ESCOLA VERDE. PROBLEMAS E PERSPECTIVAS DO CONTEXTO ANGOLANO
Por Faustino Moma Tchipesse | 23/04/2025 | EducaçãoESCOLA VERDE: PROBLEMAS E PERSPECTIVAS PARA O CONTEXTO DE ANGOLANO
Faustino Moma Tchipesse
QUADRO PICTÓRICO
As complexidades actuais que embalçamam as dinamicas de aprendizagem dentro e fora de sala de aula, propõe os gestores a definirem estrátegias extra muros para garantir que a escola seja uma espaço saúdavel e atrativo.
Os gestores escolares, têm a responsabilidade de mostrar a sociedade que o equilíbrio da natureza é essencial para a vida na Terra, que a degradação do planeta ocupa atenção local e mundial, onde a escola se engaja na busca de soluções para preservar o meio ambiente. Eis que, diante dessa questão, para prossecusão das acções pedagógicas, os gestores devem responder a seguinte situação/problema:
Como orientar as crianças e adolescentes a respeito da importância do meio ambiente e trabalhar cinco eixos temáticos importantes: água, energia, esgoto, lixo e saúde?
Do ponto de vista estratégico, os gestores devem partir sempre do princípio de que a Educação Ambiental é um processo longo e contínuo, e mudar isso não é algo fácil, devemos primeiro mudar nossos hábitos e atitudes, uma vez que, a mudança deve ser espontânea para que possa de fato ocorrer.
Devem levar sempre a reflexão aos professores, alunos, pais encarregados de educação que a Educação Ambiental é muito mais que conscientizar sobre a importância da água, a reciclagem do lixo e o saneamento básico, mas sim trabalhar situações que possibilitem a comunidade escolar a pensar propostas de intervenção na realidade que os cerca. Ela será o elo entre todas as disciplinas e preencherá a lacuna na área da educação, referente a melhoria da qualidade de vida e meio ambiente. Logo, os gestores precisam desenvolver acções que premeam a valorização da vida e naturalmente garantir que os professores, alunos e toda comunidade académica voltará a integrar-se com a natureza e consequentemente, preservarem o meio ambiente, pois terão uma noção clara de que tudo é integrado.
Assumimos racionalmente que somos parte da natureza, porém, devido a inúmeros factores, esquecemos disto, fazendo-se necessário para colocar em prática no dia-a-dia, através de pequenos atos, que darão início às grandes transformações, que devem ser assumidas por todos nós.
Salientar que iniciar a formação de uma mentalidade sustentável e fornecer os conhecimentos necessários para isso deve se iniciar desde a mais tenra infância e assim que as
crianças consigam compreender os conceitos existentes por trás deste tema importantíssimo. Isso permitirá que num futuro próximo, essas crianças se transformem em multiplicadores e, em um tempo mais distante, em adultos conscientes e competentes para buscar métodos e modelos de vida que garantam a sustentabilidade de suas casas e a sustentabilidade de suas cidades.
Exercendo o seu poder de pressão e de decisão sobre as empresas e sobre toda a sociedade em que vivem.Essa educação ambiental e os conceitos de sustentabilidade devidamente arraigados e cultivados nos corações e nas mentes das futuras gerações; proporcionarão o poder necessário as massas para que exerçam a capacidade de regular o mercado e garantir que os aproveitadores e espertalhões de plantão sejam severamente banidos; garantindo que toda a população colabore de forma consciente.
Assim, o poder do indivíduo transbordará para toda a sociedade e ganhará força, cada vez maior, pressionando as corporações a cuidar melhor e proteger o meio ambiente em que se inserem. Portanto pretendemos neste trabalho colaborar com a discussão e reflexão sobre a importância da Educação Ambiental nos bancos escolares para a formação de nosssas crianças,sem ter a pretensão de esgotar o assunto.
1.1 Como orientar actividades aos alunos voltada para a Educação Ambiental
A reorientação da educação como um todo em direção a sustentabilidade envolve todos os níveis de educação formal, não-formal e informal, em todas as nações. O conceito de sustentabilidade não se restringe ao ambiente físico, mas também abrange as questões da pobreza, população, segurança alimentar, democracia, direitos humanos e paz. Sustentabilidade é, enfim, um imperativo moral e ético no qual a diversidade cultural e o conhecimento tradicional precisam ser respeitados.
A educação ambiental, tal como desenvolvida no quadro das recomendações de Tbilisi e evoluída desde então, focando todo tipo de questões globais tratadas na Agenda, 2015 e 2030 e nas grandes Conferências das Nações Unidas, também foi tratada como educação para a sustentabilidade. Isso permite a referência à educação para o meio ambiente e a sustentabilidade.
A educação formal nesse contexto deve, prioritariamente, promover um aprendizado capaz de transformar ações que economizem recursos, evitem desperdícios e gerem hábitos mais saudáveis, ou seja, deve servir para viabilizar outro modelo de desenvolvimento.
