Estrutura da flor

Por Daniella Vinha | 30/03/2016 | Educação

A flor é um órgão especializado para a reprodução em Angiospermas. As flores de Angiospermas apresentam-se solitárias ou agrupadas em inflorescências, com uma classificação toda especial segundo sua tipologia. O número e o arranjo dos órgãos florais, assim como sua forma, determinam em grande parte a aparência geral da flor. O estudo de tais características é extremamente importante para a Sistemática de plantas, pois seus caracteres morfológicos apresentam pouca variabilidade quando comparada com estruturas vegetativas, servindo de base para traçar as relações de parentesco entre as espécies e suas relações evolutivas.

A flor é um ramo altamente modificado com folhas modificadas em apêndices florais ou órgãos florais. É constituída por uma haste denominada pedicelo ou pedúnculo, geralmente possuindo uma porção dilatada terminal, o receptáculo, de onde emergem os apêndices modificados: sépalas, pétalas, estames e carpelos. Os órgãos florais distribuem-se de forma helicoidal (acíclica), em verticilos (cíclica) ou em arranjos mistos (hemicíclica). As flores podem apresentar simetria radial (actinomorfia) ou bilateral (zigomorfia).

Os apêndices modificados podem ser considerados estéreis (cálice e corola) ou reprodutivos (gineceu e androceu) a depender de sua função na flor.

A parte estéril da flor é denominada perianto, sendo constituído pelo cálice (conjunto de sépalas) e corola (conjunto de pétalas). Sépalas e pétalas são semelhantes à folha em sua estrutura interna. Apresentam parênquima fundamental, sistema vascular e epiderme, que pode incluir a presença de estômatos e tricomas. Sépalas são geralmente verdes e contêm cloroplastos, mas raras vezes mostram diferenciação em parênquima paliçádico e lacunoso, como ocorre na folha. Pétalas são geralmente coloridas e vistosas, apresentando tons muito variados devido à presença de pigmentos carotenóides e antocianinas. As células epidérmicas das pétalas podem apresentar óleos voláteis que conferem fragrâncias características às flores. Portanto, pétalas podem ser vistas como folhas modificadas que se tornaram especializadas para atrair polinizadores. Quando as sépalas e pétalas apresentam-se indiferenciadas umas das outras, o conjunto é denominado tépalas, o que geralmente ocorre em táxons mais primitivos de Angiospermas.

A parte reprodutiva da flor é constituída pelo androceu e gineceu. O androceu compreende o conjunto de estames da flor. Os estames apresentam um filete que é um filamento fino que sustenta as anteras. As anteras são as estruturas que contêm microsporângios (ou sacos polínicos), produtores de grãos de pólen. O número de esporângios varia nos diferentes táxons, podendo ser unisporangiadas, bisporangiadas, tetrasporangiadas, octosporangiadas ou multisporangiadas (muitos esporângios), sendo mais comum as tetrasporangiadas (constituída por 4 esporângios). A antera tetrasporangiada apresenta simetria bilateral, estabelecendo duas porções equivalentes, denominadas tecas. Cada teca abriga duas urnas, as lojas ou sacos polínicos, as quais correspondem aos androsporângios, separados por um tecido estéril, o septo. As tecas da antera estão ligadas entre si e com o filete através de um tecido estéril denominado conectivo. A morfologia das tecas e anteras é extremamente variável, tornando-se um caráter diagnóstico importante para a taxonomia de muitos grupos de plantas. Em algumas flores, diferenciações entre filete e antera podem não ocorrer, formando estames petalóides, associados diretamente com as pétalas. A liberação de grãos de pólen ocorre de modo espontâneo através da abertura das fendas nas anteras.

Estames podem ser largos, coloridos e odoríferos, claramente atrativos para visitantes florais. Em algumas famílias de plantas, alguns estames tornam-se estéreis secundariamente (estaminódios). Eles perdem seus esporângios e se transformam em estruturas especializadas denominadas nectários. Nectários são glândulas que secretam néctar, um fluido açucarado que atrai polinizadores, por sua oferta nutritiva. Entretanto, a maioria dos nectários tem origens diversificadas nas flores, nem sempre provenientes de estames.

O gineceu é constituído pelos carpelos (também referido como pistilo). O carpelo é formado por uma porção fértil, o ovário, e uma porção estéril representada por duas estruturas, o estigma e o estilete. O ovário é a porção basal dilatada do carpelo. Em sua superfície interna, saliências se desenvolvem a partir dos tecidos epidérmicos e subepidérmicos para formar a placenta em direção ao interior da cavidade central denominada lóculo, de onde os óvulos são originados. O estigma é a região de abertura do estilete que dá acesso ao ovário. É constituído por um tecido glandular secretor de substâncias que criam um meio adequado à germinação dos grãos de pólen. O estilete é o canal alongado que liga o estigma ao ovário e por onde os tubos polínicos se desenvolvem por crescimento intercelular.  

O gineceu pode ser formado por um único carpelo (unicarpelar) ou por vários (pluricarpelar). No gineceu pluricarpelar, os carpelo guardam sua individualidade, cada um com seus próprios lóculos, ou os lóculos podem aparecer unidos.

A posição do gineceu com relação ao eixo floral e aos outros órgãos da flor é importante para sua descrição. Se os carpelos se inserem na parte mais alta do receptáculo e os outros órgãos florais, mais abaixo, o ovário é chamado de súpero, e a flor é hipógina. Se os outros órgãos florais estão inseridos no eixo floral a meia altura do ovário, este recebe a denominação de médio, e a flor é perígina. O ovário é ínfero e a flor é epígina se o ovário se posiciona abaixo do nível de divergência dos órgãos florais periféricos.