Estudo da incidência de vulvovaginites em gestantes em um Centro de Saúde no município de São Luis - MA
Por Danielle Silva Nascimento | 28/06/2011 | SaúdeESTUDO DA INCIDÊNCIA DE VULVOVAGINITES EM GESTANTES EM UM CENTRO DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE SÃO LUIS - MA
Danielle Silva Nascimento
RESUMO
A gravidez influencia o ambiente vaginal pela modificação do equilíbrio imunológico, hormonal e aumento do pH. As vulvovaginites na gravidez associam-se a complicações maternas e perinatais, sendo necessário o diagnóstico e tratamento em tempo. Neste trabalho, teve-se por objetivo conhecer a ocorrência das vulvovaginites em gestantes, que realizam pré-natal no Centro de Saúde. As informações foram coletadas através de entrevistas com as gestantes, onde foi utilizado um questionário. O estudo foi do tipo descritivo, de caráter prospectivo com variáveis quantitativas. Os dados foram analisados através do programa Epi Info 6.0 e demonstrados em forma de tabelas. Constatou-se que a maior parte das gestantes era solteiras (52%), na faixa etária 15 a 25 anos (73%) e tinham ou estavam cursando o Ensino médio (79%). Quanto às características do corrimento vaginal, a prevalência foi de: cor do corrimento branca (55%), consistência leitosa (64%), sem odor fétido (61%). Quanto à dispaurenia e prurido a maior parte negou a existência (79%) e (52%) respectivamente. Em relação aos fatores que podem contribuir para o aparecimento do corrimento vaginal a predominância foi de má higiene da região genitália (85%) e o agente etiológico mais encontrado pelo Papanicolau foi a Candida albicans (61%). Este estudo mostrou uma incidência elevada de corrimento vaginal entre as gestantes estudadas, permitindo identificar os problemas que mais as acometem e o que pode ser feito como medidas preventivas.
Palavras-chave: Gestantes. Pré-Natal. Vulvovaginites.
1 INTRODUÇÃO
Toda mulher apresenta resíduo vaginal fisiológico, que varia quanto ao aspecto e volume durante as diferentes fases do ciclo menstrual em resposta aos hormônios sexuais, assim como a faixa etária da paciente. Neste resíduo existem vários componentes bacterianos que fazem parte da flora vaginal e agem inibindo a proliferação de outros microorganismos, mantendo o equilíbrio da flora residente. Porém, este pode ser rompido por mudanças na população bacteriana ocasionados por uso de antibióticos, irritação da mucosa vaginal, alterações hormonais, hábitos de higiene, atividade sexual etc. Essas alterações da flora vaginal podem criar um ambiente favorável para o crescimento de organismos de maneira patológica (GEBER, MARTINS, VIANA, 2001).
Segundo os mesmos autores o corrimento vaginal é a principal queixa nos consultórios de ginecologia. Embora seja visto como um problema corriqueiro, algumas vulvovaginites podem ter repercussões mais graves. No caso de o agente alcançar o trato genital superior, a paciente pode ser acometida de uma doença inflamatória pélvica com todas as suas possíveis seqüelas (infertilidade, dor pélvica crônica etc.) e podem provocar sintomas extremamente desconfortáveis.
Segundo Baracat et al. (2009) as causas mais corriqueiras de corrimento vaginal são vaginose bacteriana ou vaginite por Gardnerella, a Candidíase vulvovaginal e a Tricomoníase.
A vaginose bacteriana é caracterizada por desequilíbrio da flora vaginal normal pelo predomínio da Gardnerella vaginalis e aumento exagerado de bactérias anaeróbias. Esse aumento é associado à ausência ou diminuição acentuada dos lactobacilos acidófilos, que, normalmente, são os agentes predominantes da flora vaginal normal. A importância da vaginose não se deve apenas à sua elevada freqüência, mas, principalmente, ao relacionamento com enfermidades obstétricas. Entre as conseqüências, incluem-se a rotura prematura de membranas, o trabalho de parto prematuro e a infecção puerperal (BRASIL, 2000).
