- Quando o eu foi embora
- só ficou o mim.
- Mas mim não faz nada, é inerte,
- mim nem conjuga verbo.
- Do eu só restou fragmentos esparsos,
- dispersos, dentro do mim.
- À soma destes fragmentos de eu,
- mim chamou de “Z”
- um quarto exato de zero.
-
- Mas mim é como índio,
- que só entende,
- só compreende,
- aquilo que tem valor
- por isso mim se destina à extinção.
- Mas mim nem verbo conjuga
- apenas se subjuga
- na maior docilidade
- aos caprichos de “Z”,
- migalhas que eu deixou com mim.
-
- Mim não faz nada,
- Não sorri, não chora.
- Não fica nem vai embora.
- Não grita, não fala e nem se cala.
- Mim é menor que “Z”
- Mas não se importa
- Afinal, mim é meio mendigo,
- mesmo sem nada poder ser.
-
- Então, quando roubaram mim
- ele ficou com pena dos ladrões.
-
- E mim, nem verbos é capaz de conjugar.