ESCRITA ACERCA DO PERÍODO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV
Por claudiney da silva pereira | 23/01/2025 | EducaçãoESCRITA ACERCA DO PERÍODO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV
Claudiney da Silva Pereira1
Jairo Carvalho Nascimento2
1. Discente do Curso de Licenciatura em História/Graduanda. Universidade do Estado da Bahia UNEB, Campus VI. Klauiga@hotmail.com
2. Professor/Doutor. Universidade do Estado da Bahia-UNEB, Campus VI. E-mail: jairocine.uneb@gmail.com
Resumo:
A Construção do saber não acontece num passe de mágica, é preciso se criar condições que nos ajude a percorrer este caminho. A saber, disso esta escrita oportuniza-se a pontuar como foi o período de regência durante o estágio IV do curso de História da UNEB, Campus VI. É relevante, registrar as experiências que nos foi incumbida no processo do ensino aprendizagem, para que tenhamos possibilidade de analisar o desenvolvimento das atividades realizadas. Nesta perspectiva serão anotadas aqui informações sobre a escola em que foi realizado o estágio, a turma, e como ocorreu este processo, destacando a importância deste período, e sobre as diversidades de fontes que foram utilizadas e como contribuiu para que pudéssemos agregar nesta construção do ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Estágio, Aprendizagem, Diversidades de fontes.
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1- INTRODUÇÃO
Depois de uma caminhada dentro da universidade percorrendo a jornada do aprender dispondo de muitos aportes teóricos, se tornou necessário como requisito, a realização de mais uma etapa de estágio supervisionado. Neste viés acredita-se que num curso de licenciatura é imprescindível esta experiência, pois é o momento de colocar em prática aquilo que estudamos por algum tempo, e ponderarmos sobre como transpor didaticamente, quais metodologias a adotar e várias outras situações que surgem neste caminho da construção do saber.
Por isso, é a partir da lida na prática que se cria possibilidades de atuações satisfatórias dentro da sala de aula. Então, neste caso, acerca do conhecimento como diz Azevedo (2012, p. 113) “que tal conhecimento requer um consistente domínio teórico e prático sobre a área de formação”. É este domínio teórico e prático que durante a realização do estágio supervisionado devemos nos focar para que regentes e alunos possam se beneficiar no processo formativo em relação ao conhecimento escolar e de mundo.
A importância de sentir o cotidiano, as dificuldades, o ambiente escolar nos ajuda a construir propostas de atuações na sala de aula, uma vez, que são das experiências concretas que retiramos a essencialidade que fomenta o meio pedagógico. Por isso, é pertinente o graduando do curso de Licenciatura obter a experiência prática, somente aplicando de fato os métodos e vivenciando-os é que se pode verificar e refletir de como contribuir com a educação.
Na área de História se torna cada vez mais desafiante para lecionar diante de um cenário de desvalorização da disciplina por parte de muitos, principalmente, da parte privilegiada no processo histórico do nosso país. Não tem sido fácil para alunos e professores na lida com as novas configurações e desafios que o ensino propõe, especificamente, com a reforma do Ensino Médio que comprometeu mudanças consideráveis na educação. Entretanto, não podemos nos limitar neste processo, pois, somos agentes cognitivos e reflexivos capazes de fazermos a diferença, evidenciando o que está em jogo no meio educativo. Durante o estágio foi o tempo oportuno para buscar contribuir na compreensão da importância da disciplina de História e como atuar neste cenário.
2. CAMPO DE ESTÁGIO
A escola onde foi desenvolvido o estágio supervisionado IV foi a Escola Colégio Estadual de Igaporã-Ba - Tempo Integral. O período proposto contando com a observação, coparticipação, regências e participações em AC, iniciou-se no dia 20/04/2023, porém, devido a imprevistos como feriados se alongou até 06/07/2023. A direção segue a seguinte organização; Tiago Alencar de Aquino Alves (03 Turnos) José Alonso Gomes Ferreira (Manhã e noite por Escala). Marcio Cléber Bomfim da Silva (Tarde e noite por Escala).