A cândida é um fungo saprófito e responsável por 20 a 25% dos corrimentos genitais de natureza infecciosa. Para que a mucosa vaginal torne-se colonizada pela Candida, é preciso que o fungo tenha adesão a essas células. Na dependência das condições do hospedeiro, a Candida deixa de ser um saprófito e passa a ser um agente agressor, causando uma infecção sintomática. Apenas uma minoria das mulheres com infecção clínica apresenta um dos fatores considerados como facilitadores dessa doença, gravidez, utilização de contraceptivos hormonais com altas doses de estrogênio, diabete melito, utilização de antibióticos, vestuário de fios sintéticos, desodorantes íntimos e absorventes perfumados, que predispõem à reação alérgica local (BARACAT, LIMA, GIRÃO, 2009).
O Trichomonas vaginalis é um protozoário flagelado, que tem afinidade pelo epitélio vaginal de mulheres com o pH de 6,0. Os sinais clínicos mais freqüentemente associados, além do corrimento, incluem irritação e desconforto na vulva e períneo, além de dispareunia e disúria. Entre os fatores de risco associados à contaminação, podemos citar: múltiplos parceiros sexuais, raça negra, tabagismo, história prévia de DST, não utilização de métodos contraceptivos. Tem-se observado a presença de infecção pelo T. vaginalis com complicações do trato reprodutor, tais como: infecção pós-aborto e puerperal, parto prematuro e rotura prematura de membranas (GEBER, MARTINS, VIANA, 2001).
O organismo da gestante, por influência hormonal, sofre diversas adaptações necessárias para a manutenção da gravidez e preparação para o parto. Algumas dessas modificações fisiológicas que ocorrem no sistema reprodutor da gestante, embora tenham função protetora sobre o útero, gravidez e feto, tornam-se mais suscetível às vulvovaginites (FREITAS, 2008).
Segundo Fonseca et al. (2008) existem outros fatores associados à ocorrência de corrimento vaginal patológico no período gestacional, que são as doenças sexualmente transmissíveis, união conjugal não estável, múltiplos parceiros sexuais e manter relação sexual sem uso de preservativo.
Freitas (2008) diz que durante o desenvolvimento das consultas de pré-natal percebe-se a necessidade de intervenções de enfermagem relacionadas à saúde da mulher, especialmente no que se refere à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento das vulvovaginites, pois elas estão freqüentemente envolvidas em complicações de gestação, parto, puerpério e recém-nascido.
Para a mesma autora, o diagnóstico e o tratamento das vulvovaginites na gestação devem ser rápidos e eficazes por causa da possibilidade de ocorrência de complicações. Na maioria das vezes, o diagnóstico é feito por meio da avaliação do quadro clínico (características do corrimento vaginal, presença de prurido vulvar, aspecto do colo, ardência e odor) e do resultado do exame de Papanicolau.
Considerando as modificações que ocorrem no organismo materno, as implicações das vulvovaginites no ciclo gravídico e a importância da assistência de enfermagem aos problemas identificados, este estudo teve o objetivo de conhecer a ocorrência de vulvovaginites em gestantes atendidas no Centro de Saúde.
2 METODOLOGIA
O estudo foi do tipo descritivo, de caráter prospectivo com variáveis quantitativas. Foi realizado em uma Unidade Básica de Saúde, localizada na cidade de São Luis ? MA, onde são atendidas as famílias cadastradas e a demanda.
A pesquisa foi realizada no período de agosto de 2010 a novembro de 2010. Trata-se de uma amostra aleatória, composta de 33 gestantes que compareceram no Centro de Saúde para a realização de consultas de pré-natal e aceitaram participar da pesquisa, foi utilizado um instrumento de coleta de dados do tipo formulário com perguntas fechadas, onde foi focado o assunto em questão e assim foi obtido às informações necessárias para atender os objetivos da pesquisa.
