Espécies e Ecossistemas: Recursos para o desenvolvimento

Por Tchaikovsky Johannsen Adler Pryce Jackmanfaier Ludwin Zolman Hunter Lins | 01/02/2017 | Economia

Resumo

Apesar do nosso país possuir uma indiscutível biodiversidade também possui um alto índice de degradação, perda de habitats e extinção de espécies. Atualmente as altas taxas de extinção se devem em grande parte à ação humana e não a processos ambientais.

Com o intuito de deter este alto índice muitos ambientalistas atribuem valores econômicos à biodiversidade, como exemplo os valores de uso e não-uso, diretos e indiretos.

O Brasil tem uma das maiores costas marítimas do mundo de onde sai o sustento direto ou indireto de mais de 3 milhões de famílias brasileiras mas com a pesca predatória muitas destas cidades sofrem problemas econômicos,da mesma forma ocorre com nossas florestas onde o desmatamento abusivo afeta todo o ecossistema e também a economia com a falta de recursos naturais.

 

Introdução

O Brasil é, indiscutivelmente, um dos países mais ricos do mundo em biodiversidade. Atualmente, concorre com a Indonésia pelo título de “nação biologicamente mais rica do planeta”. Embora a biodiversidade brasileira seja impressionante, infelizmente o Brasil também figura entre os países com índices alarmantes de degradação, perda de habitats e extinção de espécies onde afeta não apenas o ecossistema, mas também a economia do país.

 

Espécies e Ecossistemas: Recursos para o desenvolvimento

Vários processos ecológicos como predação e competição, podem levar naturalmente a extinção de uma espécie. Se avaliarmos a história biológica do planeta, podemos perceber que, por muitas vezes, ocorreram extinções em massa que eliminaram grande parte da biodiversidade da Terra.

Atualmente as altas taxas de extinção se devem à ação humana e não a processos ambientais. Além disso, o número de espécies extintas excede, em muito, a taxa de reposição de novas espécies e este é um processo irreversível. Quando uma espécie é extinta, todo o seu ecossistema e as espécies que dela dependem ficam desestabilizados.

Em conseqüência, uma série de extinções em cascata pode acabar ocorrendo. Com intuito de deter ou diminuir as extinções, muitos ambientalistas têm tentado atribuir à biodiversidade valores econômicos. Várias abordagens nesse sentido já foram desenvolvidas apesar deste ser um assunto complexo por envolver diversos fatores econômicos e éticos.

Uma das abordagens mais conhecidas foi a criada pelo pesquisador J. A. McNeely em 1988. Segundo ele, a biodiversidade possui valores econômicos diretos e indiretos. Os valores econômicos diretos se caracterizam por aqueles produtos que são diretamente colhidos e utilizados pelas pessoas, como por exemplo, a lenha e o consumo de animais de caça. Os valores econômicos indiretos, por sua vez, são aqueles que estão relacionados aos benefícios produzidos pela diversidade biológica e que não implicam no uso ou na destruição de um recurso. Como exemplo podemos citar a manutenção da qualidade da água e do solo mantida por um ecossistema não impactado, o controle climático realizado pela vegetação e a produção de frutos utilizados comercialmente e que só se formam devido a ação de polinizadores. Outros valores atribuídos ao uso da biodiversidade relacionam-se com a produção de medicamentos advindos de princípios ativos retirados de plantas, animais, fungos e bactérias; da manutenção do equilíbrio ecológico devido a interação das espécies; dentre outros.

A extinção pode ser definida como o evento pelo qual o último representante de uma espécie deixa de existir.

A diversidade biológica do planeta constitui um patrimônio natural comum, sendo a fonte de muitos dos recursos naturais renováveis explorados para alimentação, produção de energia, pelas indústrias farmacêuticas e de cosméticos, etc.

Quanto a extinção de espécies tenhamos como exemplo a pesca predatória de lagostas que está afetando fortemente a oferta no litoral dos principais Estados ligados à atividade, concentrada quase que exclusivamente na região Nordeste.

