Estudo Sistematizado da EAD – Reflexões Pontuais de ensino/aprendizagem, legislação, metodologias e qualidade.

Por Adriano Moraes | 01/11/2015 | Educação

 Estudo Sistematizado da EAD – Reflexões Pontuais de ensino/aprendizagem, legislação, metodologias e qualidade.

Neste documento investigamos o que se declara sobre a qualidade nos cursos de modalidade a distância. Para isto, nos debruçamos atentamente ao que se encontra no documento "REFERENCIAIS DE QUALIDADE PARA EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA" editado pelo Ministério da Educação no ano de 2007.

Mas antes de entrarmos propriamente na analise documental é relevante esclarecermos que, embora o citado documento seja um apoio as instituições, a definição do que realmente vem a ser um serviço de qualidade em muito dependerá de quem se utiliza de tais serviços, ou seja, qualidade educacional é um termo subjetivo que não encontra determinação exata por depender da leitura de quem a analisa . Este é um tema que merece uma investigação mais profunda com vias a desvendar as diferentes óticas que o cerceiam.

Muito bem, isto posto, iniciamos as considerações tomando como base os tópicos que norteiam o documento investigado.

 - Tópico 1 - Concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem.

                                                                                                  

observemos o seguinte dizer contido neste tópico do documento "Por fim, como o estudante é o foco do processo pedagógico e frequentemente a metodologia da educação a distância representa uma novidade...", ora pois, se a metodologia é uma novidade para este indivíduo , como esperar deste uma real constatação do que seja qualidade ? Sem parâmetros anteriores não seria nenhum equívoco declararmos que a qualidade neste caso não poderá ser determinada de imediato, talvez no transcorrer das atividades este se aperceba disto, contudo uma certificação de qualidade neste caso estará seriamente comprometida, tanto para o aluno quanto para a instituição.

  -Tópico 2 - Sistemas de Comunicação.

" Tendo o estudante como centro do processo educacional, um dos pilares para garantir a qualidade de um curso a distância é a interatividade entre professores, tutores e estudantes. Hoje, um processo muito facilitado pelo avanço das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação). " Nesta afirmação chama a atenção a tentativa de atrelar qualidade ao uso de bons recursos tecnológicos, o que em nosso entender constitui uma falácia, ou antes, um grande equívoco de interpretação, pois que nem sempre aos atores terão um bom uso deste mecanismo, por motivos os mais variados - como por exemplo, o péssimo acesso a internet - impactando diretamente nos conceitos de qualidade pretendidos pelo documento base.

- Tópico 3 - Material Didático :

Aqui nos deparamos com um tópico dos mais relevantes, visto que este ainda esta muito relacionado ao uso do livro, que para muitos estudantes ainda é uma fonte de aprendizado das maios importantes. Mas nosso documento base traz uma interessante afirmação para refletirmos sobre " Cabe observar que somente a experiência com cursos presenciais não é suficiente para assegurar a qualidade da produção de materiais adequados para a educação a distância...", ou seja, aqui se reconhece que a qualidade do curso depende fortemente do que se produzirá como material de apoio ao estudante, não sendo suficiente só a experiência didática em EAD para que se produza um material verdadeiramente relevante. Em outras palavras, a qualidade pode ser comprometida se não houver a criação de um material escrito relevante.

 - Tópico 4 - Avaliação :

Neste campo devemos chamar a atenção para um ponto importantíssimo , qual seja, a cultura estudantil e institucional da realização de avaliações no modo presencial, e, quando diante de um modelo distinto o comportamento do estudante pode não refletir sua real capacidade de apreensão dos conteúdos estudados, explicando com mais cuidado, o que se pretende aqui é abrir um debate acerca das avaliações a distância, que nem sempre será monitora durante sua execução, permitindo ao estudante realizá-la de forma não comprometida, e isto, por si só, já configura um forte impacto na interpretação qualitativa pretendida para a EAD. E isto que se afirma, fica evidente diante dos dizeres contidos no documento base " As avaliações da aprendizagem do estudante devem ser compostas de avaliações a distância e avaliações presenciais, sendo estas últimas cercadas das precauções de segurança e controle de frequência, zelando pela confiabilidade e credibilidade dos resultados. Neste ponto, é importante destacar o disposto no Decreto 5.622, de 19/12/2005, que estabelece obrigatoriedade e prevalência das avaliações presenciais sobre outras formas de avaliação." Ou seja, a preocupação maior se debruçara sobre a avaliação presencial, enquanto a avaliação a distância não segue a mesma diretriz, exceção feita a orientação de cada instituição sobre o peso desta para o desenvolvimento do curso.

