ESTUDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por Abilene San Martin de Souza | 22/12/2023 | Educação

ESTUDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL SOUZA, Abilene San Martín de FEICS - Graduanda do Curso de Pedagogia abilenesan@hotmail.com SILVEIRA, Giovanna Lobianco FEICS - Professora Me. Orientadora giovannasilveirafeics@hotmail.com RESUMO O presente artigo aborda a importância do brincar e a utilização de brinquedos e brincadeiras no processo da aprendizagem de crianças da Educação Infantil. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), a criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico, que faz parte de uma organização familiar que está inserida numa sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente, em conceitos gerais com os quais brinca. A opção metodológica, neste trabalho, foi a pesquisa qualitativa, e os dados foram coletados através da observação participativa e entrevista com os professores da Educação Infantil. Dessa forma, resultaram num complemento mais amplo, ajudando a elaborar, de forma divertida e prazerosa, os conteúdos aplicados durante a pesquisa, obtendo uma boa avaliação. Após a pesquisa e o levantamento bibliográfico, constatou-se que o prazer infantil se relaciona com a importância da ludicidade para o desenvolvimento, aprendizagem e construção de conhecimento na Educação Infantil. Acredita-se que a criança vai ganhando sua autonomia para escolher com o que quer brincar, se determinado objeto ou brincadeira lhe agrada ou não, conforme sua idade. Podemos dizer que os jogos e brinquedos se relacionam diretamente ao prazer infantil. Palavras chave: Ludicidade. Aprendizagem. Educação Infantil. INTRODUÇÃO O presente artigo aborda a importância do brincar na Educação Infantil e a utilização de brinquedos e brincadeiras na aprendizagem, para crianças na faixa etária de 5 a 6 anos, entre as mesmas, desenvolvendo a interação, a inclusão e a socialização através do brincar, mostrando que os brinquedos trazem bons resultados no desempenho das atividades executadas. O lúdico é de suma importância no desenvolvimento infantil, porque faz com que as crianças interajam entre si, demonstrando para o meio social a importância do brincar através dos resultados positivos que dele advêm. A questão norteadora da presente pesquisa se refere à importância do brincar para a aprendizagem na Educação Infantil. A opção metodológica, neste trabalho, foi a pesquisa do tipo qualitativa não participante. Segundo Marconi e Lakatos (2003), na observação não participante, o pesquisador toma contato com a comunidade grupo ou realidade estudada, mas sem se integrar a ela: permanece de fora, presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas situações; faz mais o papel de espectador. Os procedimentos metodológicos foram realizados com coleta de dados através de questionário sobre a importância do lúdico para a aprendizagem na Educação Infantil. A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Quintino Pereira de Freitas, situada no bairro Canjica, em Cuiabá-MT. O grupo de sujeitos pesquisados foi composto por três professoras da Educação Infantil I e II, e 26 crianças com a faixa etária de 5 a 6 anos. Segundo Kramer (1996, p. 15): Crianças são sujeitos sociais e históricos, marcadas, portanto, pelas contradições das sociedades em que estão inseridas. A criança não se resume a ser alguém que não é, mas que se tornará adulto, no dia em que deixar de ser criança. Reconhecemos o que é específico da infância: seu poder de imaginação, a fantasia, a criação, a brincadeira entendida como experiência de cultura. Crianças são cidadãs, pessoas detentoras de direitos, que produzem cultura e são nela produzidas. Esse modo de ver as crianças favorece entendêlas e também ver o mundo a partir do seu ponto de vista. Através das vivências em sala de aula, das experiências obtidas nas disciplinas de estágio, e das aulas que tive sobre ludicidade na faculdade, pude perceber e compreender que os jogos e as atividades lúdicas contribuem em grande parte para o desenvolvimento e são importantíssimos para a construção do conhecimento dessa criança que acaba de se agregar no ambiente escolar formal. