ESPIRITISMO E AS PREVISÕES
Por SILNEY DE SOUZA | 18/02/2010 | PsicologiaRecebi um correio eletrônico de um leitor desta Coluna, perguntando, em resumo, qual seria a visão do Espiritismo para os temas relacionados às previsões do futuro. Neste "e-mail" ele comenta sobre as tentativas de se adivinhar o futuro, por meio do uso do Tarot, Baralho Cigano, I Ching, Runas, Astrologia etc.
Como é normal as pessoas procurarem por previsões, segue então as previsões espíritas para o ano de 2.010 e 2.011:
Nenhuma!!!!!
Como assim, "nenhuma"?
Muito simples, ao contrário do que muitos imaginam, o espiritismo nada tem a ver com previsões, nem com adivinhações. Espíritas não se utilizam de búzios, cartas, bolas de cristal etc. Enfim nada disso!
Portanto, se alguém se apresentar como espírita e disser que faz alguma previsão, fuja imediatamente. Se quiser cobrar pior ainda. Isso não tem nada a ver com espiritismo.
Adivinhar com quem vou me casar, quem será o ganhador da loteria esportiva, o dia, hora e condições da minha morte (desencarne) foge totalmente aos propósitos da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec.
Vou tentar então explicar a visão espírita para esses "fenômenos", partindo dos meus parcos conhecimentos e estudos sobre o assunto.
A "Lei de Ação e Reação" define, em resumo, que certas ocorrências na vida atual resultam de ações praticadas em vidas passadas e que, da mesma forma, ações na vida atual gerarão os seus reflexos na vida futura. Alguns espiritualistas definem essa lei como a lei do "karma" ou "carma". Nunca é por demais lembrar que nem todas as ocorrências da vida atual, no entanto, são fruto de ações praticadas em vidas passadas, visto que muitas vezes refletem ações praticadas na encarnação atual.
Em razão do nosso "livre-arbítrio", o futuro não está previamente determinado visto que temos a faculdade de alterar um fato programado para a existência atual, mesmo que essa fizesse parte de nosso "planejamento reencarnatório". Os fatos relevantes que caracterizam a nossa existência objetivam primordialmente a nossa evolução moral.
Kardec aborda esse tema em diversas questões de O Livro dos Espíritos, bem como em O Livro dos Médiuns. Por exemplo, no Cap. XXVI, item 289 de O Livro dos Médiuns, descreve: Podem os espíritos dar-nos a conhecer o futuro? Se o homem conhecesse o futuro descuidaria do presente (...) Se quiseres questão absoluta da resposta, recebê-la-eis de espíritos doidivanas...
Aos interessados, sugiro a leitura deste Capítulo em sua íntegra.
Certo, no entanto, é que existem milhões de pessoas que, em certas situações, acabam por ter alguma "visão" sobre fatos futuros. Relatos desta natureza não faltam e certamente, muitos deles são verdadeiros.
Em O Livro dos Espíritos, a questão 868, descreve: Pode o futuro ser revelado aos homens? Em principio o futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado. Ou seja, estas previsões de futuro que andam por ai, nada são que suposições, sem base doutrinária. Se temos alguns espíritos fazendo estas previsões, cuidado, pois pode ser espíritos brincalhões, a zombar de nossa credulidade ou falta de discernimento.
Cabe lembrar, no entanto que a mediunidade é um dom a nós fornecido por Deus, para que possamos estar em condições de auxiliar em Seu nome. A prática da mediunidade requer postura cristã. Fazer uso da mediunidade para curiosidades e "prever o futuro" é usar de maneira inadequada essa faculdade a nós fornecida por Deus para a nossa própria evolução moral.
O futuro sempre resultará da combinação de uma infinidade de fatores. Prever o futuro significa, portanto, simplesmente especular com as probabilidades.