A geografia sempre teve como suporte
metodológico, o auxílio da percepção e da representação. Desde Ratzel,
perpassando por Humboldt (até os dias atuais). O primeiro era consultor
político de Otto Von Bismarck (primeiro ministro da Prússia, atuou
severamente na consolidação da confederação germânica), em seu
trabalho, ele não salientava apenas a relação homem – solo – estado,
mas a representação de uma nação, se pegar o fato de Ratzel ter
elaborado o conceito de “espaço vital”, veremos em sua essência, o
significado da representação e como ela tem grande importância na
geografia ratzeliana. Humboldt como uma grande naturalista, pautava-se
na percepção do meio natural, pois assim designava a produção de seu
trabalho.
Outro grande geógrafo
clássico, Vidal de La Blache, tinha como proposta metodológica o “olhar
geográfico”, esse olhar era uma qualidade/característica que o geógrafo
desenvolvia a partir de seus estudos teórico à sua práxis, pois era um
modo de perceber e conceber o espaço e suas relações (homem X
natureza). Enfim, o suporte representação não é dado apenas de forma
cartográfica, mas, de forma plural com vários sentidos diversos, por
exemplo: O quê um fenômeno natural representa para a sociedade? O quê
representa um lugar? O que uma medida política representa na sociedade
e meio ambiente? Como a política se representa no território?
A percepção para
BERTOL (2003)O que é a percepção? Qual sua essência? Se o fato
perceptivo for estudado pela Psicologia, ele será baseado na observação
e relações causais de fatos mentais de comportamento, e será
classificado em dois tipos: os fatos externos, que podem ser
observados, os chamados estímulos, como, por exemplo, luz, forma, cor;
e os fatos internos, que só podem ser observados de forma indireta, as
respostas. Em outras palavras, a Psicologia divide o fato perceptivo em
estímulos externos e internos, que são os que ocorrem no sistema
nervoso e no cérebro. Também em respostas internas e externas, que se
constituem nas operações do sistema nervoso e no ato sensorial do
sentir ou do perceber alguma coisa.
Já se o fato
perceptivo for estudado pela Fenomenologia, ela procurará explicar o
que é a percepção, e não como ela ocorre. Para a filosofia
fenomenológica, a percepção é
[...] um modo de nossa consciência relacionar-se com o mundo
exterior pela mediação de nosso corpo
[...] é um certo modo de a consciência relacionar-se com as coisas,
quando as toma como realidades qualitativas [...] é uma vivência.
(CHAUÍ, 1995, p. 236).
Desse modo, pode-se dizer que a
percepção é a forma como, através dos sentidos, as coisas do mundo
natural ou humano chegam à consciência. É a forma como as pessoas se
relacionam com as coisas de um modo geral. Em sendo assim, o centro da
cidade é percebido de forma diferente por pessoas diferentes. Cada
pessoa tem uma imagem de sua cidade, e isto tem a ver com a forma como
ela a percebe, como nela vive, como nela se sente, pois, “tudo aquilo
que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão
minha ou de uma experiência do mundo, sem a qual os símbolos da ciência
não poderiam dizer nada” (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 3). Relph (1979, p.
1) considera quatro significados para o termo geografia: como
disciplina acadêmica administrativamente distinta; como um corpo formal
de conhecimento no qual são levados em conta os arranjos espaciais, as
relações homem-natureza; como a ciência que se dedica ao arranjo
espacial e cartográfico específico das coisas, regiões e nações; como o
padrão pessoal de atividades e encontros com lugares e paisagens."
Vale ressaltar que os
clássicos/sistematizadores da geografia recebiam influências
científicas contemporânea, e que ainda hoje adquirimos novas vertentes
epistemológicas para as práxis, através de outras bases científicas
(humanas e naturais) de várias ciências.