 - Tópico 5 - Avaliação Institucional :

As instituições devem planejar e implementar sistemas de avaliação institucional, incluindo ouvidoria, que produzam efetivas melhorias de qualidade nas condições de oferta dos cursos e no processo pedagógico." Talvez este seja o tópico mais próximo de uma real interpretação qualitativa, visto que se baseara em dados previamente determinados, apresentados para analise por parte dos diversos atores que estejam envolvidos na pratica EAD, restando assim pouca margem de erro para se determinar se a instituição de fato atua com pontos fortes de qualidade ou não.

 

  - Topico 6 - Equipe Multidisciplinar :

A segunda fonte de medição qualitativa pode estar na interpretação deste tópico, pois que sem uma equipe comprometida e eficaz e certo de que todo programa EAD desenvolvido pelas instituições deixará de apresentar índices positivos de qualidade. Vejamos o que diz o documento base " No entanto, qualquer que seja a opção estabelecida, os recursos humanos devem configurar uma equipe multidisciplinar com funções de planejamento, implementação e gestão dos cursos a distância....", em outras palavras, esta na montagem de uma equipe eficiente, uma das garantias de um curso de qualidade.

Concluímos esta analise , reafirmando que a ideia deste artigo é refletir sobre a questão "qualidade" e nunca determinar padrões de aplicação , o que também não se determinou no documento base, visto não se tratar de um documento com força de lei, embora atenda perfeitamente a expectativa de quantos queiram analisar projetos e instituições.

 Legislação e EAD – Segurança para sua utilização.

Com vistas a compreendermos de que forma este modelo educacional se insere nos conceitos contemporâneos de ensino – aprendizagem.

No seu desenvolvimento a EAD percorreu distintos modos de interpretação, inclusive quanto a sua legalidade. Desde sua concepção a reflexão acerca de sua utilização regular, permeou a reflexão dos mais distintos atores envolvidos com este mecanismo, de modo a utilizá-la de maneira concreta e responsável.

O processo de implantação legal da EAD se inicia quando o Conselho Nacional de Educação (CNE) emite parecer positivo, ou não, para que instituições de ensino ofertem cursos à distancia.

 

No âmbito dos Estados encontramos também a figura dos Conselhos Estaduais de Educação, que atuarão na fiscalização de cursos EAD na educação de nível fundamental, médio e ensino técnico, “de acordo com o referendado no Decreto 2.561 de 27 de abril de 1988.” Pg.6 ( Barbosa,2009)[1].

Contudo, anterior a criação e subvenção dos Conselhos, é interessante verificarmos também o que citam as leis federais que abordam o tema, como estas impactam, ou mesmo, direcionam a EAD para que esta se instale como elemento educacional pertinente.

 

Para tanto, a partir das próximas linhas nos debruçaremos sobre a legislação vigente. Em síntese, buscaremos destacar como os atos jurídico-administrativo referentes a EAD, colaboram para seu fortalecimento institucional e educativo.

Para iniciarmos, vejamos a definição de EAD segundo o Decreto 5.622[2], de 19 de Dezembro de 2005, em seu capítulo I, afirma em seu artigo primeiro :

 

(...) Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

 

Neste trecho encontramos uma descrição que muitos estudos replicam, ou seja, a definição de EAD não é somente um conceito acadêmico, sobretudo tem uma origem jurídica que afasta quaisquer suspeitas sobre sua legalidade e instauração. Fato importante a se destacar para que se evitem discussões infrutíferas sobre o aceite de diplomações conquistadas por este mecanismo.

Por sua vez, esta preocupação quanto ao aceite de diplomas emitidos por cursos EAD pode ser desnuviada ao se observar atentamente o que diz o Decreto em seu artigo quinto “ Os diplomas e certificados de cursos e programas a distância, expedidos por instituições credenciadas e registradas na forma da lei, terão válida nacional”[3]

 

Quando o assunto é oferta de cursos EAD, também há uma regulamentação a ser observada, nenhuma instituição pode iniciar cursos EAD antes que um parecer ministerial seja editado, é o que encontramos ao ler o capitulo II do referido Decreto.