Nesse sentido, a avaliação do que se entende por desenvolvimento sustentável e a relação desse entendimento com as práticas cotidianas de educadores e estudantes procurou levantar informações importantes para subsidiar uma proposta de EA que se traduza em um resultado mais efetivo e que reduza a distância entre a teoria e a prática sustentável cotidiana.
A educação ambiental, então, além de ser um processo de mudança e formação de valores, bem como de preparo para o exercício da cidadania, constitui-se em um conjunto de ideias contrárias às idéias prevalecentes no sistema social atual, contrárias às idéias de egoísmo e de individualismo, a favor da transformação social com ética, com justiça social e
com democracia. É uma luta a favor de novas idéias e valores éticos, em que deve prevalecer a melhoria da qualidade de vida para todos (PIRES, 2005, p. 596-597).
A educação ambiental pode transformar hábitos e construir uma sociedade apta aodesenvolvimento sustentável. Integrá-la de forma transversal a educação é o caminho para a transformação A educação para a sustentabilidade implica perspectivar uma nova orientação para a prática letiva, enfatizando situações de aprendizagem ativas, experienciais, colaborativas e dirigidas para a resolução de problemas a nível local, regional e global. Isto requer um novo modo de pensar o ensino e a aprendizagem que, certamente, influenciará a formação de professores ( ANA FREIRE, 2005).
O ser humano é o único ser vivente que se pergunta sobre o sentido de sua vida. Educar para sentir e ter sentido, para cuidar e cuidar-se, para viver com sentido em cada instante da nossa vida. Somos humanos porque sentimos e não apenas porque pensamos. Somos parte de um todo em construção (GADOTTI, 2007, p. 4).
Portanto, acredita-se que a sustentabilidade local/global depende de distintas ações desenvolvidas pela Educação através da educação ambiental por intermédio da formação e profissionalização docente promovendo uma responsabilização socioambiental.
1.2 Justificativa
Temos a preocupação de contemplar as questões relacionadas ao meio em que o aluno está inserido de forma participativa, sendo capaz de estabelecer relações, interagir, transformar, agir no meio em que vive e em outras realidades.
Acreditamos que é preciso desencadear com urgência um amplo processo de alfabetização ecológica, visto que, é fundamental que todos adquiram conhecimentos básicos de ecologia, para que possam aprender a interagir de forma consciente no meio em que vivem.
1.2 Objectivo Geral
Estimular a mudança prática de atitudes e a formação de novos hábitos com relação a utilização dos recursos naturais, favorecendo a reflexão sobre a nossa responsabilidade com o meio em que vivemos, com o engajamento da comunidade escolar na construção de um ambiente sustentável, através de atividades práticas para ajudar a comunidade interna e externa introduzindo uma relação marcada pelos valores de partilha, solidariedade e por novas habilidades no trato com o ambiente escolar cultural sustentável.
Nas actividades que projectamos procuraremos atender aos atuais apelos da Lei da Educação Ambiental-LEA n.º149/22 de Junho e da Lei de bases do Sistema de Educação e Ensino LBSEE N.º32/20, principalmente no que se refere à dimensão não-formal, ou seja, ações práticas educativas para a comunidade interna e externa das escolas em Angola,
voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais, tendo como foco a formação de valores éticos-ambientais, para o exercício da cidadania, não com discurso de ecologia terrorista para futuras gerações, mas uma ação para o presente sustentável para uma amanhã cheio de possibilidades através de ações atuais, dinâmicas e modernas construídas para cumprir a função social da Unidade Escolar.
Objectivos Específicos
Sensibilizar e conscientizar o educando e a comunidade local para a necessidade de pensarem nos problemas ambientais, avaliando as medidas em função de factores ecológicos, políticos, econômicos e sociais, desenvolvendo o seu sentido de responsabilidade e o sentimento de urgência face aos problemas locais;
Instrumentalizar os alunos na compreensão da realidade e na busca de soluções para questões sociais, possibilitando a tomada de posição frente a problemas fundamentais e de urgência social, possibilitando aos alunos oportunidades para que modifiquem atitudes e práticas pessoais, através da utilização do conhecimento sobre o meio ambiente, adotando posturas na escola, em casa e na sua comunidade, que os levem a interações construtivas na sociedade;
Estimular a prática da sustentabilidade no ambiente escolar por meio da inserção do conceito dos 3Rs (Reduzir, Reutilizar, Reciclar), das boas práticas no uso dos recursos naturais e do reconhecimento do papel do cidadão no cuidado com o meio ambiente;
Promover dentro da unidade escolar iniciativas sustentáveis para a reutilização da água da chuva, construção de espaços verdes, estimulando a replicação dessas ações na comunidade local;
Divulgar as actividades desenvolvidas pelas escolas atrvés de projectos, visando incentivar a participação dos estudantes e também da comunidade em todas as ações realizadas;
2. METODOLOGIA DE TRABALHO
Trabalhar com programas que descubram a natureza pelas diversas disciplinas, tecendo a investigação prática e encorajando a avaliação crítica dos problemas socioambientais além de utilizar a escola como ponto focal para que a comunidade conheça e discuta as questões, nosso projeto desenvolverá as seguintes atividades, seguem abaixo relacionados objectivos e ações propostas.