A coleta de dados foi realizada no consultório de enfermagem e as informações foram coletadas pela autora da pesquisa, através do questionário, onde o mesmo foi preenchido no ato da consulta. Após a coleta das informações, os resultados foram analisados através do programa Epi Info 6.0 e os dados foram demonstrados em forma de tabelas.
Em relação aos aspectos éticos na pesquisa, após a definição do tema e aceite do orientador foi emitido pela coordenação do curso um ofício, onde foi encaminhado à Diretoria do Centro de Saúde. Seguindo a Resolução 196/96 que envolve os seres humanos em estudos, a pesquisa foi realizada após o consentimento das gestantes em participar livremente do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que garantia a utilização das informações para fins científicos e o sigilo dos dados, não provocando dano financeiro e moral.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistadas 33 gestantes atendidas no Centro de Saúde, no período de agosto a novembro de 2010, o que representa o total de 100%. Os resultados a seguir, para uma melhor exploração e entendimento, serão expostos em forma de tabelas.
Tabela 1. Caracterização da amostra de gestantes que realizaram pré-natal no Centro de Saúde, segundo as variáveis socioeconômicas: estado civil, idade e grau de escolaridade. São Luis, 2010.
VARIÁVEIS n %
Estado Civil
Solteira 17 52
Casada/ amasiada 14 42
Separada/ divorciada/ viúva 2 6
Σ TOTAL 33 100
Faixa etária
15 a 25 anos 24 73
26 a 35 anos 9 27
Σ TOTAL 33 100
Grau de escolaridade
I grau (Ensino fundamental) 7 21
II grau (Ensino Médio) 26 79
Σ TOTAL 33 100
Na Tabela 1, em relação ao estado civil observa-se maior proporção em mulheres solteiras, 17 casos (52%). Nos demais grupos, para casadas/amasiadas temos 14 (42%), e para separada/divorciada/viúva, 2 casos (6%).
Em relação ao estado civil, concordando com o apresentado por autores, o maior risco de aquisição de vulvovaginites é o fato de a mulher ser solteira, pois pode ocorrer uma maior troca de parceiros sexuais (LEITE, 2010).
No quesito faixa etária, a Tabela 1 demonstra uma maior predominância de gestantes na faixa entre 15 a 25 anos, com 24 casos (73%), em segundo lugar temos entre 26 a 35 anos com 9 (27%), e já na faixa etária acima de 36 anos não foi entrevistada nenhuma gestante.
A faixa etária de maior prevalência na amostra estudada foi à mesma que a referida na literatura. Para Tanaka et al. (2007) a incidência de corrimento vaginal ocorre nas mulheres em menacme, sendo as idades de maior importância as inferiores a 20 anos. Sugere-se que esse fato ocorra na adolescência, devido aos níveis hormonais altos, que estariam relacionados à etiopatogenia da doença.
De acordo com Fonseca et al. (2008) o corrimento vaginal é uma das queixas mais freqüentes no período gestacional, principalmente nas mulheres com idade inferior a 20 anos (25 anos em certos locais).
Quanto a escolaridade, foi observada a predominância em gestantes que completaram ou que ainda estão cursando o ensino médio 26 casos (79%), para as com o ensino fundamental teve 7 (18%), e não houve nenhum caso com mulheres analfabetas e com ensino superior.
Segundo Travassos et al. (2002) a probabilidade de procurar serviços de saúde é maior em pessoas com um elevado nível de escolaridade, pois têm melhor percepção dos benefícios de um tratamento adequado sobre sua saúde.
O nível de escolaridade está associado não somente no fazer ou no controle pré-natal, mas também ao início precoce do pré-natal e ao número de consultas realizadas, assim as mulheres com maior escolaridade possuem melhores oportunidades de informação (MOLINA, DALBEN, DE LUCA, 2003).