 

Em seu artigo nono, encontramos o relato que define os tipos de curso que poderão ser criados para aplicação via EAD, e quais instituições podem solicitar o recurso, vejamos :

 

(...) O ato de credenciamento para a oferta de cursos e programas na modalidade a distância destina-se às instituições de ensino, públicas ou privadas.

Parágrafo único. As instituições de pesquisa cientifica e tecnológica, públicas ou privadas, de comprovada excelência e de relevante produção em pesquisa, poderão solicitar credenciamento institucional, para a oferta de cursos ou programas a distância de : I – Especialização II – Mestrado III – Doutorado e IV – educação profissional tecnológica de pós-graduação.[4]

 

Lendo atentamente esta parte do Decreto, observa-se também que para além da regulamentação, encontramos as determinações quanto ao desenvolvimento das atividades que se realizarão no desenrolar do curso. Informação destacada na alínea 2 do capitulo citado.

 

Ainda sobre a legislação a respeito da EAD, alterações foram realizadas, com vistas a ajustar alguns padrões que regulamentam seu funcionamento.

Vale a citação neste, do Decreto 6.303, de 12 de Dezembro de 2007. Que se justificava pela seguinte afirmação :

 

(...) Altera dispositivos dos Decretos 5.622, de 19 de Dezembro de 2005, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 5.773, de 09 de Maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores e sequenciais no sistema federal de ensino.[5]

 

Observa-se assim, que a legislação esta em consonância com a evolução da EAD, ou seja, conforme se avançam os debates acerca de sua eficácia, também as regulamentações legais se ajustam.

 

                        Resumindo as Teorias da Educação a Distância.

 

Pensar a educação a distância é ponto primordial para que se possa perceber os diferentes caminhos que a educação pode adotar para se fazer valer frente aos desafios de seu tempo.

Nesta era da informação, a alta velocidade na circulação de ideias e conceitos, coloca um desafio a EAD, qual seja, tornar-se uma opção interessante aos olhos de quem a utiliza, ou pensa utilizar.

 

Assim, compreendermos as diferentes teorias que a cercam, pode auxiliar na compreensão deste mecanismo enquanto componente de uma educação transformadora.

 

Interessante notarmos que mudam os mecanismos educacionais, contudo as teorias continuam as mesmas, sem grandes evoluções, isto pode sinalizar que a educação apenas se pretende moderna, mas na essência traços de um tradicionalismo histórico permeiam sua atuação, mesmo diante de ferramentas tecnológicas em seu apoio.

 

 

- Teoria da industrialização :

 

Segundo o autor, esta teoria reproduz o mecanismo industrial de produção, isto é, sua inspiração teria origem na linha de produção, deixando o individuo a segundo plano. Isto fica evidente na afirmação que segue :

 

 “Além disso, os modelos de caráter industrial partem da premissa de que os alunos são passivos, uma vez que são considerados como objetos e como públicos massificado e de que professores (e os tutores), ao se especializarem na produção de pequenas tarefas, não necessitariam de qualificação mais densa. Nós que trabalhamos com a educação, conhecemos bem a consequência disto : proletarização, desqualificação e divisão de trabalho são aspectos que implicam igualmente professores e alunos “[6]

     

Não por acaso, o modelo industrial que inspirou a teoria é o fordismo.

Na contramão do que afirma esta teoria, interessante replicar a fala da tutora em EAD (PIGEAD) em um fórum de discussão, diz ela replicando Preti :

 

“O conhecimento não é transmitido ou adquirido, como sendo um objeto ou uma mercadoria, ele é construído porque a realidade é o sentido que fazemos do mundo e do seu fenômeno. Mas esta percepção (ou melhor, este sentido) que é pessoal não significa que seja individual. È compartilhado com outros na sociedade, é resultado de interações, de diálogos conosco e com outros.”[7]

 

- Teoria da Autonomia e da Independência Intelectual :

 

Dando concordância a fala do autor, penso que esta “trata-se inicialmente, de uma teoria em que o processo de ensino e aprendizagem está centrado no estudante e a educação é entendida como processo de caráter fundamentalmente individualizado.”[8]

 

Trata-se de um resumo perfeito da posta teoria. A critica a este conceito vai para o fato de que se atribui ao aluno toda e qualquer responsabilidade sobre sua educação e seu aprendizado, ou seja, em caso de sucesso ou fracasso, a responsabilidade será apenas dele – o aluno.

