Escolhas

Por Apolinario Albuquerque | 18/06/2011 | Crônicas

Escolhas


Acordei bem cedinho ? o sol não havia saído, eu já estava de pé ? pensando sobre meu dia: completar uma semana inteira de exercícios sem dores, entregar o orçamento hoje ou segunda-feira, levar o carro para limpeza semanal, levar meus netos ao cinema, escrever a crônica da semana ? meu dever de casa: tudo ? tudo mesmo, como e, principalmente, se Deus quiser:

Dizem que na Índia ? acredita-se que Deus pronuncia apenas a palavra ´sim`. Na verdade, Ele não diz sim para o que as pessoas pedem, mas para aquilo em que elas acreditam. Se você não acredita na felicidade, Ele apenas pode ajudá-lo a ver que tem razão.
Texto do livro ? O sucesso é ser Feliz ? Roberto Shinyashiki ? Ed. Gente.

Finalmente, depois de ouvir uma seleção de vídeos do "You Tube" ? senti que estava na hora de cuidar do dever de casa. Mas como entender tantos estrangeirismos? será que a nossa língua não tem se quer uma tradução que possa corresponder nem de perto esses significados? - Duvido.

E duvido, porque hoje em dia é moda ? todos que querem aparecer como profissionais de ponta, aqueles que "se acham" ? sempre vão encher os relatórios de estrangeirismos, e nas conversas, para mostrar "sapiência" sempre vão achar um lugarzinho para rechear o assunto com termos em "inglês", muito mais para impressionar o interlocutor do que uma necessidade profissional válida.

Aldo Rabelo ? o nosso Deputado Federal ? penou horrores com críticas e humilhações, descabidas, - de jornalistas, claro! - porque ousou fazer um projeto de lei tentando coibir essa moda avassaladora, inconcebível. Por que ? uma nação que tem identidade como a frança, por exemplo, não permite esses exageros, que por acaso, nesta semana proibiu a profusão de referências ao "Facebook" e ao "Twitter", por que isto, além de estrangeirismo é marca registrada.

Observe como o Dicionário eletrônico Houaiss ? define "Estrangeirismo"

"influência geralmente forte da cultura, dos costumes etc. de determinada nação sobre outra ou sobre uma parcela significativa dos indivíduos desta."

Temos de considerar o seguinte: é mais fácil dominar quem partilha nossa cultura; é mais fácil se impor como dominadores àqueles que nos admiram, é mais fácil colonizar àqueles que, antecipadamente, ? já se consideram colonizados. Por isso, Aldo Rabelo levantou a bandeira do nacionalismo ? aliais, como professam em todos os filmes, jogos e apresentações públicas, os norte americanos.

Portanto, temos de ter muito cuidado ? primeiro com os profissionais que não conhecem a língua pátria, segundo com àqueles que, profissionalmente, estão a viver em outro universo ? pensando e agindo uma vida que ocorre em outro lugar e tempo, e em outras condições, ou seja ? tem uma visão limitada de sua realidade, dizendo que vêm globalmente, e na verdade veem estreitamente.

Por exemplo ? O termo "Prequela" que a enciclopédia Wikipédia nos esclarece como: "Uma prequela é um trabalho que contém elementos passados no mesmo universo ficcional..." e, passamos a usar o termo como "técnico" sem correspondência no português brasileiro. Por favor observe a profusão de exemplos citados ? todos de origem americana ? sem a caridade sequer de uma única referencia a produção intelectual nacional ? Há sim, perdão. Uma exceção mencionada - "Os Normais" uma franquia... Putz. Traduzindo ? não temos produção intelectual, para Wikipédia, ou pelo menos para o autor daquele texto.

Será? - Então o que significaria o termo:
reminiscência ? 1) imagem lembrada do passado; o que se conserva na memoria 2) lembrança vaga ou incompleta 3) sinal ou fragmento que resta de algo extinto.

Com um pouco de boa vontade daria para profissionalizarmos esse termo ou não?

Outro exemplo ? O termo Remake ? tão profusamente utilizado pelos canais de televisão, sabidamente aqueles que são fãs incondicionais da cultura americana ? a mesma Wikipédia ? esclarece: Remake é o nome de que comumente se dá a novas produções de filmes, telenovelas, jogos seriados e outros.

O Dicionário Houaiss ? tem uma tradução para isso: Regravar ? significando "Tornar a gravar" - Por que não nos utilizamos desse termo? Por puro preconceito com as coisas nacionais e por puro colonialismo. Ou seria - por mediocridade profissional, ou talvez, por ignorância ? aí a Wikipédia teria razão mesmo ? somos ignorantes da nossa identidade, por isso, só por isso, se justifica o empréstimo de outras culturas para nos entendermos como povo, como nação.

Por fim, para não ser cansativo ? quero registrar o termo, horrível diga-se de passagem, Reinicializar ? significando "restaurar (situação, estado ou valor inicial de sistemas, dispositivos, computadores ou variáveis)", grafado no Dicionario Houaiss ? como estrangeirismo já devidamente, aportuguesado. Aí surge a maior dúvida, porque então continuamos a usar o "reboot' ? será por aquelas mesmas razões elencadas acima?.

A que se ter um cuidado especial na fonte onde procuramos nossa cultura, porque dependendo dessa ou daquela fonte ? podemos estar seguindo uma trilha que nem sempre é a melhor ? pelo menos, para aqueles que desejam realmente alcançar uma liberdade profissional, ou uma identidade de ser livre como povo, ou fazer parte de uma nação independente, como por exemplo: a França, a Inglaterra, os Estados Unidos.

Quando eu era empregado, houve uma mudança na direção da empresa, os novos diretores, deliberaram fazer uma auditoria para apurar os fatos que julgavam falhos, recorreram a uma empresa ? de auditoria ? sem muito conceito no mercado. A primeira reunião foi estranha ? por que os diretores desta empresa ? se esmeravam em falar em cada três palavras ? pelo menos duas que fossem em "inglês", (exageros à parte), sabidamente para impressionar aos possíveis novos contratados. Eu como o cretino de plantão, também tomei meus cuidados para impressionar ? a cada palavra dita em inglês, sapecava eu uma pergunta em bom português ? O que significa isso?.

Já viram como transcorreu o ambiente da reunião ? péssimo, e com antipatia gratuita de ambas as partes.

Não precisa dizer que no relatório houve uma carga insuportável ao meu trabalho... e, o processo baseado no relatório deles ainda rola na justiça, já se passaram uns bons doze anos e não vai resultar em absolutamente em qualquer esclarecimento de dúvida aventada.

E isso serve apenas como ilustração do perigo que corremos por embarcarmos em "ismos" - como: estrangeirismos ? modismos... sem pensar, sem maiores cuidados intelectuais e sem comprovação das fontes válidas e confiáveis.

Nível de excelência profissional se caracteriza por trabalhos calcados em fatos e verdades provadas e não em penumbras de termos técnicos não inteligíveis à maioria.

Apolinario de Araujo Albuquerque Rio, 17 jun 2011.
nario2010@gmail.com