Tabela 2. Caracterização da amostra de gestantes que realizaram pré-natal no Centro de Saúde, segundo as características do corrimento vaginal. São Luis, 2010.
VARIÁVEIS n %
Cor do corrimento vaginal
Branca 18 55
Amarela 12 36
Verde 3 9
Σ TOTAL 33 100
Consistência do corrimento
Leitosa 21 64
Pastosa 12 36
Σ TOTAL 33 100
Corrimento com odor fétido
Sim 13 39
Não 20 61
Σ TOTAL 33 100
A Tabela 2, em relação à cor do corrimento vaginal, mostra que a predominância é de cor branca 18 casos (55%), para corrimento amarelo 12 (36%) e corrimento verde 3 (9%). Quanto à consistência do corrimento vaginal observa-se que 21 gestantes (64%) apresentavam um corrimento com a consistência leitosa e 12 (36%) referiram corrimento pastoso. E tratando do corrimento vaginal com odor fétido, mostra que 20 (61%) não apresentaram queixas e 13 (39%) relataram a presença do odor.
De acordo com Silva Filho (2004) e Ferracin e Oliveira (2005), a candidíase vulvovaginal caracteriza-se por corrimento vaginal branco, fluido, que se exterioriza pela fúrcula vulvar ou por secreção branca, espessa, semelhante à nata de leite, que se adere à parede vaginal e a microscopia a fresco.
Bastos et al. (2003) afirmam que no exame especular é possível observar o corrimento aderido à parede vaginal e colo uterino, sob a forma de placas micóticas, com a consistência de "leite coalhado", sem odor e de cor branca.
De um modo geral, as vulvovaginites se manifestam através do corrimento vaginal cujas características podem ser bastante variáveis: à cor (branco, amarelado, esverdeado), a consistência (leitoso, pastoso). Além disso, o corrimento pode apresentar-se associado a um ou mais sintomas, como a presença ou não do odor fétido. (GEBER, MARTINS, VIANA, 2001)
Tabela 3. Caracterização da amostra de gestantes que realizaram pré-natal no Centro de Saúde, segundo as variáveis dispareunia e prurido na região genitália. São Luis, 2010.
VARIÁVEIS n %
Dispareunia
Sim 7 21
Não 26 79
Σ TOTAL 33 100
Prurido na região genitália
Sim 16 48
Não 17 52
Σ TOTAL 33 100
A Tabela 3 mostra que 7 gestantes (21%) disseram apresentar dispaurenia e 26 (79%) negaram o sintoma. Quanto ao prurido, 16 (48%) referiram possuí-lo e 17 (52%) disseram não apresentar o mesmo.
Silva Filho (2004) cita que quase todas as gestantes em algum momento referem corrimento vaginal, prurido, ardor ou dor ao coito.
Em um estudo semelhante, Freitas (2003) cita que quanto às queixas ginecológicas de dispaurenia e prurido, a porcentagem foi de 19,4% e 38,7% respectivamente, havendo assim uma semelhança quanto ao presente estudo.
Tabela 4. Caracterização dos fatores que podem contribuir para o aparecimento de vulvovaginites apontadas pela amostra de gestantes que realizaram pré-natal no Centro de Saúde. São Luis, 2010.
VARIÁVEIS n %
Fatores que podem contribuir para o
aparecimento do corrimento vaginal
Número grande de parceiros sexuais 16 48
Freqüência aumentada de atividade sexual 8 24
Doenças sexualmente transmissíveis 20 61
Infecções vaginais não tratadas 26 79
Má higiene da região genitália 28 85
Alterações hormonais 20 61
Problemas de origem emocional 4 12
Baixo padrão socioeconômico 2 6
Medicações 15 45
Uso de desodorantes íntimos 2 6
Vestuário inadequado, com a utilização de fios sintéticos 12
36
Σ TOTAL 153* 463*
*Ressalta-se que uma mesma gestante pode ter referido mais de um fator que possa contribuir para o aparecimento de vulvovaginites.