A lagosta é um produto de exportação de grande importância para o Nordeste brasileiro. Há uma preocupação visível e constante com o decréscimo da produção lagosteira, razão pela qual se propõe o cultivo da lagosta. Não há cultivo comercial de lagostas no Brasil e, no mundo, poucos juvenis de lagostas são cultivados em escala comercial porem já existe estudos para recriar lagosta em cativeiro, mas nunca se conseguiu reproduzi-la em laboratório. Sendo assim pela legislação atual baseado na instrução normativa nº 8. As lagostas não poderiam ser capturadas abaixo das medidas permitidas.

O maior custo no cultivo de lagosta é a alimentação, a qual pode representar cerca de 30% a 71% no custo de produção total, dependendo do tamanho inicial da lagosta estocada e o período de crescimento, quanto maior a lagosta, maior seu valor de mercado.

O valor econômico ou de mercado de cada espécie de lagosta pode apresentar diferenças em função de aspectos culinários, a exemplo de itens sensoriais ou organolépticos que lhe são atribuídos, assim como em conseqüência de seu desempenho bromatológico. Em geral, a lagosta brasileira capturada, desembarcada na forma de cauda congelada, ou conservada em gelo, apresenta características de frescor aquém do produto similar australiano, procedente de lagostas desembarcadas vivas, o que refere na melhor cotação dessas últimas.

Sobre o mar brasileiro, nota-se uma grade diminuição dos estoques de peixes e crustáceos que afetam a vida dos pescadores e as opções de subsistência.

O Brasil tem uma das maiores costas marítimas do mundo. A maior do Atlântico Sul. São 8,5 mil quilômetros de litoral. Dali sai o sustento direto ou indireto de mais de 3 milhões de famílias brasileiras. Ou, pelo menos, costumava sair. Hoje, como atestam os milhares de pescadores que suam em seus pequenos barcos atrás do alimento de cada dia, quase não há mais peixe, lagosta ou camarão.

O Brasil é especialmente atingido por essa perda geral de espécies marinhas. Situado na zona tropical e subtropical, a produtividade biológica das águas do nosso litoral é modesta ou pobre, embora seja rica em diversidade de espécies. Por isso, no resultado de um dia de pescaria é difícil contar a variedade de peixes. A quantidade, nem tanto. Há outros problemas adicionais em nossas águas que não tem nada a ver com o estado geral de falência dos mares.

Em se tratando de ecossistemas e suas espécies, não podemos esquecer dos desmatamentos, onde as atividades humanas já causaram a destruição de mais do que um terço das florestas mundiais e da maioria dos campos com suas madeireiras. A espécie humana se apropria de cerca de 40% da energia solar capturada no processo fotossintetizante das plantas. Nas poucas plantas e animais que se têm conhecimento, as taxas de extinção superam 10 a 100 vezes os valores de extinções de fundo (extinções de cunho natural). O que não dizer das extinções em consequência da desenfreada ambição dos capitalistas?

 

Conclusão

Na realidade, são incomensuráveis os valores das espécies. Mas em um mundo altamente capitalista, justificativas econômicas para a conservação, muitas vezes se tornam necessárias. Mas, voltando as nossas questões iniciais, quando nos perguntam sobre o por quê de conservarmos as espécies, reflitamos pois, na frase do pesquisador John Lawton em seu artigo "Are species useful?" de 1991: “Nós não conservamos os concertos de Mozart, as pinturas de Monet ou catedrais medievais porque elas são úteis. Nós as conservamos porque são belas e porque enriquecem as nossas vidas (...) Se a utilidade se tornar o principal argumento, a causa para a conservação biológica estará grandemente enfraquecida. A natureza é bela. Deixe-nos dizer então que a administração desta beleza é uma honesta e grande razão para conservá-la.

 

Referências Bibliográficas

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