Quantidade de professores, entre concursados/efetivos e contratados; 38 – Efetivos 07 – Contratados, Total – 45 professores. Em relação aos professores que atuam com a disciplina História, temos; Adília Gomes dos Santos Ferreira Filha, Ana Leide da Conceição Silva Rodrigues, Josiel de Souza Coutinho, Vanuza Souza dos Santos, Waldir Pireis Ribeiro de Barros. Vale ressaltar que estes professores tiveram que fazer acordos para distribuição de disciplinas criadas a partir da reforma do ensino médio, logo, nem todos atuam somente com disciplina especifica de História. Conta com o total de 721 alunos, no turno matutino 316, Vespertino 252, noturno 153 alunos.
Com 17 salas de aulas, a escola possui biblioteca, em bom estado de acervos de livros, no entanto há necessidade de renovação de alguns novos títulos. Tem um coordenador pedagógico geral que é Ernane Fernandes, em que se reúnem em AC individual e coletivo. Possuí educação inclusiva, com professores preparados para as demandas. A escola trabalha com os Projetos Estruturantes (AVE, FACE, TAL, PROVE, EPA e ENCANTE), Music Time – Língua Inglesa. Além da sala de aula a escola utiliza espaços para atividades; pátios, quadra, Laboratório de ciência, laboratório de informática, sala multifuncional e salas de vídeo. E tem equipamentos tecnológicos, como TV, Datashow, computadores, etc.
Ao analisar a organização e estruturação do Colégio Estadual de Igaporã é perceptível que mesmo diante de tantos obstáculos que a educação brasileira vem enfrentando nos últimos tempos, ainda conseguem manter uma boa condução no processo educativo oferecendo dentro das possibilidades uma boa organização. Isso é importante para o bom desenvolvimento dos alunos e professores poderem contar com um ambiente favorável a prática educativa.
3. CONHECENDO O LOCUS DE ESTÁGIO: SUJEITOS, PREPARATIVOS E LIVRO DIDÁTICO.
No primeiro momento que entrei em contato com a direção da escola fui bem recepcionado, e contei de forma positiva com o apoio do diretor Tiago Alencar. A professora Adília também foi sensível a este momento, proporcionando a oportunidade de firmar o compromisso da UNEB com o colégio Estadual de Igaporã. Inicialmente tive a oportunidade de participar de um AC coletivo no dia 24/04/2023, momento único onde os professores de diversas áreas tem oportunidade de compartilhar os desafios, os pontos positivos, as dificuldades dos alunos na aprendizagem.
A equipe de coordenação pedagógica, pontou sobre o Sistema De Avaliação Baiano (SABE), fez ponderações e recomendações aos professores, para aplicação da prova, mostrou os índices de aproveitamento obtido em anos anteriores pela instituição, e debateram sobre como auxiliar com melhor eficiência o conhecimento dos alunos, explicitando a dificuldade que o corpo escolar tem enfrentado perante as situações de alunos problemáticos no comportamento e no comprometimento com os estudos. Então, se constituiu numa ocasião bastante proveitosa, assim como os outros encontros, em que se reuniam para discutir e projetar planos de ações. Num destes momentos, escolheram a temática das festas juninas da escola, e a data da realização. O nome da temática foi “Bahia de todos os Encantos”, e buscaram dá ênfase a diversidade e os personagens emblemáticos, do dia 2 de julho, dia da independência baiana.
No dia 27/04/2023 iniciou-se o momento de observação. De fato pude conhecer os alunos e a sala de aula, porém, era dia de avaliação e nesta ocasião, percebi que os alunos estavam bem concentrados, a organização da sala era em 4 fileiras de cadeiras e mesas de forma convencional. Durante a realização da atividade avaliativa todos os celulares dos alunos foram recolhidos, a avaliação era de física. Notei alguns alunos fazendo cálculos na mesa. A turma do terceiro ano do Ensino Médio tinha 20 alunos, maioria mulheres. E na coparticipação a professora pediu para eu aplicar a prova de História e tudo ocorreu bem. Devido ao calendário tive que adequar a tarefa para tentar cumprir as datas do estágio e ao mesmo tempo se encaixar no calendário do colégio de Igaporã.