 

- Teoria da Distância Transacional : 

 

Michael Moore assim define a teoria (...) utiliza-se esse conceito para representar a dinâmica entre a estrutura dos programas EAD, o diálogo (professor-tutor-aluno), mídias e autonomia do aluno no processo de ensino-aprendizado a distância[9]. Notamos aqui uma aproximação para um modelo adequado de ensino a distância, ou seja, um modelo que começa a considerar o conjunto de atores e seu real objetivo – a educação concreta.

 

 

 - Teoria da interação e da Comunicação :

 

Síntese da teoria :

“ No entender de Garcia Aretio, o estudante que estuda a “distância” não está isolado, não é solitário em seu ato de aprender. Há uma instituição que lhe oferece apoio, que o guia e acompanha e estratégias didáticas de comunicação que propiciam o diálogo e a relação pessoal entre alunos e professores, fazendo uso de tecnologias, como o livro didático auto-instrucional e o telefone.”[10].

 

Podemos observar que tal teoria delineia a evolução da EAD, pois esta muito próxima do conceito pedagógico trabalhado por muitos cursos desta era da informação.

 

 - Teoria da Presença Transacional

 

E chegamos aquela que mais se aproxima da EAD aplicada nos modelos atuais, Preti define :

“Corresponderia ao grau com que o aluno percebe a disponibilidade dos outros atores numa situação de formação a distância, de estar em relação com eles. Ultrapassa a percepção de sua situação geográfica em relação aos outros e o sentimento de intimidade e proximidade afetiva para compartilhar o tempo ou o espaço (presença social)[11].

 

Após investigarmos todas as teorias, não podemos concluir este resumo sem anexarmos os conceitos epistemológicos que permeiam todas elas, quais sejam : empirismo, inatismo e dialética.

 

Finalizando, como a educação esta em constante mutação, não é seguro afirmarmos que tais modelos e concepções seguirão os mesmos, um conjunto de variáveis não definidas, poderá, a qualquer tempo, alterar tais definições.

 

            O Trabalho Prático de Tutoria na educação a distância.

 

Analisando o texto “ A Tutoria Como Formação Docente Na Modalidade De Educação A Distância “ alguns dados são relevantes para se compreender o papel profissional dos funcionários em Tutoria on-line, 80% deles possuem mestrado/doutorado, todos possuem experiência docente de no mínimo um ano na docência de modelo presencial e boa parte deles transfere está forma de atuação para suas atividades virtuais, ou seja, quando atuam no ambiente virtual acabam por aplicar as formas de trabalho desenvolvidas durante o tempo de trabalho como professor em sala de aula.

Concretamente, neste ponto, forma de atuação profissional, não há uma organização formalizada que leve  a distinguir professores de cursos presenciais de seus pares na atuação virtual, tal fato pode ser entendido como representativo no desenvolvimento desta nova prática. Posto que as diretrizes pedagógicas encontram-se embasadas nas leis educacionais, não podemos afirmar o mesmo em relação as práticas profissionais.

Mill, colabora com a reflexão :

 “ A prática da tutoria é compreendida pelos tutores como docência e requer novas habilidades. Por exemplo, o aprendizado continuo das novas tecnologias, domínio maior da plataforma de ensino-aprendizagem e, como foi fortemente destacado, outra organização do tempo e trabalho. Este, embora mais flexível e percebido como vantagem da EAD pode levar a uma dificuldade pessoal de organização e até a um comprometimento do espaço e tempo familiar.” (Mill, 2006)

                      

                        Polidocência  e Tutoria na educação a distância.

Importante entendermos o termo polidocência : conjunto articulado de trabalhadores, necessário para a realização das atividades de ensino-aprendizagem na EAD. Ou seja, estamos falando de um profissional essencial no desempenho das atividades que se realizam no ambiente virtual. O tutor, será capaz de mediar o desenvolvimento de atividades pensadas no desenrolar dos cursos.