A Tabela 4 trata da opinião das gestantes sobre os fatores que podem levar ao aparecimento de vulvovaginites. Foi detectado que 85% das entrevistadas relacionaram a má higiene da região genitália como à maior responsável pelo aparecimento das mesmas. 79% citaram como fator as infecções vaginais não tratadas, 61% opinaram por doenças sexualmente transmissíveis e a mesma porcentagem para alterações hormonais. 48% falaram que a troca de parceiros sexuais, o uso de medicamentos (45%) e vestuário inadequado (36%) constituem fatores. 24% disseram acreditar que o aumento da freqüência sexual, problemas de origem emocional (12%), baixo padrão socioeconômico (6%) e o uso de desodorantes íntimos (6%) também podem ser citados como fatores de desenvolvimento das vulvovaginites.
Simões et al (2006) afirmam que em diversos estudos realizados, o aparecimento de vaginose bacteriana está relacionada com a grande diversidade de parceiros sexuais, onde 54,8% gestantes atribuíram tal prática como fator de surgimento de vulvovaginites.
Feitoza (2003) diz que em algumas mulheres, o aumento da freqüência sexual pode levar a uma alteração imune local, que propiciará a instalação de uma infecção quando exposta a um agente agressor, pois este encontrará um ambiente propício para sua manifestação.
Malanga (2005) cita as Doenças Sexualmente Transmissíveis como fatores predisponentes para as vulvovagintes, pois é sabido que a AIDS e outras DSTs interferem no sistema imunológico, diminuindo a resistência do indivíduo à infecção.
Por ser a vagina uma porta de entrada dos microorganismos para o TGI, a mucosa vaginal íntegra funciona como uma importante barreira anatômica e imunológica contra as infecções, pois constituída por tecidos imunologicamente reativos, que se mostram capazes de produzir respostas locais contra os antígenos, facilitando o aparecimento de vulvovaginites inespecíficas (BECKERMAN, 2000).
Para Sobel (2002) os hábitos de higiene íntima incorretos mobilizam microorganismos da região anal para a perineal, atuando como fatores predisponentes para algumas vulvovaginites.
É sabido que o uso de anticoncepcionais com altas dosagens hormonais assim como terapia de reposição hormonal levam ao aumento do glicogênio por causa do aumento do estrogênio onde esse aumento leva ao aumento do substrato nutricional dos fungos e assim favorece a infecção micótica da vagina (ROSA; RUMEL, 2004).
Cordeiro (2003) realizou um estudo analítico comparativo e observou que o aparecimento das vulvovaginites pode ser uma expressão psicossomática de conflitos e desajustes emocionais, onde 12,9% das gestantes entrevistadas citaram que haviam passado por problemas emocionais.
Em estudo realizado por Nogueira (2004) foi observado maior freqüência de vulvovaginites em mulheres com o ensino fundamental incompleto e com profissão de domésticas e donas de casa, fato este que ele associou ao baixo nível socioeconômico.
O uso de antibióticos está aparentemente relacionado à destruição da microbiota vaginal, fato este observado por Sobel (2002) após 19,4% das gestantes por ele analisadas terem referido o uso de antibióticos durante a gestação.
Passos (2003) associa o uso de roupas íntimas justas ou sintéticas está intimamente relacionada com a candidíase vulvovaginal por dificultar a aeração na genitália, aumentando assim a umidade da mesma.
Segundo Baracat et al. (2009) as vulvovaginites são como reações inflamatórias que podem ser causados por diversos organismos que infectam a vagina e também por substâncias irritantes, como no caso de desodorantes íntimos, que podem desencadear um processo alérgico.
Tabela 5. Caracterização da amostra de gestantes que realizaram pré-natal no Centro de Saúde, segundo os agentes etiológicos, de acordo com o método Papanicolau. São Luis, 2010.