Na data que iria iniciar a regência teve jogos escolares em que toda equipe escolar participou, assim constituiu num momento de estreitamentos de laços, de sociabilidade e lazer. É importante para escola acontecimentos desta natureza, pois, contribui para evidenciar a formação não somente com conteúdo teóricos, mas para a prática de atividades além do muro escolar. A Constituição Federal (art. 205) afirma a educação como direito de todos e dever do Estado e da família, e assegura sua oferta como prioridade para crianças e adolescentes. Ao tratar deste mesmo tema o artigo. 2º da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96), diz que:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Como podemos perceber acima através da citação da LDB, a educação tratada por essa lei é ampla, sendo dever do Estado e da família, a família precisa matricular as crianças e os adolescentes nos anos estipulados pela lei, garantindo assim o seu acesso. No entanto o processo educacional ultrapassa os locais formais, desenvolvendo em todos os espaços, principalmente no meio familiar, em todas as esferas onde há convívio humano, em especial nas manifestações culturais. Deste modo, o processo educacional acontece em todos os espaços formais e não-formais de diferentes formas.
Com relação ao plano de aula, este é elaborado por cada docente semanalmente nas Atividades Complementares (AC), é o instrumento que o professor leva para sala de aula, e orienta o que será realizado, esse planejamento melhora o desempenho pedagógico do docente e auxilia o aprendizado do discente, os horários de AC são organizados por área e seguem a orientação da Secretaria do Estado para ser realizada de terça a quinta, sendo que na terça é o horário da área de humanas, na quarta da área de linguagens e na quinta da área de exatas.
De acordo com algumas leituras conclui-se que é de suma importância, o planejamento, se faz necessário em todos os momentos que “acompanham a trajetória da humanidade” como diz (MENEGOLLA & SANT’ANNA, 1991, p.15) no livro “O Ato de Planejar”. Nesta perceptiva ao sentar para planejar uma aula, estamos de fato projetando possibilidades de trabalhar, sobremaneira, atender as necessidades de aprendizagem do público. Então, antes de cada aula, é pertinente realizar um raio X, sobre formas didáticas e satisfatória de desenvolver o conteúdo em sala de aula. Neste sentido, ao iniciar com a primeira temática a ser trabalhada intitulada de ‘A crise de 1929 e a Ascensão Nazifascistas, foi necessário recorrer a diversas pesquisas fora do livro didático, buscar fontes que nos ajudassem a transpor o conteúdo de forma que colabore na construção do saber histórico dos alunos e despertem para atualidade também.
A turma sempre bem comprometida de um comportamento exemplar correspondia às expectativas nas atividades desenvolvidas. Isso fazia com que aumentasse a busca de fontes para auxiliar uma melhor compreensão dos acontecimentos históricos. O livro didático adotado pela professora para o 3 ° ano do Ensino Médio foi; História: das cavernas ao terceiro milênio, de BRAICK, Patrícia Ramos, 2016. Ressalto que com a reforma do Ensino Médio, e com as propostas da BNCC, este livro não acabou sendo comtemplado, até porque é do ano de 2016, antes de efetivar a reforma, logo, foi oportuno adequar alguns aspectos para produção do plano de aula.
Em nosso entendimento, a formação inicial de professores de História precisa estar articulada com a realidade das escolas públicas que apresentam problemas graves centrados na dificuldade que os alunos têm tido na leitura, interpretação e redação de textos históricos. Essas dificuldades se tornam mais complexas particularmente pelo fato de que a maioria dos professores de História, em escolas públicas, tem no manual didático selecionado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) uma das únicas fontes de acesso à historiografia e a documentos históricos, por isso a necessidade de um “diagnóstico” desse universo, pela pesquisa, para fundamentar um “prognóstico”, ou seja, pensar ações futuras para possibilitar a literacia histórica. (CAINELLI, 2016, p. 194).
Outra questão relacionada ao livro que vale apena salientar é que já trazem umas algumas fontes, como textos introdutórios, imagens, sugestões, e questionários provocativos para que os alunos possam refletir. No entanto, os conteúdos não conseguem contemplar a temática, seria tipo um resumo, em que se faz necessário complementar com outras pesquisas de outros autores e diversas fontes para então, não deixar muito vago os assuntos abordados. Pois como nos adverte Bittencourt (2017, p. 57), “o professor de História pode ensinar o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias; o saber fazer, o saber fazer bem, lançar os germes do histórico”. Neste viés o professor se torna responsável de auxiliar o aluno na captação no processo de valorização da diversidade dos pontos de vista. A sistematização aparece a partir deste trabalho de procurar transformar as aulas em temas que nos apresenta problemáticas pertinentes.