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p. 21), nos afirma que a concepção de criança é uma noção historicamente construída e, consequentemente, vem mudando ao longo dos tempos, não se apresentando de forma homogênea, nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e época. No exercício docente diário, todo professor sabe o quanto é admirável estabelecer em sala de aula uma atmosfera envolvendo a motivação e interesse nos alunos, permitindo-lhes, assim, a participação ativa e afetiva no processo do ensino-aprendizagem. Ao brincar e jogar permanece o envolvimento intenso da criança, fazendo com que ela coloque suas ações, sentimentos e anseios, restaurando e reproduzindo o meio que a rodeia. Em outras palavras, brincar e jogar são atividades naturais de todo ser humano. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 23) afirma que: Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. A aprendizagem através da ludicidade diferencia a disposição na criança, facilitando o progresso de sua personalidade absoluta, como a melhoria de suas funções psicológicas, intelectuais e morais. O objetivo geral deste trabalho é mostrar a importância do brincar para a aprendizagem e o processo lúdico na educação infantil, e identificar a maneira lúdica que os professores estão ensinando, tornando com isso as suas aulas mais fáceis e divertidas, pois os jogos e brincadeiras vêm sendo enfatizados como fator importante para o desenvolvimento cognitivo da criança. Esta abordagem pode ser considerada como procedimento que venha favorecer resultados significativos na área educacional, no sentido de oportunizar ao pesquisador uma visão do cotidiano da educação infantil, no que se refere aos aspectos relacionados à ludicidade e desenvolvimento. REFERENCIAL TEÓRICO Na Educação Infantil, o brincar é um potente veículo de aprendizagem, visto que permite, através do lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. Segundo Vygotsky (1984), o papel do brinquedo se refere especialmente à brincadeira de faz de conta, como brincar de casinha, brincar de escolinha, brincar com cabo de vassoura como se fosse um cavalo. Faz referência de outros tipos de brinquedos, a brincadeira de faz de conta é privilegiada em sua discussão sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento da criança. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 27), o principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos. O brincar de faz de conta permite à criança a construção do mundo real, pois, brincando ela trabalha com situações que vive no social, podendo assim compreendê-la melhor. Na brincadeira, aparece tanto a ação na esfera imaginativa numa situação de faz de conta, como a criação das intenções voluntárias e as formações dos planos da vida real, constituindo-se assim, no mais alto nível do desenvolvimento pré-escolar. (VYGOTSKY, 1984, p. 11). De acordo com Freud (apud KISHIMOTO, 2002, p. 57). Cada criança em suas brincadeiras se comporta como poeta, enquanto cria seu próprio mundo ou, dizendo melhor, enquanto transpõe elementos formadores de seu mundo para uma nova ordem, mais agradável e conveniente para ela. Para Kishimoto (2002), o brinquedo é diferente do jogo. Brinquedo faz uma ligação íntima com a criança, na ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. Segundo Kishimoto (2002), a introdução dos jogos e brincadeiras no contexto infantil se iniciou, timidamente, com a criação dos jardins de infância, fruto da expansão da proposta froebeliana que influencia a educação infantil de todos os países. Embora não tenha sido o primeiro a analisar o valor educativo do jogo, Froebel foi o primeiro a colocá-lo como parte essencial do trabalho pedagógico. A autora corrobora a importância dos jogos e brincadeiras, a serem encarados de forma séria pelos professores da educação infantil, devendo, inclusive, fazer parte do planejamento pedagógico, facilitando-se a assimilação da informação por meio da atividade lúdica. Compreende-se, assim, que, para o uso do jogo como instrumento pedagógico, torna-se necessário que o professor faça uma seleção cuidadosa dos jogos que pretende utilizar em sala de aula, junto com seus objetivos e o conteúdo que deseja atingir. Ao comentar sobre o jogo, Kramer (1996, p. 14) diz que [...] ao jogar, a criança apresenta características de um ser completamente livre, motivado por uma necessidade intrínseca de realização pessoal, mas toda finalidade que procura no momento em que brinca esta alem de si mesma. Portanto o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois brincando ela explora e manuseia tudo aquilo que esta a sua volta. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), que serve como guia para as creches e escolas de educação infantil, apresentando objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam diretamente com crianças de zero a seis anos, contempla a importância do brincar para a construção do conhecimento, nos dizendo que: Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam. Por exemplo, para assumir um determinado papel numa brincadeira, a criança deve conhecer alguma de suas características. Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros etc. A fonte de seus conhecimentos é múltipla, mas estes encontram-se, ainda, fragmentados. É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações. (BRASIL, 1998, p. 27). A partir do referencial aqui exposto, é possível discutir sobre a importância da experiência do brincar na Educação Infantil. METODOLOGIA A opção metodológica adotada neste trabalho foi a pesquisa do tipo qualitativa, envolvendo levantamento bibliográfico, entrevista semiestruturada e observação participante. Segundo Minayo (2007), a pesquisa qualitativa responde a questões particulares, ocupa as Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode e nem deve ser quantificado, ou seja, ela trabalha com um universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças e dos valores da atividade. A pesquisa bibliográfica constitui uma excelente técnica para fornecer ao pesquisador a bagagem teórica, de conhecimento, e o treinamento científico, que habilitam a produção de trabalhos originais e pertinentes (MINAYO, 2007). Partiu-se da pesquisa bibliográfica, onde foram consultadas fontes diversas de informações escritas, para coletar dados gerais ou específicos a respeito do tema. A pesquisa bibliográfica, caracterizada como um estudo teórico, é considerada o passo inicial de toda a pesquisa científica. Ela é desenvolvida através de material elaborado anteriormente, constituído de livros, periódicos, artigos científicos, etc. (GIL, 2004). Foi realizada uma entrevista do tipo semiestruturado, com professores da Educação Infantil da Escola Municipal Quintino pereira de Freitas, situada no bairro Canjica, em Cuiabá-MT. Ainda, foi feita uma observação não participante em um grupo 26 crianças com a faixa etária de 5 a 6 anos. Na entrevista semiestruturada, o investigador tem uma lista de questões ou tópicos para serem preenchidos ou respondidos, como se fosse um guia. A entrevista tem relativa flexibilidade. As questões não precisam seguir a ordem prevista no guia e poderão ser formuladas novas questões no decorrer da entrevista (MATTOS, 2005). Quanto à observação não participante, o pesquisador faz parte do grupo ou comunidade sem interagir, é apenas um elemento a mais, fazendo parte somente como um mero espectador, sem participação ativa na realização da pesquisa. Durante o período da observação na turma de Educação Infantil II, no primeiro momento, a professora começa com uma leitura deleite, em seguida pede para que as crianças façam uma releitura da história contada, através de desenhos. Segundo Vygotsky (1984, p. 123), quando a criança brinca muito, ela tem liderança, flexibilidade, capacidade de escolha, é capaz de adquirir um jeito novo de brincar, construir novas regras, desenvolver o raciocínio. A criança passa a ter contato com a diversidade quando brinca. Contudo, o brincar pode ser considerado como um instrumento utilizado pela criança para se desenvolver, uma vez que “é no brinquedo que a criança cria uma situação imaginária”. No decorrer da semana, foram observadas atividades aplicadas às disciplinas Matemática e Língua Portuguesa. Em Matemática, a professora trabalhou com numerais de 1 a 8 escritos na lousa e com pequenas continhas de adição. Em Língua Portuguesa propôs o trabalho com o alfabeto móvel, se utilizando das letras - no momento estavam na letra F, com construção de pequenas palavras. Exemplos: fada, foca, figo, fofoca, fogão. Em seguida, ela tira um momento para que as crianças possam brincar com brinquedos pedagógicos (tipo lego) e brincadeiras de adivinhar as cores e batata quente, em sala de aula, sem a participação interação com a professora. Durante o período de observação, a professora me deu total liberdade para interagir nas atividades, e também fazer diversas brincadeiras com as crianças. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 28) afirma que, por meio das brincadeiras, os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os jogos e as brincadeiras trazem possibilidades de crescimento pessoal, pois, quando a criança brinca ou participa de jogos, libera necessidades e interesses espontaneamente. Após a pesquisa e o levantamento bibliográfico, constatou-se que o prazer infantil se relaciona com a importância do lúdico para o desenvolvimento, aprendizagem e construção de conhecimento na Educação Infantil. Diante disso, podemos considerar que a Educação Infantil é um importante espaço para o acesso do brincar, com a intenção de que a criança obtenha êxito no seu desenvolvimento e construção do conhecimento através do brinquedo e brincadeiras. Segundo Kishimoto (2002, p. 1), “A opção pelo brincar desde o início da educação infantil é o que garante a cidadania da criança e ações pedagógicas de maior qualidade”. Apresentamos, abaixo, a entrevista feita com as professoras da Educação Infantil 1 e 2. Obtiveram-se as seguintes respostas: O que você entende por ludicidade? Ludicidade é ensinar e educar se divertindo e interagindo com os jogos, as músicas, danças e brincadeiras livres e. Interação professor-aluno e aluno e professor. Você acha importante trabalhar com ludicidade na Educação Infantil? Sim. Ajuda a criança a construir o seu conhecimento de forma prazerosa, desenvolvendo assim o físico, psíquico, social e afetivo. Você privilegia situações lúdicas com sua turma? Sim. Todos os dias desenvolvo atividades lúdicas para aquisição de algum conhecimento especifico, assim estão as atividades como: jogos, blocos, brinquedos, massa entre outros. (Professora da Educação Infantil 1). O que você entende por ludicidade? No meu entender, o mundo dos jogos e das brincadeiras oferece a criança diversas capacidades fundamentais para o seu desenvolvimento, é a forma de trocar experiências, informações, criatividade, aguçando os conhecimentos e o raciocínio da criança através dos jogos e brincadeiras, música, dança. O intuito é ensinar se divertindo e interagindo um com o outro e desenvolvendo suas habilidades. Você acha importante trabalhar com ludicidade na Educação Infantil? Sim. A importância das atividades lúdicas no espaço infantil é a fase em que ajuda a criança a encontrar-se em pleno desenvolvimento e formação de sua personalidade no comportamento diário das crianças. O brincar é algo que se destaca como forma de comunicar-se a criança estará resolvendo conflitos e hipóteses de conhecimento e ao mesmo tempo desenvolvendo a capacidade de compreender e de mostrar sua opinião. Você privilegia situações lúdicas com sua turma? Sim. O jogo, a brincadeira e o brinquedo, tudo isso pode ser útil para estimular o desenvolvimento do aluno, a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade. Brincar é a atividade principal da criança e é brincando que ela do a sua volta. (Professora da Educação Infantil 2). O que você entende por ludicidade? Ludicidade é quando você inova, torna um conteúdo mágico. transforma a aula, o conteúdo a ser trabalhado em um momento divertido, onde as crianças aprendem brincando. Você acha importante trabalhar com ludicidade na Educação Infantil? Acho importante, pois as crianças têm que ter estímulo para ir à escola. Hoje a tecnologia é um atrativo para as crianças, a escola, o professor tem que mostrar o novo de uma maneira divertida. Você acha importante trabalhar com ludicidade na Educação Infantil? A todo momento trabalho de forma lúdica, seja ao fazer chamada, na hora da rodinha, ao contar história, ao trabalhar conteúdos, numa brincadeira meus alunos estão em contato com o lúdico. (Professora da Educação Infantil 2). Perante as respostas, entende-se que trabalhar com a ludicidade na Educação Infantil torna o ensino aprendizagem prazeroso, obtendo grande êxito, e acontecendo, dessa maneira, a interação entre professor/aluno. O verdadeiro aprendizado só acontece quando há interação entre ambas as partes, ficando claro que o lúdico é fundamental na Educação Infantil. Desse modo, o professor se torna competente, de modo que ele próprio busque conhecimento, porque não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. São duas realidades que se encontram inter-relacionadas. O professor tem de ser um eterno pesquisador e indagador. