Eterno Retorno

Por Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodrigues | 23/11/2008 | Poesias

Eterno retorno

 

Tudo volta, sei.

Tudo é círculo,

tudo é ciclo.

Te amo hoje como ontem.

Ontem numa caverna, é verdade.

Hoje, numa cama, em casa, confortável.

Confortável com ontem, apesar de tudo,

pois aquela era uma boa caverna.

 

Hoje sei que és a mesma

que milhares de anos

encontrei na bela pradaria

longe-longe da quase cristalina

e imensa geleira.

 

Estávamos na planície.

Eu sorrateiramente caçava.

Tu coletavas frites,

ervas, raízes.

Nosso amor enraizou aí

quando comemos a carne assada da caça

e as frutas, que dividimos

entre carinhos, toques suaves,

beijos, cheiros

que trocamos sob a árvore-mãe,

na sombra e na frescura,

e no conforto da grama, das folhas,

das flores que abençoavam

nosso matrimônio natural.

 

Ali mesmo, em certeiras flechadas,

Gotejei meu sêmen em ti.

Te fecundei. Fomos felizes

então, três a partir dali,

uma família já feita.

Nunca mais o frio glacial

Nos enregelaria noite adentro.

Amor, calor, fogueira na lenha

e nos nossos corpos.

 

Hoje somos os mesmos.

faltam-nos apenas nossos filhotes

que ainda virão,como vieram ontem.

 

O tempo é um voltar-se

A si mesmo, em ciclos...

 

O ontem é hoje.