A receptividade dos alunos com os conteúdos foram mediados por contextualização, sempre buscando aproximação com a realidade, assim se tornava possível explanar a temática de uma forma mais participativa e com conexões com o sujeito que sente parte integrante desta construção histórica.
As dinâmicas utilizadas nas aulas também foram instrumentos interessantíssimos para quebrar a rotina e provocar os alunos a aprender de forma prazerosa. Entre as várias dinâmicas aplicadas durante este período, destaco a que utilizei no conteúdo sobre a Segunda Guerra Mundial, através do jogo Encontre a resposta, rápido! É da modalidade “perguntas e respostas” que, no caso, são 31 enunciados afirmativos relativos à Segunda Guerra Mundial e que devem ser relacionados a um personagem, uma característica ou um evento histórico. A dinâmica do jogo exige dos alunos agilidade mental rapidez de resposta, manter o foco e exercitar as habilidades de identificar, relacionar e avaliar. Por ser um jogo coletivo, em que toda classe participa, ele favorece a cooperação e o trabalho em equipe. Além disso, a diversão proporcionada pelo jogo e a torcida da turma é uma forma menos estressante para os alunos demonstrarem seu conhecimento e compreensão de um tópico do que uma avaliação tradicional ou uma atividade escrita convencional. Para o professor, o jogo possibilita revisar e verificar o conteúdo aprendido percebendo lacunas ou pontos que devem ser reforçados.
Portanto, elenco que os alunos gostaram bastante destes momentos, e foi perceptível o interesse e a participação dos mesmos. Sempre passava algumas atividades escritas para avaliar um pouco a aprendizagem e as dificuldades deles. Teve-se a aplicação de um teste e a turma saiu bem mostrando que de fato havia capitados os conteúdos.
4. EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO: RESULTADOS E DISCUSSÕES [A REGÊNCIA EM SI].
Nesta etapa do estágio supervisionado IV, é uma ocasião de muita contribuição para a nossa formação, pois é:
Uma das fases que consideramos mais importantes do estágio é o que chamamos de Regência: pode se configurar como aulas, projetos de ensino, visitas monitoradas, oficinas etc. O fundamental é priorizar a atividade didático-pedagógica como fomento à construção do conhecimento histórico (literacia histórica). Esta fase é supervisionada de forma direta pelo professor responsável pela disciplina de Estágio Supervisionado da Universidade e, na grande maioria dos casos, também pelo professor-titular da sala de aula na educação básica. (CAINELLI, 2016, p. 193)
As experiências que o estágio proporciona são interessantes. . A felicidade de compartilhar aprendizagens, de ter contato com diversos mundos no mesmo espaço, possibilita uma construção de conhecimento respaldado na prática com abordagens que atraem os alunos a se envolverem em vários momentos que nos foram disponibilizados, sendo assim:
É a partir de questões do mundo de hoje que o professor orienta seus alunos no estudo de situações do passado. Isto implica o reconhecimento, no mundo de hoje, de situações de guerra, de invasão, de “descobrimentos”, de estabelecimento de diretrizes econômicas, de acordos de paz, de desenvolvimento econômico, etc. Muitas dessas situações envolvem problemas que já foram enfrentados no passado, como por exemplo, problemas de abastecimento de água ou de alimentos, problemas de repartição de renda, questões relativas ao estabelecimento da duração da jornada de trabalho, definição de limites para o que pertence à esfera pública ou à esfera privada, critérios de divisão das terras para a agricultura, etc. Nesta medida, torna-se importante orientar o aluno a verificar recorrências, mudanças e permanências dentro de cada situação estudada. (SEFFNER, 2018, p. 36 – 37)
Esta dinamicidade que a área de História permite nos propõe sempre recorrer a variedades de fontes, para apresentar como se comporta o sujeito histórico diante de tantos acontecimentos que uns ainda, permanece no nosso meio, outros acontecimentos, sofreram rupturas, outros passaram por transformações e se faz presente na atualidade com outras roupagens. Estudar História é construir esta investigação permanente, possibilitando analises e reflexões pertinentes. Como por exemplo, na experiência que tive de explicar sobre “A Crise de 1929 e Ascensão Nazifascista”, não parei no livro. Os conceitos quando bem explorados ajudam os alunos a entender a importância de aprender sobre o conteúdo, neste sentido, partir da atualidade, trazendo discussões sobre individualidade, preconceitos, disputas, a indução ao erro, etc. Para isso, a dinâmica que utilizei chamado de “indução ao erro”, colaborou para que os alunos pudessem perceber que muitas vezes somos provocados agir no calor da emoção, deixando o lado racional de lado, e prejudicando o próximo. Pois na dinâmica consistia em que cada aluno deveria cuidar do balão que dei para eles, e coloquei na mão deles um palito de dente, logo, eles associaram que para cuidar e proteger o seu balão deveria estourar com o palito o do próximo, no final todos estouram os balões, assim ficou evidente que o ser humano continua a ser induzido a entrar em disputas que não beneficia a coletividade, ao contrário prejudica a si mesmo e aos próximos.