3 DESCRIÇÃO DAS ACÇÕES FUNDAMENTAIS DE UM PROJECTO ESCOLA VERDE
1ªFASE
Sensibilização da comunidade escolar para o problema;
Concurso logotipo do projecto;
Promoção da saúde preservando a qualidade ambiental;
Apresentação de peças teatrais, filmes e documentários;
Jogos cooperativos e dinâmicas de grupo;
2ªFASE
Apresentação de subsídios teóricos;
Apresentação de experiências científicas;
Pesquisa de campo;
Visitas técnicas, passeios pedagógicos e trilhas ecológicas
Indicação na biblioteca de livros paradidáticos com a temática ambiental;
Questionários e entrevistas com a comunidade local;
3ª FASE
Coleta de sementes;
Oficina de segurança alimentar e reaproveitamento de alimentos;
Criação de acções de recuperação e arborização da área da escola;
4ª FASE
Implantar programas de seleção, reciclagem e diminuição da produção de lixo no ambiente escolar;
Desenvolvimento de regras de políticas de meio ambiente na escola;
Programa de implantação de coleta seletiva;
Redução da produção de resíduos;
Reutilização de materiais (reuso de papéis frente e verso);
Formar equipes que se responsabilizem pela manutenção e controle de lixo reciclado;
Apoio as iniciativas de reciclagem no bairro;
Noções de economia de energia elétrica;
Noções de economia e reuso de água;
5ªFASE
Debate público com a comunidade externa;
Divulgação na imprensa local;
Produção e divulgação de material educativo;
4. AVALIAÇÃO
Será contínua e diagnóstica com reunião entre alunos, pais, professores e demais membros da comunidade externa para verificação do andamento do projeto, divididos em cinco blocos de avaliações, seguem:
Avaliação de reacção para diagnósticar a reação ao projecto escola verde. Os estudantes, professores e comunidade local podem acessar o blog ou uma caixa de recolha de susgstõed e expor suas opiniões. Os pais podem acompanhar o trabalho da escola em casa, observando a evolução do projecto com clareza, incentivando e participando da responsabilidade pelo aprendizado.
Avaliação do aprendizado para medir a mudança no conhecimento, atitudes e práticas. Será observada e questionada pelos professores que emitirão relatório bimestral.
Avaliação de performance para medir como a execução do trabalho alterou-se após o período de três meses.
Avaliação de impacto para julgar a efetividade do programa medindo o tipo e o grau de mudança imposto no ambiente escolar.
Retorno Crítico para encontrar tempo para refletir individualmente e em grupo partilhando os sentimentos e experiências, discutindo o que funcionou bem e o que é necessário mudar.
5. PERSPECTIVAS SOBRE AS NUANCES DE UM PROJETO DE ESCOLA VERDE
Gostaríamos de reafirmar que a confiança e entusiasmo são a chave para o sucesso do de um projeto em qualquer uma das etapas das actividades realizadas. Os gestores devem estar determinados a cumprir todo o ciclo do projecto e mesmo que falharem, não existirão arrependimentos por não alcançar alguns objectivos ou por falta de engajamento pessoal suficiente, pois assumir o compromisso de doar os horários livres para o projecto é uma escolha individual, uma vez decidido em colaborar devem avançar com devoção e determinação, apesar dos incontáveis obstáculos que já estamos enfrentando e mesmo assim continuamos atravessando montanhas.
Enfim devem ensinar conteúdos sobre, saneamento básico, sustentabilidade e qualidade de vida através de um projecto que enfatiza o pensamento crítico e criativo, a resolução de problemas, a tomada de decisões, a análise, o aprendizado cooperativo, a liderança e a capacidade de comunicação através de aulas ao ar livre no terreno da própria escola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PIRES, M. O. A trajetória do conceito de desenvolvimento sustentável na transição de paradigmas. In: DUARTE, L. M.; BRAGA, M. L. Tristes Cerrados - sociedade e biodiversidade. Brasília, Paralelo 15, 1998
ANA FREIRE, M. Educação para a sustentabilidade: Implicações para o currículo escolar e para a formação de professores. Revista IPEA, Ribeirão Preto, 2005.
ANGOLA. Lei n. 32, de 12 de Agosto de 2020. Lei de Bases do Sistema de Educação. Diário da República, Órgão Oficial da República de Angola, Luanda, I Série – N. 170, 7 de outubro.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNUSCO da comissão internacional sobre educação para o século XXI. 6ª ed. Brasil: Cortez Esitora, 1998.
GADOTTI, Moacir. A escola e o professor: Paulo Freire e a paixão de ensinar. . São Paulo: Publisher Brasil. . Acesso em: 06 abr. 2025. , 2007.