ESTRUTURAS DE MERCADO DE BENS E SERVIÇOS PRINCIPAIS DEFINIÇÕES E EXEMPLOS APLICADOS
Por Viviane Morais Ribeiro | 25/11/2017 | Economia1 INTRODUÇÃO
A economia do mundo moderno é muito dinâmica. As empresas precisam estar preparadas para enfrentar diferentes cenários econômicos (tanto de crescimento quanto de crise, com processos de transformações econômicas, sociais, políticas, de gestão de conhecimento e de informações) que influenciam na definição de seus negócios. Diante de um contexto de crescimento do mercado global, com o avanço da tecnologia e com mercados altamente competitivos, é necessário que as empresas inseridas nesse contexto estejam preparadas para competir e poder crescer.
Na teoria econômica, os mercados originam-se a partir da interação conjunta de compradores e vendedores. Ou seja, um mercado é um grupo de compradores e vendedores que, por meio de suas interações efetivas ou potenciais, determinam o preço de um produto ou de um conjunto de produtos. As estruturas de mercado são modelos que captam aspectos de como os mercados estão organizados. Cada estrutura de mercado destaca aspectos essenciais da interação da oferta e da demanda, baseando-se em características observadas em mercados existentes.
Procurar-se-á demonstrar nesse trabalho quais são as principais estruturas de mercado de bens e serviços. Para isso, será realizado um relatório técnico sobre o que são os componentes e como se estrutura o mercado, dando exemplos de empresas que compõem as principais estruturas.
2 ESTRUTURAS DE MERCADO E ESTRATÉGIA COMPETITIVA
O estudo das estruturas de mercado explica de que forma as decisões de preço, investimentos e nível de produção das empresas dependem da estrutura de mercado e do comportamento dos concorrentes.
2.1 DEFINIÇÃO DE MERCADO
Segundo Guerreiro (2011), mercado é um conjunto de pontos de contatos voluntários entre vendedores e potenciais compradores de um bem ou serviço, que, mediante condições contratuais de compra e venda, concretizam os negócios. O autor enumera alguns aspectos implícitos no conceito de mercado:
- O contexto comporta qualquer tipo de intercâmbio: trocas diretas (negociações diretas entre os vendedores em qualquer lugar) e trocas indiretas (negociações através de bolsas de mercadorias, bolsas de cereais ou em instituições congêneres). Assim, a definição de mercado é caracterizada pela idéia de espaço econômico, ou seja, não está circunscrita a uma região determinada.
- Negociações são voluntárias e o sistema de preços funciona como denominador comum nas trocas.
- Desnecessidade da presença explícita das partes envolvidas no processo. Essa possibilidade é possível pelo desenvolvimento de redes internacionais de telecomunicação em tempo real e padronização de produtos (commodities). Assim, os mercados se desenvolvem em termos locais, regionais, nacionais e internacionais.
Os diferentes estágios no processo de transição englobam o atacado e o varejo.
2.2 DETERMINANTES DAS ESTRUTURAS DE MERCADO
Para Pindick (2010), o estudo de mercados explica de que forma as decisões de preço, investimento e nível de produção das empresas dependem da estrutura de mercado e do comportamento dos concorrentes.
De acordo com Guerreiro (2011), São dois os elementos que determinam as estruturas mercadológicas nas quais acontece a atuação da firmas: a quantidade de agentes; e a natureza do produto final ou serviço ou do fator de produção.
A quantidade de agentes diz respeito, principalmente, à forma de atuação, e não pela quantidade dos agentes. O comportamento dos agentes diz respeito à existência ou não de reações entre eles quando as decisões particulares entrarem em cena. Podem surgir duas possibilidades:
- Mercados atomizados: presença de grande quantidade de agentes em que as decisões individuais dos agentes não influenciam a decisões dos demais agentes concorrentes. Os indivíduos atuam como tomadores de preços e, isoladamente, jamais pressionarão o preço que vier a ser ditado pelo mercado. Essa situação ocorre nos mercados concorrenciais.
- Mercado não atomizado: existem poucos agentes (mercados não concorrenciais) e a decisão de qualquer um deles terá influência sobre as decisões dos demais. Neste mercado aos agentes conseguem, em certas circunstâncias, ditar preços.
A diferenciação do produto final, serviços ou fator de produção ocorre quando existir manifesta preferência do agente por um deles em detrimento dos demais, embora todos possam, em princípio, atender a mesma finalidade. E, pode se identificada pelos atributos técnicos, físicos e/ou intrínsecos; imagem transmitida e características dos agentes:
- atributos técnicos, físicos e/ou intrínsecos: resultam, entre outras especificidades, da forma (configuração), estilos, durabilidade, cor, qualidade, tipo de embalagem, condições de uso, denominações não similares, disponibilidade e tecnologia incorporada;
- imagem transmitida: masculinidade, feminilidade, marca (etiqueta), prestígio, posição social (status) exemplificam essa situação;
- características dos agentes: compreendem, entre diversas possibilidades, localização geográfica, políticas de transação (preço e crédito), condições de higiene/limpeza do local da negociação, comportamento e/ou modo de atuação de prepostos (até de empregados) como boas maneiras no relacionamento, prestação de assistência técnica pós-vendas e disponibilidade para a realização/execução de serviços.
