Estudo dirigido sobre o povo Kayapó
Por Maria de Fátima Silva Santos | 23/02/2012 | HistóriaESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
ESTUDO DIRIGIDO SOBRE O POVO KAYAPÓ
Professora :Maria de Fátima da Silva Santos
INTRODUÇÃO
Iniciamos nosso texto com um breve histórico da colonização no Brasil, com a contribuição teórica de Gilberto Freire que através de suas importantes pesquisas tem subsidiado inúmeros estudantes por este país.
O impacto da conquista européia sobre as populações nativas das Américas foi imenso e não existem números precisos sobre a população existente à época da chegada dos europeus, apenas estimativas.
O processo de exploração da mão- de -obra e do trabalho escravo tão bem explicado por Darcy Ribeiro, fundamenta e esclarece os principais motivos de revolta e da luta pela sobrevivência que os povos indígenas enfrentaram .
Enfim mencionamos relatos de experiências nas quais elencamos fatos de lutadores da etnia Kayapó, que se sobressaem nos seus grupos, preservando sua identidade cultural e colaborando pelo bem estar de sua comunidade.
É necessário reconhecer e valorizar a identidade étnica de cada uma das sociedades indígenas, suas formas tradicionais de organização social ,de ocupação de terra e uso dos recursos naturais. Isso significa o respeito pelos seus direitos e a tentativa de convívio pacífico entre as diferentes etnias. Justifica-se o estudo por se tratar de uma necessidade de reconstruir os fatos acontecidos de uma população “Indígena” que o futuro dependerá da conscientização do Estado; o “direito” a seus territórios por motivos históricos que o Brasil reconhece ao longo dos séculos.
DESENVOVIMENTO
Quando voltamos nosso olhar ao que nos conta a historia, registrada nos livros didáticos a qual ilustra os aspectos da colonização européia no Brasil, podemos apresentar algumas informações elementares.
Segundo o autor:
“Era necessário ocupar definitivamente o Brasil, ou Portugal corria o risco de perdê-lo para outras nações. [...] Com plenos poderes e investido pelo rei, Martin Afonso constatou a possibilidade de uma expedição sistemática do Brasil.[...] (Petta e Ojeda, p.68).
Enquanto essa expedição colonizadora explorou as riquezas do litoral brasileiro os povos indígenas acossados pela fome, maus tratos, escravização e fugindo do extermínio provocado pela ganância dos portugueses, embrenharam-se para o interior do país adentrando as mais profundas matas e enfrentando animais ferozes, eram devorados por eles. Numa luta constante contra as adversidades. Não obstante a luta e a dizimação a qual estavam entregues, muitos povos conforme a história foram extintos..., as grandes nações identificadas pelo tronco lingüístico, por exemplo, o TUPÍ, que se organizavam politicamente em pequenos grupos denominados tribos. [...] Os setes povos das Missões no Rio Grande do Sul foram aniquilados pelo processo de colonização.
Porém com a As Entradas e Bandeiras, que também são muito bem ilustrados nos livros didáticos esta a brilhante luta dos bandeirantes, que na sua missão de explorar o Brasil Central em busca de ouro e prata também escravizava índios e os exterminava tanto fisicamente como cultural e religiosamente
Essas expedições exploradoras se estenderam por Mato Grosso e com a descoberta de jazidas de ouro envolveram-se em combate com os povos “Payaguás”... “as guerras para os povos nativos tinham razões especificas, geralmente relativas à luta pelo espaço vital.”
No entanto nosso trabalho realiza uma analise a documentos que nos remetem a estudos mais recente quando a expansão dos correios e telégrafos liderados pelo Marechal Candido Rondon adentrou pelas matas com a abertura do que foi considerado o grande avanço para a comunicação no país, também pelos historiadores a maior dizimação da historia dos povos indígenas.
Mas sempre em nome do progresso e da expansão da economia do país o Brasil tem caminhado a passos largos para a extinção dos povos indígenas a exemplo “do Haiti, Cuba e Jamaica, onde não existe remanescente dos índios que lá viviam, pois eles foram totalmente dizimados”.