Contudo, o tutor é parte de uma equipe que congrega outros profissionais, tais como : o professor-autor ( que prepara o material didático), Designer Instrucional ( idealiza o ambiente virtual de estudos,ou, plataforma), informática, animação, entre outros. Cabendo a própria denominação Tutor um desmembramento : Tutor Virtual e Tutor presencial. O primeiro acompanhará os alunos no ambiente de aprendizagem a distância, enquanto na segunda denominação o profissional estará atuando de maneira presencial nos polos de apoio aos estudantes.

Nos estudos relacionados a tutoria, diferentes autores concluem que a terminologia em si apresenta controvérsias quando colocadas em prática, posto que as instituições onde ocorrem, não chegam a um acordo comum de como utiliza-la de forma adequada, assim para algumas destas instituições o termo poderá ser : monitor pedagógico, e-formadores, formadores virtuais. Enquanto para outras, o termo poderá ser: educador on-line, mentor, etc.De certo o que podemos afirmar, que por se tratar de uma atividade profissional muito recente, esta toma como parâmetros de atuação o que se desenvolve na docência presencial, ou seja, a prática pedagógica é muito próxima do que se vê nas salas de aula.Tanto é assim, que para se candidatar ao posto de tutor, uma das exigências é a de que o candidato tenha experiência mínima de um ano lecionando no ensino fundamental e médio ou no ensino superior.

 

Sistemas de tutoria nas instituições de EAD: o semipresencial, o bimodal e o virtual.

 

Uma das formas de se aplicar o acompanhamento via tutoria especializada é o de cursos semipresenciais, ou seja , neste modelo o aluno realiza atividades no ambiente virtual e também é exigida sua participação nas atividades presenciais. Neste modelo os tutores realizam suas mediações em parceria, ou seja, ambos devem ter uma excelente sincronia sobre os temas postos para não haver o risco de confundirem o aluno. Reforçando mais uma vez a importância destes profissionais no desenvolvimento acadêmico dos alunos e fortalecimento da proposta pedagógica da instituição.

 

Margarete da Silva Ramos colabora – “O semipresencial é caracterizado por um serviço de tutoria a distância realizada através de diferentes meios de comunicação.” (pag.6)[12].

 

Outra forma de analisarmos a importância da tutoria é o sistema bimodal, que é muito próximo do modelo anterior, distinguindo-se apenas que neste formato a participação do aluno em encontros com a tutoria presencial é facultativa, ou seja, diferente do modelo semipresencial, aqui o aluno comparece ao encontro com o tutor presencial, caso julgue necessário esta mediação.

 

E por fim, encontraremos o sistema virtual de tutoria, que acontece totalmente a distância, com o uso das ferramentas tecnológicas como canais de desenvolvimento da aprendizagem e atuação entre alunos e tutores. A ideia aqui é trabalhar a autonomia de aprendizagem, incentivando o aprendiz na busca por conhecimento, através de pesquisas. O tutor aqui funcionará como grande incentivador / orientador, ajudando no desenvolvimento das mais variadas habilidades nos aprendizes.

 

Margarete[13] advoga, acerca dos sistemas e da importância do tutor neste formato educacional :

Finalmente, a educação a distância pressupõe que elementos novos são incorporados ao processo de aprendizagem e de construção do conhecimento. O processo de construção de conhecimento é um processo de natureza bilateral ao qual aluno e tutor se inter conectam na rede de conhecimento e que requer, por um lado, agregar elementos quantitativos relativos à qualidade do curso e, por outro lado, realizar a interpretação e a incorporação dos aspectos qualitativos, feita pelos diversos atores que participam do processo institucional: docentes, discentes e servidores técnico-administrativos.

 

Motivações.

 

Segundo os estudos de Maslow[14], podem ser classificadas, em Fisiológicas, de Segurança, Sociais, de Estima e de Auto-realização, contudo de acordo com vários autores os motivos podem obedecer uma ordem de combinação.

 

Pensado este esquema, relatar experiencias que sigam de encomtram aos mesmos, é um exercicio desafiador, o que está plenamente de acordo com a proposta do curso PIGEAD, afinal, o aprendizado permeia certos desafios, que só podem ocorrer, ou antes ocorrem mais facilmente, quando compreendemos a necessidade de nos mantermos motivados.

