Estudo metodológico geográfico:

Por Valdelúcio Fonseca | 21/01/2010 | Geografia

A geografia sempre teve como suporte metodológico, o auxílio da percepção e da representação. Desde Ratzel, perpassando por Humboldt (até os dias atuais). O primeiro era consultor político de Otto Von Bismarck (primeiro ministro da Prússia, atuou severamente na consolidação da confederação germânica), em seu trabalho, ele não salientava apenas a relação homem – solo – estado, mas a representação de uma nação, se pegar o fato de Ratzel ter elaborado o conceito de “espaço vital”, veremos em sua essência, o significado da representação e como ela tem grande importância na geografia ratzeliana. Humboldt como uma grande naturalista, pautava-se na percepção do meio natural, pois assim designava a produção de seu trabalho.

         Outro grande geógrafo clássico, Vidal de La Blache, tinha como proposta metodológica o “olhar geográfico”, esse olhar era uma qualidade/característica que o geógrafo desenvolvia a partir de seus estudos teórico à sua práxis, pois era um modo de perceber e conceber o espaço e suas relações (homem X natureza). Enfim, o suporte representação não é dado apenas de forma cartográfica, mas, de forma plural com vários sentidos diversos, por exemplo: O quê um fenômeno natural representa para a sociedade? O quê representa um lugar? O que uma medida política representa na sociedade e meio ambiente? Como a política se representa no território?
           A percepção para BERTOL (2003)O que é a percepção? Qual sua essência? Se o fato perceptivo for estudado pela Psicologia, ele será baseado na observação e relações causais de fatos mentais de comportamento, e será classificado em dois tipos: os fatos externos, que podem ser observados, os chamados estímulos, como, por exemplo, luz, forma, cor; e os fatos internos, que só podem ser observados de forma indireta, as respostas. Em outras palavras, a Psicologia divide o fato perceptivo em estímulos externos e internos, que são os que ocorrem no sistema nervoso e no cérebro. Também em respostas internas e externas, que se constituem nas operações do sistema nervoso e no ato sensorial do sentir ou do perceber alguma coisa.
           Já se o fato perceptivo for estudado pela Fenomenologia, ela procurará explicar o que é a percepção, e não como ela ocorre. Para a filosofia fenomenológica, a percepção é

[...] um modo de nossa consciência relacionar-se com o mundo
exterior pela mediação de nosso corpo
[...] é um certo modo de a consciência relacionar-se com as coisas,
quando as toma como realidades qualitativas [...] é uma vivência.

(CHAUÍ, 1995, p. 236).

Desse modo, pode-se dizer que a percepção é a forma como, através dos sentidos, as coisas do mundo natural ou humano chegam à consciência. É a forma como as pessoas se relacionam com as coisas de um modo geral. Em sendo assim, o centro da cidade é percebido de forma diferente por pessoas diferentes. Cada pessoa tem uma imagem de sua cidade, e isto tem a ver com a forma como ela a percebe, como nela vive, como nela se sente, pois, “tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão minha ou de uma experiência do mundo, sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada” (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 3). Relph (1979, p. 1) considera quatro significados para o termo geografia: como disciplina acadêmica administrativamente distinta; como um corpo formal de conhecimento no qual são levados em conta os arranjos espaciais, as relações homem-natureza; como a ciência que se dedica ao arranjo espacial e cartográfico específico das coisas, regiões e nações; como o padrão pessoal de atividades e encontros com lugares e paisagens."
         Vale ressaltar que os clássicos/sistematizadores da geografia recebiam influências científicas contemporânea, e que ainda hoje adquirimos novas vertentes epistemológicas para as práxis, através de outras bases científicas (humanas e naturais) de várias ciências.