ESCOLAS QUE SÃO GAIOLAS

Por Maria Anunciação Souza | 07/09/2009 | Educação

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.(Rubem Alves)

O texto citado remete ao pensamento: Que educação queremos para as nossas crianças? O texto é profundo além de conceder uma grande reflexão: Que tipo de aluno estamos formando?Escolas Tradicionais são gaiolas que existem para a educação heterônima, isto é tornando-os passivos no ato da reflexão.

Alunos passivos, não sabem refletir, não questionam o mundo onde estão inseridos, aceitam tudo pronto e sem questionamentos. Passivamente aceitam a alienação do mundo, são robôs manipulados pela ideologia, que provoca a desigualdade social, ideologia que provoca exclusão. Alunos que serão adultos, filhos do capitalismo que descarta e trata todos como massa unificada, não respeitando a identidade.

Manipulados e robotizados dirão sim a tudo e a todos. Adultos que não saberão construir os seus caminhos, pois encontraram tudo pronto, com a mesma marca e identidade. Alunos autônomos aprendem a discernir é cultivar uma atitude fundamental de liberdade diante de todas as coisas. Isto só acontece com o educando se a escola condicioná-lo ir além da letra, criando, resolvenvedo, pensando e discernindo.

A Escola Tradicional elimina o pensamento crítico do aluno, em detrimento de um quadro curricular equivocado, que entende que ensinar é transmitir conhecimento, transferência bancária, como se a cabeça do aluno fosse uma conta poupança de depósito. Paulo Freire crítica essa educação tradicional, no qual são depositadas no aluno informações prontas, sem nenhum significado para o aluno.

Para Freire a educação ideal é a educação crítico-transformadora, que valorize o aluno como sujeito do processo de ensino, que o aluno priorize o pensamento reflexivo diante dos conteúdos aprendidos nos livros didáticos, sala de aula e da realidade em que vive.

As escolas devem desempenhar o papel de asas, para que assim seus alunos cresçam profissional e pessoalmente. Deve abrir caminhos para que os nossos alunos aprendam e possam voar em busca dos seus objetivos.

Rubens Alves nos leva a refletir nossas práticas pedagógicas; nosso cotidiano escolar como algo que aprisiona ou que desperta o sentimento da liberdade de aprender tão importante para o educando,demonstrando a necessidade de a escola ser apenas meio para o aluno atingir seus objetivos.

O texto mostra que no voo encorajado, a Escola tem a importância de se acompanhar o desenvolvimento tecnológico, onde a escola tem que se fazer parte integrante desse processo, pois a sociedade e seus meios estão sempre em evolução e não se pode anular as estas transformações.

O Ensino deve partir da realidade do educando, de suas experiências concretas, estabelecendo uma identificação entre os saberes socialmente construídos, visando à formação entre os saberes curriculares e os saberes socialmente construídos, visando a formação do sujeito ético-histórico.

O Ensino tradicional privilegia o conteúdo. É centrada na figura do professor, encarregado de transmitir o conhecimento, o "senhor do saber".O aluno é o sujeito passivo, que recebe e assimila o que é transmitido. O seu sistema de Avaliação mede a quantidade de informação absorvida, a ênfase está na memorização e na reprodução dos conteúdos.

No tocante ao tema formação do educador. Freire ressalta a importância de uma formação permanente, todo seres são inacabados em constante processo de busca e construção.

Para Freire, é esta consciência que desperta, que motiva a pesquisar, a aprender, a mudar.