VARIÁVEIS n %
Agentes etiológicos encontrados pelo
método Papanicolau
Gardnerella vaginalis 8 24
Candida albicans 20 61
Trichomonas vaginalis 5 15
Σ TOTAL 33 100
A Tabela 5 cita os principais agentes etiológicos responsáveis pelos corrimentos nas gestantes, onde 61% apresentaram Candida albicans, 24% Gardnerella vaginallis e 15% Trichomonas vaginalis.
Gomes (2003) em sua pesquisa com 124 mulheres encontrou maiores casos de vulvovaginites relacionadas à Candida albicans, e à Gardnerella vaginalis, sem fazer menção à porcentagem, apresentando semelhança com o atual estudo.
Giraldo; Faundes (2006) acharam a porcentagem de 19,3% para candidíase, 9,5% para vaginose bacteriana e 2,5% para tricomoníase.
De acordo com Mitchel (2004), mais da metade das mulheres com vaginose bacteriana são assintomáticas, fato este que mostra a importância do acompanhamento no pré-natal com a realização do exame de Papanicolau o que irá detectar e prevenir complicações na gestação causada por essa vulvovaginite.
Em um estudo, Freitas (2008) diz que a candidíase vulvovaginal ocupa o 2° lugar da vulvovaginites em gestantes, sendo precedida pela vaginose bacteriana. A tricomoníase tem sido a menos encontrada, ocupando assim o terceiro lugar.
4 CONCLUSÃO
Conclui-se que são inúmeros os casos de gestantes que chegam procurando o serviço de saúde, queixando-se de corrimento vaginal, tornando-se uma situação "normal" devido a diversos fatores que contribuem para o seu aparecimento, como a própria questão imunológica, que no período gestacional torna-se insuficiente.
Diante dos resultados apresentados e comparados com os já existentes na literatura, teve-se a confirmação sobre a ocorrência das vulvovaginites em gestantes. Observou-se que a incidência é maior em mulheres na faixa etária de 15 a 25 anos e com situação conjugal não estável, fator este que contribui para o aparecimento das vaginites.
As vulvovaginites devem ser diagnosticadas e tratadas, pois podem trazer várias complicações na gestação, como parto prematuro, rotura prematura de membranas e outros, afetando tanto a parturiente como o recém-nascido. Assim, tendo que haver um acompanhamento através das consultas de pré-natal, onde a gestante tem que ser orientada e tratada.
STUDY OF THE INCIDENCE IN PREGNANT WOMEN IN A VULVOVAGINITIS HEALTH CENTER IN THE MUNICIPALITY OF SAO LUIS ? MA
ABSTRACT
Pregnancy affects the vaginal environment by changing the immunological balance, hormonal and pH increase. The vulvovaginitis in pregnancy are associated with maternal and perinatal complications, being necessary to the diagnosis and treatment in time. The present work was aimed to understand the occurrence of vulvovaginitis in pregnant women, prenatal care that the Center for Health. Information was gathered through interviews with pregnant women, where a questionnaire was used. The study was a descriptive, prospective character of quantitative variables. Data were analyzed using Epi Info 6.0 and demonstrated in tables. It was found that most mothers were unmarried (52%), aged 15-25 years (73%) and had or were enrolled in Secondary education (79%). Characteristics of vaginal discharge, the prevalence was: white color of the discharge (55%), milky consistency (64%), no foul odor (61%). As for the itching and dispaurenia most denied the existence (79%) and (52%) respectively. Regarding factors that may contribute to the appearance of vaginal discharge was the predominance of poor hygiene of the genital region (85%) and the etiologic agent was found by Pap smear to Candida albicans (61%). This study showed a high incidence of vaginal discharge among pregnant women studied, allowing to identify the issues that affect the most and what can be done as preventive measures.
Keywords: Pregnancy. Pre-Natal. Vulvovaginitis.
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