Através da dinâmica é possível este envolvimento num momento de descontração, fazer reflexões e introduzir o conteúdo num terreno propício. A experiência mostrou-se eficaz, quando houve abordagem da temática os alunos estavam com olhares atentos, e com uma concentração impar. Destacam-se as variedades de fontes e a diversificação das aulas como elementos que fazem a diferença, enriquecem as aulas e prontifica a aprendizagem com abordagens distintas. É fundamental ficar atento às escolhas das fontes, muitos professores “Selecionam principalmente as fontes históricas a serem trabalhadas em sala de aula, como, por exemplo, música, história em quadrinhos, poemas, filmes, documentários, novelas, literatura, jogos eletrônicos, imagens etc., que não são apenas recursos didáticos, mas materiais constitutivos da interpretação histórica”. (CAINELLI, 2016, p. 192). Acredita-se que as fontes estão para além de materiais didáticos, são das fontes que extraímos informações, interpretações, e um maior alargamento da compreensão de um determinado acontecimento, ou de uma época.
Nas aulas ministradas tornou-se necessário o uso de imagens, músicas, vídeos, etc. Porém é bom lembrar que como diz (SEFFNER, 2018, p. 37) “Adiantamos já aqui o primeiro critério para reconhecer o que estamos denominando de aprendizagem significativa em História: ela serve para modificar, de alguma forma, impressões e opiniões que o indivíduo tem a respeito da situação presentes”. Se todo material utilizado não contribuir para esta transformação, às vezes acaba sendo apenas aportes vagos. Entretanto, deve ser analisado, pensado, como, onde, e o porquê utilizar determinado material, e não apenas para simples diversificação da aula. Ressalta que de nada vale as fontes se não somos provocados a complementar nosso conhecimento dispondo daquilo que as fontes nos oferece.
Neste contexto a diversificação das aulas com dinâmicas, jogos, aulas com imagens, audiovisuais, e sempre despertando para atualidade quando possível fosse aos conteúdos, é uma forma de valorizar o conhecimento, desprender do livro didático e certificar as melhores maneiras de introduzir aspectos que colaboram para uma formação eficaz. Não podemos isolar as áreas de conhecimentos, é basilar, manter sempre conexões e diálogos com as outras áreas de ensino. Nos valores culturais está à ética, a moral, o projeto de sociedade, as representações, a linguagem entre outros. De acordo com (MORETTO, 2007.p.92) “A educação de forma geral e a educação em contexto escolar em especial buscam ajudar a formar os cidadãos, respeitando a história do grupo social no qual o sujeito está inserido e construindo, também, a própria história individual do sujeito, com os valores de seu grupo familiar e social”. Vale apena frisar que esta valorização de todo processo educativo, considerando a sociedade, a cultura, os aspectos socioeconômicos, políticos e familiares é que de fato vai fazer a diferença para o sujeito. Segundo Schmidt e Cainelli, (2009) Para a construção da problemática é importância levar em considerações o saber histórico já produzido e também outras formas de saberes, como por exemplo, aos que os alunos têm adquirido pelos meios de comunicação. Nesta perceptiva é preciso trazer para sala de aula diversas possibilidades que ajuda fomentar a aprendizagem, como é o caso das fontes audiovisuais, portanto:
... é possível perceber o rico manancial de fontes fílmicas e fonográficas que ainda não foram incorporadas pelo historiador da música. Somente a partir da década de 1990 os trabalhos historiográficos estão trabalhando de maneira mais ampla e sistemática com fontes audiovisuais e sonoras para o estudo da música popular. Tal negligência ocorreu não apenas pela dificuldade de acesso às fontes audiovisuais e fonográficas, mas também porque há, na academia brasileira, uma certa tradição de análise da História e Sociologia da música centrada na palavra escrita. (NAPOLITANO, 2006, p. 257).
