Etnocentrismo

Por Reinaldo Bui | 13/04/2013 | Sociedade

  

ETNOCENTRISMO (Sentimento de Superioridade Cultural)

  

  1. 1.    Aprendemos  nossa cultura pelo lado de dentro( visão êmica), crescemos nela e achamos que esta é a única maneira correta de ver a realidade.
  1. 2.    Cada indivíduo nasce neles (nos costumes), assim como nasce na atmosfera; não os analisa nem critica, assim como um nenê não analisa a atmosfera antes de começar a respirar. Todos estão submetidos à influência dos costumes e são formados por estes, antes de poderem raciocionar a respeito.

3.  O etnocentrismo é, na verdade hostil à verdadeira cultura, cujo caráter é internacional. Existem poucas culturas “puras” no mundo. De uma forma ou outra todas as culturas tendem a tornar-se internacional.

           

4.  O Brasil, um país multicultural, vivemos de empréstimos culturais, ainda sim prevalece o etnocentrismo. Achamos que não devemos nada a ninguém.

  

Definições:

 

  1. 1.    É a atitude de que podemos julgar uma outra sociedade e seus costumes no contexto da nossa própria cultura. É a supervalorização da sua própria cultura em detrimento (prejuízo, dano) das demais (minha cultura é a melhor).

 

  1. 2.    Uma visão do mundo onde nosso próprio grupo é tomado como sendo o centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensar de forma diferente; no plano afetivo, como sentimento de estranheza, medo e hostilidade.

 

De um lado, conhecemos o “nosso” grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece  problemas do mesmo tipo, “acredita” nas mesmas coisas, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida significados comuns e procede, de muitas maneiras, semelhantemente. Ai, então, de repente, nos deparamos com um “outro”, o grupo do “diferente” que, nem sequer faz coisas como nós fazemos e nem pensa como nós pensamos. O mais grave ainda, este “outro” também sobrevive à sua maneira e gosta dela.

 

A diferença é ameaçadora porque fere nossa identidade cultural. O monólogo etnocêntrico pode seguir assim:

 

“Como aquele mundo de doidos pode funcionar?”-  Espanto.

“Como é que eles fazem?”- Curiosidade perplexa.

“Eles só podem estar errados ou tudo o que eu sei está errado!”- Dúvida ameaçadora.

“Não, a vida deles não presta, é selvagem, bárbara, primitiva!”- Decisão hostil.

 

O grupo do “eu” faz, então, da sua visão a única possível ou, mais discretamente se for o caso, a melhor, a natural, a superior, a certa. O grupo do “outro” fica, nessa lógica, como sendo engraçado, absurdo, anormal ou ininteligível. De qualquer forma a sociedade do “eu” é a melhor, a superior, é onde existe o saber, o trabalho e o progresso. A sociedade do “outro” é atrasada, primitiva, selvagem. O outro é “aquém” ou “igual”, nunca além do “eu”. 

 

Ex. Indiano conversando com um missionário: “Ouvi dizer que na Índia vocês comem com os dedos” – “É verdade, mas quando comemos lavamos bem as mãos e comemos só com a mão direita. Quando olho para o garfo ou colher fico pensando que muitas pessoas  estranhas já puseram a boca ali”.

 

“Pastor enviado para trabalhar no Xingu. Dá tudo (espelho, calções,etc), mas eles querem o seu relógio digital, por causa das luzes, alarmes, fazer conta, marcar hora, etc. Tempo depois dá o relógio e o aborígene consegue o objeto e o coloca no antebraço juntamente com outros penas durante uma festa, como adorno. O pastor olha aquilo e dá um sorriso amarelo pois contempla agora o seu relógio sem nenhuma função.

 

Passado um tempo o pastor volta para sua casa para sua divulgação. Leva com ele cocares, bordunas, arcos, flechas.