2.3 PRINCIPAIS ESTRUTURAS DE MERCADO
Os autores de teoria econômica e microeconomia citam diversos tipos de estruturas de mercado. Nesse trabalho, serão analisadas principalmente quatro estruturas clássicas. São elas: concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolista e oligopólio. Também serão citados o monopsônio, o oligopsônio e monopólio bilateral.
Segundo Pindick (2010), para determinar as estruturas de mercado, é importante analisar o poder de mercado, ou seja, a capacidade de influenciar o preço, por parte do vendedor, ou por parte do comprador. Ele influencia o bem-estar dos consumidores e dos produtores, podendo ser limitado pelo governo. Nesse contexto se analisa o mercado competitivo (ou concorrência perfeita), o monopólio e o monopsônio. Ainda sobre o poder de mercado, as empresas podem elaborar estratégias diferenciadas de preço e propaganda para se beneficiarem do seu poder de mercado (isso não acontece na concorrência perfeita, pois, como será demonstrado, a empresa não tem poder de influenciar o mercado).
Pindick (2010) aponta também os mercados nos quais o número de empresas é limitado, variando da competição monopolística, na qual muitas empresas vendem produtos diferenciados, passando pelo oligopólio e chegando ao cartel, nos quais grupos de empresas coordenam as decisões e atuam como um monopolista.
3 CONCORRÊNCIA PERFEITA
A concorrência perfeita é a estrutura de mercado que descreve o funcionamento equilibrado, ou ideal, servindo de base para as outras estruturas. A estrutura é também chamada de mercado competitivo, ou mercado perfeitamente competitivo, ou ainda concorrência pura.
Pindick (2010) explica que, de um modo geral, no mercado perfeitamente competitivo, há um número de vendedores e compradores de uma mercadoria, o que garante que nenhum vendedor ou comprador em particular pode influenciar no preço. O preço é determinado pelas forças de mercado da oferta e da demanda. As empresas, individualmente, baseiam-se no preço de mercado para se decidir quanto vão produzir e vender, e os consumidores também se baseiam em tal preço para decidir o quanto vão adquirir.
Para Varian (2003), um mercado é perfeitamente competitivo se todas as empresas partirem do pressuposto de que o preço de mercado independe de seu nível de produção. Assim, num mercado competitivo, cada empresa só tem de se preocupar com a quantidade de bens que deseja produzir. Seja qual for a quantidade produzida, ela só poderá vendê-la ao preço vigente no mercado. Para essa estrutura, os produtos geralmente são idênticos, ou perfeitamente substitutos, e cada empresa é uma pequena parte do mercado. O produtor não tem de se preocupar com a fixação de um preço para seu produto, pois ele é um tomador de preço, que só tem de se preocupar com a quantidade a produzir.
Em suma, as principais características de um mercado competitivo, ou concorrência perfeita, segundo Guerreiro (2011), são:
- existência de grande número de compradores e de vendedores atuando isoladamente, que se comparado ao tamanho do mercado, nenhum deles consegue influenciar no preço, mesmo com mecanismos extra-preços (propaganda, melhoria de qualidade, mecanismos de comercialização, etc.), e assim, os preços dos produtos são fixados uniformemente no mercado;
- os produtos elaborados são homogêneos, isto é, são substitutos perfeitos entre si; dessa forma não pode haver preços diferentes no mercado, e os compradores são indiferentes em relação às firmas (vendedores) no momento de adquirir o produto;
- existe um grande número de compradores, sendo que cada um deles é pequeno em relação à dimensão do mercado;
- transparência de mercado, ou seja, existe completa informação e conhecimento sobre o preço do produto, e dessa forma, nenhum vendedor colocará seu produto no mercado por um preço inferior ao do concorrente, e os consumidores não estariam dispostos a pagar um preço superior ao vigente;
- livre mobilidade: a entrada e saída de firmas no mercado são totalmente livres, não havendo barreiras legais e econômicas, o que permite que firmas menos eficientes saiam do mercado e que nele ingressem firmas mais eficientes.
Pindick (2010) afirma que muitos exemplos de mercados altamente competitivos estão ligados à agricultura, mas se não fossem esses mencionados, percebe-se que são poucos os mercados perfeitamente competitivos no sentido de que as empresas se defrontam com curvas de demanda totalmente horizontais para um produto homogêneo, havendo também ampla liberdade para as empresas entrarem ou saírem do setor. É importante ressaltar que não há um indicador simples que diga quando um mercado real é altamente competitivo, sendo necessário analisar tanto as empresas em si quanto suas estratégias de interação.
Varian (2003) cita como exemplos de mercados competitivos, primeiramente o mercado de trigo dos Estados Unidos, no qual há milhares de produtores, e mesmo o maior deles só produz uma fração mínima da oferta total. Também cita o mercado de peixes frescos e de flores, os quais, mesmo com poucos concorrentes, o menor preço é o preço de mercado, e cada uma das empresas poderá tomar os preços das demais como dados.
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