 

Motivo ou motivos são verbetes originários do latim movere motum e que significam “aquilo que faz mover”, ou seja, uma causa que desencadeia um movimento. O motivo é o que impulsiona o individuo a agir de determinada forma, sendo que pessoas diferentes apresentam necessidades diferentes e nesse sentido, são impulsionados por motivos diferentes[15].

 

 

 

 

Motivações Externas

 

1 – Apriomoramento Acadêmico : atuando com educação de adolescentes, a exigencia mercantil de atualização constante, foi um dos primeiros motivos para que realizasse a candidatura e posterior matricula no curso PIGEAD.

 

2 – Chancela de uma instituição federal : o segundo motivo está relacionado a preocupação de conquistar um diplomo de pós-graduação chancelado por uma instituição federal. Com vistas a tornar-se mais competitivo em um mercado de trabalho cada vez mais especializado. O dominio dos conteúdos ofertados no curso PIGEAD serão de grande colaboração em projetos futuros.

 

3 – Gerenciamento de Ferramentas Digitais : Este terceiro motivo, vem de encontro a necessidade de dominar o gerenciamento de algumas ferramentas tecnológicas e de aprendizado, que enriquecerão os trabalhos que realizado no campo educacional.

 

 Motivações Internas

 

1 – Estima : a realização do curso PIGEAD é de grande importancia quando pensamos  a Auto-Estima, isto porque, o saber aprendido no decorrer do curso, em muito valorizará este campo da necessidade humana, muito bem defendida por Maslow em sua piramide das hierarquias

 

2 – Social : inegavelmente a conclusão do curso, nos levará ao reconhecimento social, visto que a junção de aprendizado, diploma reconhecido e aplicação dos saberes, terão como consequencia direta, o reconhecimento social.

 

 

 

 

 

 

 

 

                           Ser Aluno EAD – o olhar de um cursista.

 

FERREIRA (1993, p. 18-19)[16]

 

(...) decide-se antecipadamente que tipo de aluno se quer criar, que conteúdos ele deve dominar e que cidadão se espera que a criança se torne, planeja-se o currículo, os conteúdos e as atividades que melhor contribuirão para a obtenção do produto desejado.

Pensar um aluno EAD é visualizar um ator social que busca tomar as rédeas de sua formação educacional e social, embora este também esteja sujeito as determinações curriculares de seu curso selecionado, este buscara uma autonomia de aprendizado, se aprofundando nos conteúdos para além das determinações pré-estabelecidas. Aliás, um curso EAD de qualidade determinara em suas bases este perfil a seus candidatos.

 

 A formação de uma aluno EAD exigira um comprometimento, antes, não percebido, ou  não exigido. Fator este explicado pelo formato idealizado para aplicação nos cursos fundamentais, aos quais todos nós, ou a maioria de nós, fomos expostos. Em outras palavras, na base educacional (por isto mesmo nominada fundamental) não se percebe uma exigência para que o aluno aprenda a se organizar, com vias a aprofundar os saberes pedagógicos para além do ambiente de sala de aula.       Evidentemente não podemos generalizar o que aqui se afirma, posto que ações pontuais de profissionais e instituições educacionais, atuarão de forma a não dar conformidade ao modelo citado.

 

DEMETERCO (2009, p.78)[17] colabora :

 

(...) por essa razão é que se vem buscando, já a algum tempo, promover reformas educacionais que levem a uma escola promotora da cidadania e menos preocupada com a transmissão de conteúdos e preparação para o mundo do trabalho. Formar cidadãos conscientes passa a ser o objetivo maior.

 

 Neste ponto podemos dar concordância a fala da autora, visto que o aluno EAD torna seu aprendizado um exemplo prático desta autonomia, pretendida para os alunos do ciclo fundamental.

 

 Evidentemente tal autonomia não será conquistada apenas pela autogestão do aluno, este demandará o auxilio de de profissionais gabaritados para que sua evolução seja percebida e aprimorada, Pozo (2002, p.273)[18], colabora :

 

(...) o mestre deve fazer com que o aprendiz chegue a ser autônomo e exerça o controle pleno de sua aprendizagem, quer dizer, que seja mestre de si mesmo. Dessa forma, fazendo com que o aluno seja, como deve ser, o protagonista principal de sua aprendizagem, o professor ficará relegado a este estranho papel secundário que somente nos grandes filmes se pode apreciar, em fugazes, mas decisivas aparições, que imperceptivelmente, marcam com sua sombra o curso de todo o filme e, a seguir, permanecem vigorosas em nossas memória.