 

Neste caso acima, ambos, missionário e índio, privilegiaram as funções estéticas, ornamentais, decorativas do objeto que, na cultura do “outro” desempenhavam funções que seriam principalmente técnicas.

 

 

Para Pensar:

 

1.  Uma reação etnocêntrica é inevitável quando não adquirimos conhecimento transcultural que nos ofereça alternativas (não é errado, apenas diferente). O etnocentrismo é universal.

 

2.  Quando nos relacionamos com outras culturas temos a tendência de julgá-las antes de termos aprendido a entendê-las ou respeitá-las (Contrastar “Visão de Fora - turista” e Visão de Dentro – aprendiz”).

 

  • Faz incursões missionárias; vê, volta e avalia de fora a nova cultura.

 

3.  Deve-se considerar que há modos de vida bons para um grupo e que jamais serviriam para o outro. Estudos de grupos humanos vêm demonstrando que embora existam expressivas diferenças culturais, outras culturas não são necessariamente inferiores. Não existem culturas superiores ou inferiores, mas diferentes, com maiores ou menores recursos, com tecnologia mais desenvolvida ou menos.

 

4.  Toda cultura possui mecanismos, formas de suprir necessidades físicas, psicológicas, por isso sentem-se completas em si mesmas. O evangelho vem suprir uma necessidade desconhecida.

 

  • Índia levada por um Coronel: Viveu anos na civilização, mas quando chegou tirou a roupa e agiu como um deles (falta de sabão, panelas, etc).

 

5.  O missionário terá que aprender que parte de sua fé cristã resulta de normas de conduta culturais, e que parte é o evangelho supracultural, pertinente a todos os povos. É como se suas próprias normas de conduta culturais fossem um “excesso de bagagem” quando em outra cultura. É o fato de não deixarem essa bagagem para trás, a incapacidade de separar o “invólucro cultural” do evangelho que torna os missionários etnocentristas.

 

 

Como se manifesta o etnocentrismo: Através de um comportamento agressivo ou       em atitudes de superioridade. A discriminação, a agressividade verbal são formas de expressar etnocentrismo.

  • Uma forma de defesa – reação porco – espinho.

 

Aspecto positivo do etnocentrismo: funciona como agente de preservação do próprio grupo. Seus integrantes passam a considerar o seu modo de vida como sendo o melhor, o mais saudável, o que favorece o bem - estar individual.

 

“Ele tanto pode ajudar a construir como a destruir”.

 

Como se livrar do etnocentrismo exacerbado: Assumindo uma postura relativista. Entendendo que a grande diversidade de culturas vem testemunhar que há modos de vida bons para um grupo que jamais serviriam para o outro.

Ex: “Quero comprar a Emília; quero trabalhar para você” – que coisa estranha; comprar uma criança. Ela, coitada, não tem a oportunidade de escolher o marido?   

 

        “Coitada das mulheres deles; que coisa difícil, deve ficar muito em dúvida tendo que escolher”-

- Minha filha ainda não encontrou o homem ideal, enquanto isso não acontece vai experimentando com muitos.

 

 

Lembre-se:

1)   As pessoas amam as suas culturas. Precisamos aprender a gostar de outra cultura e não reclamar das áreas que não gostamos.

 

2)   As pessoas amam suas próprias culturas e se desejarmos alcançá-las devemos fazê-lo dentro do contexto das suas culturas.

 

 

3)   A cultura só faz sentido para o próprio povo. Se ela não parece clara para nós, somos nós que não a entendemos bem e devemos estudá-la mais.

 

 

Ao avaliarmos uma cultura três coisas são necessárias:

 

1)    Empatia – estado de espírito no qual  uma pessoa se identifica com a outra, presumindo sentir o que ela está sentindo.

2)    Sem Prejulgalmento – Recusa-se a fazer julgamentos prematuros pois sabe que ainda o fará pelos valores da sua própria cultura.   

3)    Com Entendimento – faz um julgamento informado e desvinculado da sua cultura. As Escrituras e a revelação de Deus são o padrão.