Escrever é Preciso – O Princípio da Pesquisa

Por Marisiane Marques da Silva | 22/06/2016 | Resumos

Escrever é Preciso – O Princípio da Pesquisa

Mário Osório Marques. Editora Vozes. 2011. 2ª edição.

Por Marisiane Marques da Silva.

O professor formado em Filosofia, pós-graduado em Teologia e doutor em Educação, Mário Osório Marques, a partir de seus estudos e pesquisas referentes à escrita acadêmica, publicou em 2011 a obra Escrever é preciso – O princípio da pesquisa. Esta, disposta em 154 páginas e dividida em cinco capítulos, debate a importância do ato de escrever, em especial no âmbito científico, no qual se esclarece o inevitável processo de combinação das palavras. Destina-se propriamente aos discentes situados em um campo onde a escrita acadêmica é e será cobrada durante toda sua jornada de aprendizado, e também aos interessados pela aventura gráfica.

A organização atribuída ao livro, contendo as divisões em capítulos e níveis de tópicos facilita o entendimento das palavras do autor. Apesar de usufruir de uma linguagem formal e expor metaforicamente as ideias e estruturas da escrita acadêmica, o autor se baseou nas figuras de linguagens em certos momentos acompanhadas de citações de outros pesquisadores para contribuir na sustentação de seu pensamento (este segundo embasamento citado caracteriza artigos científicos). Alguns exemplos metafóricos usados foram esclarecedores na comparação à escrita denotativa.

O capítulo I - A Questão é começar, fala da desafiante ação de iniciar o escrever. A dificuldade em olhar a folha de papel em branco ou o monitor do computador em mesma condição causa um anseio desafiador ao escritor. O título pode amenizar esse sentimento, pois como em uma conversa, depois da primeira fala o assunto flui, um tema puxa outro e assim ocorre na escrita.  Aqui o autor demonstra que existe uma relação autor-leitor, uma conversa é iniciada com interlocutores invisíveis e imprevisíveis. Ao escrever é necessário imaginar quem estará lendo seu artigo, se haverá entendimento do mesmo e não bitolar-se na alfabetização mecânica ensinada nas escolas. A importância da leitura em voz alta é acentuada, pois o autor é o primeiro leitor de sua obra.

Em seu segundo capítulo, Navegar é Preciso – A mágica aventura do escrever, o autor busca frisar a comparação do escrever com uma viagem, na qual a chegada é certa e durante seu percurso são descobertas novas aventuras. Na pesquisa o título é o norteador, mesmo sendo passível de variações com o decorrer do texto. Com a procura de informações sobre o que se escreve alinham-se outros temas relacionados, vertentes da linha principal de pesquisa. O autor destaca pensamentos de Freud a respeito do escrever, detalhando o fato num fluir de algo do organismo do escritor. Faz um apanhado dahistoricidade possuída pela escrita, o escritor é um viajante nesta história. Na longa caminhada desta aventura o imaginário de quem escreve é um reservatório de experiências utilizadas no ato de escrever.

No capítulo III, A obra do Escrever no Périplo de seu Encontro com o Leitor, o autor reflete o poder que o leitor exerce sobre o texto lido. O sujeito que escreve perde o domínio de seu livro quando este está em posse de seu público. Volta-se ao ponto de origem, aos primeiros contados dos leitores naqueles dois extremos de escrever/ler, enquanto se escrevia. Nesta sessão Mario explora vestígios e avanços na história da escrita, traz algumas peculiaridades do escrever e define certa pareceria do autor e leitor no procedimento da escrita. Enfatizar o leitor em seu trabalho foi significativo, pois explica a importância de escrever bem para haver entendimento do indivíduo leitor.

O quarto capítulo – Escrever, O Princípio da Pesquisa, descreve a necessidade da escrita para a ciência ser feita, um escrever regrado e estruturado com finalidade científica.Agora se pensa na estruturação da pesquisa desde a definição do tema e buscas por referências, organização dos ajustes, indo até a conclusão da capa, desenvolvida não somente como proteção, mas como instrumento de convite ao leitor.

Finalizando os capítulos, vem Escrita e Pesquisa na Universidade. Neste capítulo o autor critica o ensinamento artificial e sistemático nas escolas, a busca do saber por títulos. Traz algumas diferenças que as universidades tiveram que absorver e moldar-se conforme a época e sociedade. Mostra ainda os diferentes níveis de pesquisas dentro das universidades, sendo alcançados com o passar dos cursos e entendimentos.

Recomenda-se este livro por suas variadas informações a cerca da palavra e sua compreensão, aos estudantes é um bom apoio para aprender a distribuir e entender o que foi pesquisado.É interessante a preocupação do autor em formar e seguir uma trajetória na repartição dos capítulos, destacando o início do escrever, passando pela história da escrita, estruturando o texto com citações e referências, concluindo os ajustes finais e grifando a presença indispensável das pesquisas nas Academias de Ensino. Assim o entendimento de suas ideias é facilitado, apesar da escrita estar em extrema norma culta da língua. A obra consegue cumprir seu objetivo de revelar características de formato de pesquisas e sua estruturação.

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