Nos Estados Unidos os índios são tidos como lendas contadas às crianças através de gravuras idealizadas e caricaturizadas como o “grande líder indígena” Touro Sentado, chefe Sioux assassinado em 1890 por tropas federais norte-americanas.
“Para os índios a colonização significou a invasão e a ocupação de suas terras por povos estrangeiros, os quais, além de provocarem a eliminação física dos nativos, também foram responsáveis por sua destruição cultural.” (Petta, Ojeda. p, 70)
No Brasil não poderia ter sido diferente, pois os mais ilustres cidadãos que figuram na nossa historia foram educados em moldes europeus e para tal construíram seus ideais de progresso e expansão numa cultura estereotipada com desrespeito a cultura dos povos nativos e com informações destorcidas e sem conhecimento de causa.
Acompanhando o estudo da expansão dos telégrafos do Marechal Cândido Rondon e a expansão territorial financiada pela política da “ordem e progresso”, há que se observar que “ do lado de fora da fronteira do Parque do Xingú, estava o território da disputa entre gaúchos, goianos, paulistas e tantos outros que chegavam com seus sonhos de um novo Eldorado.Para eles , vencer era transformar as paisagens florestais em monótonos campos de gado e lavoura, transportando para o cerrado o mesmo modelo de ocupação que seus antepassados aplicaram em outras regiões do país.
Conforme relata André Villas Boas( Secretário Executivo e Coordenador do Programa Xingu do ISA) podemos afirmar que :
“O Parque Indígena do Xingu é hoje uma forte referência da diversidade cultural e ambiental da Amazônia.Tornou-se uma ilha de sociobiodiversidade no coração do Brasil,no contexto de uma região marcada por grandes desmatamentos.”
Durante o século XX os livros de historia deixaram a desejar, pois no registro das conquistas, dos movimentos populares, das revoltas e de muitos outros casos que a política e a democratização do país participaram apesar do nosso país ser considerado pacifico, muitos massacres se sucederam em nome do poder, do progresso e da democracia.
Os índios tiveram que se mobilizar constantemente para defender seu território de freqüentes investidas. Algumas etnias ousaram romper os limites estabelecidos e buscaram assegurar e proteger parcelas de seus territórios que haviam ficado fora dos limites do Parque, numa tentativa contundente de deter a onda destruidora do desmatamento de áreas remanescentes de seus territórios ancestrais.
Enquanto os olhos do mundo estavam voltados para a Ditadura Militar, o exílio dos escritores, estudantes, políticos etc. o movimento estudantil da UNE e o massacre dos guerrilheiros, o progresso adentrava o Brasil Central especificamente no norte de Mato Grosso com a abertura da BR 163 pelo 9º Batalhão de Engenharia a Construção (9ºBEC) continuava, em nome do progresso a assassinar índios como os PANARÁ (os índios gigantes que habitavam a região entre Peixoto de Azevedo e Matupá)denominados pelos Kayapó de KREEN AKARORE o que significa “cabeça raspada”. Os índios testemunharam a velocidade desse processo de colonização regional com muita apreensão, dada a escala de desmatamento, a degradação dos rios, a formação de uma vasta malha viária e o surgimento das cidades, delineando um quadro de confinamento territorial e destruição do entorno do Parque.
A pacificação dos Metyktire, pelos irmãos Villas Boas, foi em 1953.Nessa época , eles eram chamados de “Txucarramãe,(os donos da borduna)” identificação dada pelos seus inimigos “Yudjá ou Juruna” . Os mesmos pertencem ao poderoso grupo Kayapó.
Com a intervenção pacifica dos sertanistas os irmãos Villas Boas “houve um trabalho de resgate desses povos liderados pelo cacique Raoní e pelo jovem Megaron que servia de intérprete”.
