ETIOLOGIA DA ONCOGÊNESE EM PEQUENOS ANIMAIS
Por M.V. Esp. MsC. Dr. LUCAS BERGER DA SILVA | 04/09/2017 | SaúdePOR DR. LUCAS BERGER DA SILVA CRMV 15533
DATA 31/08/2017
A etiologia do câncer em animais é multifatorial, sendo que fatores genéticos, ambientais, clínicos e de estilo de vida (nas quais os animais são submetidos) interagem-se e favorecem a oncogênese ou carcinogênese, que é um processo onde uma célula normal, após múltiplas etapas, se transforma e adquire características malignas por meio de alterações progressivas e acumulativas em seu material genético, este processo pode demorar vários anos até que ocorra a formação de uma célula cancerígena e essa se prolifere até dar origem a um tumor visível. O processo passa por vários estágios até a formação do tumor
Estágio de iniciação: é o primeiro estágio, onde a ação de agentes cangerígenos, (podendo estes serem biológicos, físicos ou químicos) provocam mutações em alguns genes e alteram geneticamente as células, comprometendo os mecanismos de diferenciação ou crescimento celular.
Estágio de promoção: é o segundo estágio, onde as células mutadas, sofrem ação continua de agentes cancerígenos oncopromotores, transformando-se de forma gradual e lenta em malignas.
Estágio de progressão: é o terceiro estágio, onde a célula alterada oriunda do segundo estagio, multiplicam-se de forma descontrolada e irreversível se extendendo até as primeiras aparições clinicas no animal. Essa expansão clonal leva a uma modificação nos tecidos adjacentes a essas células, essa etapa representa a fase em que essas células possuem o maior fenótipo de células malignas, pois apresentam-se agressivas, de crescimento rápido e com alto potencial de disseminação.
Um animal geneticamente suscetível, células tumorais podem surgir de células normais e uma única célula pode originar uma neoplasia, podendo esta ser de qualquer tecido do organismo animal, levando a mutações múltiplas, anormais e acumuladas no DNA, ocorrendo em genes fundamentais ou aqueles envolvidos no controle do ciclo celular, no reparo do DNA ou na morte celular, essas mutações causam crescimento de células de forma desordenada e o aparecimento de células com alto poder de levar a metástases.
As causas ainda não estão totalmente elucidadas, mas sabe-se que neoplasias resultam de mutações genéticas espontâneas ou induzidas e que fatores ambientais muitas vezes determinam o desenvolvimento do câncer, pois o processo de carcinogênese pode ser induzido por agentes carcinogênicos extrínsecos e intrínsecos.
Agentes carcinogênicos extrínsecos: ocorrem pelos carcinógenos físicos (exposição a radiações ultravioletas ou a radiação ionizante), químicos (exposição a herbicidas, inseticidas e pesticidas) e biológicos (parasitas, vírus e bactérias).
Agentes carcinogênicos intrínsecos: ocorrem por fatores endógenos (idade, predisposição genética, ação hormonal, predisposição racial).
Embora esteja abordada de forma separada e mesmo sendo multifatorial a oncogênese pode ter seus fatores influenciadores e os agentes carcinogênicos se interagindo entre si e formando grande sinergismo, deve-se ter em mente e destacar que o organismo animal é único e cada ser reage de uma forma.
Atualmente o câncer esta entre as principais causas de óbito na clinica de pequenos animais, o paciente senil é a faixa etária mais acometida, pois quanto mais tempo se vive em ambientes influenciadores em meio a fatores extrínsecos alinhados e somados a fatores intrínsecos, maior será a probabilidade de o organismo ter alterações celulares desordenadas.
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