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30): O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais, e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Portanto, percebe-se que o professor que ensina através dos jogos e brincadeiras ajuda a criança na construção do conhecimento, desenvolvendo sua a criatividade e, também, resgatando o ato de brincar na sala de aula e no cotidiano de cada criança. No período da pesquisa, pudemos observar que as aulas seguiam normalmente; após o intervalo, as crianças tinham alguns minutos para brincar com brinquedos pedagógicos em sala de aula. Os brinquedos com os quais sempre brincavam eram do tipo lego, com os quais já possuíam certa habilidade, e construíam com muita criatividade formas variadas, como: robôs, edifícios, carrinhos, árvores, casas. Durante a semana de observação, a professora regente da sala me deu total liberdade para interagir com as crianças nas atividades e nas brincadeiras. Todos os dias eu tinha alguns minutos para brincar com as crianças; nesse pouco tempo fazíamos várias brincadeiras, e as que elas mais gostavam eram batata quente e brincadeiras de adivinhar. Diante das brincadeiras realizadas com as crianças, percebi que, ao brincar, as crianças interagem com seus pares de forma mais elaborada, desenvolvendo, assim, a imaginação e a criatividade. Podemos perceber que o verdadeiro aprendizado só acontece através da interação entre ambas as partes. Constata-se que o brincar, na Educação Infantil, é fundamental para a vida da criança, porque ela aprende brincando de forma prazerosa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas. – O mundo é isso – revelou – um montão de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam, mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo. Eduardo Galeano1 1 GALEANO, Eduardo. O Livro dos Abraços. Porto Alegre: L&PM, 1991. p. 13. A epígrafe acima nos ajuda a perceber que a ludicidade, transvestida na brincadeira e no brincar, incendeia o fazer pedagógico, fazendo com que a criança utilize todas as cores das fogueiras, as quais chamamos de conhecimento, culturalmente construído. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 13), especifica as várias linguagens a serem contempladas, dentre elas o brincar. O ato de brincar é extremamente importante para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social da criança porque acompanha o desenvolvimento da inteligência e a criatividade está associada às atividades lúdicas e brincadeiras, e não as tarefas formais racionais, adquirindo assim a capacidade de escolher, tomar decisão e representar sua imaginação. Quando a criança brinca muito, ela tem liderança, flexibilidade, capacidade de escolha, é capaz de adquirir um jeito novo de brincar, construir novas regras, desenvolver o raciocínio. A criança passa a ter contato com a diversidade quando brinca. Contudo, o brincar pode ser considerado como um instrumento utilizado pela criança para se desenvolver, uma vez que “é no brinquedo que a criança cria uma situação imaginária” (VYGOTSKY, 1984, p. 123). A Educação Infantil é um importante espaço para a promoção do brincar com vistas ao desenvolvimento e construção de conhecimentos pela criança. Com base nas informações obtidas nas referências, torna-se possível elaborar uma prática onde a brincadeira infantil não é apenas valorizada como um aspecto natural da criança, mas como um excelente meio de promover melhorias ao ensino aprendizagem, podendo elaborar uma nova proposta de prática pedagógica. Podemos concluir que esta abordagem contribui de forma significativa na Educação Infantil, no sentido de oportunizar ao pesquisador uma visão do cotidiano escolar, além de produzir conhecimentos e contribuir para a transformação da realidade de cada estudante no processo educativo. REFERÊNCIAS ALVES, R. Conversa com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1989. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Brasília: DOU, 15.12.2010. ______. Ministério da Educação e do Desporto. 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