Estudar é bom
Por Edson Terto da Silva | 30/11/2011 | CrônicasDizer que estudar sempre é bom, seja lá em qualquer profissão que se queira seguir, é chover no molhado. Mas estudo faz falta até para quem, infelizmente, decidiu não seguir nenhuma profissão e tornou-se ladrão. A gente poderia contar a história do "mala" que tentou assaltar um banco e foi preso ao entregar um bilhete ao caixa onde estava escrito: "Iço é um açalto!". O bancário assustou-se e disse em voz alta:" Assalto com cedilha ? Pensei que era com dois 'S' e 'U'(sic)..." O diálogo causou tumulto na fila do banco e provocou a prisão do ladrão analfabeto. Bem, o caixa, digamos, distraído, que trocou o 'L' pelo 'U' na palavra assalto serviria de testemunha no flagrante.
Mas o "causo" de hoje é sobre um lendário ladrão de jóias que vinha apavorando comerciantes de regiões metropolitanas, com ações cada vez mais ousadas. Entre as características do ladrão, uma chamava a atenção de vítimas e testemunhas. Ele seria totalmente gago, tinha dicção horrível e ficava nervoso e violento porque as vítimas não entendiam suas ordens. Geralmente, os assaltos demoravam mais do que o ladrão esperava e a situação era tensa, afinal o criminoso ficava fora de si e as vítimas e clientes achavam que ele passaria a atirar à esmo...
Não há notícia que o ladrão tenha chegado a atirar em alguém que não lhe entendia, mas virou questão de honra entre policiais descobrir quem era tão ousado criminoso. O problema de fala era ponto forte de partida para qualquer investigação e por isso havia recomendação em todas Delegacias para averiguar com cautela suspeitos que fossem gagos. Em certa ocasião, um rapaz que dirigia embriagado e trazia razoável quantidade de jóias no carro foi apresentado no Plantão Policial. O suspeito estava tão alcoolizado que nem conseguiu falar com os policiais que o detiveram.
Após o "chá de banco" no Plantão, com direito a cochilo e tudo, o suspeito finalmente é apresentado ao delegado plantonista. A autoridade faz a clássica pergunta: "qual é seu nome?". O rapaz responde: "Papaulo Pepereira Fifilho..." Sem que o suspeito saiba, a resposta faz passar um filme na cabeça do delegado. O policial acredita estar na frente do assaltante gago, pensa na repercussão na imprensa e nos elogios que receberá dos superiores. Ao interrogar o suspeito, o delegado percebe que o rapaz não gagueja, a não ser na hora de dizer o próprio nome: "Papaulo Pepereira Fifilho!".
O policial pensa,então:"a gagueira pode ser artimanha do assaltante para enganar as vítimas... ou ele é mesmo gago e está tentando nos enganar ?" Em determinado momento, muito invocado com o fato de o suspeito só gaguejar ao dizer o nome, o policial fala em tom ameaçador: " afinal, o senhor é gago ou não ?". O rapaz responde: "Não sou..."
E o delegado diz: " então pela milésima vez, qual é seu nome?" O rapaz responde:"Papaulo Pepereira Fifilho". O delegado perde a linha de vez:"Pô ! Meu chapa, 'cê' vai é entrar no pau, tá brincando com autoridade..." E o suspeito desesperado diz: " mas senhor, meu nome é Pepedro Pepereira Fifilho, meu pai, Pedro Pereira, era gago e o escrivão que me registrou era um FDP..." Ah, em tempo, testemunhas e vítimas dos roubos em joalherias não reconheceram o suspeito como sendo assaltante. O rapaz era revendedor de jóias.