Nessa ocasião, pela luta dos irmãos Villas Boas que tentavam organizar os povos indígenas em uma grande nação, uniram forças em torno desse resgate que duraram muitos anos, e perdura até nossos dias.
Porém não foi levado em consideração às diferenças culturais desses povos, pois se antes as guerras tribais eram pelo poder e pelo espaço territorial, agora era questão de vida ou morte. Com isso a grande mistura de povos e línguas no Alto Xingu se fez criar o Parque Indígena do Xingu que abriga aproximadamente 110 povos de diferentes grupos.
O ilustre cidadão representante dos povos indígenas do Parque do Xingu. “Raoní Metuktire” que correu o mundo com o cantor Sting e tornou-se o ícone dos povos indígenas, no Brasil faz parte da etnia Kayapó seu trabalho para a manutenção da cultura indígena e pela permanência dos índios nas aldeias, como também pela manutenção da cultura e da identidade desses povos tem sido objeto de trabalho para muitos pesquisadores no Brasil e no mundo. Nessa luta pela preservação da cultura indígena dos povos que vivem no Parque do Xingu no norte de Mato Grosso. Outro representante legitimo do povo Kayapó “Megaron Txucarramãe” é líder da FUNAI em Colíder/MT e acompanha com maestria o crescimento populacional dos povos do Xingu executando as deliberações do homem branco através das leis e continua com intérprete do seu povo quando suas reivindicações, pois fala a língua portuguesa fluentemente, foi alfabetizado pelos irmãos Villas Boas e fala 11 dialetos dos povos aos quais representa.
A saúde é assistida pela FUNASA e a educação pelos órgãos competentes como MEC e SEDUC, todos com a devida liderança e aprovação do chefe Megaron.
Os povos indígenas continuam em luta pela sua tradição, cultura e permanência em suas terras, que hoje é invadido por madeireiros em busca de uma madeira cor-de-rosa ,o mogno, madeira de lei considerada sagrada pelos povos indígenas e grande fonte de renda para os exploradores, pois essa madeira gera uma grande economia ao país pela sua exportação .
E preciso registrar em tempo real a luta dos povos indígenas, trazendo informações precisas de pesquisadores atuais sobre a historia indígena seus avanços e suas conquistas, considerando que atualmente há um crescimento populacional daqueles que antes eram considerados um povo sem alma, sem cultura, pelos europeus e que podemos afirmar sem receio que os seus remanescentes estão lutando de igual para igual com os homens brancos, tanto em âmbito da política, da educação como da saúde e pela qualidade de vida de suas populações.
Em Mato Grosso há se investido em Educação para os professores indígenas , através de projetos elaborados e executados pela Universidade do Estado de Mato Grosso(UNEMAT)e muitos jovens são enfermeiros em suas aldeias e outros disputam cargos políticos em cidades sedes da FUNAI..
Portanto podemos afirmar que os povos indígenas não são apenas as figuras pitorescas que ilustravam os livros didáticos e “que viviam em tribos, comiam raízes e andavam nus”. São homens, mulheres e crianças que vivem em aldeias, trabalham, lutam, caçam,pescam,estudam, votam e acima de tudo defendem sua cultura em tempo presente.
CONCLUSÃO
As informações contidas nesse artigo além das consultas bibliográficas levam em seu bojo uma grande contribuição dos povos indígenas Kayapó e a observação in loco quando da nossa experiência como Professora Alfabetizadora no Posto Indígena do Kapoto/.Jarina.
BIBLIOGRAFIA
ALMANAQUE SOCIOAMBIENTAL.Parque Indígena do Xingu: 50 anos/Instituto Socioambiental(ISA).-São Paulo:2011.
FRANCHETTO,Bruna.O parque do Xingu,in Dossiê Índiosem Mato Grosso: Cuiabá:Opan/Cimi,1987.
PETTA, Nicolina Luíza; OJEDA, Eduardo A. B. Coleção base: história: uma abordagem integrada: volume único; 1º edição. São Paulo: Moderna, 1999.