 

 De certa forma o aluno EAD esta na contramão do que vivenciou durante sua passagem pela educação primária e secundária, pois nesta existe uma preocupação exacerbada com os aspectos formais de ensino. Podemos afirmar sem preocupações contrárias que o aluno da modalidade EAD, quando aplicado e devidamente assessorado, estará gabaritado a enfrentar o mundo competitivo e individualizado dos tempos atuais.

 

 A hipótese que podemos abrir aqui, é a de que o aluno EAD dos tempos modernos, encontra neste formato de curso uma válvula de escape a tudo quanto se relaciona a uma educação castradora, ou seja, o tipo de educação referenciada no trecho reproduzido acima, pensada com boa qualidade para poucos. A consciência critica de ter sido exposto, durante grande parte de sua vida, a uma educação precária, no sentido de não permitir a este cidadão se perceber como agente transformador de si e de seu entorno, faz com que sua adequação ao formato educacional proposto pelo modelo EAD, seja relevante.

 

Caminhando para o encerramento, a resposta a questão diretora, pode ser a de que o aluno EAD, constrói para si  um caminho de evolução intelectual e também socioeconômica.

 

 Contudo o desafio de ser um aluno EAD não se encerra quando da finalização do curso realizado, devera o aluno, agora diplomado, atentar-se para assuntos outros que direta ou indiretamente continuarão a exigir sua atenção e colaborar em seu processo de formação continua, posto que uma sociedade fragmentada, com diferentes conceitos de razão, educação, ética, politica, marginalidade e cultura, não poderá ser ignorada, cabendo a este ator buscar novas fontes de saberes para que se torne de fato um agente social democrático.

 

 

 

 



[1] Barbosa, Jane Rangel Alves in “Organização de Sistemas Diferenciados”, Curitiba,2009

[2]www.portal.mec.gov.br acesso em 21.10.2014

[3] Ibsis

[4] Ibsis

[5] Ibsis

[6] Preti, Oreste in “Bases Epistemológicas e Teorias em Construção na Educação a Distância” disponível em www.nead.uftm.br 

[7] Tutora Aparecida Ribeiro Dos Santos in “Fórum de Debates PIGEAD “ acesso em 07.11.2014

[8] Preti, Oreste in “Bases Epistemológicas e Teorias em Construção na Educação a Distância” disponível em www.nead.uftm.br

[9] Barreto, Lima Sandra in “A teoria da distância transacional, a autonomia do aluno e o papel do professor na perspectiva de Moore – um breve comentário. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância. Disponível em www.abed.org.br acesso em 07.11.2014

[10] Preti, Oreste in “Autonomia do aprendiz na educação a distância” Cuiabá, NEAD-UFTM, 2000. Disponível em www.nead.uftm.br

[11] ibsis

[12]QUALIDADE DA TUTORIA E A FORMAÇÃO DO TUTOR: OS EFEITOS DESSES ASPECTOS EM CURSOS A DISTÂNCIA. Margarete da Silva Ramos, ESUD 2013 – X Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Belém/PA, 11 – 13 de junho de 2013 – UNIREDE.

[13]QUALIDADE DA TUTORIA E A FORMAÇÃO DO TUTOR: OS EFEITOS DESSES ASPECTOS EM CURSOS A DISTÂNCIA. Margarete da Silva Ramos, ESUD 2013 – X Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Belém/PA, 11 – 13 de junho de 2013 – UNIREDE.

[14] Hierarquia das necessidades de Maslow in “Entendendo um pouco mais o processo de aprendizagem : motivação, atenção e memória” . UAB Mod.2 Aula 3

[15] Ibsis.

[16] Roberto Martins Ferreira in “Sociologia da Educação” São Paulo, 1993

[17] Solange Menezes da Silva Demeterco in “ Sociologia da Educação”. Curitiba, 2009

[18] Juan Ignacio Pozo in “Aprendizes e Mestres – a nova cultura da aprendizagem “ Porto Alegre, 2002