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Ao trabalhar sobre a “Era Vargas”, tivemos a oportunidade de levar para sala de aula algumas fontes diversificadas onde foi passado um pequeno vídeo do canal “TV Brasil”, com duração de 5 minutos e 55 segundos, intitulado “Getúlio 60 anos”, em que pontuamos alguns aspectos da época. Posteriormente foi apresentado nos slides tópicos sobre o conteúdo, discutindo a desenvoltura dos acontecimentos da “Era Vargas”, como a “Revolução de 1930”, a constituinte de 1932, Governo Provisório, Constituição de 1934, conquista de alguns direitos, o Golpe do Estado Novo, Caricaturas que surgiram na época, à cultura de massa, etc. Na oportunidade foram exibidas algumas canções mais tocadas do período de 1930 a 1939, do canal do yotube Antiquários & Afins, no intuito de discutir o viés cultural que estava se construindo no Brasil através da música. É necessário ressaltar que as músicas demarcam um período, e como na citação acima, por muito tempo se centrava na palavra escrita, porém é possível observar muito além da letra. Devemos anotar a maneira de expressar, os costumes da época, vestimentas, melodia e outras questões que estão nas entrelinhas que nos ajuda na reconstrução daquele período.
Em relação aos audiovisuais como o filme “O menino do pijama listrado”, que ao falar sobre o Holocausto utilizamos deste para fazermos uma analise e tecer as críticas, colocar em evidências que a ficção nos seduz, e não tem por obrigação apresentar a veracidade dos fatos, nisto, é perceptível que a turma ao olhar para a imagem fílmica possa refletir a importância de determinado acontecimento, como é lembrado pela sociedade, como os livros abordam, e como a gente consegue visualizar tais acontecimentos, e criando condições quando possível de desmitificação de algo que nos é passado de forma equivoca.
Contudo, todos estes materiais utilizados no desenvolvimento do Estágio Supervisionado ajudaram bastante para criar momentos de muitas aprendizagens, partilhas, e de conhecimento sistematizado.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Considerando o período do Estágio Supervisionado IV, é imprescindível comentar sobre os pontos negativos e positivos. Foram várias ponderações positivas, como foi perceptível que as expectativas em relação à aprendizagem semeada durante a realização das atividades agregaram bastante no nosso processo formativo. O uso das diversidades de fontes contribuiu para dinamizar as aulas e incutir em nós que a interdisciplinaridade é uma grande aliada para desfrutar dos saberes com maior entendimento. As várias vezes que dediquei a pesquisar, estudar as temáticas abordadas, percebi que auxiliou para aprofundar nas discussões comtemplando alguns pontos vagos que o livro didático deixa. O comprometimento da turma aumentou a motivação para todo este processo. Ao realizar algumas atividades e um teste avaliativo, e perceber que conseguiam bons resultados, evidenciou que realmente estavam focados.
Como pontos negativos, atribuo o calendário escolar, que não é compatível com o da UNEB, neste sentido, alguns projetos estruturantes que vão ser realizados no segundo semestre do ano letivo, não terei oportunidade de participar. Também não houve realização de aula de campos que é superinteressante para a área de História. Ademais se acredita que constituiu uma ocasião de experiências enriquecedoras que com certeza fez a diferença na caminhada rumo à docência, como também para os discentes.
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