Estado do Acre: Seringal I, II e III

Por Francisco Antônio Saraiva de Farias | 27/06/2012 | Contos

 

ESTADO DO ACRE

SERINGAL

I

Seringueiras, Castanheiras, Maçarandubas, Cedro, Jatobás e Cerejeiras; Pau D’arcos, Pequizeiros, Samaúmas Mulateiros, Arranha gato e muitas Palheiras, Onças, veados, antas, caititus; queixadas, capivaras, jabotis, tatus; pássaros, pacas, tamanduás, macacos e alguns quandus; cutias, cutiaras, preás, e quatipurus. Grandes rios, grandes lagos, igarapés e invernadas; peixes-boi, tambaquis, tucunarés, pirarucus, dourados, capararis e pescadas; jundiás, surubins, branquinhas, curimatãs, saúnas, piaus, mandis, matrinxãs e piramutabas; tartarugas, tracajás, capitaris, pitius, poraquês, tucuxis, jacarés e cobras-d’água.

Os seringueiros, a caboclada.

Varejões, remos, canoas, ubadas; arcos, arpões, regatões,

munições, espingardas.

E muitos filhos.

II

Os fazendeiros, a peãozada; rifles, revólveres, motosserras, tratores e outras armas.

A derrubada.

A queimada.

A derrocada.

A debandada.

Os vastos campos e as boiadas.

Caboclos e seringueiros são expulsos de suas áreas.

III

Os fazendeiros, a peãozada; rifles, revólveres, motosserras, tratores e outras armas.

A derrubada.

A queimada.

A derrocada.

A debandada.

Os vastos campos e as boiadas.

Os animais não terão filhos.

Caboclos e seringueiros, expulsos das matas que lhes serviram de berço, contam histórias para transeuntes infindos...