAQUIM SATURNINO DA SILVA | 27/01/2010 | Poesias

EU E MIM

   

Quando o eu foi embora
só ficou o mim.
Mas mim não faz nada, é inerte,
mim nem conjuga verbo.
Do eu só restou fragmentos esparsos,
dispersos, dentro do mim.
À soma destes fragmentos de eu,
mim chamou de “Z”
um quarto exato de zero.
 
Mas mim é como índio,
que só entende,
só compreende,
aquilo que tem valor
por isso mim se destina à extinção.
Mas mim nem verbo conjuga
apenas  se subjuga
na maior docilidade
aos caprichos de “Z”,
migalhas que eu deixou com mim.
 
Mim não faz nada,
Não sorri, não chora.
Não fica nem vai embora.
Não grita, não fala e nem se cala.
Mim é menor que “Z”
Mas não se importa
Afinal,  mim é meio mendigo,
mesmo sem nada poder ser.
 
Então, quando roubaram mim
ele ficou com pena dos ladrões.
 
E mim, nem verbos é capaz de conjugar.